Economista, Presidente-Executivo Da IBÁ, Membro do Conselho Consultivo do RENOVABR, Foi Governador Do Estado Do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

Opinião|Brasil que dá certo


É preciso buscar inspiração em experiências bem-sucedidas, geralmente resultantes de investimentos em ciência, capital humano e abertura de mercados

Por Paulo Hartung
Atualização:

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) publicou em setembro seu Relatório Anual. O documento traz os principais indicadores de desempenho do setor de árvores cultivadas para fins industriais, que atestam, mais uma vez, a potência dessa indústria. Trata-se de uma bioeconomia em larga escala que oferece a mais de 2 bilhões de planetários uma gama de bioprodutos, alguns já muito conhecidos, como o papel, e outros que ganham espaço crescente no mercado, caso da viscose.

O relatório é feito em parceria com a consultoria ESG Tech e mostra como o setor segue contribuindo de forma expressiva para a economia nacional, aliando produção e preservação. Maior exportador e segundo maior produtor de celulose do mundo, o Brasil exportou US$ 12,7 bilhões em 2023.

O segmento está inaugurando uma planta a cada ano e meio, na contramão da acelerada desindustrialização nacional. A expansão está garantida, com investimentos previstos de R$ 105 bilhões até 2028. No último ano, foram criados 33,4 mil empregos – ao todo, já são 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, distribuídos nos mais de mil municípios em que o setor tem presença relevante.

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O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo tem sido o Mato Grosso do Sul, Estado que vem se consolidando como nova fronteira da produção de árvores cultivadas. No último ano, houve uma expansão de 221 mil hectares de plantações por lá.

Diariamente, a indústria planta 1,8 milhão de árvores, que, ao crescerem, sequestram e estocam carbono da atmosfera, um serviço ecossistêmico extraordinário. Ao todo, o setor planta, colhe e replanta em 10,2 milhões de hectares – a título de comparação, a pecuária ocupa mais de 160 milhões de hectares do território brasileiro. As áreas de cultivo se expandem sobre terras já antropizadas, em geral transformando pastos de baixa produtividade em cobertura florestal, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Quando se trata de uso da terra, o setor também é destaque ao conservar 6,91 milhões de hectares de mata nativa, uma área maior que o Estado do Rio de Janeiro. O mapeamento dos plantios florestais e das áreas conservadas é realizado a partir de imagens via satélite, captadas e analisadas pela startup de Florianópolis Canopy Remote Sensing Solutions – uma das boas metodologias de mapeamento de satélite à disposição.

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Já na década de 1990, a indústria de árvores cultivadas foi pioneira em certificações internacionais voluntárias, como FSC e PEFC, que garantem práticas de manejo responsável, compromissos socioambientais e plena rastreabilidade. Essas certificações dialogam com as exigências globais dos novos consumidores.

A transição energética é outro destaque do relatório. Da energia consumida pelas fábricas do setor, 87% vieram de origens limpas. A fonte preponderante para a produção de energia é o licor preto, coproduto do processo de produção da celulose, além de outras biomassas florestais. Esses dados serão ainda mais detalhados em uma nova publicação sobre a relevância da biomassa florestal na matriz energética brasileira, a ser lançada pela Ibá em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em novembro.

O crescimento da indústria acontece no rumo da descarbonização. Atualmente, o setor investe em diminuir suas emissões. Está mudando a fonte de energia para a biomassa em caldeiras e, nos fornos de cal, vem utilizando a gaseificação da biomassa. A lógica da circularidade também está presente nas novas fábricas, com métodos de transformação de resíduos em insumos, tais como fertilizantes, e com uma importante atuação na cadeia de reciclagem.

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Recentemente, lideranças da indústria tiveram a oportunidade de apresentar esses avanços ao presidente Lula da Silva, em Brasília, em reunião da qual participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Carlos Fávaro (Agricultura), e os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, do Ibama, Rodrigo Agostinho, e da Embrapa, Silvia Massruhá.

Vale mencionar ainda que hoje tem início em São Paulo o 56.º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, organizado pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP). Anualmente, o congresso reúne os elos da cadeia produtiva da indústria de árvores cultivadas para debater ações inovadoras e as melhores práticas do setor. E, no final do mês, teremos representação recorde na COP-16 da Biodiversidade, que acontece na Colômbia, onde lançaremos o Caderno de Biodiversidade, com 23 cases das empresas associadas à Ibá conectadas com as metas do Marco Global de Kunming-Montreal.

Em momentos de grandes desafios globais, as frustrações e os descaminhos da humanidade tendem a eclipsar avanços conquistados. Especialmente nestes tempos algo obscuros, é preciso buscar inspiração em experiências bem-sucedidas, geralmente resultantes de investimentos em ciência, capital humano e abertura de mercados. Além do setor de árvores cultivadas, nosso país tem exemplos exitosos como a Embraer, a WEG Motores e o agro, entre outros. O Relatório Anual da Ibá mostra como a indústria de árvores cultivadas é uma referência do Brasil que dá certo e cuja trajetória pode iluminar caminhos para o futuro que queremos – aqui e planeta afora.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

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CORREÇÃO

A startup Canopy Remote Sensing Solutions é de Florianópolis, e não de Minas Gerais, como foi publicado na edição impressa de 1/10/2024.

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) publicou em setembro seu Relatório Anual. O documento traz os principais indicadores de desempenho do setor de árvores cultivadas para fins industriais, que atestam, mais uma vez, a potência dessa indústria. Trata-se de uma bioeconomia em larga escala que oferece a mais de 2 bilhões de planetários uma gama de bioprodutos, alguns já muito conhecidos, como o papel, e outros que ganham espaço crescente no mercado, caso da viscose.

O relatório é feito em parceria com a consultoria ESG Tech e mostra como o setor segue contribuindo de forma expressiva para a economia nacional, aliando produção e preservação. Maior exportador e segundo maior produtor de celulose do mundo, o Brasil exportou US$ 12,7 bilhões em 2023.

O segmento está inaugurando uma planta a cada ano e meio, na contramão da acelerada desindustrialização nacional. A expansão está garantida, com investimentos previstos de R$ 105 bilhões até 2028. No último ano, foram criados 33,4 mil empregos – ao todo, já são 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, distribuídos nos mais de mil municípios em que o setor tem presença relevante.

O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo tem sido o Mato Grosso do Sul, Estado que vem se consolidando como nova fronteira da produção de árvores cultivadas. No último ano, houve uma expansão de 221 mil hectares de plantações por lá.

Diariamente, a indústria planta 1,8 milhão de árvores, que, ao crescerem, sequestram e estocam carbono da atmosfera, um serviço ecossistêmico extraordinário. Ao todo, o setor planta, colhe e replanta em 10,2 milhões de hectares – a título de comparação, a pecuária ocupa mais de 160 milhões de hectares do território brasileiro. As áreas de cultivo se expandem sobre terras já antropizadas, em geral transformando pastos de baixa produtividade em cobertura florestal, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Quando se trata de uso da terra, o setor também é destaque ao conservar 6,91 milhões de hectares de mata nativa, uma área maior que o Estado do Rio de Janeiro. O mapeamento dos plantios florestais e das áreas conservadas é realizado a partir de imagens via satélite, captadas e analisadas pela startup de Florianópolis Canopy Remote Sensing Solutions – uma das boas metodologias de mapeamento de satélite à disposição.

Já na década de 1990, a indústria de árvores cultivadas foi pioneira em certificações internacionais voluntárias, como FSC e PEFC, que garantem práticas de manejo responsável, compromissos socioambientais e plena rastreabilidade. Essas certificações dialogam com as exigências globais dos novos consumidores.

A transição energética é outro destaque do relatório. Da energia consumida pelas fábricas do setor, 87% vieram de origens limpas. A fonte preponderante para a produção de energia é o licor preto, coproduto do processo de produção da celulose, além de outras biomassas florestais. Esses dados serão ainda mais detalhados em uma nova publicação sobre a relevância da biomassa florestal na matriz energética brasileira, a ser lançada pela Ibá em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em novembro.

O crescimento da indústria acontece no rumo da descarbonização. Atualmente, o setor investe em diminuir suas emissões. Está mudando a fonte de energia para a biomassa em caldeiras e, nos fornos de cal, vem utilizando a gaseificação da biomassa. A lógica da circularidade também está presente nas novas fábricas, com métodos de transformação de resíduos em insumos, tais como fertilizantes, e com uma importante atuação na cadeia de reciclagem.

Recentemente, lideranças da indústria tiveram a oportunidade de apresentar esses avanços ao presidente Lula da Silva, em Brasília, em reunião da qual participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Carlos Fávaro (Agricultura), e os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, do Ibama, Rodrigo Agostinho, e da Embrapa, Silvia Massruhá.

Vale mencionar ainda que hoje tem início em São Paulo o 56.º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, organizado pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP). Anualmente, o congresso reúne os elos da cadeia produtiva da indústria de árvores cultivadas para debater ações inovadoras e as melhores práticas do setor. E, no final do mês, teremos representação recorde na COP-16 da Biodiversidade, que acontece na Colômbia, onde lançaremos o Caderno de Biodiversidade, com 23 cases das empresas associadas à Ibá conectadas com as metas do Marco Global de Kunming-Montreal.

Em momentos de grandes desafios globais, as frustrações e os descaminhos da humanidade tendem a eclipsar avanços conquistados. Especialmente nestes tempos algo obscuros, é preciso buscar inspiração em experiências bem-sucedidas, geralmente resultantes de investimentos em ciência, capital humano e abertura de mercados. Além do setor de árvores cultivadas, nosso país tem exemplos exitosos como a Embraer, a WEG Motores e o agro, entre outros. O Relatório Anual da Ibá mostra como a indústria de árvores cultivadas é uma referência do Brasil que dá certo e cuja trajetória pode iluminar caminhos para o futuro que queremos – aqui e planeta afora.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

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CORREÇÃO

A startup Canopy Remote Sensing Solutions é de Florianópolis, e não de Minas Gerais, como foi publicado na edição impressa de 1/10/2024.

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) publicou em setembro seu Relatório Anual. O documento traz os principais indicadores de desempenho do setor de árvores cultivadas para fins industriais, que atestam, mais uma vez, a potência dessa indústria. Trata-se de uma bioeconomia em larga escala que oferece a mais de 2 bilhões de planetários uma gama de bioprodutos, alguns já muito conhecidos, como o papel, e outros que ganham espaço crescente no mercado, caso da viscose.

O relatório é feito em parceria com a consultoria ESG Tech e mostra como o setor segue contribuindo de forma expressiva para a economia nacional, aliando produção e preservação. Maior exportador e segundo maior produtor de celulose do mundo, o Brasil exportou US$ 12,7 bilhões em 2023.

O segmento está inaugurando uma planta a cada ano e meio, na contramão da acelerada desindustrialização nacional. A expansão está garantida, com investimentos previstos de R$ 105 bilhões até 2028. No último ano, foram criados 33,4 mil empregos – ao todo, já são 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, distribuídos nos mais de mil municípios em que o setor tem presença relevante.

O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo tem sido o Mato Grosso do Sul, Estado que vem se consolidando como nova fronteira da produção de árvores cultivadas. No último ano, houve uma expansão de 221 mil hectares de plantações por lá.

Diariamente, a indústria planta 1,8 milhão de árvores, que, ao crescerem, sequestram e estocam carbono da atmosfera, um serviço ecossistêmico extraordinário. Ao todo, o setor planta, colhe e replanta em 10,2 milhões de hectares – a título de comparação, a pecuária ocupa mais de 160 milhões de hectares do território brasileiro. As áreas de cultivo se expandem sobre terras já antropizadas, em geral transformando pastos de baixa produtividade em cobertura florestal, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Quando se trata de uso da terra, o setor também é destaque ao conservar 6,91 milhões de hectares de mata nativa, uma área maior que o Estado do Rio de Janeiro. O mapeamento dos plantios florestais e das áreas conservadas é realizado a partir de imagens via satélite, captadas e analisadas pela startup de Florianópolis Canopy Remote Sensing Solutions – uma das boas metodologias de mapeamento de satélite à disposição.

Já na década de 1990, a indústria de árvores cultivadas foi pioneira em certificações internacionais voluntárias, como FSC e PEFC, que garantem práticas de manejo responsável, compromissos socioambientais e plena rastreabilidade. Essas certificações dialogam com as exigências globais dos novos consumidores.

A transição energética é outro destaque do relatório. Da energia consumida pelas fábricas do setor, 87% vieram de origens limpas. A fonte preponderante para a produção de energia é o licor preto, coproduto do processo de produção da celulose, além de outras biomassas florestais. Esses dados serão ainda mais detalhados em uma nova publicação sobre a relevância da biomassa florestal na matriz energética brasileira, a ser lançada pela Ibá em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em novembro.

O crescimento da indústria acontece no rumo da descarbonização. Atualmente, o setor investe em diminuir suas emissões. Está mudando a fonte de energia para a biomassa em caldeiras e, nos fornos de cal, vem utilizando a gaseificação da biomassa. A lógica da circularidade também está presente nas novas fábricas, com métodos de transformação de resíduos em insumos, tais como fertilizantes, e com uma importante atuação na cadeia de reciclagem.

Recentemente, lideranças da indústria tiveram a oportunidade de apresentar esses avanços ao presidente Lula da Silva, em Brasília, em reunião da qual participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Carlos Fávaro (Agricultura), e os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, do Ibama, Rodrigo Agostinho, e da Embrapa, Silvia Massruhá.

Vale mencionar ainda que hoje tem início em São Paulo o 56.º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, organizado pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP). Anualmente, o congresso reúne os elos da cadeia produtiva da indústria de árvores cultivadas para debater ações inovadoras e as melhores práticas do setor. E, no final do mês, teremos representação recorde na COP-16 da Biodiversidade, que acontece na Colômbia, onde lançaremos o Caderno de Biodiversidade, com 23 cases das empresas associadas à Ibá conectadas com as metas do Marco Global de Kunming-Montreal.

Em momentos de grandes desafios globais, as frustrações e os descaminhos da humanidade tendem a eclipsar avanços conquistados. Especialmente nestes tempos algo obscuros, é preciso buscar inspiração em experiências bem-sucedidas, geralmente resultantes de investimentos em ciência, capital humano e abertura de mercados. Além do setor de árvores cultivadas, nosso país tem exemplos exitosos como a Embraer, a WEG Motores e o agro, entre outros. O Relatório Anual da Ibá mostra como a indústria de árvores cultivadas é uma referência do Brasil que dá certo e cuja trajetória pode iluminar caminhos para o futuro que queremos – aqui e planeta afora.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

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A startup Canopy Remote Sensing Solutions é de Florianópolis, e não de Minas Gerais, como foi publicado na edição impressa de 1/10/2024.

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) publicou em setembro seu Relatório Anual. O documento traz os principais indicadores de desempenho do setor de árvores cultivadas para fins industriais, que atestam, mais uma vez, a potência dessa indústria. Trata-se de uma bioeconomia em larga escala que oferece a mais de 2 bilhões de planetários uma gama de bioprodutos, alguns já muito conhecidos, como o papel, e outros que ganham espaço crescente no mercado, caso da viscose.

O relatório é feito em parceria com a consultoria ESG Tech e mostra como o setor segue contribuindo de forma expressiva para a economia nacional, aliando produção e preservação. Maior exportador e segundo maior produtor de celulose do mundo, o Brasil exportou US$ 12,7 bilhões em 2023.

O segmento está inaugurando uma planta a cada ano e meio, na contramão da acelerada desindustrialização nacional. A expansão está garantida, com investimentos previstos de R$ 105 bilhões até 2028. No último ano, foram criados 33,4 mil empregos – ao todo, já são 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, distribuídos nos mais de mil municípios em que o setor tem presença relevante.

O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo tem sido o Mato Grosso do Sul, Estado que vem se consolidando como nova fronteira da produção de árvores cultivadas. No último ano, houve uma expansão de 221 mil hectares de plantações por lá.

Diariamente, a indústria planta 1,8 milhão de árvores, que, ao crescerem, sequestram e estocam carbono da atmosfera, um serviço ecossistêmico extraordinário. Ao todo, o setor planta, colhe e replanta em 10,2 milhões de hectares – a título de comparação, a pecuária ocupa mais de 160 milhões de hectares do território brasileiro. As áreas de cultivo se expandem sobre terras já antropizadas, em geral transformando pastos de baixa produtividade em cobertura florestal, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Quando se trata de uso da terra, o setor também é destaque ao conservar 6,91 milhões de hectares de mata nativa, uma área maior que o Estado do Rio de Janeiro. O mapeamento dos plantios florestais e das áreas conservadas é realizado a partir de imagens via satélite, captadas e analisadas pela startup de Florianópolis Canopy Remote Sensing Solutions – uma das boas metodologias de mapeamento de satélite à disposição.

Já na década de 1990, a indústria de árvores cultivadas foi pioneira em certificações internacionais voluntárias, como FSC e PEFC, que garantem práticas de manejo responsável, compromissos socioambientais e plena rastreabilidade. Essas certificações dialogam com as exigências globais dos novos consumidores.

A transição energética é outro destaque do relatório. Da energia consumida pelas fábricas do setor, 87% vieram de origens limpas. A fonte preponderante para a produção de energia é o licor preto, coproduto do processo de produção da celulose, além de outras biomassas florestais. Esses dados serão ainda mais detalhados em uma nova publicação sobre a relevância da biomassa florestal na matriz energética brasileira, a ser lançada pela Ibá em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em novembro.

O crescimento da indústria acontece no rumo da descarbonização. Atualmente, o setor investe em diminuir suas emissões. Está mudando a fonte de energia para a biomassa em caldeiras e, nos fornos de cal, vem utilizando a gaseificação da biomassa. A lógica da circularidade também está presente nas novas fábricas, com métodos de transformação de resíduos em insumos, tais como fertilizantes, e com uma importante atuação na cadeia de reciclagem.

Recentemente, lideranças da indústria tiveram a oportunidade de apresentar esses avanços ao presidente Lula da Silva, em Brasília, em reunião da qual participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Carlos Fávaro (Agricultura), e os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, do Ibama, Rodrigo Agostinho, e da Embrapa, Silvia Massruhá.

Vale mencionar ainda que hoje tem início em São Paulo o 56.º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, organizado pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP). Anualmente, o congresso reúne os elos da cadeia produtiva da indústria de árvores cultivadas para debater ações inovadoras e as melhores práticas do setor. E, no final do mês, teremos representação recorde na COP-16 da Biodiversidade, que acontece na Colômbia, onde lançaremos o Caderno de Biodiversidade, com 23 cases das empresas associadas à Ibá conectadas com as metas do Marco Global de Kunming-Montreal.

Em momentos de grandes desafios globais, as frustrações e os descaminhos da humanidade tendem a eclipsar avanços conquistados. Especialmente nestes tempos algo obscuros, é preciso buscar inspiração em experiências bem-sucedidas, geralmente resultantes de investimentos em ciência, capital humano e abertura de mercados. Além do setor de árvores cultivadas, nosso país tem exemplos exitosos como a Embraer, a WEG Motores e o agro, entre outros. O Relatório Anual da Ibá mostra como a indústria de árvores cultivadas é uma referência do Brasil que dá certo e cuja trajetória pode iluminar caminhos para o futuro que queremos – aqui e planeta afora.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

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A startup Canopy Remote Sensing Solutions é de Florianópolis, e não de Minas Gerais, como foi publicado na edição impressa de 1/10/2024.

Opinião por Paulo Hartung

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