O jornalista Rolf Kuntz escreve quinzenalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|Lula se mete na Petrobras e no BC, mas esquece os reais problemas do País


Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, o presidente poderá realizar um trabalho útil

Por Rolf Kuntz

Enquanto o presidente Lula se mete na Petrobras, dá palpites inoportunos e volta a criticar o Banco Central (BC), a indústria derrapa e a sombra da insegurança se mantém sobre a economia. Há um ano e quatro meses na chefia do governo, o presidente nada fez, ou quase nada, para resolver um dos mais persistentes e mais graves problemas econômicos do Brasil: a fraqueza do setor industrial, emperrado há mais de uma década. Os últimos dados confirmam: a desindustrialização continua, como se o País estivesse em marcha-a-ré depois de mais de meio século de avanço.

A produção industrial encolheu 0,3% em fevereiro, cresceu apenas 1% em um ano e a média móvel trimestral ficou 17,7% abaixo do pico alcançado em maio de 2011. Essa comparação é mais que uma curiosidade. Com algumas oscilações, a trajetória do setor foi declinante ao longo desse período, marcado por um retrocesso indisfarçável. Houve quedas em todos os grandes segmentos industriais. O maior tombo ocorreu no grupo de bens de consumo duráveis, onde a produção no último período foi 35,5% menor que no trimestre inicial de 2011.

Além da produção realizada, no entanto, também diminuiu a capacidade produtiva. No começo deste ano, o ramo de bens de produção, como equipamentos e máquinas, entregou 30,2% menos que no trimestre móvel encerrado em abril de 2013, ponto mais alto da última série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior e mais prolongado recuo nesse período, observado entre 2013 e 2020, começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, início de uma fase de enorme desarranjo econômico.

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Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, Lula contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos Foto: André Borges/EFE

Embora a indústria continue exibindo pouco dinamismo, há sinais de reanimação; No primeiro bimestre a produção foi 5% maior que a de um ano antes. Comparação semelhante mostrou aumento de 3,6% na fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, e de 4,3% no volume total produzido pelo setor industrial. Mas é cedo para dizer se essa retomada continuará ao longo de 2024 e nos anos seguintes. Isso dependerá das condições de financiamento e das perspectivas percebidas pelos empresários do setor.

O financiamento poderá melhorar se os juros continuarem caindo. O custo do dinheiro tem diminuído e alguma redução adicional poderá ocorrer na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, nos dias 7 e 8 de maio. Há insegurança, porém, quanto a novos cortes nos meses seguintes, porque o horizonte das contas públicas permanece obscuro.

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O minisro da Fazenda, Fernando Haddad, tem deixado clara sua intenção de reduzir e talvez eliminar o déficit primário (sem juros) do governo federal. Mas outros ministros se opõem a uma política de maior austeridade fiscal, assim como líderes do PT. O quadro seria menos incerto se o presidente Lula apoiasse inequivocamente a ação proposta pelo ministro da Fazenda, mas é arriscado, neste momento, apostar numa decisão desse tipo.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, o presidente contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos. Beneficiaria o crescimento econômico e a geração de bem-estar. Em vez de tomar esse caminho, no entanto, ele insiste em se meter na Petrobras e em criticar a arrumação monetária buscada pelo BC.

Ao intervir na maior estatal brasileira, uma companhia com enorme número de acionistas no Brasil e no exterior, o presidente se mostra incapaz de entender as condições de administração de uma empresa e de sua operação no mercado. Mostra-se incapaz, além disso, de entender a natureza e os limites da chefia de governo, confundindo a autoridade presidencial com o poder, claramente inaceitável, de intromissão em todos os meandros da administração.

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Qualquer presidente disposto a cumprir seriamente seu papel terá muito trabalho para executar neste e nos próximos. Facilitar a arrumação das contas federais será uma das tarefas mais úteis, porque permitirá um emprego mais produtivo do dinheiro público, uma redução duradoura dos juros e melhores condições para a expansão dos negócios privados.

Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, evitando as pretensões de mandar e desmandar de acordo com seus impulsos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá realizar um trabalho útil. Já o fez nos mandatos anteriores, principalmente no primeiro. O ministro da Fazenda parece ter encontrado o caminho certo. Pode ser um exemplo útil para seu chefe.

Enquanto o presidente Lula se mete na Petrobras, dá palpites inoportunos e volta a criticar o Banco Central (BC), a indústria derrapa e a sombra da insegurança se mantém sobre a economia. Há um ano e quatro meses na chefia do governo, o presidente nada fez, ou quase nada, para resolver um dos mais persistentes e mais graves problemas econômicos do Brasil: a fraqueza do setor industrial, emperrado há mais de uma década. Os últimos dados confirmam: a desindustrialização continua, como se o País estivesse em marcha-a-ré depois de mais de meio século de avanço.

A produção industrial encolheu 0,3% em fevereiro, cresceu apenas 1% em um ano e a média móvel trimestral ficou 17,7% abaixo do pico alcançado em maio de 2011. Essa comparação é mais que uma curiosidade. Com algumas oscilações, a trajetória do setor foi declinante ao longo desse período, marcado por um retrocesso indisfarçável. Houve quedas em todos os grandes segmentos industriais. O maior tombo ocorreu no grupo de bens de consumo duráveis, onde a produção no último período foi 35,5% menor que no trimestre inicial de 2011.

Além da produção realizada, no entanto, também diminuiu a capacidade produtiva. No começo deste ano, o ramo de bens de produção, como equipamentos e máquinas, entregou 30,2% menos que no trimestre móvel encerrado em abril de 2013, ponto mais alto da última série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior e mais prolongado recuo nesse período, observado entre 2013 e 2020, começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, início de uma fase de enorme desarranjo econômico.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, Lula contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos Foto: André Borges/EFE

Embora a indústria continue exibindo pouco dinamismo, há sinais de reanimação; No primeiro bimestre a produção foi 5% maior que a de um ano antes. Comparação semelhante mostrou aumento de 3,6% na fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, e de 4,3% no volume total produzido pelo setor industrial. Mas é cedo para dizer se essa retomada continuará ao longo de 2024 e nos anos seguintes. Isso dependerá das condições de financiamento e das perspectivas percebidas pelos empresários do setor.

O financiamento poderá melhorar se os juros continuarem caindo. O custo do dinheiro tem diminuído e alguma redução adicional poderá ocorrer na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, nos dias 7 e 8 de maio. Há insegurança, porém, quanto a novos cortes nos meses seguintes, porque o horizonte das contas públicas permanece obscuro.

O minisro da Fazenda, Fernando Haddad, tem deixado clara sua intenção de reduzir e talvez eliminar o déficit primário (sem juros) do governo federal. Mas outros ministros se opõem a uma política de maior austeridade fiscal, assim como líderes do PT. O quadro seria menos incerto se o presidente Lula apoiasse inequivocamente a ação proposta pelo ministro da Fazenda, mas é arriscado, neste momento, apostar numa decisão desse tipo.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, o presidente contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos. Beneficiaria o crescimento econômico e a geração de bem-estar. Em vez de tomar esse caminho, no entanto, ele insiste em se meter na Petrobras e em criticar a arrumação monetária buscada pelo BC.

Ao intervir na maior estatal brasileira, uma companhia com enorme número de acionistas no Brasil e no exterior, o presidente se mostra incapaz de entender as condições de administração de uma empresa e de sua operação no mercado. Mostra-se incapaz, além disso, de entender a natureza e os limites da chefia de governo, confundindo a autoridade presidencial com o poder, claramente inaceitável, de intromissão em todos os meandros da administração.

Qualquer presidente disposto a cumprir seriamente seu papel terá muito trabalho para executar neste e nos próximos. Facilitar a arrumação das contas federais será uma das tarefas mais úteis, porque permitirá um emprego mais produtivo do dinheiro público, uma redução duradoura dos juros e melhores condições para a expansão dos negócios privados.

Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, evitando as pretensões de mandar e desmandar de acordo com seus impulsos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá realizar um trabalho útil. Já o fez nos mandatos anteriores, principalmente no primeiro. O ministro da Fazenda parece ter encontrado o caminho certo. Pode ser um exemplo útil para seu chefe.

Enquanto o presidente Lula se mete na Petrobras, dá palpites inoportunos e volta a criticar o Banco Central (BC), a indústria derrapa e a sombra da insegurança se mantém sobre a economia. Há um ano e quatro meses na chefia do governo, o presidente nada fez, ou quase nada, para resolver um dos mais persistentes e mais graves problemas econômicos do Brasil: a fraqueza do setor industrial, emperrado há mais de uma década. Os últimos dados confirmam: a desindustrialização continua, como se o País estivesse em marcha-a-ré depois de mais de meio século de avanço.

A produção industrial encolheu 0,3% em fevereiro, cresceu apenas 1% em um ano e a média móvel trimestral ficou 17,7% abaixo do pico alcançado em maio de 2011. Essa comparação é mais que uma curiosidade. Com algumas oscilações, a trajetória do setor foi declinante ao longo desse período, marcado por um retrocesso indisfarçável. Houve quedas em todos os grandes segmentos industriais. O maior tombo ocorreu no grupo de bens de consumo duráveis, onde a produção no último período foi 35,5% menor que no trimestre inicial de 2011.

Além da produção realizada, no entanto, também diminuiu a capacidade produtiva. No começo deste ano, o ramo de bens de produção, como equipamentos e máquinas, entregou 30,2% menos que no trimestre móvel encerrado em abril de 2013, ponto mais alto da última série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior e mais prolongado recuo nesse período, observado entre 2013 e 2020, começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, início de uma fase de enorme desarranjo econômico.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, Lula contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos Foto: André Borges/EFE

Embora a indústria continue exibindo pouco dinamismo, há sinais de reanimação; No primeiro bimestre a produção foi 5% maior que a de um ano antes. Comparação semelhante mostrou aumento de 3,6% na fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, e de 4,3% no volume total produzido pelo setor industrial. Mas é cedo para dizer se essa retomada continuará ao longo de 2024 e nos anos seguintes. Isso dependerá das condições de financiamento e das perspectivas percebidas pelos empresários do setor.

O financiamento poderá melhorar se os juros continuarem caindo. O custo do dinheiro tem diminuído e alguma redução adicional poderá ocorrer na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, nos dias 7 e 8 de maio. Há insegurança, porém, quanto a novos cortes nos meses seguintes, porque o horizonte das contas públicas permanece obscuro.

O minisro da Fazenda, Fernando Haddad, tem deixado clara sua intenção de reduzir e talvez eliminar o déficit primário (sem juros) do governo federal. Mas outros ministros se opõem a uma política de maior austeridade fiscal, assim como líderes do PT. O quadro seria menos incerto se o presidente Lula apoiasse inequivocamente a ação proposta pelo ministro da Fazenda, mas é arriscado, neste momento, apostar numa decisão desse tipo.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, o presidente contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos. Beneficiaria o crescimento econômico e a geração de bem-estar. Em vez de tomar esse caminho, no entanto, ele insiste em se meter na Petrobras e em criticar a arrumação monetária buscada pelo BC.

Ao intervir na maior estatal brasileira, uma companhia com enorme número de acionistas no Brasil e no exterior, o presidente se mostra incapaz de entender as condições de administração de uma empresa e de sua operação no mercado. Mostra-se incapaz, além disso, de entender a natureza e os limites da chefia de governo, confundindo a autoridade presidencial com o poder, claramente inaceitável, de intromissão em todos os meandros da administração.

Qualquer presidente disposto a cumprir seriamente seu papel terá muito trabalho para executar neste e nos próximos. Facilitar a arrumação das contas federais será uma das tarefas mais úteis, porque permitirá um emprego mais produtivo do dinheiro público, uma redução duradoura dos juros e melhores condições para a expansão dos negócios privados.

Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, evitando as pretensões de mandar e desmandar de acordo com seus impulsos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá realizar um trabalho útil. Já o fez nos mandatos anteriores, principalmente no primeiro. O ministro da Fazenda parece ter encontrado o caminho certo. Pode ser um exemplo útil para seu chefe.

Enquanto o presidente Lula se mete na Petrobras, dá palpites inoportunos e volta a criticar o Banco Central (BC), a indústria derrapa e a sombra da insegurança se mantém sobre a economia. Há um ano e quatro meses na chefia do governo, o presidente nada fez, ou quase nada, para resolver um dos mais persistentes e mais graves problemas econômicos do Brasil: a fraqueza do setor industrial, emperrado há mais de uma década. Os últimos dados confirmam: a desindustrialização continua, como se o País estivesse em marcha-a-ré depois de mais de meio século de avanço.

A produção industrial encolheu 0,3% em fevereiro, cresceu apenas 1% em um ano e a média móvel trimestral ficou 17,7% abaixo do pico alcançado em maio de 2011. Essa comparação é mais que uma curiosidade. Com algumas oscilações, a trajetória do setor foi declinante ao longo desse período, marcado por um retrocesso indisfarçável. Houve quedas em todos os grandes segmentos industriais. O maior tombo ocorreu no grupo de bens de consumo duráveis, onde a produção no último período foi 35,5% menor que no trimestre inicial de 2011.

Além da produção realizada, no entanto, também diminuiu a capacidade produtiva. No começo deste ano, o ramo de bens de produção, como equipamentos e máquinas, entregou 30,2% menos que no trimestre móvel encerrado em abril de 2013, ponto mais alto da última série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior e mais prolongado recuo nesse período, observado entre 2013 e 2020, começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, início de uma fase de enorme desarranjo econômico.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, Lula contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos Foto: André Borges/EFE

Embora a indústria continue exibindo pouco dinamismo, há sinais de reanimação; No primeiro bimestre a produção foi 5% maior que a de um ano antes. Comparação semelhante mostrou aumento de 3,6% na fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, e de 4,3% no volume total produzido pelo setor industrial. Mas é cedo para dizer se essa retomada continuará ao longo de 2024 e nos anos seguintes. Isso dependerá das condições de financiamento e das perspectivas percebidas pelos empresários do setor.

O financiamento poderá melhorar se os juros continuarem caindo. O custo do dinheiro tem diminuído e alguma redução adicional poderá ocorrer na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, nos dias 7 e 8 de maio. Há insegurança, porém, quanto a novos cortes nos meses seguintes, porque o horizonte das contas públicas permanece obscuro.

O minisro da Fazenda, Fernando Haddad, tem deixado clara sua intenção de reduzir e talvez eliminar o déficit primário (sem juros) do governo federal. Mas outros ministros se opõem a uma política de maior austeridade fiscal, assim como líderes do PT. O quadro seria menos incerto se o presidente Lula apoiasse inequivocamente a ação proposta pelo ministro da Fazenda, mas é arriscado, neste momento, apostar numa decisão desse tipo.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, o presidente contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos. Beneficiaria o crescimento econômico e a geração de bem-estar. Em vez de tomar esse caminho, no entanto, ele insiste em se meter na Petrobras e em criticar a arrumação monetária buscada pelo BC.

Ao intervir na maior estatal brasileira, uma companhia com enorme número de acionistas no Brasil e no exterior, o presidente se mostra incapaz de entender as condições de administração de uma empresa e de sua operação no mercado. Mostra-se incapaz, além disso, de entender a natureza e os limites da chefia de governo, confundindo a autoridade presidencial com o poder, claramente inaceitável, de intromissão em todos os meandros da administração.

Qualquer presidente disposto a cumprir seriamente seu papel terá muito trabalho para executar neste e nos próximos. Facilitar a arrumação das contas federais será uma das tarefas mais úteis, porque permitirá um emprego mais produtivo do dinheiro público, uma redução duradoura dos juros e melhores condições para a expansão dos negócios privados.

Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, evitando as pretensões de mandar e desmandar de acordo com seus impulsos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá realizar um trabalho útil. Já o fez nos mandatos anteriores, principalmente no primeiro. O ministro da Fazenda parece ter encontrado o caminho certo. Pode ser um exemplo útil para seu chefe.

Enquanto o presidente Lula se mete na Petrobras, dá palpites inoportunos e volta a criticar o Banco Central (BC), a indústria derrapa e a sombra da insegurança se mantém sobre a economia. Há um ano e quatro meses na chefia do governo, o presidente nada fez, ou quase nada, para resolver um dos mais persistentes e mais graves problemas econômicos do Brasil: a fraqueza do setor industrial, emperrado há mais de uma década. Os últimos dados confirmam: a desindustrialização continua, como se o País estivesse em marcha-a-ré depois de mais de meio século de avanço.

A produção industrial encolheu 0,3% em fevereiro, cresceu apenas 1% em um ano e a média móvel trimestral ficou 17,7% abaixo do pico alcançado em maio de 2011. Essa comparação é mais que uma curiosidade. Com algumas oscilações, a trajetória do setor foi declinante ao longo desse período, marcado por um retrocesso indisfarçável. Houve quedas em todos os grandes segmentos industriais. O maior tombo ocorreu no grupo de bens de consumo duráveis, onde a produção no último período foi 35,5% menor que no trimestre inicial de 2011.

Além da produção realizada, no entanto, também diminuiu a capacidade produtiva. No começo deste ano, o ramo de bens de produção, como equipamentos e máquinas, entregou 30,2% menos que no trimestre móvel encerrado em abril de 2013, ponto mais alto da última série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior e mais prolongado recuo nesse período, observado entre 2013 e 2020, começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, início de uma fase de enorme desarranjo econômico.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, Lula contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos Foto: André Borges/EFE

Embora a indústria continue exibindo pouco dinamismo, há sinais de reanimação; No primeiro bimestre a produção foi 5% maior que a de um ano antes. Comparação semelhante mostrou aumento de 3,6% na fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, e de 4,3% no volume total produzido pelo setor industrial. Mas é cedo para dizer se essa retomada continuará ao longo de 2024 e nos anos seguintes. Isso dependerá das condições de financiamento e das perspectivas percebidas pelos empresários do setor.

O financiamento poderá melhorar se os juros continuarem caindo. O custo do dinheiro tem diminuído e alguma redução adicional poderá ocorrer na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, nos dias 7 e 8 de maio. Há insegurança, porém, quanto a novos cortes nos meses seguintes, porque o horizonte das contas públicas permanece obscuro.

O minisro da Fazenda, Fernando Haddad, tem deixado clara sua intenção de reduzir e talvez eliminar o déficit primário (sem juros) do governo federal. Mas outros ministros se opõem a uma política de maior austeridade fiscal, assim como líderes do PT. O quadro seria menos incerto se o presidente Lula apoiasse inequivocamente a ação proposta pelo ministro da Fazenda, mas é arriscado, neste momento, apostar numa decisão desse tipo.

Se cuidasse mais das contas públicas e da previsibilidade fiscal, o presidente contribuiria para a segurança dos negócios e dos investimentos produtivos. Beneficiaria o crescimento econômico e a geração de bem-estar. Em vez de tomar esse caminho, no entanto, ele insiste em se meter na Petrobras e em criticar a arrumação monetária buscada pelo BC.

Ao intervir na maior estatal brasileira, uma companhia com enorme número de acionistas no Brasil e no exterior, o presidente se mostra incapaz de entender as condições de administração de uma empresa e de sua operação no mercado. Mostra-se incapaz, além disso, de entender a natureza e os limites da chefia de governo, confundindo a autoridade presidencial com o poder, claramente inaceitável, de intromissão em todos os meandros da administração.

Qualquer presidente disposto a cumprir seriamente seu papel terá muito trabalho para executar neste e nos próximos. Facilitar a arrumação das contas federais será uma das tarefas mais úteis, porque permitirá um emprego mais produtivo do dinheiro público, uma redução duradoura dos juros e melhores condições para a expansão dos negócios privados.

Se assumir o papel modesto de um mero governante conhecedor de suas funções e de seus limites, evitando as pretensões de mandar e desmandar de acordo com seus impulsos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá realizar um trabalho útil. Já o fez nos mandatos anteriores, principalmente no primeiro. O ministro da Fazenda parece ter encontrado o caminho certo. Pode ser um exemplo útil para seu chefe.

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