Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004), Rubens Barbosa escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|Pátria sem chuteiras


Assim como na política, no futebol estamos carentes de líderes e jogadores que vistam a camisa do Brasil com verdadeiro respaldo da opinião pública

Por Rubens Barbosa
Atualização:

As Copas do Mundo na Rússia e no Catar pouco mobilizaram nossa torcida. Havia poucas bandeiras nas ruas e calçadas pintadas. Mesmo depois do início da competição, houve pouca vibração nacional – muito diferente do que ocorria no passado. Até o começo dos jogos, poucos sabiam os nomes dos titulares do time. Mesmo depois da eliminação, apesar da grande decepção, houve muito poucas emoção e repercussão. O Brasil hoje está longe de ser aquela pátria de chuteiras, como dizia Nelson Rodrigues.

Uma das muitas razões da falta de interesse e da baixa atenção para a competição mais importante do esporte em que o País é uma das forças no mundo é o distanciamento emocional entre os jogadores da seleção e a torcida, já que a quase totalidade dos convocados joga no exterior. O Brasil se tornou o maior exportador de jogadores de futebol do mundo. Alguns, ainda antes da maioridade são vendidos e começam a atuar no exterior, sem nenhum contato com os clubes daqui. A seleção virou uma verdadeira legião estrangeira.

O Brasil, com a decisão de convocar grandes estrelas que jogam no exterior, perdeu seu estilo de jogo, tão admirado pelos adversários, e se transformou num time comum, defensivo e burocrático. Os jogadores perderam a característica de improvisação brasileira e, como resultado, a seleção joga sem estilo e sem exibição de talento, uma das características dos antigos craques nacionais. Deu pena ver a atuação em todos os jogos na Copa do Catar, com muita dancinha e pouca garra.

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Chegou a hora de dar uma virada no que se passa no futebol brasileiro. Desde a governança da CBF e dos clubes, passando pela organização de um calendário mais racional para os campeonatos regionais, nacional e as competições internacionais, até a política de convocação para a próxima Copa do Mundo, em 2026, tudo parece precisar de um bom freio de arrumação.

Assim como na política, também no futebol estamos carentes de líderes e jogadores que vistam a camisa do Brasil com o verdadeiro respaldo da opinião pública. Os jogadores que atuam no exterior têm salários altíssimos e hoje estão entre os poucos milionários brasileiros. Pensam mais em seus interesses financeiros e comerciais do que nos resultados dos jogos – com menos incentivos para se empenhar pela Pátria que veem de longe e para onde só retornam depois que seus clubes no exterior passam a achar que não valem o quanto pagam.

Apesar da dificuldade de ser implementada, seria muito oportuna a discussão de uma política radical: a partir da disputa da classificação para a Copa de 2026, a convocação deveria limitar-se apenas a jogadores que atuam nos times brasileiros. A seleção nacional deveria ser composta por jogadores de times nacionais para trazer de volta a paixão, a fé e a adesão dos torcedores. Quem se lembrará, em 2026, do time que perdeu para Camarões e para a Croácia?

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Se ficasse decidido que, em 2026, todos os jogadores convocados para integrar a seleção deveriam estar jogando no Brasil, haveria incentivo aos que atuam por aqui para recuperarmos o estilo e o brilho do futebol brasileiro. Adicionalmente, se empenhariam talvez com mais dedicação e esforço para disputar com as seleções mais bem preparadas e ganhar. Haveria, ainda, por que não dizer, o interesse individual de atrair a atenção dos clubes do exterior para serem contratados e atuar lá fora. Os negócios milionários seriam adiados para depois da Copa e os atletas teriam interesse em se valorizar com o trabalho na seleção. Quem saísse do País, automaticamente, ficaria fora da convocação.

Com isso, os torcedores se envolveriam e apoiariam os jogadores de seus times que se destacaram nos campeonatos regionais e nacional e foram chamados para atuar na seleção brasileira. Todos saberiam os nomes dos que integrariam o time nacional e o desinteresse e distanciamento entre torcedores e jogadores rapidamente seriam substituídos pela emoção e pela paixão.

A renovação da atual geração seria, assim, certamente facilitada e os clubes, fortalecidos. O trabalho que se iniciará em 2023 deveria ter continuidade nos próximos quatro anos. O importante é definir um critério que começaria a ser aplicado a partir da fase de classificação.

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Se nada for feito, vamos repetir o que ocorreu nas últimas Copas. Vamos selecionar estrelas que brilham no exterior, mas não são conhecidas no Brasil. Provavelmente, vamos com muito esforço tentar chegar à semifinal e, depois da Copa, voltaremos a lamentar a desorganização de nosso futebol, a falta de profissionalismo dos clubes e a reclamar dos nossos jogadores que atuam no exterior.

Devemos aproveitar o momento e prestigiar os jogadores de grande qualidade que são esquecidos, de modo a podermos projetar uma nova geração internacionalmente. Depois, valorizados pelos resultados alcançados, se quiserem, poderiam ser contratados para atuar no exterior. Clubes e jogadores ganhariam.

A discussão sobre se o técnico da seleção deveria ser brasileiro ou estrangeiro mostra a falta de foco usual em todas as áreas de nossa sociedade, desde a política até o futebol, quando estão em jogo decisões importantes com implicações de médio e de longo prazos.

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A palavra de ordem é prestigiar a prata da casa para, com garra, conquistar o hexa.

*

MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

As Copas do Mundo na Rússia e no Catar pouco mobilizaram nossa torcida. Havia poucas bandeiras nas ruas e calçadas pintadas. Mesmo depois do início da competição, houve pouca vibração nacional – muito diferente do que ocorria no passado. Até o começo dos jogos, poucos sabiam os nomes dos titulares do time. Mesmo depois da eliminação, apesar da grande decepção, houve muito poucas emoção e repercussão. O Brasil hoje está longe de ser aquela pátria de chuteiras, como dizia Nelson Rodrigues.

Uma das muitas razões da falta de interesse e da baixa atenção para a competição mais importante do esporte em que o País é uma das forças no mundo é o distanciamento emocional entre os jogadores da seleção e a torcida, já que a quase totalidade dos convocados joga no exterior. O Brasil se tornou o maior exportador de jogadores de futebol do mundo. Alguns, ainda antes da maioridade são vendidos e começam a atuar no exterior, sem nenhum contato com os clubes daqui. A seleção virou uma verdadeira legião estrangeira.

O Brasil, com a decisão de convocar grandes estrelas que jogam no exterior, perdeu seu estilo de jogo, tão admirado pelos adversários, e se transformou num time comum, defensivo e burocrático. Os jogadores perderam a característica de improvisação brasileira e, como resultado, a seleção joga sem estilo e sem exibição de talento, uma das características dos antigos craques nacionais. Deu pena ver a atuação em todos os jogos na Copa do Catar, com muita dancinha e pouca garra.

Chegou a hora de dar uma virada no que se passa no futebol brasileiro. Desde a governança da CBF e dos clubes, passando pela organização de um calendário mais racional para os campeonatos regionais, nacional e as competições internacionais, até a política de convocação para a próxima Copa do Mundo, em 2026, tudo parece precisar de um bom freio de arrumação.

Assim como na política, também no futebol estamos carentes de líderes e jogadores que vistam a camisa do Brasil com o verdadeiro respaldo da opinião pública. Os jogadores que atuam no exterior têm salários altíssimos e hoje estão entre os poucos milionários brasileiros. Pensam mais em seus interesses financeiros e comerciais do que nos resultados dos jogos – com menos incentivos para se empenhar pela Pátria que veem de longe e para onde só retornam depois que seus clubes no exterior passam a achar que não valem o quanto pagam.

Apesar da dificuldade de ser implementada, seria muito oportuna a discussão de uma política radical: a partir da disputa da classificação para a Copa de 2026, a convocação deveria limitar-se apenas a jogadores que atuam nos times brasileiros. A seleção nacional deveria ser composta por jogadores de times nacionais para trazer de volta a paixão, a fé e a adesão dos torcedores. Quem se lembrará, em 2026, do time que perdeu para Camarões e para a Croácia?

Se ficasse decidido que, em 2026, todos os jogadores convocados para integrar a seleção deveriam estar jogando no Brasil, haveria incentivo aos que atuam por aqui para recuperarmos o estilo e o brilho do futebol brasileiro. Adicionalmente, se empenhariam talvez com mais dedicação e esforço para disputar com as seleções mais bem preparadas e ganhar. Haveria, ainda, por que não dizer, o interesse individual de atrair a atenção dos clubes do exterior para serem contratados e atuar lá fora. Os negócios milionários seriam adiados para depois da Copa e os atletas teriam interesse em se valorizar com o trabalho na seleção. Quem saísse do País, automaticamente, ficaria fora da convocação.

Com isso, os torcedores se envolveriam e apoiariam os jogadores de seus times que se destacaram nos campeonatos regionais e nacional e foram chamados para atuar na seleção brasileira. Todos saberiam os nomes dos que integrariam o time nacional e o desinteresse e distanciamento entre torcedores e jogadores rapidamente seriam substituídos pela emoção e pela paixão.

A renovação da atual geração seria, assim, certamente facilitada e os clubes, fortalecidos. O trabalho que se iniciará em 2023 deveria ter continuidade nos próximos quatro anos. O importante é definir um critério que começaria a ser aplicado a partir da fase de classificação.

Se nada for feito, vamos repetir o que ocorreu nas últimas Copas. Vamos selecionar estrelas que brilham no exterior, mas não são conhecidas no Brasil. Provavelmente, vamos com muito esforço tentar chegar à semifinal e, depois da Copa, voltaremos a lamentar a desorganização de nosso futebol, a falta de profissionalismo dos clubes e a reclamar dos nossos jogadores que atuam no exterior.

Devemos aproveitar o momento e prestigiar os jogadores de grande qualidade que são esquecidos, de modo a podermos projetar uma nova geração internacionalmente. Depois, valorizados pelos resultados alcançados, se quiserem, poderiam ser contratados para atuar no exterior. Clubes e jogadores ganhariam.

A discussão sobre se o técnico da seleção deveria ser brasileiro ou estrangeiro mostra a falta de foco usual em todas as áreas de nossa sociedade, desde a política até o futebol, quando estão em jogo decisões importantes com implicações de médio e de longo prazos.

A palavra de ordem é prestigiar a prata da casa para, com garra, conquistar o hexa.

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MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

As Copas do Mundo na Rússia e no Catar pouco mobilizaram nossa torcida. Havia poucas bandeiras nas ruas e calçadas pintadas. Mesmo depois do início da competição, houve pouca vibração nacional – muito diferente do que ocorria no passado. Até o começo dos jogos, poucos sabiam os nomes dos titulares do time. Mesmo depois da eliminação, apesar da grande decepção, houve muito poucas emoção e repercussão. O Brasil hoje está longe de ser aquela pátria de chuteiras, como dizia Nelson Rodrigues.

Uma das muitas razões da falta de interesse e da baixa atenção para a competição mais importante do esporte em que o País é uma das forças no mundo é o distanciamento emocional entre os jogadores da seleção e a torcida, já que a quase totalidade dos convocados joga no exterior. O Brasil se tornou o maior exportador de jogadores de futebol do mundo. Alguns, ainda antes da maioridade são vendidos e começam a atuar no exterior, sem nenhum contato com os clubes daqui. A seleção virou uma verdadeira legião estrangeira.

O Brasil, com a decisão de convocar grandes estrelas que jogam no exterior, perdeu seu estilo de jogo, tão admirado pelos adversários, e se transformou num time comum, defensivo e burocrático. Os jogadores perderam a característica de improvisação brasileira e, como resultado, a seleção joga sem estilo e sem exibição de talento, uma das características dos antigos craques nacionais. Deu pena ver a atuação em todos os jogos na Copa do Catar, com muita dancinha e pouca garra.

Chegou a hora de dar uma virada no que se passa no futebol brasileiro. Desde a governança da CBF e dos clubes, passando pela organização de um calendário mais racional para os campeonatos regionais, nacional e as competições internacionais, até a política de convocação para a próxima Copa do Mundo, em 2026, tudo parece precisar de um bom freio de arrumação.

Assim como na política, também no futebol estamos carentes de líderes e jogadores que vistam a camisa do Brasil com o verdadeiro respaldo da opinião pública. Os jogadores que atuam no exterior têm salários altíssimos e hoje estão entre os poucos milionários brasileiros. Pensam mais em seus interesses financeiros e comerciais do que nos resultados dos jogos – com menos incentivos para se empenhar pela Pátria que veem de longe e para onde só retornam depois que seus clubes no exterior passam a achar que não valem o quanto pagam.

Apesar da dificuldade de ser implementada, seria muito oportuna a discussão de uma política radical: a partir da disputa da classificação para a Copa de 2026, a convocação deveria limitar-se apenas a jogadores que atuam nos times brasileiros. A seleção nacional deveria ser composta por jogadores de times nacionais para trazer de volta a paixão, a fé e a adesão dos torcedores. Quem se lembrará, em 2026, do time que perdeu para Camarões e para a Croácia?

Se ficasse decidido que, em 2026, todos os jogadores convocados para integrar a seleção deveriam estar jogando no Brasil, haveria incentivo aos que atuam por aqui para recuperarmos o estilo e o brilho do futebol brasileiro. Adicionalmente, se empenhariam talvez com mais dedicação e esforço para disputar com as seleções mais bem preparadas e ganhar. Haveria, ainda, por que não dizer, o interesse individual de atrair a atenção dos clubes do exterior para serem contratados e atuar lá fora. Os negócios milionários seriam adiados para depois da Copa e os atletas teriam interesse em se valorizar com o trabalho na seleção. Quem saísse do País, automaticamente, ficaria fora da convocação.

Com isso, os torcedores se envolveriam e apoiariam os jogadores de seus times que se destacaram nos campeonatos regionais e nacional e foram chamados para atuar na seleção brasileira. Todos saberiam os nomes dos que integrariam o time nacional e o desinteresse e distanciamento entre torcedores e jogadores rapidamente seriam substituídos pela emoção e pela paixão.

A renovação da atual geração seria, assim, certamente facilitada e os clubes, fortalecidos. O trabalho que se iniciará em 2023 deveria ter continuidade nos próximos quatro anos. O importante é definir um critério que começaria a ser aplicado a partir da fase de classificação.

Se nada for feito, vamos repetir o que ocorreu nas últimas Copas. Vamos selecionar estrelas que brilham no exterior, mas não são conhecidas no Brasil. Provavelmente, vamos com muito esforço tentar chegar à semifinal e, depois da Copa, voltaremos a lamentar a desorganização de nosso futebol, a falta de profissionalismo dos clubes e a reclamar dos nossos jogadores que atuam no exterior.

Devemos aproveitar o momento e prestigiar os jogadores de grande qualidade que são esquecidos, de modo a podermos projetar uma nova geração internacionalmente. Depois, valorizados pelos resultados alcançados, se quiserem, poderiam ser contratados para atuar no exterior. Clubes e jogadores ganhariam.

A discussão sobre se o técnico da seleção deveria ser brasileiro ou estrangeiro mostra a falta de foco usual em todas as áreas de nossa sociedade, desde a política até o futebol, quando estão em jogo decisões importantes com implicações de médio e de longo prazos.

A palavra de ordem é prestigiar a prata da casa para, com garra, conquistar o hexa.

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MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

As Copas do Mundo na Rússia e no Catar pouco mobilizaram nossa torcida. Havia poucas bandeiras nas ruas e calçadas pintadas. Mesmo depois do início da competição, houve pouca vibração nacional – muito diferente do que ocorria no passado. Até o começo dos jogos, poucos sabiam os nomes dos titulares do time. Mesmo depois da eliminação, apesar da grande decepção, houve muito poucas emoção e repercussão. O Brasil hoje está longe de ser aquela pátria de chuteiras, como dizia Nelson Rodrigues.

Uma das muitas razões da falta de interesse e da baixa atenção para a competição mais importante do esporte em que o País é uma das forças no mundo é o distanciamento emocional entre os jogadores da seleção e a torcida, já que a quase totalidade dos convocados joga no exterior. O Brasil se tornou o maior exportador de jogadores de futebol do mundo. Alguns, ainda antes da maioridade são vendidos e começam a atuar no exterior, sem nenhum contato com os clubes daqui. A seleção virou uma verdadeira legião estrangeira.

O Brasil, com a decisão de convocar grandes estrelas que jogam no exterior, perdeu seu estilo de jogo, tão admirado pelos adversários, e se transformou num time comum, defensivo e burocrático. Os jogadores perderam a característica de improvisação brasileira e, como resultado, a seleção joga sem estilo e sem exibição de talento, uma das características dos antigos craques nacionais. Deu pena ver a atuação em todos os jogos na Copa do Catar, com muita dancinha e pouca garra.

Chegou a hora de dar uma virada no que se passa no futebol brasileiro. Desde a governança da CBF e dos clubes, passando pela organização de um calendário mais racional para os campeonatos regionais, nacional e as competições internacionais, até a política de convocação para a próxima Copa do Mundo, em 2026, tudo parece precisar de um bom freio de arrumação.

Assim como na política, também no futebol estamos carentes de líderes e jogadores que vistam a camisa do Brasil com o verdadeiro respaldo da opinião pública. Os jogadores que atuam no exterior têm salários altíssimos e hoje estão entre os poucos milionários brasileiros. Pensam mais em seus interesses financeiros e comerciais do que nos resultados dos jogos – com menos incentivos para se empenhar pela Pátria que veem de longe e para onde só retornam depois que seus clubes no exterior passam a achar que não valem o quanto pagam.

Apesar da dificuldade de ser implementada, seria muito oportuna a discussão de uma política radical: a partir da disputa da classificação para a Copa de 2026, a convocação deveria limitar-se apenas a jogadores que atuam nos times brasileiros. A seleção nacional deveria ser composta por jogadores de times nacionais para trazer de volta a paixão, a fé e a adesão dos torcedores. Quem se lembrará, em 2026, do time que perdeu para Camarões e para a Croácia?

Se ficasse decidido que, em 2026, todos os jogadores convocados para integrar a seleção deveriam estar jogando no Brasil, haveria incentivo aos que atuam por aqui para recuperarmos o estilo e o brilho do futebol brasileiro. Adicionalmente, se empenhariam talvez com mais dedicação e esforço para disputar com as seleções mais bem preparadas e ganhar. Haveria, ainda, por que não dizer, o interesse individual de atrair a atenção dos clubes do exterior para serem contratados e atuar lá fora. Os negócios milionários seriam adiados para depois da Copa e os atletas teriam interesse em se valorizar com o trabalho na seleção. Quem saísse do País, automaticamente, ficaria fora da convocação.

Com isso, os torcedores se envolveriam e apoiariam os jogadores de seus times que se destacaram nos campeonatos regionais e nacional e foram chamados para atuar na seleção brasileira. Todos saberiam os nomes dos que integrariam o time nacional e o desinteresse e distanciamento entre torcedores e jogadores rapidamente seriam substituídos pela emoção e pela paixão.

A renovação da atual geração seria, assim, certamente facilitada e os clubes, fortalecidos. O trabalho que se iniciará em 2023 deveria ter continuidade nos próximos quatro anos. O importante é definir um critério que começaria a ser aplicado a partir da fase de classificação.

Se nada for feito, vamos repetir o que ocorreu nas últimas Copas. Vamos selecionar estrelas que brilham no exterior, mas não são conhecidas no Brasil. Provavelmente, vamos com muito esforço tentar chegar à semifinal e, depois da Copa, voltaremos a lamentar a desorganização de nosso futebol, a falta de profissionalismo dos clubes e a reclamar dos nossos jogadores que atuam no exterior.

Devemos aproveitar o momento e prestigiar os jogadores de grande qualidade que são esquecidos, de modo a podermos projetar uma nova geração internacionalmente. Depois, valorizados pelos resultados alcançados, se quiserem, poderiam ser contratados para atuar no exterior. Clubes e jogadores ganhariam.

A discussão sobre se o técnico da seleção deveria ser brasileiro ou estrangeiro mostra a falta de foco usual em todas as áreas de nossa sociedade, desde a política até o futebol, quando estão em jogo decisões importantes com implicações de médio e de longo prazos.

A palavra de ordem é prestigiar a prata da casa para, com garra, conquistar o hexa.

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MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

Opinião por Rubens Barbosa

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), foi embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004)

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