O que une PL e PT


Lulopetistas e bolsonaristas se juntam no apoio a Hugo Motta, candidato de Lira para o comando da Câmara. Mas não nos enganemos: a união nada tem a ver com a pacificação do País

Por Notas & Informações

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu uma dessas façanhas que só Brasília é capaz de produzir: no avanço de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, uniu em torno de si o apoio do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, os dois partidos que, malgrado as vicissitudes petistas e a desidratação do “mito”, ainda correspondem às principais forças eleitorais em nível nacional. O líder do Republicanos conseguiu a declaração de apoio do MDB, do PP e do Podemos, e outros partidos de esquerda devem seguir o apoio petista. E mais: rifado pela cúpula do União Brasil, Elmar Nascimento – antes o candidato preferido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que agora apoia Motta – anunciou sua desistência.

Tamanha variedade partidária ao seu redor já seria um feito notável, mas a eloquência maior aparece, sobretudo, na união dos contrários – o casamento improvável entre lulopetistas e bolsonaristas. Como se sabe, esses dois grupos costumam trabalhar na lógica inversa à pacificação e à união do País, sendo de interesse de ambos que o outro ocupe espaço simbólico na cabeça do eleitor, com sentimentos exacerbados pelo medo e pela rejeição mútua. Seus dois líderes continuamente apertam os gatilhos que tornam simplesmente impossível a convivência com o lado oposto. Diante de preferências e visões de mundo radicalmente diferentes e intolerantes entre si, é de espantar que, de uma hora para outra, estejam unidos num projeto representado pela candidatura de Motta.

Antes fosse uma demonstração de esforço pela desejável construção de agendas consensuais de utilidade ao Brasil. Ou a admissão da inevitabilidade da convivência pacífica, em nome do interesse público. Essa união de contrários, no entanto, tem muito mais a ver com a lógica das disputas pela Mesa Diretora da Câmara e seus códigos de preservação de poder, benesses e recursos. A busca por candidatos de consenso é também parte do cálculo político baseado na memória de disputas fratricidas que resultaram em instabilidades históricas para o governo de ocasião, como nas eleições que deram a vitória, em 2005, ao folclórico Severino Cavalcanti (PP-PE), numa tremenda humilhação ao então presidente Lula, e, em 2015, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz da então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, presidentes aliados ao Executivo se tornaram fiadores da estabilidade – casos de Luiz Eduardo Magalhães (PFL) e de Aécio Neves (PSDB) durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

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O “consenso” entre PT e PL mais parece também uma demonstração de onde se encontra o verdadeiro centro gravitacional dos Poderes da República. Está no Congresso, e particularmente na Câmara, a grande força política do momento – e não é de hoje. Com uma Casa fortalecida pelos poderes orçamentários adquiridos nos últimos anos, bancadas indóceis e grupos partidários que se unem em blocos para obter dividendos mais robustos, as maiorias parlamentares se tornaram mais instáveis e a governabilidade revelou-se mais penosa para o Executivo. Bolsonaro chegou à Presidência sob o manto da antipolítica, mas precisou se sustentar com o Centrão, numa aliança entre o PL, o PP e o Republicanos. Há quase dois anos, Lula se aflige diante da natureza instável e fragmentada nas relações com o Congresso e a ausência de sabedoria política para superá-la. A hipertrofia do poder foi sentida no STF, que passou a imiscuir-se na política e tentar atuar como fiador da governabilidade – uma evidente disfuncionalidade do sistema.

Hugo Motta é novo, mas não é novato. O deputado, que tem apenas 35 anos, está na Câmara desde os 21 e vem de uma família repleta de políticos. Fez parte da base dos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro e hoje, malgrado ter votado a favor do impeachment de Dilma, do teto de gastos e da reforma trabalhista – ou seja, tudo o que é execrado pelo lulopetismo de almanaque –, é próximo do governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Portanto, parece ser gelatinoso o bastante para manter tudo como está.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu uma dessas façanhas que só Brasília é capaz de produzir: no avanço de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, uniu em torno de si o apoio do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, os dois partidos que, malgrado as vicissitudes petistas e a desidratação do “mito”, ainda correspondem às principais forças eleitorais em nível nacional. O líder do Republicanos conseguiu a declaração de apoio do MDB, do PP e do Podemos, e outros partidos de esquerda devem seguir o apoio petista. E mais: rifado pela cúpula do União Brasil, Elmar Nascimento – antes o candidato preferido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que agora apoia Motta – anunciou sua desistência.

Tamanha variedade partidária ao seu redor já seria um feito notável, mas a eloquência maior aparece, sobretudo, na união dos contrários – o casamento improvável entre lulopetistas e bolsonaristas. Como se sabe, esses dois grupos costumam trabalhar na lógica inversa à pacificação e à união do País, sendo de interesse de ambos que o outro ocupe espaço simbólico na cabeça do eleitor, com sentimentos exacerbados pelo medo e pela rejeição mútua. Seus dois líderes continuamente apertam os gatilhos que tornam simplesmente impossível a convivência com o lado oposto. Diante de preferências e visões de mundo radicalmente diferentes e intolerantes entre si, é de espantar que, de uma hora para outra, estejam unidos num projeto representado pela candidatura de Motta.

Antes fosse uma demonstração de esforço pela desejável construção de agendas consensuais de utilidade ao Brasil. Ou a admissão da inevitabilidade da convivência pacífica, em nome do interesse público. Essa união de contrários, no entanto, tem muito mais a ver com a lógica das disputas pela Mesa Diretora da Câmara e seus códigos de preservação de poder, benesses e recursos. A busca por candidatos de consenso é também parte do cálculo político baseado na memória de disputas fratricidas que resultaram em instabilidades históricas para o governo de ocasião, como nas eleições que deram a vitória, em 2005, ao folclórico Severino Cavalcanti (PP-PE), numa tremenda humilhação ao então presidente Lula, e, em 2015, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz da então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, presidentes aliados ao Executivo se tornaram fiadores da estabilidade – casos de Luiz Eduardo Magalhães (PFL) e de Aécio Neves (PSDB) durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

O “consenso” entre PT e PL mais parece também uma demonstração de onde se encontra o verdadeiro centro gravitacional dos Poderes da República. Está no Congresso, e particularmente na Câmara, a grande força política do momento – e não é de hoje. Com uma Casa fortalecida pelos poderes orçamentários adquiridos nos últimos anos, bancadas indóceis e grupos partidários que se unem em blocos para obter dividendos mais robustos, as maiorias parlamentares se tornaram mais instáveis e a governabilidade revelou-se mais penosa para o Executivo. Bolsonaro chegou à Presidência sob o manto da antipolítica, mas precisou se sustentar com o Centrão, numa aliança entre o PL, o PP e o Republicanos. Há quase dois anos, Lula se aflige diante da natureza instável e fragmentada nas relações com o Congresso e a ausência de sabedoria política para superá-la. A hipertrofia do poder foi sentida no STF, que passou a imiscuir-se na política e tentar atuar como fiador da governabilidade – uma evidente disfuncionalidade do sistema.

Hugo Motta é novo, mas não é novato. O deputado, que tem apenas 35 anos, está na Câmara desde os 21 e vem de uma família repleta de políticos. Fez parte da base dos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro e hoje, malgrado ter votado a favor do impeachment de Dilma, do teto de gastos e da reforma trabalhista – ou seja, tudo o que é execrado pelo lulopetismo de almanaque –, é próximo do governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Portanto, parece ser gelatinoso o bastante para manter tudo como está.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu uma dessas façanhas que só Brasília é capaz de produzir: no avanço de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, uniu em torno de si o apoio do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, os dois partidos que, malgrado as vicissitudes petistas e a desidratação do “mito”, ainda correspondem às principais forças eleitorais em nível nacional. O líder do Republicanos conseguiu a declaração de apoio do MDB, do PP e do Podemos, e outros partidos de esquerda devem seguir o apoio petista. E mais: rifado pela cúpula do União Brasil, Elmar Nascimento – antes o candidato preferido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que agora apoia Motta – anunciou sua desistência.

Tamanha variedade partidária ao seu redor já seria um feito notável, mas a eloquência maior aparece, sobretudo, na união dos contrários – o casamento improvável entre lulopetistas e bolsonaristas. Como se sabe, esses dois grupos costumam trabalhar na lógica inversa à pacificação e à união do País, sendo de interesse de ambos que o outro ocupe espaço simbólico na cabeça do eleitor, com sentimentos exacerbados pelo medo e pela rejeição mútua. Seus dois líderes continuamente apertam os gatilhos que tornam simplesmente impossível a convivência com o lado oposto. Diante de preferências e visões de mundo radicalmente diferentes e intolerantes entre si, é de espantar que, de uma hora para outra, estejam unidos num projeto representado pela candidatura de Motta.

Antes fosse uma demonstração de esforço pela desejável construção de agendas consensuais de utilidade ao Brasil. Ou a admissão da inevitabilidade da convivência pacífica, em nome do interesse público. Essa união de contrários, no entanto, tem muito mais a ver com a lógica das disputas pela Mesa Diretora da Câmara e seus códigos de preservação de poder, benesses e recursos. A busca por candidatos de consenso é também parte do cálculo político baseado na memória de disputas fratricidas que resultaram em instabilidades históricas para o governo de ocasião, como nas eleições que deram a vitória, em 2005, ao folclórico Severino Cavalcanti (PP-PE), numa tremenda humilhação ao então presidente Lula, e, em 2015, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz da então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, presidentes aliados ao Executivo se tornaram fiadores da estabilidade – casos de Luiz Eduardo Magalhães (PFL) e de Aécio Neves (PSDB) durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

O “consenso” entre PT e PL mais parece também uma demonstração de onde se encontra o verdadeiro centro gravitacional dos Poderes da República. Está no Congresso, e particularmente na Câmara, a grande força política do momento – e não é de hoje. Com uma Casa fortalecida pelos poderes orçamentários adquiridos nos últimos anos, bancadas indóceis e grupos partidários que se unem em blocos para obter dividendos mais robustos, as maiorias parlamentares se tornaram mais instáveis e a governabilidade revelou-se mais penosa para o Executivo. Bolsonaro chegou à Presidência sob o manto da antipolítica, mas precisou se sustentar com o Centrão, numa aliança entre o PL, o PP e o Republicanos. Há quase dois anos, Lula se aflige diante da natureza instável e fragmentada nas relações com o Congresso e a ausência de sabedoria política para superá-la. A hipertrofia do poder foi sentida no STF, que passou a imiscuir-se na política e tentar atuar como fiador da governabilidade – uma evidente disfuncionalidade do sistema.

Hugo Motta é novo, mas não é novato. O deputado, que tem apenas 35 anos, está na Câmara desde os 21 e vem de uma família repleta de políticos. Fez parte da base dos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro e hoje, malgrado ter votado a favor do impeachment de Dilma, do teto de gastos e da reforma trabalhista – ou seja, tudo o que é execrado pelo lulopetismo de almanaque –, é próximo do governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Portanto, parece ser gelatinoso o bastante para manter tudo como está.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu uma dessas façanhas que só Brasília é capaz de produzir: no avanço de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, uniu em torno de si o apoio do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, os dois partidos que, malgrado as vicissitudes petistas e a desidratação do “mito”, ainda correspondem às principais forças eleitorais em nível nacional. O líder do Republicanos conseguiu a declaração de apoio do MDB, do PP e do Podemos, e outros partidos de esquerda devem seguir o apoio petista. E mais: rifado pela cúpula do União Brasil, Elmar Nascimento – antes o candidato preferido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que agora apoia Motta – anunciou sua desistência.

Tamanha variedade partidária ao seu redor já seria um feito notável, mas a eloquência maior aparece, sobretudo, na união dos contrários – o casamento improvável entre lulopetistas e bolsonaristas. Como se sabe, esses dois grupos costumam trabalhar na lógica inversa à pacificação e à união do País, sendo de interesse de ambos que o outro ocupe espaço simbólico na cabeça do eleitor, com sentimentos exacerbados pelo medo e pela rejeição mútua. Seus dois líderes continuamente apertam os gatilhos que tornam simplesmente impossível a convivência com o lado oposto. Diante de preferências e visões de mundo radicalmente diferentes e intolerantes entre si, é de espantar que, de uma hora para outra, estejam unidos num projeto representado pela candidatura de Motta.

Antes fosse uma demonstração de esforço pela desejável construção de agendas consensuais de utilidade ao Brasil. Ou a admissão da inevitabilidade da convivência pacífica, em nome do interesse público. Essa união de contrários, no entanto, tem muito mais a ver com a lógica das disputas pela Mesa Diretora da Câmara e seus códigos de preservação de poder, benesses e recursos. A busca por candidatos de consenso é também parte do cálculo político baseado na memória de disputas fratricidas que resultaram em instabilidades históricas para o governo de ocasião, como nas eleições que deram a vitória, em 2005, ao folclórico Severino Cavalcanti (PP-PE), numa tremenda humilhação ao então presidente Lula, e, em 2015, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz da então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, presidentes aliados ao Executivo se tornaram fiadores da estabilidade – casos de Luiz Eduardo Magalhães (PFL) e de Aécio Neves (PSDB) durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

O “consenso” entre PT e PL mais parece também uma demonstração de onde se encontra o verdadeiro centro gravitacional dos Poderes da República. Está no Congresso, e particularmente na Câmara, a grande força política do momento – e não é de hoje. Com uma Casa fortalecida pelos poderes orçamentários adquiridos nos últimos anos, bancadas indóceis e grupos partidários que se unem em blocos para obter dividendos mais robustos, as maiorias parlamentares se tornaram mais instáveis e a governabilidade revelou-se mais penosa para o Executivo. Bolsonaro chegou à Presidência sob o manto da antipolítica, mas precisou se sustentar com o Centrão, numa aliança entre o PL, o PP e o Republicanos. Há quase dois anos, Lula se aflige diante da natureza instável e fragmentada nas relações com o Congresso e a ausência de sabedoria política para superá-la. A hipertrofia do poder foi sentida no STF, que passou a imiscuir-se na política e tentar atuar como fiador da governabilidade – uma evidente disfuncionalidade do sistema.

Hugo Motta é novo, mas não é novato. O deputado, que tem apenas 35 anos, está na Câmara desde os 21 e vem de uma família repleta de políticos. Fez parte da base dos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro e hoje, malgrado ter votado a favor do impeachment de Dilma, do teto de gastos e da reforma trabalhista – ou seja, tudo o que é execrado pelo lulopetismo de almanaque –, é próximo do governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Portanto, parece ser gelatinoso o bastante para manter tudo como está.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu uma dessas façanhas que só Brasília é capaz de produzir: no avanço de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, uniu em torno de si o apoio do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, os dois partidos que, malgrado as vicissitudes petistas e a desidratação do “mito”, ainda correspondem às principais forças eleitorais em nível nacional. O líder do Republicanos conseguiu a declaração de apoio do MDB, do PP e do Podemos, e outros partidos de esquerda devem seguir o apoio petista. E mais: rifado pela cúpula do União Brasil, Elmar Nascimento – antes o candidato preferido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que agora apoia Motta – anunciou sua desistência.

Tamanha variedade partidária ao seu redor já seria um feito notável, mas a eloquência maior aparece, sobretudo, na união dos contrários – o casamento improvável entre lulopetistas e bolsonaristas. Como se sabe, esses dois grupos costumam trabalhar na lógica inversa à pacificação e à união do País, sendo de interesse de ambos que o outro ocupe espaço simbólico na cabeça do eleitor, com sentimentos exacerbados pelo medo e pela rejeição mútua. Seus dois líderes continuamente apertam os gatilhos que tornam simplesmente impossível a convivência com o lado oposto. Diante de preferências e visões de mundo radicalmente diferentes e intolerantes entre si, é de espantar que, de uma hora para outra, estejam unidos num projeto representado pela candidatura de Motta.

Antes fosse uma demonstração de esforço pela desejável construção de agendas consensuais de utilidade ao Brasil. Ou a admissão da inevitabilidade da convivência pacífica, em nome do interesse público. Essa união de contrários, no entanto, tem muito mais a ver com a lógica das disputas pela Mesa Diretora da Câmara e seus códigos de preservação de poder, benesses e recursos. A busca por candidatos de consenso é também parte do cálculo político baseado na memória de disputas fratricidas que resultaram em instabilidades históricas para o governo de ocasião, como nas eleições que deram a vitória, em 2005, ao folclórico Severino Cavalcanti (PP-PE), numa tremenda humilhação ao então presidente Lula, e, em 2015, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o algoz da então presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, presidentes aliados ao Executivo se tornaram fiadores da estabilidade – casos de Luiz Eduardo Magalhães (PFL) e de Aécio Neves (PSDB) durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

O “consenso” entre PT e PL mais parece também uma demonstração de onde se encontra o verdadeiro centro gravitacional dos Poderes da República. Está no Congresso, e particularmente na Câmara, a grande força política do momento – e não é de hoje. Com uma Casa fortalecida pelos poderes orçamentários adquiridos nos últimos anos, bancadas indóceis e grupos partidários que se unem em blocos para obter dividendos mais robustos, as maiorias parlamentares se tornaram mais instáveis e a governabilidade revelou-se mais penosa para o Executivo. Bolsonaro chegou à Presidência sob o manto da antipolítica, mas precisou se sustentar com o Centrão, numa aliança entre o PL, o PP e o Republicanos. Há quase dois anos, Lula se aflige diante da natureza instável e fragmentada nas relações com o Congresso e a ausência de sabedoria política para superá-la. A hipertrofia do poder foi sentida no STF, que passou a imiscuir-se na política e tentar atuar como fiador da governabilidade – uma evidente disfuncionalidade do sistema.

Hugo Motta é novo, mas não é novato. O deputado, que tem apenas 35 anos, está na Câmara desde os 21 e vem de uma família repleta de políticos. Fez parte da base dos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro e hoje, malgrado ter votado a favor do impeachment de Dilma, do teto de gastos e da reforma trabalhista – ou seja, tudo o que é execrado pelo lulopetismo de almanaque –, é próximo do governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Portanto, parece ser gelatinoso o bastante para manter tudo como está.

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