O País vive uma crise civilizacional


O ultrajante ataque a repórteres do ‘Estadão’ no litoral de SP deve estimular a sociedade a refletir sobre as motivações para tanto ódio ao jornalismo profissional e à imprensa livre

Por Notas & Informações

Os repórteres Tiago Queiroz e Renata Cafardo foram covardemente atacados por um grupo de bolsonaristas enquanto trabalhavam na difícil cobertura da catástrofe que matou dezenas de pessoas no litoral norte de São Paulo. Moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, derrubaram Renata no chão, tentaram roubar seu celular e a xingaram. De Tiago, também aos insultos, a súcia exigiu que apagasse o registro fotográfico da reportagem. Diante da recusa, os bárbaros tentaram tomar-lhe o equipamento à força.

A razão para tanto ódio? Os jornalistas seriam “comunistas e esquerdistas”, pasme o leitor, por trabalharem para o Estadão. Seria risível não fosse trágico.

Em primeiro lugar, este jornal presta total solidariedade aos seus colaboradores, ambos muito respeitados em suas áreas de atuação: Tiago como fotojornalista; Renata como repórter especializada em educação. O Estadão se solidariza ainda com os mais de 450 jornalistas profissionais que, nos últimos quatro anos, foram vítimas de violência física e emocional no País, agressões motivadas pela cólera de gente que despreza a democracia desde os seus atributos mais comezinhos, como a liberdade de imprensa.

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Em segundo lugar, este jornal espera que as autoridades paulistas sejam capazes de identificar e processar todos os agressores. Se os brutos são infensos à civilidade pela via da educação familiar ou por respeito aos princípios democráticos, que aprendam a viver em sociedade sob o peso das leis.

Infelizmente, o ataque contra o jornalismo profissional no fim de semana passado não foi o primeiro nem tampouco será o último. Virou hábito agredir jornalistas no Brasil, pois jornalistas temos por dever de ofício guardar a verdade no sentido proposto por Hannah Arendt, qual seja, a “verdade dos fatos”. E, ao longo de todo seu trevoso mandato, Jair Bolsonaro não apenas torturou os fatos para moldá-los a seus desígnios, como estimulou a violência contra seus guardiões – jornalistas, acadêmicos, cientistas, entre outros –, quando não a cometeu em pessoa.

Nesse sentido, são muito pertinentes as questões formuladas pelo jornalista Eugênio Bucci em seu recente artigo publicado no Estadão (‘Comunista e esquerdista’, 23/2/2023): “Por que eles (os agressores) se comportam desse modo? O que lhes terá passado pela cabeça para dizer o que disseram e agir como agiram?”, questionou o professor da ECA-USP.

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De fato, é estupefaciente notar que, em meio à devastação provocada pela tragédia, os algozes dos jornalistas do Estadão encontraram forças para atacá-los enquanto ambos apuravam informações para levá-las ao conhecimento da sociedade em um momento dramático. De onde brota tanto ódio?

A sociedade deve parar e refletir para tentar responder a essas perguntas, pois, a depender das respostas, o País encontrará o caminho para sair da crise civilizacional na qual foi jogado pelo bolsonarismo ou restará ainda mais vulnerável à ação insidiosa dos que pugnam pela volta a um estado de coisas em que a obliteração de requisitos mínimos para a paz social – o respeito ao contraditório, à liberdade de imprensa, etc. – é convertida em tática de dominação de um grupo político sobre outros.

O desafio é ainda maior quando se nota que, mesmo entre gente supostamente esclarecida, há espaço para a relativização das agressões ao jornalismo profissional a depender do veículo para o qual trabalham os agredidos. Entre as muitas manifestações de solidariedade que os jornalistas do Estadão receberam nas redes sociais, houve quem atribuísse a violência sofrida por eles à linha editorial deste jornal – como se a violência fosse, de certa forma, compreensível, a depender da opinião do veículo de comunicação para o qual o jornalista agredido trabalha. O que é isso senão outro ataque à liberdade de imprensa, desta feita praticado de forma velada por supostos “democratas”?

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Só autoritários ouvem como barulho insuportável vozes dissonantes de suas ideias e crenças pessoais. Uma sociedade democrática é essencialmente plural e tolerante ao contraditório. Se a sociedade brasileira se pretende civilizada, saberá conviver com isso.

Os repórteres Tiago Queiroz e Renata Cafardo foram covardemente atacados por um grupo de bolsonaristas enquanto trabalhavam na difícil cobertura da catástrofe que matou dezenas de pessoas no litoral norte de São Paulo. Moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, derrubaram Renata no chão, tentaram roubar seu celular e a xingaram. De Tiago, também aos insultos, a súcia exigiu que apagasse o registro fotográfico da reportagem. Diante da recusa, os bárbaros tentaram tomar-lhe o equipamento à força.

A razão para tanto ódio? Os jornalistas seriam “comunistas e esquerdistas”, pasme o leitor, por trabalharem para o Estadão. Seria risível não fosse trágico.

Em primeiro lugar, este jornal presta total solidariedade aos seus colaboradores, ambos muito respeitados em suas áreas de atuação: Tiago como fotojornalista; Renata como repórter especializada em educação. O Estadão se solidariza ainda com os mais de 450 jornalistas profissionais que, nos últimos quatro anos, foram vítimas de violência física e emocional no País, agressões motivadas pela cólera de gente que despreza a democracia desde os seus atributos mais comezinhos, como a liberdade de imprensa.

Em segundo lugar, este jornal espera que as autoridades paulistas sejam capazes de identificar e processar todos os agressores. Se os brutos são infensos à civilidade pela via da educação familiar ou por respeito aos princípios democráticos, que aprendam a viver em sociedade sob o peso das leis.

Infelizmente, o ataque contra o jornalismo profissional no fim de semana passado não foi o primeiro nem tampouco será o último. Virou hábito agredir jornalistas no Brasil, pois jornalistas temos por dever de ofício guardar a verdade no sentido proposto por Hannah Arendt, qual seja, a “verdade dos fatos”. E, ao longo de todo seu trevoso mandato, Jair Bolsonaro não apenas torturou os fatos para moldá-los a seus desígnios, como estimulou a violência contra seus guardiões – jornalistas, acadêmicos, cientistas, entre outros –, quando não a cometeu em pessoa.

Nesse sentido, são muito pertinentes as questões formuladas pelo jornalista Eugênio Bucci em seu recente artigo publicado no Estadão (‘Comunista e esquerdista’, 23/2/2023): “Por que eles (os agressores) se comportam desse modo? O que lhes terá passado pela cabeça para dizer o que disseram e agir como agiram?”, questionou o professor da ECA-USP.

De fato, é estupefaciente notar que, em meio à devastação provocada pela tragédia, os algozes dos jornalistas do Estadão encontraram forças para atacá-los enquanto ambos apuravam informações para levá-las ao conhecimento da sociedade em um momento dramático. De onde brota tanto ódio?

A sociedade deve parar e refletir para tentar responder a essas perguntas, pois, a depender das respostas, o País encontrará o caminho para sair da crise civilizacional na qual foi jogado pelo bolsonarismo ou restará ainda mais vulnerável à ação insidiosa dos que pugnam pela volta a um estado de coisas em que a obliteração de requisitos mínimos para a paz social – o respeito ao contraditório, à liberdade de imprensa, etc. – é convertida em tática de dominação de um grupo político sobre outros.

O desafio é ainda maior quando se nota que, mesmo entre gente supostamente esclarecida, há espaço para a relativização das agressões ao jornalismo profissional a depender do veículo para o qual trabalham os agredidos. Entre as muitas manifestações de solidariedade que os jornalistas do Estadão receberam nas redes sociais, houve quem atribuísse a violência sofrida por eles à linha editorial deste jornal – como se a violência fosse, de certa forma, compreensível, a depender da opinião do veículo de comunicação para o qual o jornalista agredido trabalha. O que é isso senão outro ataque à liberdade de imprensa, desta feita praticado de forma velada por supostos “democratas”?

Só autoritários ouvem como barulho insuportável vozes dissonantes de suas ideias e crenças pessoais. Uma sociedade democrática é essencialmente plural e tolerante ao contraditório. Se a sociedade brasileira se pretende civilizada, saberá conviver com isso.

Os repórteres Tiago Queiroz e Renata Cafardo foram covardemente atacados por um grupo de bolsonaristas enquanto trabalhavam na difícil cobertura da catástrofe que matou dezenas de pessoas no litoral norte de São Paulo. Moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, derrubaram Renata no chão, tentaram roubar seu celular e a xingaram. De Tiago, também aos insultos, a súcia exigiu que apagasse o registro fotográfico da reportagem. Diante da recusa, os bárbaros tentaram tomar-lhe o equipamento à força.

A razão para tanto ódio? Os jornalistas seriam “comunistas e esquerdistas”, pasme o leitor, por trabalharem para o Estadão. Seria risível não fosse trágico.

Em primeiro lugar, este jornal presta total solidariedade aos seus colaboradores, ambos muito respeitados em suas áreas de atuação: Tiago como fotojornalista; Renata como repórter especializada em educação. O Estadão se solidariza ainda com os mais de 450 jornalistas profissionais que, nos últimos quatro anos, foram vítimas de violência física e emocional no País, agressões motivadas pela cólera de gente que despreza a democracia desde os seus atributos mais comezinhos, como a liberdade de imprensa.

Em segundo lugar, este jornal espera que as autoridades paulistas sejam capazes de identificar e processar todos os agressores. Se os brutos são infensos à civilidade pela via da educação familiar ou por respeito aos princípios democráticos, que aprendam a viver em sociedade sob o peso das leis.

Infelizmente, o ataque contra o jornalismo profissional no fim de semana passado não foi o primeiro nem tampouco será o último. Virou hábito agredir jornalistas no Brasil, pois jornalistas temos por dever de ofício guardar a verdade no sentido proposto por Hannah Arendt, qual seja, a “verdade dos fatos”. E, ao longo de todo seu trevoso mandato, Jair Bolsonaro não apenas torturou os fatos para moldá-los a seus desígnios, como estimulou a violência contra seus guardiões – jornalistas, acadêmicos, cientistas, entre outros –, quando não a cometeu em pessoa.

Nesse sentido, são muito pertinentes as questões formuladas pelo jornalista Eugênio Bucci em seu recente artigo publicado no Estadão (‘Comunista e esquerdista’, 23/2/2023): “Por que eles (os agressores) se comportam desse modo? O que lhes terá passado pela cabeça para dizer o que disseram e agir como agiram?”, questionou o professor da ECA-USP.

De fato, é estupefaciente notar que, em meio à devastação provocada pela tragédia, os algozes dos jornalistas do Estadão encontraram forças para atacá-los enquanto ambos apuravam informações para levá-las ao conhecimento da sociedade em um momento dramático. De onde brota tanto ódio?

A sociedade deve parar e refletir para tentar responder a essas perguntas, pois, a depender das respostas, o País encontrará o caminho para sair da crise civilizacional na qual foi jogado pelo bolsonarismo ou restará ainda mais vulnerável à ação insidiosa dos que pugnam pela volta a um estado de coisas em que a obliteração de requisitos mínimos para a paz social – o respeito ao contraditório, à liberdade de imprensa, etc. – é convertida em tática de dominação de um grupo político sobre outros.

O desafio é ainda maior quando se nota que, mesmo entre gente supostamente esclarecida, há espaço para a relativização das agressões ao jornalismo profissional a depender do veículo para o qual trabalham os agredidos. Entre as muitas manifestações de solidariedade que os jornalistas do Estadão receberam nas redes sociais, houve quem atribuísse a violência sofrida por eles à linha editorial deste jornal – como se a violência fosse, de certa forma, compreensível, a depender da opinião do veículo de comunicação para o qual o jornalista agredido trabalha. O que é isso senão outro ataque à liberdade de imprensa, desta feita praticado de forma velada por supostos “democratas”?

Só autoritários ouvem como barulho insuportável vozes dissonantes de suas ideias e crenças pessoais. Uma sociedade democrática é essencialmente plural e tolerante ao contraditório. Se a sociedade brasileira se pretende civilizada, saberá conviver com isso.

Os repórteres Tiago Queiroz e Renata Cafardo foram covardemente atacados por um grupo de bolsonaristas enquanto trabalhavam na difícil cobertura da catástrofe que matou dezenas de pessoas no litoral norte de São Paulo. Moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, derrubaram Renata no chão, tentaram roubar seu celular e a xingaram. De Tiago, também aos insultos, a súcia exigiu que apagasse o registro fotográfico da reportagem. Diante da recusa, os bárbaros tentaram tomar-lhe o equipamento à força.

A razão para tanto ódio? Os jornalistas seriam “comunistas e esquerdistas”, pasme o leitor, por trabalharem para o Estadão. Seria risível não fosse trágico.

Em primeiro lugar, este jornal presta total solidariedade aos seus colaboradores, ambos muito respeitados em suas áreas de atuação: Tiago como fotojornalista; Renata como repórter especializada em educação. O Estadão se solidariza ainda com os mais de 450 jornalistas profissionais que, nos últimos quatro anos, foram vítimas de violência física e emocional no País, agressões motivadas pela cólera de gente que despreza a democracia desde os seus atributos mais comezinhos, como a liberdade de imprensa.

Em segundo lugar, este jornal espera que as autoridades paulistas sejam capazes de identificar e processar todos os agressores. Se os brutos são infensos à civilidade pela via da educação familiar ou por respeito aos princípios democráticos, que aprendam a viver em sociedade sob o peso das leis.

Infelizmente, o ataque contra o jornalismo profissional no fim de semana passado não foi o primeiro nem tampouco será o último. Virou hábito agredir jornalistas no Brasil, pois jornalistas temos por dever de ofício guardar a verdade no sentido proposto por Hannah Arendt, qual seja, a “verdade dos fatos”. E, ao longo de todo seu trevoso mandato, Jair Bolsonaro não apenas torturou os fatos para moldá-los a seus desígnios, como estimulou a violência contra seus guardiões – jornalistas, acadêmicos, cientistas, entre outros –, quando não a cometeu em pessoa.

Nesse sentido, são muito pertinentes as questões formuladas pelo jornalista Eugênio Bucci em seu recente artigo publicado no Estadão (‘Comunista e esquerdista’, 23/2/2023): “Por que eles (os agressores) se comportam desse modo? O que lhes terá passado pela cabeça para dizer o que disseram e agir como agiram?”, questionou o professor da ECA-USP.

De fato, é estupefaciente notar que, em meio à devastação provocada pela tragédia, os algozes dos jornalistas do Estadão encontraram forças para atacá-los enquanto ambos apuravam informações para levá-las ao conhecimento da sociedade em um momento dramático. De onde brota tanto ódio?

A sociedade deve parar e refletir para tentar responder a essas perguntas, pois, a depender das respostas, o País encontrará o caminho para sair da crise civilizacional na qual foi jogado pelo bolsonarismo ou restará ainda mais vulnerável à ação insidiosa dos que pugnam pela volta a um estado de coisas em que a obliteração de requisitos mínimos para a paz social – o respeito ao contraditório, à liberdade de imprensa, etc. – é convertida em tática de dominação de um grupo político sobre outros.

O desafio é ainda maior quando se nota que, mesmo entre gente supostamente esclarecida, há espaço para a relativização das agressões ao jornalismo profissional a depender do veículo para o qual trabalham os agredidos. Entre as muitas manifestações de solidariedade que os jornalistas do Estadão receberam nas redes sociais, houve quem atribuísse a violência sofrida por eles à linha editorial deste jornal – como se a violência fosse, de certa forma, compreensível, a depender da opinião do veículo de comunicação para o qual o jornalista agredido trabalha. O que é isso senão outro ataque à liberdade de imprensa, desta feita praticado de forma velada por supostos “democratas”?

Só autoritários ouvem como barulho insuportável vozes dissonantes de suas ideias e crenças pessoais. Uma sociedade democrática é essencialmente plural e tolerante ao contraditório. Se a sociedade brasileira se pretende civilizada, saberá conviver com isso.

Os repórteres Tiago Queiroz e Renata Cafardo foram covardemente atacados por um grupo de bolsonaristas enquanto trabalhavam na difícil cobertura da catástrofe que matou dezenas de pessoas no litoral norte de São Paulo. Moradores de um condomínio de luxo na praia de Maresias, em São Sebastião, derrubaram Renata no chão, tentaram roubar seu celular e a xingaram. De Tiago, também aos insultos, a súcia exigiu que apagasse o registro fotográfico da reportagem. Diante da recusa, os bárbaros tentaram tomar-lhe o equipamento à força.

A razão para tanto ódio? Os jornalistas seriam “comunistas e esquerdistas”, pasme o leitor, por trabalharem para o Estadão. Seria risível não fosse trágico.

Em primeiro lugar, este jornal presta total solidariedade aos seus colaboradores, ambos muito respeitados em suas áreas de atuação: Tiago como fotojornalista; Renata como repórter especializada em educação. O Estadão se solidariza ainda com os mais de 450 jornalistas profissionais que, nos últimos quatro anos, foram vítimas de violência física e emocional no País, agressões motivadas pela cólera de gente que despreza a democracia desde os seus atributos mais comezinhos, como a liberdade de imprensa.

Em segundo lugar, este jornal espera que as autoridades paulistas sejam capazes de identificar e processar todos os agressores. Se os brutos são infensos à civilidade pela via da educação familiar ou por respeito aos princípios democráticos, que aprendam a viver em sociedade sob o peso das leis.

Infelizmente, o ataque contra o jornalismo profissional no fim de semana passado não foi o primeiro nem tampouco será o último. Virou hábito agredir jornalistas no Brasil, pois jornalistas temos por dever de ofício guardar a verdade no sentido proposto por Hannah Arendt, qual seja, a “verdade dos fatos”. E, ao longo de todo seu trevoso mandato, Jair Bolsonaro não apenas torturou os fatos para moldá-los a seus desígnios, como estimulou a violência contra seus guardiões – jornalistas, acadêmicos, cientistas, entre outros –, quando não a cometeu em pessoa.

Nesse sentido, são muito pertinentes as questões formuladas pelo jornalista Eugênio Bucci em seu recente artigo publicado no Estadão (‘Comunista e esquerdista’, 23/2/2023): “Por que eles (os agressores) se comportam desse modo? O que lhes terá passado pela cabeça para dizer o que disseram e agir como agiram?”, questionou o professor da ECA-USP.

De fato, é estupefaciente notar que, em meio à devastação provocada pela tragédia, os algozes dos jornalistas do Estadão encontraram forças para atacá-los enquanto ambos apuravam informações para levá-las ao conhecimento da sociedade em um momento dramático. De onde brota tanto ódio?

A sociedade deve parar e refletir para tentar responder a essas perguntas, pois, a depender das respostas, o País encontrará o caminho para sair da crise civilizacional na qual foi jogado pelo bolsonarismo ou restará ainda mais vulnerável à ação insidiosa dos que pugnam pela volta a um estado de coisas em que a obliteração de requisitos mínimos para a paz social – o respeito ao contraditório, à liberdade de imprensa, etc. – é convertida em tática de dominação de um grupo político sobre outros.

O desafio é ainda maior quando se nota que, mesmo entre gente supostamente esclarecida, há espaço para a relativização das agressões ao jornalismo profissional a depender do veículo para o qual trabalham os agredidos. Entre as muitas manifestações de solidariedade que os jornalistas do Estadão receberam nas redes sociais, houve quem atribuísse a violência sofrida por eles à linha editorial deste jornal – como se a violência fosse, de certa forma, compreensível, a depender da opinião do veículo de comunicação para o qual o jornalista agredido trabalha. O que é isso senão outro ataque à liberdade de imprensa, desta feita praticado de forma velada por supostos “democratas”?

Só autoritários ouvem como barulho insuportável vozes dissonantes de suas ideias e crenças pessoais. Uma sociedade democrática é essencialmente plural e tolerante ao contraditório. Se a sociedade brasileira se pretende civilizada, saberá conviver com isso.

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