Economista, Presidente-Executivo Da IBÁ, Membro do Conselho Consultivo do RENOVABR, Foi Governador Do Estado Do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

Opinião|Cuidar do clima é cuidar da vida


O caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades

Por Paulo Hartung

Se o caminho se faz no caminhar, com roteiros tortuosos o mundo está deixando um rastro em desalinho com a emergência climática. A COP-27, recentemente realizada no Egito, é evidência desse passo a passo irresoluto.

Pela primeira vez, incluiu-se no texto final a autorização para criação de um fundo de perdas e danos, antigo pleito de países em desenvolvimento, especialmente costeiros e insulares, que já sofrem com o aumento do nível do mar. O esgotamento do meio ambiente aprofunda as já enormes desigualdades sociais. Eventos naturais extremos causam impactos socioeconômicos maiores justamente em países mais vulneráveis. Mesmo com este sinal, o fundo ainda carece de detalhamento operacional.

Na rota dos descompassos, a 27.ª edição da Conferência do Clima deixou a desejar em encaminhamentos fundamentais. O financiamento climático, presente na agenda das COPs desde Paris, mais uma vez deixou de ser viabilizado. A previsão era a de que a partir de 2020 países do norte desembolsassem US$ 100 bilhões por ano para o auxílio de nações com menor poder econômico. O objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e estimular a adaptação, da qual a transição energética para uso de fontes limpas é um exemplo.

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O mercado regulado de créditos de carbono tampouco alcançou avanços significativos desde sua aprovação em Glasgow. A questão energética foi contemplada timidamente na redação final, sem demonstrar a ambição necessária para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A invasão russa na Ucrânia, inclusive, produziu retrocessos nessa questão.

Este caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades. O Brasil, por exemplo, tem experiências que podem se colocar como soluções para o mundo, com especial atenção para segurança alimentar e fornecimento de energia limpa.

A Amazônia é uma das referências para soluções planetárias. Por óbvio, lá também estão as marcas do que deve ser combatido, como desmatamento, garimpo, grilagem, queimadas, entre outros crimes. Também é importante destacar que, numa vastidão incalculável de riquezas, boa parte dos 25 milhões de brasileiros que vivem na região estão relegados à pobreza.

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Mas a rica terra de impositivos desafios é também uma seara de soluções para a existência sustentável. A floresta em pé é uma das rotas para o desenvolvimento. A Amazônia, por exemplo, é responsável por regular o regime de chuvas do País, viabilizando até três safras agrícolas anuais e permitindo que o Brasil alimente 10% da população mundial. Além disso, investimentos em ciência e tecnologia poderiam posicionar o País como polo global de inovação verde. Trata-se de possibilidade real de geração de emprego e renda.

Fora do bioma Amazônia, o País tem modelos bem-sucedidos, baseados na bioeconomia em larga escala, que trazem benefícios no multidisciplinar conceito ESG. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com o Ibre/FGV, está lançando o relatório anual 2022 do setor de árvores cultivadas, que demonstra ser possível fazer uso inteligente da terra, cuidar das pessoas e respeitar a natureza, gerando e compartilhando valor. O material pode ser acessado em www.iba.org.

O setor totaliza 9,93 milhões de hectares de cultivo comercial, em que árvores produtivas são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em terras antes degradadas. Essas mesmas fazendas abrigam áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, indo além do que prevê a legislação. Em técnica de manejo chamada mosaico florestal, essas áreas são conectadas criando corredores ecológicos, ajudando a preservar a biodiversidade e auxiliando em serviços ecossistêmicos.

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O processo fabril do setor produz 74,6% da energia elétrica que consome. Os excedentes gerados em diversas unidades são colocados a disposição no grid. Presente em mais de mil municípios, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, o setor cria 553 mil empregos diretos e registrou receita recorde de R$ 244,6 bilhões no ano de 2021.

As companhias de base florestal estudam e desenvolvem novos usos para a madeira. A celulose solúvel é uma realidade na confecção de viscose, mostrando-se alternativa ao poliéster. A partir da nanocelulose, a produção de fios têxteis utilizará menos água e químicos. A lignina, usada na geração de energia renovável, tem mostrado potencial para substituir matéria-prima de origem fóssil em bio-óleos, resinas, entre outros itens.

O Brasil tem potencialidade para integrar a vanguarda da necessária revolução verde. Trata-se de valiosa oportunidade para o País, finalmente, posicionar-se como uma das soluções para a questão climática.

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Como são os passos que fazem a caminhada, é imperativa a ação de todo o planeta para superar este desafio ambiental. Os compromissos assumidos por cada país estão à mesa. Que o mundo tenha a capacidade de sair do campo da retórica, pois discursos e intenções não evitam as catástrofes. O preço da omissão pode ser alto demais para a sobrevivência de nossa civilização.

*

ECONOMISTA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA IBÁ, MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO RENOVABR, FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (2003-2010/2015-2018)

Se o caminho se faz no caminhar, com roteiros tortuosos o mundo está deixando um rastro em desalinho com a emergência climática. A COP-27, recentemente realizada no Egito, é evidência desse passo a passo irresoluto.

Pela primeira vez, incluiu-se no texto final a autorização para criação de um fundo de perdas e danos, antigo pleito de países em desenvolvimento, especialmente costeiros e insulares, que já sofrem com o aumento do nível do mar. O esgotamento do meio ambiente aprofunda as já enormes desigualdades sociais. Eventos naturais extremos causam impactos socioeconômicos maiores justamente em países mais vulneráveis. Mesmo com este sinal, o fundo ainda carece de detalhamento operacional.

Na rota dos descompassos, a 27.ª edição da Conferência do Clima deixou a desejar em encaminhamentos fundamentais. O financiamento climático, presente na agenda das COPs desde Paris, mais uma vez deixou de ser viabilizado. A previsão era a de que a partir de 2020 países do norte desembolsassem US$ 100 bilhões por ano para o auxílio de nações com menor poder econômico. O objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e estimular a adaptação, da qual a transição energética para uso de fontes limpas é um exemplo.

O mercado regulado de créditos de carbono tampouco alcançou avanços significativos desde sua aprovação em Glasgow. A questão energética foi contemplada timidamente na redação final, sem demonstrar a ambição necessária para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A invasão russa na Ucrânia, inclusive, produziu retrocessos nessa questão.

Este caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades. O Brasil, por exemplo, tem experiências que podem se colocar como soluções para o mundo, com especial atenção para segurança alimentar e fornecimento de energia limpa.

A Amazônia é uma das referências para soluções planetárias. Por óbvio, lá também estão as marcas do que deve ser combatido, como desmatamento, garimpo, grilagem, queimadas, entre outros crimes. Também é importante destacar que, numa vastidão incalculável de riquezas, boa parte dos 25 milhões de brasileiros que vivem na região estão relegados à pobreza.

Mas a rica terra de impositivos desafios é também uma seara de soluções para a existência sustentável. A floresta em pé é uma das rotas para o desenvolvimento. A Amazônia, por exemplo, é responsável por regular o regime de chuvas do País, viabilizando até três safras agrícolas anuais e permitindo que o Brasil alimente 10% da população mundial. Além disso, investimentos em ciência e tecnologia poderiam posicionar o País como polo global de inovação verde. Trata-se de possibilidade real de geração de emprego e renda.

Fora do bioma Amazônia, o País tem modelos bem-sucedidos, baseados na bioeconomia em larga escala, que trazem benefícios no multidisciplinar conceito ESG. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com o Ibre/FGV, está lançando o relatório anual 2022 do setor de árvores cultivadas, que demonstra ser possível fazer uso inteligente da terra, cuidar das pessoas e respeitar a natureza, gerando e compartilhando valor. O material pode ser acessado em www.iba.org.

O setor totaliza 9,93 milhões de hectares de cultivo comercial, em que árvores produtivas são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em terras antes degradadas. Essas mesmas fazendas abrigam áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, indo além do que prevê a legislação. Em técnica de manejo chamada mosaico florestal, essas áreas são conectadas criando corredores ecológicos, ajudando a preservar a biodiversidade e auxiliando em serviços ecossistêmicos.

O processo fabril do setor produz 74,6% da energia elétrica que consome. Os excedentes gerados em diversas unidades são colocados a disposição no grid. Presente em mais de mil municípios, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, o setor cria 553 mil empregos diretos e registrou receita recorde de R$ 244,6 bilhões no ano de 2021.

As companhias de base florestal estudam e desenvolvem novos usos para a madeira. A celulose solúvel é uma realidade na confecção de viscose, mostrando-se alternativa ao poliéster. A partir da nanocelulose, a produção de fios têxteis utilizará menos água e químicos. A lignina, usada na geração de energia renovável, tem mostrado potencial para substituir matéria-prima de origem fóssil em bio-óleos, resinas, entre outros itens.

O Brasil tem potencialidade para integrar a vanguarda da necessária revolução verde. Trata-se de valiosa oportunidade para o País, finalmente, posicionar-se como uma das soluções para a questão climática.

Como são os passos que fazem a caminhada, é imperativa a ação de todo o planeta para superar este desafio ambiental. Os compromissos assumidos por cada país estão à mesa. Que o mundo tenha a capacidade de sair do campo da retórica, pois discursos e intenções não evitam as catástrofes. O preço da omissão pode ser alto demais para a sobrevivência de nossa civilização.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA IBÁ, MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO RENOVABR, FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (2003-2010/2015-2018)

Se o caminho se faz no caminhar, com roteiros tortuosos o mundo está deixando um rastro em desalinho com a emergência climática. A COP-27, recentemente realizada no Egito, é evidência desse passo a passo irresoluto.

Pela primeira vez, incluiu-se no texto final a autorização para criação de um fundo de perdas e danos, antigo pleito de países em desenvolvimento, especialmente costeiros e insulares, que já sofrem com o aumento do nível do mar. O esgotamento do meio ambiente aprofunda as já enormes desigualdades sociais. Eventos naturais extremos causam impactos socioeconômicos maiores justamente em países mais vulneráveis. Mesmo com este sinal, o fundo ainda carece de detalhamento operacional.

Na rota dos descompassos, a 27.ª edição da Conferência do Clima deixou a desejar em encaminhamentos fundamentais. O financiamento climático, presente na agenda das COPs desde Paris, mais uma vez deixou de ser viabilizado. A previsão era a de que a partir de 2020 países do norte desembolsassem US$ 100 bilhões por ano para o auxílio de nações com menor poder econômico. O objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e estimular a adaptação, da qual a transição energética para uso de fontes limpas é um exemplo.

O mercado regulado de créditos de carbono tampouco alcançou avanços significativos desde sua aprovação em Glasgow. A questão energética foi contemplada timidamente na redação final, sem demonstrar a ambição necessária para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A invasão russa na Ucrânia, inclusive, produziu retrocessos nessa questão.

Este caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades. O Brasil, por exemplo, tem experiências que podem se colocar como soluções para o mundo, com especial atenção para segurança alimentar e fornecimento de energia limpa.

A Amazônia é uma das referências para soluções planetárias. Por óbvio, lá também estão as marcas do que deve ser combatido, como desmatamento, garimpo, grilagem, queimadas, entre outros crimes. Também é importante destacar que, numa vastidão incalculável de riquezas, boa parte dos 25 milhões de brasileiros que vivem na região estão relegados à pobreza.

Mas a rica terra de impositivos desafios é também uma seara de soluções para a existência sustentável. A floresta em pé é uma das rotas para o desenvolvimento. A Amazônia, por exemplo, é responsável por regular o regime de chuvas do País, viabilizando até três safras agrícolas anuais e permitindo que o Brasil alimente 10% da população mundial. Além disso, investimentos em ciência e tecnologia poderiam posicionar o País como polo global de inovação verde. Trata-se de possibilidade real de geração de emprego e renda.

Fora do bioma Amazônia, o País tem modelos bem-sucedidos, baseados na bioeconomia em larga escala, que trazem benefícios no multidisciplinar conceito ESG. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com o Ibre/FGV, está lançando o relatório anual 2022 do setor de árvores cultivadas, que demonstra ser possível fazer uso inteligente da terra, cuidar das pessoas e respeitar a natureza, gerando e compartilhando valor. O material pode ser acessado em www.iba.org.

O setor totaliza 9,93 milhões de hectares de cultivo comercial, em que árvores produtivas são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em terras antes degradadas. Essas mesmas fazendas abrigam áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, indo além do que prevê a legislação. Em técnica de manejo chamada mosaico florestal, essas áreas são conectadas criando corredores ecológicos, ajudando a preservar a biodiversidade e auxiliando em serviços ecossistêmicos.

O processo fabril do setor produz 74,6% da energia elétrica que consome. Os excedentes gerados em diversas unidades são colocados a disposição no grid. Presente em mais de mil municípios, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, o setor cria 553 mil empregos diretos e registrou receita recorde de R$ 244,6 bilhões no ano de 2021.

As companhias de base florestal estudam e desenvolvem novos usos para a madeira. A celulose solúvel é uma realidade na confecção de viscose, mostrando-se alternativa ao poliéster. A partir da nanocelulose, a produção de fios têxteis utilizará menos água e químicos. A lignina, usada na geração de energia renovável, tem mostrado potencial para substituir matéria-prima de origem fóssil em bio-óleos, resinas, entre outros itens.

O Brasil tem potencialidade para integrar a vanguarda da necessária revolução verde. Trata-se de valiosa oportunidade para o País, finalmente, posicionar-se como uma das soluções para a questão climática.

Como são os passos que fazem a caminhada, é imperativa a ação de todo o planeta para superar este desafio ambiental. Os compromissos assumidos por cada país estão à mesa. Que o mundo tenha a capacidade de sair do campo da retórica, pois discursos e intenções não evitam as catástrofes. O preço da omissão pode ser alto demais para a sobrevivência de nossa civilização.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA IBÁ, MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO RENOVABR, FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (2003-2010/2015-2018)

Se o caminho se faz no caminhar, com roteiros tortuosos o mundo está deixando um rastro em desalinho com a emergência climática. A COP-27, recentemente realizada no Egito, é evidência desse passo a passo irresoluto.

Pela primeira vez, incluiu-se no texto final a autorização para criação de um fundo de perdas e danos, antigo pleito de países em desenvolvimento, especialmente costeiros e insulares, que já sofrem com o aumento do nível do mar. O esgotamento do meio ambiente aprofunda as já enormes desigualdades sociais. Eventos naturais extremos causam impactos socioeconômicos maiores justamente em países mais vulneráveis. Mesmo com este sinal, o fundo ainda carece de detalhamento operacional.

Na rota dos descompassos, a 27.ª edição da Conferência do Clima deixou a desejar em encaminhamentos fundamentais. O financiamento climático, presente na agenda das COPs desde Paris, mais uma vez deixou de ser viabilizado. A previsão era a de que a partir de 2020 países do norte desembolsassem US$ 100 bilhões por ano para o auxílio de nações com menor poder econômico. O objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e estimular a adaptação, da qual a transição energética para uso de fontes limpas é um exemplo.

O mercado regulado de créditos de carbono tampouco alcançou avanços significativos desde sua aprovação em Glasgow. A questão energética foi contemplada timidamente na redação final, sem demonstrar a ambição necessária para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A invasão russa na Ucrânia, inclusive, produziu retrocessos nessa questão.

Este caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades. O Brasil, por exemplo, tem experiências que podem se colocar como soluções para o mundo, com especial atenção para segurança alimentar e fornecimento de energia limpa.

A Amazônia é uma das referências para soluções planetárias. Por óbvio, lá também estão as marcas do que deve ser combatido, como desmatamento, garimpo, grilagem, queimadas, entre outros crimes. Também é importante destacar que, numa vastidão incalculável de riquezas, boa parte dos 25 milhões de brasileiros que vivem na região estão relegados à pobreza.

Mas a rica terra de impositivos desafios é também uma seara de soluções para a existência sustentável. A floresta em pé é uma das rotas para o desenvolvimento. A Amazônia, por exemplo, é responsável por regular o regime de chuvas do País, viabilizando até três safras agrícolas anuais e permitindo que o Brasil alimente 10% da população mundial. Além disso, investimentos em ciência e tecnologia poderiam posicionar o País como polo global de inovação verde. Trata-se de possibilidade real de geração de emprego e renda.

Fora do bioma Amazônia, o País tem modelos bem-sucedidos, baseados na bioeconomia em larga escala, que trazem benefícios no multidisciplinar conceito ESG. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com o Ibre/FGV, está lançando o relatório anual 2022 do setor de árvores cultivadas, que demonstra ser possível fazer uso inteligente da terra, cuidar das pessoas e respeitar a natureza, gerando e compartilhando valor. O material pode ser acessado em www.iba.org.

O setor totaliza 9,93 milhões de hectares de cultivo comercial, em que árvores produtivas são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em terras antes degradadas. Essas mesmas fazendas abrigam áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, indo além do que prevê a legislação. Em técnica de manejo chamada mosaico florestal, essas áreas são conectadas criando corredores ecológicos, ajudando a preservar a biodiversidade e auxiliando em serviços ecossistêmicos.

O processo fabril do setor produz 74,6% da energia elétrica que consome. Os excedentes gerados em diversas unidades são colocados a disposição no grid. Presente em mais de mil municípios, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, o setor cria 553 mil empregos diretos e registrou receita recorde de R$ 244,6 bilhões no ano de 2021.

As companhias de base florestal estudam e desenvolvem novos usos para a madeira. A celulose solúvel é uma realidade na confecção de viscose, mostrando-se alternativa ao poliéster. A partir da nanocelulose, a produção de fios têxteis utilizará menos água e químicos. A lignina, usada na geração de energia renovável, tem mostrado potencial para substituir matéria-prima de origem fóssil em bio-óleos, resinas, entre outros itens.

O Brasil tem potencialidade para integrar a vanguarda da necessária revolução verde. Trata-se de valiosa oportunidade para o País, finalmente, posicionar-se como uma das soluções para a questão climática.

Como são os passos que fazem a caminhada, é imperativa a ação de todo o planeta para superar este desafio ambiental. Os compromissos assumidos por cada país estão à mesa. Que o mundo tenha a capacidade de sair do campo da retórica, pois discursos e intenções não evitam as catástrofes. O preço da omissão pode ser alto demais para a sobrevivência de nossa civilização.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA IBÁ, MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO RENOVABR, FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (2003-2010/2015-2018)

Se o caminho se faz no caminhar, com roteiros tortuosos o mundo está deixando um rastro em desalinho com a emergência climática. A COP-27, recentemente realizada no Egito, é evidência desse passo a passo irresoluto.

Pela primeira vez, incluiu-se no texto final a autorização para criação de um fundo de perdas e danos, antigo pleito de países em desenvolvimento, especialmente costeiros e insulares, que já sofrem com o aumento do nível do mar. O esgotamento do meio ambiente aprofunda as já enormes desigualdades sociais. Eventos naturais extremos causam impactos socioeconômicos maiores justamente em países mais vulneráveis. Mesmo com este sinal, o fundo ainda carece de detalhamento operacional.

Na rota dos descompassos, a 27.ª edição da Conferência do Clima deixou a desejar em encaminhamentos fundamentais. O financiamento climático, presente na agenda das COPs desde Paris, mais uma vez deixou de ser viabilizado. A previsão era a de que a partir de 2020 países do norte desembolsassem US$ 100 bilhões por ano para o auxílio de nações com menor poder econômico. O objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e estimular a adaptação, da qual a transição energética para uso de fontes limpas é um exemplo.

O mercado regulado de créditos de carbono tampouco alcançou avanços significativos desde sua aprovação em Glasgow. A questão energética foi contemplada timidamente na redação final, sem demonstrar a ambição necessária para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A invasão russa na Ucrânia, inclusive, produziu retrocessos nessa questão.

Este caminhar planetário desajeitado despreza não apenas riscos e passos já efetivados, mas também oportunidades. O Brasil, por exemplo, tem experiências que podem se colocar como soluções para o mundo, com especial atenção para segurança alimentar e fornecimento de energia limpa.

A Amazônia é uma das referências para soluções planetárias. Por óbvio, lá também estão as marcas do que deve ser combatido, como desmatamento, garimpo, grilagem, queimadas, entre outros crimes. Também é importante destacar que, numa vastidão incalculável de riquezas, boa parte dos 25 milhões de brasileiros que vivem na região estão relegados à pobreza.

Mas a rica terra de impositivos desafios é também uma seara de soluções para a existência sustentável. A floresta em pé é uma das rotas para o desenvolvimento. A Amazônia, por exemplo, é responsável por regular o regime de chuvas do País, viabilizando até três safras agrícolas anuais e permitindo que o Brasil alimente 10% da população mundial. Além disso, investimentos em ciência e tecnologia poderiam posicionar o País como polo global de inovação verde. Trata-se de possibilidade real de geração de emprego e renda.

Fora do bioma Amazônia, o País tem modelos bem-sucedidos, baseados na bioeconomia em larga escala, que trazem benefícios no multidisciplinar conceito ESG. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em parceria com o Ibre/FGV, está lançando o relatório anual 2022 do setor de árvores cultivadas, que demonstra ser possível fazer uso inteligente da terra, cuidar das pessoas e respeitar a natureza, gerando e compartilhando valor. O material pode ser acessado em www.iba.org.

O setor totaliza 9,93 milhões de hectares de cultivo comercial, em que árvores produtivas são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em terras antes degradadas. Essas mesmas fazendas abrigam áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, indo além do que prevê a legislação. Em técnica de manejo chamada mosaico florestal, essas áreas são conectadas criando corredores ecológicos, ajudando a preservar a biodiversidade e auxiliando em serviços ecossistêmicos.

O processo fabril do setor produz 74,6% da energia elétrica que consome. Os excedentes gerados em diversas unidades são colocados a disposição no grid. Presente em mais de mil municípios, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, o setor cria 553 mil empregos diretos e registrou receita recorde de R$ 244,6 bilhões no ano de 2021.

As companhias de base florestal estudam e desenvolvem novos usos para a madeira. A celulose solúvel é uma realidade na confecção de viscose, mostrando-se alternativa ao poliéster. A partir da nanocelulose, a produção de fios têxteis utilizará menos água e químicos. A lignina, usada na geração de energia renovável, tem mostrado potencial para substituir matéria-prima de origem fóssil em bio-óleos, resinas, entre outros itens.

O Brasil tem potencialidade para integrar a vanguarda da necessária revolução verde. Trata-se de valiosa oportunidade para o País, finalmente, posicionar-se como uma das soluções para a questão climática.

Como são os passos que fazem a caminhada, é imperativa a ação de todo o planeta para superar este desafio ambiental. Os compromissos assumidos por cada país estão à mesa. Que o mundo tenha a capacidade de sair do campo da retórica, pois discursos e intenções não evitam as catástrofes. O preço da omissão pode ser alto demais para a sobrevivência de nossa civilização.

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ECONOMISTA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA IBÁ, MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO RENOVABR, FOI GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (2003-2010/2015-2018)

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