Para que serve a Unasul?


Desde 2008, bloco é norteado por afinidades ideológicas de ocasião, não pela defesa dos interesses do País

Por Notas & Informações

A partir do próximo dia 6 de maio, o Brasil voltará a integrar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco constituído em 2008 pelos 12 países da região. O decreto de reintegração foi assinado pelo presidente Lula da Silva na semana passada. É o caso de perguntar: voltar para que, exatamente?

Não há dúvida de que o Brasil precisa manter uma relação saudável e profícua com as nações vizinhas. Essa relação, contudo, tem de ser norteada pelo interesse nacional, perene, e não por afinidades ideológicas circunstanciais que possam unir os governantes dos países-membros da Unasul. Mas é assim que tem sido, a ponto de o bloco ter sido relegado à irrelevância.

Embora em seu tratado constitutivo esteja escrito que a Unasul visa à construção de um “espaço regional integrado nos âmbitos político, econômico, social, cultural, ambiental, energético e de infraestrutura”, o bloco nasceu vocacionado para ser uma espécie de confraria ideológica, não um fórum multilateral para concertação de interesses por vezes divergentes de cada um de seus países constituintes.

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Idealizada por Hugo Chávez, ditador da Venezuela à época, a Unasul foi criada com o propósito de servir como “contraponto” à suposta influência dos Estados Unidos, por meio da Organização dos Estados Americanos, nos destinos políticos da América do Sul. Visava ainda a opor resistência à criação de uma zona de livre comércio na região nos moldes defendidos por Washington. Na realidade, sob esses desígnios aparentemente legítimos estava o interesse de Chávez de conceber um bloco que ele mesmo pudesse controlar.

Por uma década, a Unasul esteve tão contaminada pelo chavismo que, três dias depois de tomar posse como presidente, em agosto de 2018, Iván Duque anunciou a saída da Colômbia do bloco. Segundo ele, a Unasul seria “cúmplice da ditadura venezuelana”. De fato, era mesmo. Basta dizer que, até hoje, da Unasul não se leu nem ouviu uma palavra sequer de condenação às barbaridades perpetradas por Nicolás Maduro e seus milicianos e militares contra opositores, jornalistas e qualquer venezuelano que ouse criticar o regime.

Menos de um ano depois da decisão de Duque, foi a vez de Jair Bolsonaro retirar o Brasil da Unasul. O então presidente brasileiro foi acompanhado por suas contrapartes da Argentina, Maurício Macri; do Chile, Sebastian Piñera; do Equador, Lenín Moreno; do Peru, Martín Vizcarra; e pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Juntos, criaram o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul) como bloco substituto da Unasul chavista.

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Mas, ao invés de o Prosul passar a ser um fórum regional orientado por questões pragmáticas, transformou-se na nêmesis da Unasul, também uma confraria, apenas com sinal ideológico invertido, em que pese a condenação ao regime de exceção da Venezuela.

Se a “nova” Unasul, ora recomposta, servirá, enfim, como fórum de integração do Brasil às nações vizinhas, em defesa dos interesses do País, o tempo dirá. Mas convém parcimônia na esperança. O passado, nem tão distante assim, a condena.

A partir do próximo dia 6 de maio, o Brasil voltará a integrar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco constituído em 2008 pelos 12 países da região. O decreto de reintegração foi assinado pelo presidente Lula da Silva na semana passada. É o caso de perguntar: voltar para que, exatamente?

Não há dúvida de que o Brasil precisa manter uma relação saudável e profícua com as nações vizinhas. Essa relação, contudo, tem de ser norteada pelo interesse nacional, perene, e não por afinidades ideológicas circunstanciais que possam unir os governantes dos países-membros da Unasul. Mas é assim que tem sido, a ponto de o bloco ter sido relegado à irrelevância.

Embora em seu tratado constitutivo esteja escrito que a Unasul visa à construção de um “espaço regional integrado nos âmbitos político, econômico, social, cultural, ambiental, energético e de infraestrutura”, o bloco nasceu vocacionado para ser uma espécie de confraria ideológica, não um fórum multilateral para concertação de interesses por vezes divergentes de cada um de seus países constituintes.

Idealizada por Hugo Chávez, ditador da Venezuela à época, a Unasul foi criada com o propósito de servir como “contraponto” à suposta influência dos Estados Unidos, por meio da Organização dos Estados Americanos, nos destinos políticos da América do Sul. Visava ainda a opor resistência à criação de uma zona de livre comércio na região nos moldes defendidos por Washington. Na realidade, sob esses desígnios aparentemente legítimos estava o interesse de Chávez de conceber um bloco que ele mesmo pudesse controlar.

Por uma década, a Unasul esteve tão contaminada pelo chavismo que, três dias depois de tomar posse como presidente, em agosto de 2018, Iván Duque anunciou a saída da Colômbia do bloco. Segundo ele, a Unasul seria “cúmplice da ditadura venezuelana”. De fato, era mesmo. Basta dizer que, até hoje, da Unasul não se leu nem ouviu uma palavra sequer de condenação às barbaridades perpetradas por Nicolás Maduro e seus milicianos e militares contra opositores, jornalistas e qualquer venezuelano que ouse criticar o regime.

Menos de um ano depois da decisão de Duque, foi a vez de Jair Bolsonaro retirar o Brasil da Unasul. O então presidente brasileiro foi acompanhado por suas contrapartes da Argentina, Maurício Macri; do Chile, Sebastian Piñera; do Equador, Lenín Moreno; do Peru, Martín Vizcarra; e pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Juntos, criaram o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul) como bloco substituto da Unasul chavista.

Mas, ao invés de o Prosul passar a ser um fórum regional orientado por questões pragmáticas, transformou-se na nêmesis da Unasul, também uma confraria, apenas com sinal ideológico invertido, em que pese a condenação ao regime de exceção da Venezuela.

Se a “nova” Unasul, ora recomposta, servirá, enfim, como fórum de integração do Brasil às nações vizinhas, em defesa dos interesses do País, o tempo dirá. Mas convém parcimônia na esperança. O passado, nem tão distante assim, a condena.

A partir do próximo dia 6 de maio, o Brasil voltará a integrar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco constituído em 2008 pelos 12 países da região. O decreto de reintegração foi assinado pelo presidente Lula da Silva na semana passada. É o caso de perguntar: voltar para que, exatamente?

Não há dúvida de que o Brasil precisa manter uma relação saudável e profícua com as nações vizinhas. Essa relação, contudo, tem de ser norteada pelo interesse nacional, perene, e não por afinidades ideológicas circunstanciais que possam unir os governantes dos países-membros da Unasul. Mas é assim que tem sido, a ponto de o bloco ter sido relegado à irrelevância.

Embora em seu tratado constitutivo esteja escrito que a Unasul visa à construção de um “espaço regional integrado nos âmbitos político, econômico, social, cultural, ambiental, energético e de infraestrutura”, o bloco nasceu vocacionado para ser uma espécie de confraria ideológica, não um fórum multilateral para concertação de interesses por vezes divergentes de cada um de seus países constituintes.

Idealizada por Hugo Chávez, ditador da Venezuela à época, a Unasul foi criada com o propósito de servir como “contraponto” à suposta influência dos Estados Unidos, por meio da Organização dos Estados Americanos, nos destinos políticos da América do Sul. Visava ainda a opor resistência à criação de uma zona de livre comércio na região nos moldes defendidos por Washington. Na realidade, sob esses desígnios aparentemente legítimos estava o interesse de Chávez de conceber um bloco que ele mesmo pudesse controlar.

Por uma década, a Unasul esteve tão contaminada pelo chavismo que, três dias depois de tomar posse como presidente, em agosto de 2018, Iván Duque anunciou a saída da Colômbia do bloco. Segundo ele, a Unasul seria “cúmplice da ditadura venezuelana”. De fato, era mesmo. Basta dizer que, até hoje, da Unasul não se leu nem ouviu uma palavra sequer de condenação às barbaridades perpetradas por Nicolás Maduro e seus milicianos e militares contra opositores, jornalistas e qualquer venezuelano que ouse criticar o regime.

Menos de um ano depois da decisão de Duque, foi a vez de Jair Bolsonaro retirar o Brasil da Unasul. O então presidente brasileiro foi acompanhado por suas contrapartes da Argentina, Maurício Macri; do Chile, Sebastian Piñera; do Equador, Lenín Moreno; do Peru, Martín Vizcarra; e pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Juntos, criaram o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul) como bloco substituto da Unasul chavista.

Mas, ao invés de o Prosul passar a ser um fórum regional orientado por questões pragmáticas, transformou-se na nêmesis da Unasul, também uma confraria, apenas com sinal ideológico invertido, em que pese a condenação ao regime de exceção da Venezuela.

Se a “nova” Unasul, ora recomposta, servirá, enfim, como fórum de integração do Brasil às nações vizinhas, em defesa dos interesses do País, o tempo dirá. Mas convém parcimônia na esperança. O passado, nem tão distante assim, a condena.

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