Economista, Presidente-Executivo Da IBÁ, Membro do Conselho Consultivo do RENOVABR, Foi Governador Do Estado Do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

Opinião|O futuro sustentável passa pela biotecnologia


Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, o Brasil poderá liderar a transformação global

Por Paulo Hartung e José Carlos da Fonseca Jr.

Se, como bem alertou Antoine de Saint-Exupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, o mundo tem de acelerar os passos na direção certa. Em 2050, estaremos vivendo as consequências, entre outros, do agravamento das mudanças climáticas e do aumento populacional.

Seremos cerca de 9 bilhões de pessoas em uma corrida por itens do dia a dia, muitos deles com origem na natureza. Se o planeta não se preparar adequadamente, corremos o risco de tornar inviável, até mesmo, a produção sustentável, segundo métodos atuais.

Não será somente a necessidade por comida que aumentará. Segundo a organização World Wildlife Fund (WWF), a demanda global por madeira subirá dos atuais 3 bilhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) para 10 bilhões de m³/ano até meados do século. Ou seja, os milhares de bioprodutos vindos de árvores sustentavelmente manejadas poderão estar em falta. São produtos como roupas feitas a partir de viscose, embalagens de papel, papéis para fins sanitários, entre muitos outros.

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Nessa trilha, a ciência, sem dúvida, é a bússola para nossa caminhada, e a aplicação da biotecnologia pode ser uma grande aliada.

Temos exemplos no próprio Brasil que apontam para esse rumo. No setor de árvores cultivadas, um benchmark global em manejo sustentável da terra e cuidado com a natureza, a biotecnologia e outras práticas são realidade. Atualmente são mais de 10 milhões de hectares de áreas em que árvores são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em áreas antes degradadas. Por meio de melhoramento genético de espécies como pinus e eucalipto, foi possível ao longo dos anos fazer cruzamentos que permitem selecionar os melhores clones, com maior adaptação às condições climáticas e aos tipos de solo de cada região.

Os resultados são expressivos. Na década de 1970, a produtividade média das árvores plantadas para fins industriais estava na casa dos 10 m³/hectare/ano, enquanto hoje chega a 33 m³/hectare/ano. Todos os dias, o setor planta 1,8 milhão de novas árvores para fins industriais em diversas regiões do País. Traduzindo: produz-se mais, usando menos recursos naturais. Além disso, são espécies que fornecem fibras mais adequadas, a depender do bioproduto a ser fabricado.

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Apesar dos notáveis avanços, o futuro exige novas e rápidas rodadas de continuado progresso. A própria biotecnologia pode nos fornecer mais ferramentas, por meio da edição genética e de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Por intermédio dessas rotas, teríamos a possibilidade de vislumbrar evolução ainda maior da produtividade no campo, o que otimizaria ainda mais o consumo de água pelas árvores. Também seria possível utilizar menos defensivos químicos, uma vez que plantaríamos espécies mais resistentes a pragas. Outro avanço seria o cultivo de árvores mais resilientes às mudanças do clima.

Isso significa produzir volumes necessários, de modo responsável, preservando ativos naturais. Na ponta, a oferta de produtos com qualidade suprirá a demanda de maneira sustentável.

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Por isso, é urgente um diálogo aberto sobre a temática, com base na ciência. O Brasil já possui reconhecimento internacional nesse campo desde a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Precisamos, agora, encontrar caminhos de prepararmos o País para passar pelos inevitáveis desafios ambientais, não somente atendendo aos brasileiros, mas afirmando-se como potencial plataforma para suprir necessidades globais.

O mercado mundial já tem feito movimentos em busca de países exportadores que não sofram com guerras ou outras crises desestabilizadoras. Com a mesma importância, que possuam processos produtivos ambientalmente responsáveis. Trata-se de uma corrida que, fatalmente, será acelerada no decorrer dos próximos anos.

Um horizonte sustentável requer ações assertivas e imediatas, baseadas no investimento em inovação e pesquisa. Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, como aquelas viabilizadas pela biotecnologia, o Brasil poderá liderar essa transformação global.

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O amanhã é obra do agora. Acertemos os passos. Continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes não é uma opção, especialmente quando o futuro está em risco.

*

SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), EX-GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO; E EMBAIXADOR, PRESIDENTE DA EMPAPEL E DO ADVISORY COMMITTEE ON SUSTAINABLE FOREST-BASED INDUSTRIES (ACSFI) DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO)

Se, como bem alertou Antoine de Saint-Exupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, o mundo tem de acelerar os passos na direção certa. Em 2050, estaremos vivendo as consequências, entre outros, do agravamento das mudanças climáticas e do aumento populacional.

Seremos cerca de 9 bilhões de pessoas em uma corrida por itens do dia a dia, muitos deles com origem na natureza. Se o planeta não se preparar adequadamente, corremos o risco de tornar inviável, até mesmo, a produção sustentável, segundo métodos atuais.

Não será somente a necessidade por comida que aumentará. Segundo a organização World Wildlife Fund (WWF), a demanda global por madeira subirá dos atuais 3 bilhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) para 10 bilhões de m³/ano até meados do século. Ou seja, os milhares de bioprodutos vindos de árvores sustentavelmente manejadas poderão estar em falta. São produtos como roupas feitas a partir de viscose, embalagens de papel, papéis para fins sanitários, entre muitos outros.

Nessa trilha, a ciência, sem dúvida, é a bússola para nossa caminhada, e a aplicação da biotecnologia pode ser uma grande aliada.

Temos exemplos no próprio Brasil que apontam para esse rumo. No setor de árvores cultivadas, um benchmark global em manejo sustentável da terra e cuidado com a natureza, a biotecnologia e outras práticas são realidade. Atualmente são mais de 10 milhões de hectares de áreas em que árvores são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em áreas antes degradadas. Por meio de melhoramento genético de espécies como pinus e eucalipto, foi possível ao longo dos anos fazer cruzamentos que permitem selecionar os melhores clones, com maior adaptação às condições climáticas e aos tipos de solo de cada região.

Os resultados são expressivos. Na década de 1970, a produtividade média das árvores plantadas para fins industriais estava na casa dos 10 m³/hectare/ano, enquanto hoje chega a 33 m³/hectare/ano. Todos os dias, o setor planta 1,8 milhão de novas árvores para fins industriais em diversas regiões do País. Traduzindo: produz-se mais, usando menos recursos naturais. Além disso, são espécies que fornecem fibras mais adequadas, a depender do bioproduto a ser fabricado.

Apesar dos notáveis avanços, o futuro exige novas e rápidas rodadas de continuado progresso. A própria biotecnologia pode nos fornecer mais ferramentas, por meio da edição genética e de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Por intermédio dessas rotas, teríamos a possibilidade de vislumbrar evolução ainda maior da produtividade no campo, o que otimizaria ainda mais o consumo de água pelas árvores. Também seria possível utilizar menos defensivos químicos, uma vez que plantaríamos espécies mais resistentes a pragas. Outro avanço seria o cultivo de árvores mais resilientes às mudanças do clima.

Isso significa produzir volumes necessários, de modo responsável, preservando ativos naturais. Na ponta, a oferta de produtos com qualidade suprirá a demanda de maneira sustentável.

Por isso, é urgente um diálogo aberto sobre a temática, com base na ciência. O Brasil já possui reconhecimento internacional nesse campo desde a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Precisamos, agora, encontrar caminhos de prepararmos o País para passar pelos inevitáveis desafios ambientais, não somente atendendo aos brasileiros, mas afirmando-se como potencial plataforma para suprir necessidades globais.

O mercado mundial já tem feito movimentos em busca de países exportadores que não sofram com guerras ou outras crises desestabilizadoras. Com a mesma importância, que possuam processos produtivos ambientalmente responsáveis. Trata-se de uma corrida que, fatalmente, será acelerada no decorrer dos próximos anos.

Um horizonte sustentável requer ações assertivas e imediatas, baseadas no investimento em inovação e pesquisa. Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, como aquelas viabilizadas pela biotecnologia, o Brasil poderá liderar essa transformação global.

O amanhã é obra do agora. Acertemos os passos. Continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes não é uma opção, especialmente quando o futuro está em risco.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), EX-GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO; E EMBAIXADOR, PRESIDENTE DA EMPAPEL E DO ADVISORY COMMITTEE ON SUSTAINABLE FOREST-BASED INDUSTRIES (ACSFI) DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO)

Se, como bem alertou Antoine de Saint-Exupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, o mundo tem de acelerar os passos na direção certa. Em 2050, estaremos vivendo as consequências, entre outros, do agravamento das mudanças climáticas e do aumento populacional.

Seremos cerca de 9 bilhões de pessoas em uma corrida por itens do dia a dia, muitos deles com origem na natureza. Se o planeta não se preparar adequadamente, corremos o risco de tornar inviável, até mesmo, a produção sustentável, segundo métodos atuais.

Não será somente a necessidade por comida que aumentará. Segundo a organização World Wildlife Fund (WWF), a demanda global por madeira subirá dos atuais 3 bilhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) para 10 bilhões de m³/ano até meados do século. Ou seja, os milhares de bioprodutos vindos de árvores sustentavelmente manejadas poderão estar em falta. São produtos como roupas feitas a partir de viscose, embalagens de papel, papéis para fins sanitários, entre muitos outros.

Nessa trilha, a ciência, sem dúvida, é a bússola para nossa caminhada, e a aplicação da biotecnologia pode ser uma grande aliada.

Temos exemplos no próprio Brasil que apontam para esse rumo. No setor de árvores cultivadas, um benchmark global em manejo sustentável da terra e cuidado com a natureza, a biotecnologia e outras práticas são realidade. Atualmente são mais de 10 milhões de hectares de áreas em que árvores são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em áreas antes degradadas. Por meio de melhoramento genético de espécies como pinus e eucalipto, foi possível ao longo dos anos fazer cruzamentos que permitem selecionar os melhores clones, com maior adaptação às condições climáticas e aos tipos de solo de cada região.

Os resultados são expressivos. Na década de 1970, a produtividade média das árvores plantadas para fins industriais estava na casa dos 10 m³/hectare/ano, enquanto hoje chega a 33 m³/hectare/ano. Todos os dias, o setor planta 1,8 milhão de novas árvores para fins industriais em diversas regiões do País. Traduzindo: produz-se mais, usando menos recursos naturais. Além disso, são espécies que fornecem fibras mais adequadas, a depender do bioproduto a ser fabricado.

Apesar dos notáveis avanços, o futuro exige novas e rápidas rodadas de continuado progresso. A própria biotecnologia pode nos fornecer mais ferramentas, por meio da edição genética e de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Por intermédio dessas rotas, teríamos a possibilidade de vislumbrar evolução ainda maior da produtividade no campo, o que otimizaria ainda mais o consumo de água pelas árvores. Também seria possível utilizar menos defensivos químicos, uma vez que plantaríamos espécies mais resistentes a pragas. Outro avanço seria o cultivo de árvores mais resilientes às mudanças do clima.

Isso significa produzir volumes necessários, de modo responsável, preservando ativos naturais. Na ponta, a oferta de produtos com qualidade suprirá a demanda de maneira sustentável.

Por isso, é urgente um diálogo aberto sobre a temática, com base na ciência. O Brasil já possui reconhecimento internacional nesse campo desde a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Precisamos, agora, encontrar caminhos de prepararmos o País para passar pelos inevitáveis desafios ambientais, não somente atendendo aos brasileiros, mas afirmando-se como potencial plataforma para suprir necessidades globais.

O mercado mundial já tem feito movimentos em busca de países exportadores que não sofram com guerras ou outras crises desestabilizadoras. Com a mesma importância, que possuam processos produtivos ambientalmente responsáveis. Trata-se de uma corrida que, fatalmente, será acelerada no decorrer dos próximos anos.

Um horizonte sustentável requer ações assertivas e imediatas, baseadas no investimento em inovação e pesquisa. Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, como aquelas viabilizadas pela biotecnologia, o Brasil poderá liderar essa transformação global.

O amanhã é obra do agora. Acertemos os passos. Continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes não é uma opção, especialmente quando o futuro está em risco.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), EX-GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO; E EMBAIXADOR, PRESIDENTE DA EMPAPEL E DO ADVISORY COMMITTEE ON SUSTAINABLE FOREST-BASED INDUSTRIES (ACSFI) DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO)

Se, como bem alertou Antoine de Saint-Exupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, o mundo tem de acelerar os passos na direção certa. Em 2050, estaremos vivendo as consequências, entre outros, do agravamento das mudanças climáticas e do aumento populacional.

Seremos cerca de 9 bilhões de pessoas em uma corrida por itens do dia a dia, muitos deles com origem na natureza. Se o planeta não se preparar adequadamente, corremos o risco de tornar inviável, até mesmo, a produção sustentável, segundo métodos atuais.

Não será somente a necessidade por comida que aumentará. Segundo a organização World Wildlife Fund (WWF), a demanda global por madeira subirá dos atuais 3 bilhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) para 10 bilhões de m³/ano até meados do século. Ou seja, os milhares de bioprodutos vindos de árvores sustentavelmente manejadas poderão estar em falta. São produtos como roupas feitas a partir de viscose, embalagens de papel, papéis para fins sanitários, entre muitos outros.

Nessa trilha, a ciência, sem dúvida, é a bússola para nossa caminhada, e a aplicação da biotecnologia pode ser uma grande aliada.

Temos exemplos no próprio Brasil que apontam para esse rumo. No setor de árvores cultivadas, um benchmark global em manejo sustentável da terra e cuidado com a natureza, a biotecnologia e outras práticas são realidade. Atualmente são mais de 10 milhões de hectares de áreas em que árvores são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em áreas antes degradadas. Por meio de melhoramento genético de espécies como pinus e eucalipto, foi possível ao longo dos anos fazer cruzamentos que permitem selecionar os melhores clones, com maior adaptação às condições climáticas e aos tipos de solo de cada região.

Os resultados são expressivos. Na década de 1970, a produtividade média das árvores plantadas para fins industriais estava na casa dos 10 m³/hectare/ano, enquanto hoje chega a 33 m³/hectare/ano. Todos os dias, o setor planta 1,8 milhão de novas árvores para fins industriais em diversas regiões do País. Traduzindo: produz-se mais, usando menos recursos naturais. Além disso, são espécies que fornecem fibras mais adequadas, a depender do bioproduto a ser fabricado.

Apesar dos notáveis avanços, o futuro exige novas e rápidas rodadas de continuado progresso. A própria biotecnologia pode nos fornecer mais ferramentas, por meio da edição genética e de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Por intermédio dessas rotas, teríamos a possibilidade de vislumbrar evolução ainda maior da produtividade no campo, o que otimizaria ainda mais o consumo de água pelas árvores. Também seria possível utilizar menos defensivos químicos, uma vez que plantaríamos espécies mais resistentes a pragas. Outro avanço seria o cultivo de árvores mais resilientes às mudanças do clima.

Isso significa produzir volumes necessários, de modo responsável, preservando ativos naturais. Na ponta, a oferta de produtos com qualidade suprirá a demanda de maneira sustentável.

Por isso, é urgente um diálogo aberto sobre a temática, com base na ciência. O Brasil já possui reconhecimento internacional nesse campo desde a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Precisamos, agora, encontrar caminhos de prepararmos o País para passar pelos inevitáveis desafios ambientais, não somente atendendo aos brasileiros, mas afirmando-se como potencial plataforma para suprir necessidades globais.

O mercado mundial já tem feito movimentos em busca de países exportadores que não sofram com guerras ou outras crises desestabilizadoras. Com a mesma importância, que possuam processos produtivos ambientalmente responsáveis. Trata-se de uma corrida que, fatalmente, será acelerada no decorrer dos próximos anos.

Um horizonte sustentável requer ações assertivas e imediatas, baseadas no investimento em inovação e pesquisa. Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, como aquelas viabilizadas pela biotecnologia, o Brasil poderá liderar essa transformação global.

O amanhã é obra do agora. Acertemos os passos. Continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes não é uma opção, especialmente quando o futuro está em risco.

*

SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), EX-GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO; E EMBAIXADOR, PRESIDENTE DA EMPAPEL E DO ADVISORY COMMITTEE ON SUSTAINABLE FOREST-BASED INDUSTRIES (ACSFI) DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO)

Se, como bem alertou Antoine de Saint-Exupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos construindo”, o mundo tem de acelerar os passos na direção certa. Em 2050, estaremos vivendo as consequências, entre outros, do agravamento das mudanças climáticas e do aumento populacional.

Seremos cerca de 9 bilhões de pessoas em uma corrida por itens do dia a dia, muitos deles com origem na natureza. Se o planeta não se preparar adequadamente, corremos o risco de tornar inviável, até mesmo, a produção sustentável, segundo métodos atuais.

Não será somente a necessidade por comida que aumentará. Segundo a organização World Wildlife Fund (WWF), a demanda global por madeira subirá dos atuais 3 bilhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) para 10 bilhões de m³/ano até meados do século. Ou seja, os milhares de bioprodutos vindos de árvores sustentavelmente manejadas poderão estar em falta. São produtos como roupas feitas a partir de viscose, embalagens de papel, papéis para fins sanitários, entre muitos outros.

Nessa trilha, a ciência, sem dúvida, é a bússola para nossa caminhada, e a aplicação da biotecnologia pode ser uma grande aliada.

Temos exemplos no próprio Brasil que apontam para esse rumo. No setor de árvores cultivadas, um benchmark global em manejo sustentável da terra e cuidado com a natureza, a biotecnologia e outras práticas são realidade. Atualmente são mais de 10 milhões de hectares de áreas em que árvores são plantadas, colhidas e replantadas, comumente em áreas antes degradadas. Por meio de melhoramento genético de espécies como pinus e eucalipto, foi possível ao longo dos anos fazer cruzamentos que permitem selecionar os melhores clones, com maior adaptação às condições climáticas e aos tipos de solo de cada região.

Os resultados são expressivos. Na década de 1970, a produtividade média das árvores plantadas para fins industriais estava na casa dos 10 m³/hectare/ano, enquanto hoje chega a 33 m³/hectare/ano. Todos os dias, o setor planta 1,8 milhão de novas árvores para fins industriais em diversas regiões do País. Traduzindo: produz-se mais, usando menos recursos naturais. Além disso, são espécies que fornecem fibras mais adequadas, a depender do bioproduto a ser fabricado.

Apesar dos notáveis avanços, o futuro exige novas e rápidas rodadas de continuado progresso. A própria biotecnologia pode nos fornecer mais ferramentas, por meio da edição genética e de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Por intermédio dessas rotas, teríamos a possibilidade de vislumbrar evolução ainda maior da produtividade no campo, o que otimizaria ainda mais o consumo de água pelas árvores. Também seria possível utilizar menos defensivos químicos, uma vez que plantaríamos espécies mais resistentes a pragas. Outro avanço seria o cultivo de árvores mais resilientes às mudanças do clima.

Isso significa produzir volumes necessários, de modo responsável, preservando ativos naturais. Na ponta, a oferta de produtos com qualidade suprirá a demanda de maneira sustentável.

Por isso, é urgente um diálogo aberto sobre a temática, com base na ciência. O Brasil já possui reconhecimento internacional nesse campo desde a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Precisamos, agora, encontrar caminhos de prepararmos o País para passar pelos inevitáveis desafios ambientais, não somente atendendo aos brasileiros, mas afirmando-se como potencial plataforma para suprir necessidades globais.

O mercado mundial já tem feito movimentos em busca de países exportadores que não sofram com guerras ou outras crises desestabilizadoras. Com a mesma importância, que possuam processos produtivos ambientalmente responsáveis. Trata-se de uma corrida que, fatalmente, será acelerada no decorrer dos próximos anos.

Um horizonte sustentável requer ações assertivas e imediatas, baseadas no investimento em inovação e pesquisa. Se souber aproveitar suas vantagens naturais, além de incrementar e ampliar suas soluções de base tecnológico-científica, como aquelas viabilizadas pela biotecnologia, o Brasil poderá liderar essa transformação global.

O amanhã é obra do agora. Acertemos os passos. Continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes não é uma opção, especialmente quando o futuro está em risco.

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SÃO, RESPECTIVAMENTE, ECONOMISTA, PRESIDENTE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES (IBÁ), EX-GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO; E EMBAIXADOR, PRESIDENTE DA EMPAPEL E DO ADVISORY COMMITTEE ON SUSTAINABLE FOREST-BASED INDUSTRIES (ACSFI) DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO)

Opinião por Paulo Hartung

Economista, presidente-executivo da Ibá, membro do Conselho Consultivo do RenovaBR, foi governador do Estado do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

José Carlos da Fonseca Jr.

Embaixador, é presidente da Empapel e do Advisory Committee on Sustainable Forest-based Industries (ACSFI) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)

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