O que faz um verdadeiro estadista


É natural que Lula fale do 8 de janeiro a todo momento, mas um verdadeiro estadista não remói ressentimentos; ao contrário, deve agir para serenar os ânimos, e não atiçá-los

Por Notas & Informações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem falado frequentemente dos atos de 8 de janeiro. No dia 18, por exemplo, em encontro com as centrais sindicais, disse não saber se Jair Bolsonaro “mandou fazer aquilo, mas ele precisa responder por ter passado quatro anos dizendo que o povo tinha que se armar para defender a democracia”. No mesmo dia, em entrevista à GloboNews, referindo-se à invasão das sedes dos Três Poderes, o presidente da República afirmou ter ficado com a impressão de que “era o começo de um golpe de Estado” e de que “o pessoal estava acatando ordem e orientação” de Bolsonaro. “Durante muito tempo, ele (Bolsonaro) mandou invadir a Suprema Corte, desacreditou o Congresso Nacional, pediu que o povo andasse armado”, disse.

É compreensível que o presidente da República fale reiteradamente dos chocantes atos de 8 de janeiro. O que aconteceu foi muito grave, não deve ser esquecido e não pode ficar impune. Além disso, as ponderações de Lula sobre o episódio têm sido, em geral, razoáveis. Ele não falou nada além do que os fatos mostraram e sugerem. Ninguém pode condenar Lula, por exemplo, quando este comenta os indícios de participação de alguns integrantes das Forças Armadas nos tumultos e quando cobra que esses militares sejam punidos. A destruição das sedes dos Três Poderes não autoriza nenhuma forma de contemporização.

No entanto, se o presidente da República deseja pacificar o País, ou seja, se deseja se portar como um estadista, e não como mero político de ocasião, ele deve, doravante, ter outro comportamento. É inegável que a barbárie do 8 de janeiro gerou simpatia pelo governo e, portanto, dividendos políticos para Lula. Os maiores símbolos desse ganho certamente foram o encontro de Lula com os 27 governadores e a imagem destes com o presidente e com ministros do Supremo Tribunal Federal caminhando no mesmo lugar conspurcado horas antes pelos vândalos, sugerindo uma forte união nacional contra a barbárie, independentemente das afinidades políticas. Mas é bom que Lula saiba que essa união não é, nunca foi e jamais será em torno do presidente da República, e sim de todas as instituições republicanas – o Executivo é apenas uma delas, e o atual presidente é apenas seu ocupante temporário.

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A necessária responsabilização dos atos golpistas, tanto dos executores quanto dos mandantes, não depende de Lula ou de seu governo. Para a tarefa de apurar e processar os crimes cometidos, existem o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público. Por mais contundentes que possam ser, as falas de Lula sobre o dia 8 de janeiro – assim como as de qualquer outra autoridade política – são incapazes de prover maior efetividades às investigações. A depender do tom, podem apenas sugerir uma politização das investigações e, portanto, indispor parte da população em relação a esse indispensável trabalho da Justiça.

No momento, a melhor defesa da democracia que Lula pode fazer é trabalhar dedicada e decididamente pela pacificação nacional, assegurando que os primeiros passos de seu governo sejam responsáveis, baseados numa perspectiva muito mais ampla do que aquela demonstrada habitualmente por seu partido.

Os atos de 8 de janeiro geraram um enorme desafio para o Judiciário. Trata-se de um caso de proporções astronômicas, com muitas frentes de investigação, milhares de envolvidos e uma multidão de elementos probatórios. No caso do governo federal, o desafio, igualmente imenso, é outro. Seu trabalho não é lidar com a responsabilização dos atos criminosos, mas transmitir e assegurar serenidade a toda a população, arrefecendo os ânimos e criando as condições para que o País não pare e possa enfrentar seus inúmeros problemas e entraves.

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Absolutamente inédita, a barbárie de 8 de janeiro exige de Lula uma atitude também inédita em sua trajetória pública. Não basta ter esperteza política. É preciso a magnanimidade de pensar no País. Do contrário, o slogan de seu governo – “união e reconstrução” – será apenas um conjunto de palavras vazias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem falado frequentemente dos atos de 8 de janeiro. No dia 18, por exemplo, em encontro com as centrais sindicais, disse não saber se Jair Bolsonaro “mandou fazer aquilo, mas ele precisa responder por ter passado quatro anos dizendo que o povo tinha que se armar para defender a democracia”. No mesmo dia, em entrevista à GloboNews, referindo-se à invasão das sedes dos Três Poderes, o presidente da República afirmou ter ficado com a impressão de que “era o começo de um golpe de Estado” e de que “o pessoal estava acatando ordem e orientação” de Bolsonaro. “Durante muito tempo, ele (Bolsonaro) mandou invadir a Suprema Corte, desacreditou o Congresso Nacional, pediu que o povo andasse armado”, disse.

É compreensível que o presidente da República fale reiteradamente dos chocantes atos de 8 de janeiro. O que aconteceu foi muito grave, não deve ser esquecido e não pode ficar impune. Além disso, as ponderações de Lula sobre o episódio têm sido, em geral, razoáveis. Ele não falou nada além do que os fatos mostraram e sugerem. Ninguém pode condenar Lula, por exemplo, quando este comenta os indícios de participação de alguns integrantes das Forças Armadas nos tumultos e quando cobra que esses militares sejam punidos. A destruição das sedes dos Três Poderes não autoriza nenhuma forma de contemporização.

No entanto, se o presidente da República deseja pacificar o País, ou seja, se deseja se portar como um estadista, e não como mero político de ocasião, ele deve, doravante, ter outro comportamento. É inegável que a barbárie do 8 de janeiro gerou simpatia pelo governo e, portanto, dividendos políticos para Lula. Os maiores símbolos desse ganho certamente foram o encontro de Lula com os 27 governadores e a imagem destes com o presidente e com ministros do Supremo Tribunal Federal caminhando no mesmo lugar conspurcado horas antes pelos vândalos, sugerindo uma forte união nacional contra a barbárie, independentemente das afinidades políticas. Mas é bom que Lula saiba que essa união não é, nunca foi e jamais será em torno do presidente da República, e sim de todas as instituições republicanas – o Executivo é apenas uma delas, e o atual presidente é apenas seu ocupante temporário.

A necessária responsabilização dos atos golpistas, tanto dos executores quanto dos mandantes, não depende de Lula ou de seu governo. Para a tarefa de apurar e processar os crimes cometidos, existem o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público. Por mais contundentes que possam ser, as falas de Lula sobre o dia 8 de janeiro – assim como as de qualquer outra autoridade política – são incapazes de prover maior efetividades às investigações. A depender do tom, podem apenas sugerir uma politização das investigações e, portanto, indispor parte da população em relação a esse indispensável trabalho da Justiça.

No momento, a melhor defesa da democracia que Lula pode fazer é trabalhar dedicada e decididamente pela pacificação nacional, assegurando que os primeiros passos de seu governo sejam responsáveis, baseados numa perspectiva muito mais ampla do que aquela demonstrada habitualmente por seu partido.

Os atos de 8 de janeiro geraram um enorme desafio para o Judiciário. Trata-se de um caso de proporções astronômicas, com muitas frentes de investigação, milhares de envolvidos e uma multidão de elementos probatórios. No caso do governo federal, o desafio, igualmente imenso, é outro. Seu trabalho não é lidar com a responsabilização dos atos criminosos, mas transmitir e assegurar serenidade a toda a população, arrefecendo os ânimos e criando as condições para que o País não pare e possa enfrentar seus inúmeros problemas e entraves.

Absolutamente inédita, a barbárie de 8 de janeiro exige de Lula uma atitude também inédita em sua trajetória pública. Não basta ter esperteza política. É preciso a magnanimidade de pensar no País. Do contrário, o slogan de seu governo – “união e reconstrução” – será apenas um conjunto de palavras vazias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem falado frequentemente dos atos de 8 de janeiro. No dia 18, por exemplo, em encontro com as centrais sindicais, disse não saber se Jair Bolsonaro “mandou fazer aquilo, mas ele precisa responder por ter passado quatro anos dizendo que o povo tinha que se armar para defender a democracia”. No mesmo dia, em entrevista à GloboNews, referindo-se à invasão das sedes dos Três Poderes, o presidente da República afirmou ter ficado com a impressão de que “era o começo de um golpe de Estado” e de que “o pessoal estava acatando ordem e orientação” de Bolsonaro. “Durante muito tempo, ele (Bolsonaro) mandou invadir a Suprema Corte, desacreditou o Congresso Nacional, pediu que o povo andasse armado”, disse.

É compreensível que o presidente da República fale reiteradamente dos chocantes atos de 8 de janeiro. O que aconteceu foi muito grave, não deve ser esquecido e não pode ficar impune. Além disso, as ponderações de Lula sobre o episódio têm sido, em geral, razoáveis. Ele não falou nada além do que os fatos mostraram e sugerem. Ninguém pode condenar Lula, por exemplo, quando este comenta os indícios de participação de alguns integrantes das Forças Armadas nos tumultos e quando cobra que esses militares sejam punidos. A destruição das sedes dos Três Poderes não autoriza nenhuma forma de contemporização.

No entanto, se o presidente da República deseja pacificar o País, ou seja, se deseja se portar como um estadista, e não como mero político de ocasião, ele deve, doravante, ter outro comportamento. É inegável que a barbárie do 8 de janeiro gerou simpatia pelo governo e, portanto, dividendos políticos para Lula. Os maiores símbolos desse ganho certamente foram o encontro de Lula com os 27 governadores e a imagem destes com o presidente e com ministros do Supremo Tribunal Federal caminhando no mesmo lugar conspurcado horas antes pelos vândalos, sugerindo uma forte união nacional contra a barbárie, independentemente das afinidades políticas. Mas é bom que Lula saiba que essa união não é, nunca foi e jamais será em torno do presidente da República, e sim de todas as instituições republicanas – o Executivo é apenas uma delas, e o atual presidente é apenas seu ocupante temporário.

A necessária responsabilização dos atos golpistas, tanto dos executores quanto dos mandantes, não depende de Lula ou de seu governo. Para a tarefa de apurar e processar os crimes cometidos, existem o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público. Por mais contundentes que possam ser, as falas de Lula sobre o dia 8 de janeiro – assim como as de qualquer outra autoridade política – são incapazes de prover maior efetividades às investigações. A depender do tom, podem apenas sugerir uma politização das investigações e, portanto, indispor parte da população em relação a esse indispensável trabalho da Justiça.

No momento, a melhor defesa da democracia que Lula pode fazer é trabalhar dedicada e decididamente pela pacificação nacional, assegurando que os primeiros passos de seu governo sejam responsáveis, baseados numa perspectiva muito mais ampla do que aquela demonstrada habitualmente por seu partido.

Os atos de 8 de janeiro geraram um enorme desafio para o Judiciário. Trata-se de um caso de proporções astronômicas, com muitas frentes de investigação, milhares de envolvidos e uma multidão de elementos probatórios. No caso do governo federal, o desafio, igualmente imenso, é outro. Seu trabalho não é lidar com a responsabilização dos atos criminosos, mas transmitir e assegurar serenidade a toda a população, arrefecendo os ânimos e criando as condições para que o País não pare e possa enfrentar seus inúmeros problemas e entraves.

Absolutamente inédita, a barbárie de 8 de janeiro exige de Lula uma atitude também inédita em sua trajetória pública. Não basta ter esperteza política. É preciso a magnanimidade de pensar no País. Do contrário, o slogan de seu governo – “união e reconstrução” – será apenas um conjunto de palavras vazias.

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