O novo consenso em Washington


Sob a animosidade político-ideológica e com abordagens distintas, democratas e republicanos convergem na demagogia nacionalista que está prejudicando a expansão econômica do país

Por Notas & Informações

Republicanos e democratas têm mais semelhanças do que gostariam de admitir, se não no conteúdo, na forma. Ambos veem uns aos outros como uma “ameaça existencial”. Os democratas prometem salvar a democracia do “fascismo” republicano; os republicanos prometem salvar o estilo de vida americano do “socialismo” democrata; e ambos competem por quem instilará nos corações dos eleitores mais pavor com a ameaça do outro. E competem também por quem os seduzirá com o pacote econômico mais populista.

Nos anos 80 consolidou-se um consenso econômico bipartidário: dólar forte, impostos baixos, regulação moderada e livre comércio. Em 1996, o democrata Bill Clinton chegou a dizer que “a era do big government acabou”. Mas após a crise de 2008 esse consenso foi invertido, e a pandemia acelerou essa trajetória.

Há diferenças de abordagem. A agenda econômica de Donald Trump combina antigos fundamentos liberais, como menos regulação e impostos, com uma voracidade protecionista na forma de tarifas de importação, aversão a imigrantes e hostilidade à independência do Banco Central. O intervencionismo democrata, agora encampado por Kamala Harris, é mais desconfiado dos grandes negócios e aposta em controle de preços e subsídios financiados com mais impostos.

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Em tese, o programa trumpista tem maior potencial de danos, mas, na prática, eles tendem a ser mitigados pelas inconsistências do próprio Trump e pelas divergências entre os “velhos” e “novos” republicanos. Na política econômica, os democratas são mais homogêneos e disciplinados. Com o estatismo em alta, gastos sociais irrealistas, regulações excessivas ou ferramentas exóticas, como controle de preços, podem ser desastrosos. Os freios e contrapesos às aventuras de ambos os lados dependerão em boa medida das composições das duas Casas no Congresso.

Mas, sob as diferenças, há uma desconfiança comum da globalização econômica. Em áreas como a política industrial e a competição com a China, ambos convergem. A gestão de Biden-Harris acrescentou novas tarifas às erguidas por Trump contra a China, e a “segurança nacional” é um pretexto conveniente para ambos os lados fabricarem outras. Se eleito, Trump pode até redirecionar os estímulos aprovados por Biden à indústria – por exemplo, da economia verde àquela movida a combustíveis fósseis –, mas não os reduzirá.

A realocação da produção industrial em casa e os ataques ao comércio e investimentos internacionais podem ter apelo popular, mas não podem apagar 200 anos de história econômica. Mais cedo ou mais tarde, as falácias do nacionalismo – de que a autossuficiência é possível, de que subsídios geram produtividade, de que a produção local é o que realmente importa – cobram seu preço. Políticas intervencionistas contingentes e focadas podem ser úteis para corrigir distorções circunstanciais ou alavancar indústrias incipientes. Mas adotadas como regra geral elas sempre reduzem a liberdade econômica, e com isso as fontes últimas de crescimento sustentável de um país: produtividade, inovação e competitividade.

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Mesmo com os intervencionismos de lado a lado nas gestões de Trump e de Biden-Harris, os fundamentos da economia americana seguem fortes. Desde 2019, ela cresceu mais do que duas vezes mais rápido que a da zona do euro, por exemplo. Ambos os partidos tendem a superestimar, a um só tempo, os danos causados pelo outro e os benefícios de suas próprias políticas. Por consequência, seja lá qual assuma o comando, a tendência é dobrar a aposta em seu modelo intervencionista para promover a expansão econômica, quando na verdade a porá em perigo.

O caso americano é instrutivo ao mostrar que, preservadas certas funções básicas do Estado – como a cobrança de impostos ou a segurança física e jurídica –, a economia pode prosperar mesmo em períodos relativamente longos de uma política disfuncional e divisiva. A economia pode resistir a um sistema político ruim. Mas até onde ela pode resistir a políticas econômicas ruins é algo que, seja lá quem vença as eleições nos EUA, será testado nos próximos quatro anos.

Republicanos e democratas têm mais semelhanças do que gostariam de admitir, se não no conteúdo, na forma. Ambos veem uns aos outros como uma “ameaça existencial”. Os democratas prometem salvar a democracia do “fascismo” republicano; os republicanos prometem salvar o estilo de vida americano do “socialismo” democrata; e ambos competem por quem instilará nos corações dos eleitores mais pavor com a ameaça do outro. E competem também por quem os seduzirá com o pacote econômico mais populista.

Nos anos 80 consolidou-se um consenso econômico bipartidário: dólar forte, impostos baixos, regulação moderada e livre comércio. Em 1996, o democrata Bill Clinton chegou a dizer que “a era do big government acabou”. Mas após a crise de 2008 esse consenso foi invertido, e a pandemia acelerou essa trajetória.

Há diferenças de abordagem. A agenda econômica de Donald Trump combina antigos fundamentos liberais, como menos regulação e impostos, com uma voracidade protecionista na forma de tarifas de importação, aversão a imigrantes e hostilidade à independência do Banco Central. O intervencionismo democrata, agora encampado por Kamala Harris, é mais desconfiado dos grandes negócios e aposta em controle de preços e subsídios financiados com mais impostos.

Em tese, o programa trumpista tem maior potencial de danos, mas, na prática, eles tendem a ser mitigados pelas inconsistências do próprio Trump e pelas divergências entre os “velhos” e “novos” republicanos. Na política econômica, os democratas são mais homogêneos e disciplinados. Com o estatismo em alta, gastos sociais irrealistas, regulações excessivas ou ferramentas exóticas, como controle de preços, podem ser desastrosos. Os freios e contrapesos às aventuras de ambos os lados dependerão em boa medida das composições das duas Casas no Congresso.

Mas, sob as diferenças, há uma desconfiança comum da globalização econômica. Em áreas como a política industrial e a competição com a China, ambos convergem. A gestão de Biden-Harris acrescentou novas tarifas às erguidas por Trump contra a China, e a “segurança nacional” é um pretexto conveniente para ambos os lados fabricarem outras. Se eleito, Trump pode até redirecionar os estímulos aprovados por Biden à indústria – por exemplo, da economia verde àquela movida a combustíveis fósseis –, mas não os reduzirá.

A realocação da produção industrial em casa e os ataques ao comércio e investimentos internacionais podem ter apelo popular, mas não podem apagar 200 anos de história econômica. Mais cedo ou mais tarde, as falácias do nacionalismo – de que a autossuficiência é possível, de que subsídios geram produtividade, de que a produção local é o que realmente importa – cobram seu preço. Políticas intervencionistas contingentes e focadas podem ser úteis para corrigir distorções circunstanciais ou alavancar indústrias incipientes. Mas adotadas como regra geral elas sempre reduzem a liberdade econômica, e com isso as fontes últimas de crescimento sustentável de um país: produtividade, inovação e competitividade.

Mesmo com os intervencionismos de lado a lado nas gestões de Trump e de Biden-Harris, os fundamentos da economia americana seguem fortes. Desde 2019, ela cresceu mais do que duas vezes mais rápido que a da zona do euro, por exemplo. Ambos os partidos tendem a superestimar, a um só tempo, os danos causados pelo outro e os benefícios de suas próprias políticas. Por consequência, seja lá qual assuma o comando, a tendência é dobrar a aposta em seu modelo intervencionista para promover a expansão econômica, quando na verdade a porá em perigo.

O caso americano é instrutivo ao mostrar que, preservadas certas funções básicas do Estado – como a cobrança de impostos ou a segurança física e jurídica –, a economia pode prosperar mesmo em períodos relativamente longos de uma política disfuncional e divisiva. A economia pode resistir a um sistema político ruim. Mas até onde ela pode resistir a políticas econômicas ruins é algo que, seja lá quem vença as eleições nos EUA, será testado nos próximos quatro anos.

Republicanos e democratas têm mais semelhanças do que gostariam de admitir, se não no conteúdo, na forma. Ambos veem uns aos outros como uma “ameaça existencial”. Os democratas prometem salvar a democracia do “fascismo” republicano; os republicanos prometem salvar o estilo de vida americano do “socialismo” democrata; e ambos competem por quem instilará nos corações dos eleitores mais pavor com a ameaça do outro. E competem também por quem os seduzirá com o pacote econômico mais populista.

Nos anos 80 consolidou-se um consenso econômico bipartidário: dólar forte, impostos baixos, regulação moderada e livre comércio. Em 1996, o democrata Bill Clinton chegou a dizer que “a era do big government acabou”. Mas após a crise de 2008 esse consenso foi invertido, e a pandemia acelerou essa trajetória.

Há diferenças de abordagem. A agenda econômica de Donald Trump combina antigos fundamentos liberais, como menos regulação e impostos, com uma voracidade protecionista na forma de tarifas de importação, aversão a imigrantes e hostilidade à independência do Banco Central. O intervencionismo democrata, agora encampado por Kamala Harris, é mais desconfiado dos grandes negócios e aposta em controle de preços e subsídios financiados com mais impostos.

Em tese, o programa trumpista tem maior potencial de danos, mas, na prática, eles tendem a ser mitigados pelas inconsistências do próprio Trump e pelas divergências entre os “velhos” e “novos” republicanos. Na política econômica, os democratas são mais homogêneos e disciplinados. Com o estatismo em alta, gastos sociais irrealistas, regulações excessivas ou ferramentas exóticas, como controle de preços, podem ser desastrosos. Os freios e contrapesos às aventuras de ambos os lados dependerão em boa medida das composições das duas Casas no Congresso.

Mas, sob as diferenças, há uma desconfiança comum da globalização econômica. Em áreas como a política industrial e a competição com a China, ambos convergem. A gestão de Biden-Harris acrescentou novas tarifas às erguidas por Trump contra a China, e a “segurança nacional” é um pretexto conveniente para ambos os lados fabricarem outras. Se eleito, Trump pode até redirecionar os estímulos aprovados por Biden à indústria – por exemplo, da economia verde àquela movida a combustíveis fósseis –, mas não os reduzirá.

A realocação da produção industrial em casa e os ataques ao comércio e investimentos internacionais podem ter apelo popular, mas não podem apagar 200 anos de história econômica. Mais cedo ou mais tarde, as falácias do nacionalismo – de que a autossuficiência é possível, de que subsídios geram produtividade, de que a produção local é o que realmente importa – cobram seu preço. Políticas intervencionistas contingentes e focadas podem ser úteis para corrigir distorções circunstanciais ou alavancar indústrias incipientes. Mas adotadas como regra geral elas sempre reduzem a liberdade econômica, e com isso as fontes últimas de crescimento sustentável de um país: produtividade, inovação e competitividade.

Mesmo com os intervencionismos de lado a lado nas gestões de Trump e de Biden-Harris, os fundamentos da economia americana seguem fortes. Desde 2019, ela cresceu mais do que duas vezes mais rápido que a da zona do euro, por exemplo. Ambos os partidos tendem a superestimar, a um só tempo, os danos causados pelo outro e os benefícios de suas próprias políticas. Por consequência, seja lá qual assuma o comando, a tendência é dobrar a aposta em seu modelo intervencionista para promover a expansão econômica, quando na verdade a porá em perigo.

O caso americano é instrutivo ao mostrar que, preservadas certas funções básicas do Estado – como a cobrança de impostos ou a segurança física e jurídica –, a economia pode prosperar mesmo em períodos relativamente longos de uma política disfuncional e divisiva. A economia pode resistir a um sistema político ruim. Mas até onde ela pode resistir a políticas econômicas ruins é algo que, seja lá quem vença as eleições nos EUA, será testado nos próximos quatro anos.

Republicanos e democratas têm mais semelhanças do que gostariam de admitir, se não no conteúdo, na forma. Ambos veem uns aos outros como uma “ameaça existencial”. Os democratas prometem salvar a democracia do “fascismo” republicano; os republicanos prometem salvar o estilo de vida americano do “socialismo” democrata; e ambos competem por quem instilará nos corações dos eleitores mais pavor com a ameaça do outro. E competem também por quem os seduzirá com o pacote econômico mais populista.

Nos anos 80 consolidou-se um consenso econômico bipartidário: dólar forte, impostos baixos, regulação moderada e livre comércio. Em 1996, o democrata Bill Clinton chegou a dizer que “a era do big government acabou”. Mas após a crise de 2008 esse consenso foi invertido, e a pandemia acelerou essa trajetória.

Há diferenças de abordagem. A agenda econômica de Donald Trump combina antigos fundamentos liberais, como menos regulação e impostos, com uma voracidade protecionista na forma de tarifas de importação, aversão a imigrantes e hostilidade à independência do Banco Central. O intervencionismo democrata, agora encampado por Kamala Harris, é mais desconfiado dos grandes negócios e aposta em controle de preços e subsídios financiados com mais impostos.

Em tese, o programa trumpista tem maior potencial de danos, mas, na prática, eles tendem a ser mitigados pelas inconsistências do próprio Trump e pelas divergências entre os “velhos” e “novos” republicanos. Na política econômica, os democratas são mais homogêneos e disciplinados. Com o estatismo em alta, gastos sociais irrealistas, regulações excessivas ou ferramentas exóticas, como controle de preços, podem ser desastrosos. Os freios e contrapesos às aventuras de ambos os lados dependerão em boa medida das composições das duas Casas no Congresso.

Mas, sob as diferenças, há uma desconfiança comum da globalização econômica. Em áreas como a política industrial e a competição com a China, ambos convergem. A gestão de Biden-Harris acrescentou novas tarifas às erguidas por Trump contra a China, e a “segurança nacional” é um pretexto conveniente para ambos os lados fabricarem outras. Se eleito, Trump pode até redirecionar os estímulos aprovados por Biden à indústria – por exemplo, da economia verde àquela movida a combustíveis fósseis –, mas não os reduzirá.

A realocação da produção industrial em casa e os ataques ao comércio e investimentos internacionais podem ter apelo popular, mas não podem apagar 200 anos de história econômica. Mais cedo ou mais tarde, as falácias do nacionalismo – de que a autossuficiência é possível, de que subsídios geram produtividade, de que a produção local é o que realmente importa – cobram seu preço. Políticas intervencionistas contingentes e focadas podem ser úteis para corrigir distorções circunstanciais ou alavancar indústrias incipientes. Mas adotadas como regra geral elas sempre reduzem a liberdade econômica, e com isso as fontes últimas de crescimento sustentável de um país: produtividade, inovação e competitividade.

Mesmo com os intervencionismos de lado a lado nas gestões de Trump e de Biden-Harris, os fundamentos da economia americana seguem fortes. Desde 2019, ela cresceu mais do que duas vezes mais rápido que a da zona do euro, por exemplo. Ambos os partidos tendem a superestimar, a um só tempo, os danos causados pelo outro e os benefícios de suas próprias políticas. Por consequência, seja lá qual assuma o comando, a tendência é dobrar a aposta em seu modelo intervencionista para promover a expansão econômica, quando na verdade a porá em perigo.

O caso americano é instrutivo ao mostrar que, preservadas certas funções básicas do Estado – como a cobrança de impostos ou a segurança física e jurídica –, a economia pode prosperar mesmo em períodos relativamente longos de uma política disfuncional e divisiva. A economia pode resistir a um sistema político ruim. Mas até onde ela pode resistir a políticas econômicas ruins é algo que, seja lá quem vença as eleições nos EUA, será testado nos próximos quatro anos.

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