Os desafios do futuro chanceler


A Mauro Vieira cabe resgatar a credibilidade do País, mas não será fácil, ante a razia bolsonarista e tendo em vista os conhecidos devaneios terceiro-mundistas do lulopetismo

Por Notas & Informações

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicou o experiente embaixador Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores. Ainda que não seja possível antecipar como o sr. Vieira se desincumbirá de tão importante missão, é fato que não será nada fácil, seja porque o presidente Jair Bolsonaro destruiu a imagem do País nos últimos quatro anos, seja porque muitos petistas nutrem a expectativa de fazer o Brasil retomar a vergonhosa diplomacia terceiro-mundista que marcou a primeira passagem do lulopetismo pelo poder.

Mauro Vieira foi chanceler do governo de Dilma Rousseff, esteve à frente de alguns dos mais importantes postos diplomáticos do Brasil no exterior, como as embaixadas na Argentina e nos Estados Unidos e a representação permanente do Brasil na ONU – seu último posto de expressão até ser enviado por Bolsonaro para a embaixada do Brasil na Croácia como uma espécie de “punição”, sabe-se lá por quê. Tem, portanto, condições de representar bem o Brasil.

Deveria causar alívio ver no comando da diplomacia brasileira alguém que não considera o trambiqueiro Donald Trump como o “salvador do Ocidente”, na inesquecível definição de Ernesto Araújo, primeiro chanceler da era bolsonariana. Poucos representaram melhor a transformação do Brasil em pária internacional como o sr. Araújo, que desestruturou o Itamaraty e antagonizou o País com alguns de seus principais parceiros comerciais, como China e Argentina. Conspurcou a tradição brasileira de diálogo multilateral e alinhou a voz do Brasil à da família Bolsonaro, interessada em bajular líderes da extrema direita mundo afora e hostil a tudo o que lhe cheirasse a esquerdismo. Araújo foi sucedido por Carlos França, que se limitou a fazer o que o chefe mandava e pouco ajudou a mudar a imagem do Brasil, miseravelmente vinculada ao obscurantismo bolsonarista, em especial na área ambiental. Perde-se o fôlego só de imaginar mais quatro anos disso.

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Por outro lado, não anima nada a perspectiva de ver a política externa brasileira novamente a serviço de uma ideologia deletéria, que trata ditadores sanguinários como “companheiros”, cuja tirania o PT sempre considerou como parte da “luta contra o imperialismo estadunidense”. O velho Lula da Silva já disse que havia democracia “em excesso” na Venezuela chavista e que a perseguição implacável de dissidentes em Cuba era “assunto interno” dos cubanos; já o “novo” Lula, fiel a seu estilo, foi incapaz de condenar a ditadura nicaraguense do amigo Daniel Ortega. Ademais, também é frustrante imaginar que o Brasil possa retomar o viés “sul-sul”, que fez o País abrir embaixadas em lugares remotos tratados pelos ideólogos da política externa petista como parceiros “estratégicos”, em detrimento da possibilidade de bons acordos com grandes potências, como Estados Unidos e União Europeia. A intenção era mostrar-se independente. No final do mandarinato lulopetista, não havia dinheiro nem para pagar a conta de luz de várias dessas representações.

Neste momento, convém lembrar que a política externa brasileira não é algo que possa ser formulado ao sabor dos devaneios de quem ocupa a Presidência. Este jornal espera que os princípios que regem as relações internacionais do Brasil, consagrados no artigo 4.º da Constituição, voltem a ser respeitados, sobretudo o que determina a prevalência dos direitos humanos. Também espera que o Brasil procure, de maneira inteligente e proativa, retomar seu papel histórico de interlocutor indispensável em várias questões de interesse global, entre as quais o combate às mudanças climáticas, a cooperação internacional para o enfrentamento do tráfico de armas e drogas, o resgate do protagonismo de organizações multilaterais e o desenvolvimento das relações de comércio.

“A política externa é um instrumento de afirmação internacional do País e de defesa da soberania, da presença no mundo”, disse Mauro Vieira ao Estadão logo após a confirmação de sua indicação para o Itamaraty. “O Brasil esteve ausente do mundo e dos grandes centros de decisão nos últimos anos. Todas as medidas tomadas a partir de agora serão importantes nesse sentido, de trazer o Brasil de volta para o cenário internacional.” Que assim seja.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicou o experiente embaixador Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores. Ainda que não seja possível antecipar como o sr. Vieira se desincumbirá de tão importante missão, é fato que não será nada fácil, seja porque o presidente Jair Bolsonaro destruiu a imagem do País nos últimos quatro anos, seja porque muitos petistas nutrem a expectativa de fazer o Brasil retomar a vergonhosa diplomacia terceiro-mundista que marcou a primeira passagem do lulopetismo pelo poder.

Mauro Vieira foi chanceler do governo de Dilma Rousseff, esteve à frente de alguns dos mais importantes postos diplomáticos do Brasil no exterior, como as embaixadas na Argentina e nos Estados Unidos e a representação permanente do Brasil na ONU – seu último posto de expressão até ser enviado por Bolsonaro para a embaixada do Brasil na Croácia como uma espécie de “punição”, sabe-se lá por quê. Tem, portanto, condições de representar bem o Brasil.

Deveria causar alívio ver no comando da diplomacia brasileira alguém que não considera o trambiqueiro Donald Trump como o “salvador do Ocidente”, na inesquecível definição de Ernesto Araújo, primeiro chanceler da era bolsonariana. Poucos representaram melhor a transformação do Brasil em pária internacional como o sr. Araújo, que desestruturou o Itamaraty e antagonizou o País com alguns de seus principais parceiros comerciais, como China e Argentina. Conspurcou a tradição brasileira de diálogo multilateral e alinhou a voz do Brasil à da família Bolsonaro, interessada em bajular líderes da extrema direita mundo afora e hostil a tudo o que lhe cheirasse a esquerdismo. Araújo foi sucedido por Carlos França, que se limitou a fazer o que o chefe mandava e pouco ajudou a mudar a imagem do Brasil, miseravelmente vinculada ao obscurantismo bolsonarista, em especial na área ambiental. Perde-se o fôlego só de imaginar mais quatro anos disso.

Por outro lado, não anima nada a perspectiva de ver a política externa brasileira novamente a serviço de uma ideologia deletéria, que trata ditadores sanguinários como “companheiros”, cuja tirania o PT sempre considerou como parte da “luta contra o imperialismo estadunidense”. O velho Lula da Silva já disse que havia democracia “em excesso” na Venezuela chavista e que a perseguição implacável de dissidentes em Cuba era “assunto interno” dos cubanos; já o “novo” Lula, fiel a seu estilo, foi incapaz de condenar a ditadura nicaraguense do amigo Daniel Ortega. Ademais, também é frustrante imaginar que o Brasil possa retomar o viés “sul-sul”, que fez o País abrir embaixadas em lugares remotos tratados pelos ideólogos da política externa petista como parceiros “estratégicos”, em detrimento da possibilidade de bons acordos com grandes potências, como Estados Unidos e União Europeia. A intenção era mostrar-se independente. No final do mandarinato lulopetista, não havia dinheiro nem para pagar a conta de luz de várias dessas representações.

Neste momento, convém lembrar que a política externa brasileira não é algo que possa ser formulado ao sabor dos devaneios de quem ocupa a Presidência. Este jornal espera que os princípios que regem as relações internacionais do Brasil, consagrados no artigo 4.º da Constituição, voltem a ser respeitados, sobretudo o que determina a prevalência dos direitos humanos. Também espera que o Brasil procure, de maneira inteligente e proativa, retomar seu papel histórico de interlocutor indispensável em várias questões de interesse global, entre as quais o combate às mudanças climáticas, a cooperação internacional para o enfrentamento do tráfico de armas e drogas, o resgate do protagonismo de organizações multilaterais e o desenvolvimento das relações de comércio.

“A política externa é um instrumento de afirmação internacional do País e de defesa da soberania, da presença no mundo”, disse Mauro Vieira ao Estadão logo após a confirmação de sua indicação para o Itamaraty. “O Brasil esteve ausente do mundo e dos grandes centros de decisão nos últimos anos. Todas as medidas tomadas a partir de agora serão importantes nesse sentido, de trazer o Brasil de volta para o cenário internacional.” Que assim seja.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicou o experiente embaixador Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores. Ainda que não seja possível antecipar como o sr. Vieira se desincumbirá de tão importante missão, é fato que não será nada fácil, seja porque o presidente Jair Bolsonaro destruiu a imagem do País nos últimos quatro anos, seja porque muitos petistas nutrem a expectativa de fazer o Brasil retomar a vergonhosa diplomacia terceiro-mundista que marcou a primeira passagem do lulopetismo pelo poder.

Mauro Vieira foi chanceler do governo de Dilma Rousseff, esteve à frente de alguns dos mais importantes postos diplomáticos do Brasil no exterior, como as embaixadas na Argentina e nos Estados Unidos e a representação permanente do Brasil na ONU – seu último posto de expressão até ser enviado por Bolsonaro para a embaixada do Brasil na Croácia como uma espécie de “punição”, sabe-se lá por quê. Tem, portanto, condições de representar bem o Brasil.

Deveria causar alívio ver no comando da diplomacia brasileira alguém que não considera o trambiqueiro Donald Trump como o “salvador do Ocidente”, na inesquecível definição de Ernesto Araújo, primeiro chanceler da era bolsonariana. Poucos representaram melhor a transformação do Brasil em pária internacional como o sr. Araújo, que desestruturou o Itamaraty e antagonizou o País com alguns de seus principais parceiros comerciais, como China e Argentina. Conspurcou a tradição brasileira de diálogo multilateral e alinhou a voz do Brasil à da família Bolsonaro, interessada em bajular líderes da extrema direita mundo afora e hostil a tudo o que lhe cheirasse a esquerdismo. Araújo foi sucedido por Carlos França, que se limitou a fazer o que o chefe mandava e pouco ajudou a mudar a imagem do Brasil, miseravelmente vinculada ao obscurantismo bolsonarista, em especial na área ambiental. Perde-se o fôlego só de imaginar mais quatro anos disso.

Por outro lado, não anima nada a perspectiva de ver a política externa brasileira novamente a serviço de uma ideologia deletéria, que trata ditadores sanguinários como “companheiros”, cuja tirania o PT sempre considerou como parte da “luta contra o imperialismo estadunidense”. O velho Lula da Silva já disse que havia democracia “em excesso” na Venezuela chavista e que a perseguição implacável de dissidentes em Cuba era “assunto interno” dos cubanos; já o “novo” Lula, fiel a seu estilo, foi incapaz de condenar a ditadura nicaraguense do amigo Daniel Ortega. Ademais, também é frustrante imaginar que o Brasil possa retomar o viés “sul-sul”, que fez o País abrir embaixadas em lugares remotos tratados pelos ideólogos da política externa petista como parceiros “estratégicos”, em detrimento da possibilidade de bons acordos com grandes potências, como Estados Unidos e União Europeia. A intenção era mostrar-se independente. No final do mandarinato lulopetista, não havia dinheiro nem para pagar a conta de luz de várias dessas representações.

Neste momento, convém lembrar que a política externa brasileira não é algo que possa ser formulado ao sabor dos devaneios de quem ocupa a Presidência. Este jornal espera que os princípios que regem as relações internacionais do Brasil, consagrados no artigo 4.º da Constituição, voltem a ser respeitados, sobretudo o que determina a prevalência dos direitos humanos. Também espera que o Brasil procure, de maneira inteligente e proativa, retomar seu papel histórico de interlocutor indispensável em várias questões de interesse global, entre as quais o combate às mudanças climáticas, a cooperação internacional para o enfrentamento do tráfico de armas e drogas, o resgate do protagonismo de organizações multilaterais e o desenvolvimento das relações de comércio.

“A política externa é um instrumento de afirmação internacional do País e de defesa da soberania, da presença no mundo”, disse Mauro Vieira ao Estadão logo após a confirmação de sua indicação para o Itamaraty. “O Brasil esteve ausente do mundo e dos grandes centros de decisão nos últimos anos. Todas as medidas tomadas a partir de agora serão importantes nesse sentido, de trazer o Brasil de volta para o cenário internacional.” Que assim seja.

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