Um sistema de saúde para o século 21


Como o SUS, o NHS britânico, que o inspirou, é subfinanciado. Mas mais importante que aumentar os gastos é redirecionar seu foco: dos hospitais para a prevenção e cuidados primários

Por Notas & Informações

Em 1942, William Beveridge fundou o Estado de Bem-Estar Social britânico, que influenciaria o mundo ao propor a proteção universal “do berço ao túmulo” contra os cinco “males gigantes”: ociosidade, ignorância, doença, miséria e carência. A espinha dorsal do sistema foi o Serviço Nacional de Saúde (NHS), que no dia 5 passado completou 75 anos.

Hoje, o NHS é mais venerado pelos britânicos que a monarquia. No dizer de um ex-ministro da economia, é o que mais se aproxima de uma “religião nacional”. Como outras religiões, essa tem seus dogmas: serviços abrangentes, universais e gratuitos, pagos com impostos gerais. Mas, como disse em editorial o jornal The Guardian, nas celebrações “o orgulho e o alívio com a existência do NHS se mesclam a uma amarga frustração com o modo como vem sendo tratado”. Como seus pacientes, o sistema septuagenário precisa de cuidados. Entre os países desenvolvidos, o Reino Unido tem taxas ruins de expectativa de vida e de sobrevivência ao câncer, enfarte e derrames. Milhões estão em filas de espera, que podem durar dois anos.

O debate britânico tem especial interesse para o Brasil, dado que o NHS foi a inspiração para o Sistema Único de Saúde, o SUS, criado com a Constituição de 1988. Tal como o NHS precedeu os sucessos do SUS, ele agora o precede em seus desafios.

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Mais dinheiro é inevitável, especialmente considerando o envelhecimento da população. Nenhum país da OCDE investe menos em saúde per capita. Similarmente, os 3,9% do PIB de gastos públicos com saúde no Brasil estão abaixo da média dos países desenvolvidos. Alguns britânicos sugerem alternativas, como o financiamento de países europeus via contribuições de empregadores e empregados. Analogamente às propostas no Brasil de mensalidade para as universidades públicas, outros defendem que os ricos devem custear parte de seus tratamentos.

Mais relevante e promissora do que a discussão sobre a quantidade do gasto e a sua fonte, contudo, é a discussão sobre como se deve gastar.

Quando o NHS foi fundado, os problemas de saúde mais prementes eram os tratamentos de infecções e acidentes. O modelo focado na hospitalização fazia sentido. Mas esses dias se foram. Hoje, a maioria dos gastos diz respeito a tratamentos de condições crônicas como diabetes, hipertensão ou artrite, que podem ser realizados pelos próprios pacientes em suas casas, com apoio de clínicos gerais e especialistas locais. “Um sistema focado em hospitais é projetado para tratar as pessoas só depois de elas estarem realmente doentes”, ponderou a revista britânica The Economist. “Isso equivale a comprar mais extintores de incêndio enquanto se desligam os alarmes de fumaça.” Recentemente, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, instou uma mudança de foco: dos cuidados agudos para os crônicos.

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Isso significa investir mais em prevenção e atendimento primário, ou seja, em manter as pessoas saudáveis em casa, mais do que em tratá-las nas enfermarias. Fatores socioeconômicos e comportamentos individuais podem ser mais decisivos para a saúde de uma nação que os cuidados médicos. Um exemplo óbvio é a obesidade. Pensando no Brasil, considere-se o alívio que a universalização do saneamento ou a erradicação da fome trariam para o SUS.

A tecnologia é crucial. A telemedicina e repositórios de dados para mapear riscos e prevenir doenças, por exemplo, podem fazer muito para desafogar os hospitais.

Tudo isso requer uma mudança cultural, especialmente dos políticos, que naturalmente veem mais dividendos eleitorais em entregar hospitais do que em investir em cuidados comunitários difusos. Mas tais cuidados podem levar a uma população mais saudável, com menos ônus aos contribuintes. A receita para salvar o NHS é “transformá-lo daquilo que ele se tornou – um serviço de doença – naquilo que seu nome promete – um serviço de saúde”, concluiu a Economist. “Isso significará gastar mais dinheiro. Mas gastá-lo produtivamente exige uma mudança de foco: para longe dos hospitais rumo à comunidade, do tratamento à prevenção, do incentivo aos aportes ao encorajamento de melhores resultados.”

Em 1942, William Beveridge fundou o Estado de Bem-Estar Social britânico, que influenciaria o mundo ao propor a proteção universal “do berço ao túmulo” contra os cinco “males gigantes”: ociosidade, ignorância, doença, miséria e carência. A espinha dorsal do sistema foi o Serviço Nacional de Saúde (NHS), que no dia 5 passado completou 75 anos.

Hoje, o NHS é mais venerado pelos britânicos que a monarquia. No dizer de um ex-ministro da economia, é o que mais se aproxima de uma “religião nacional”. Como outras religiões, essa tem seus dogmas: serviços abrangentes, universais e gratuitos, pagos com impostos gerais. Mas, como disse em editorial o jornal The Guardian, nas celebrações “o orgulho e o alívio com a existência do NHS se mesclam a uma amarga frustração com o modo como vem sendo tratado”. Como seus pacientes, o sistema septuagenário precisa de cuidados. Entre os países desenvolvidos, o Reino Unido tem taxas ruins de expectativa de vida e de sobrevivência ao câncer, enfarte e derrames. Milhões estão em filas de espera, que podem durar dois anos.

O debate britânico tem especial interesse para o Brasil, dado que o NHS foi a inspiração para o Sistema Único de Saúde, o SUS, criado com a Constituição de 1988. Tal como o NHS precedeu os sucessos do SUS, ele agora o precede em seus desafios.

Mais dinheiro é inevitável, especialmente considerando o envelhecimento da população. Nenhum país da OCDE investe menos em saúde per capita. Similarmente, os 3,9% do PIB de gastos públicos com saúde no Brasil estão abaixo da média dos países desenvolvidos. Alguns britânicos sugerem alternativas, como o financiamento de países europeus via contribuições de empregadores e empregados. Analogamente às propostas no Brasil de mensalidade para as universidades públicas, outros defendem que os ricos devem custear parte de seus tratamentos.

Mais relevante e promissora do que a discussão sobre a quantidade do gasto e a sua fonte, contudo, é a discussão sobre como se deve gastar.

Quando o NHS foi fundado, os problemas de saúde mais prementes eram os tratamentos de infecções e acidentes. O modelo focado na hospitalização fazia sentido. Mas esses dias se foram. Hoje, a maioria dos gastos diz respeito a tratamentos de condições crônicas como diabetes, hipertensão ou artrite, que podem ser realizados pelos próprios pacientes em suas casas, com apoio de clínicos gerais e especialistas locais. “Um sistema focado em hospitais é projetado para tratar as pessoas só depois de elas estarem realmente doentes”, ponderou a revista britânica The Economist. “Isso equivale a comprar mais extintores de incêndio enquanto se desligam os alarmes de fumaça.” Recentemente, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, instou uma mudança de foco: dos cuidados agudos para os crônicos.

Isso significa investir mais em prevenção e atendimento primário, ou seja, em manter as pessoas saudáveis em casa, mais do que em tratá-las nas enfermarias. Fatores socioeconômicos e comportamentos individuais podem ser mais decisivos para a saúde de uma nação que os cuidados médicos. Um exemplo óbvio é a obesidade. Pensando no Brasil, considere-se o alívio que a universalização do saneamento ou a erradicação da fome trariam para o SUS.

A tecnologia é crucial. A telemedicina e repositórios de dados para mapear riscos e prevenir doenças, por exemplo, podem fazer muito para desafogar os hospitais.

Tudo isso requer uma mudança cultural, especialmente dos políticos, que naturalmente veem mais dividendos eleitorais em entregar hospitais do que em investir em cuidados comunitários difusos. Mas tais cuidados podem levar a uma população mais saudável, com menos ônus aos contribuintes. A receita para salvar o NHS é “transformá-lo daquilo que ele se tornou – um serviço de doença – naquilo que seu nome promete – um serviço de saúde”, concluiu a Economist. “Isso significará gastar mais dinheiro. Mas gastá-lo produtivamente exige uma mudança de foco: para longe dos hospitais rumo à comunidade, do tratamento à prevenção, do incentivo aos aportes ao encorajamento de melhores resultados.”

Em 1942, William Beveridge fundou o Estado de Bem-Estar Social britânico, que influenciaria o mundo ao propor a proteção universal “do berço ao túmulo” contra os cinco “males gigantes”: ociosidade, ignorância, doença, miséria e carência. A espinha dorsal do sistema foi o Serviço Nacional de Saúde (NHS), que no dia 5 passado completou 75 anos.

Hoje, o NHS é mais venerado pelos britânicos que a monarquia. No dizer de um ex-ministro da economia, é o que mais se aproxima de uma “religião nacional”. Como outras religiões, essa tem seus dogmas: serviços abrangentes, universais e gratuitos, pagos com impostos gerais. Mas, como disse em editorial o jornal The Guardian, nas celebrações “o orgulho e o alívio com a existência do NHS se mesclam a uma amarga frustração com o modo como vem sendo tratado”. Como seus pacientes, o sistema septuagenário precisa de cuidados. Entre os países desenvolvidos, o Reino Unido tem taxas ruins de expectativa de vida e de sobrevivência ao câncer, enfarte e derrames. Milhões estão em filas de espera, que podem durar dois anos.

O debate britânico tem especial interesse para o Brasil, dado que o NHS foi a inspiração para o Sistema Único de Saúde, o SUS, criado com a Constituição de 1988. Tal como o NHS precedeu os sucessos do SUS, ele agora o precede em seus desafios.

Mais dinheiro é inevitável, especialmente considerando o envelhecimento da população. Nenhum país da OCDE investe menos em saúde per capita. Similarmente, os 3,9% do PIB de gastos públicos com saúde no Brasil estão abaixo da média dos países desenvolvidos. Alguns britânicos sugerem alternativas, como o financiamento de países europeus via contribuições de empregadores e empregados. Analogamente às propostas no Brasil de mensalidade para as universidades públicas, outros defendem que os ricos devem custear parte de seus tratamentos.

Mais relevante e promissora do que a discussão sobre a quantidade do gasto e a sua fonte, contudo, é a discussão sobre como se deve gastar.

Quando o NHS foi fundado, os problemas de saúde mais prementes eram os tratamentos de infecções e acidentes. O modelo focado na hospitalização fazia sentido. Mas esses dias se foram. Hoje, a maioria dos gastos diz respeito a tratamentos de condições crônicas como diabetes, hipertensão ou artrite, que podem ser realizados pelos próprios pacientes em suas casas, com apoio de clínicos gerais e especialistas locais. “Um sistema focado em hospitais é projetado para tratar as pessoas só depois de elas estarem realmente doentes”, ponderou a revista britânica The Economist. “Isso equivale a comprar mais extintores de incêndio enquanto se desligam os alarmes de fumaça.” Recentemente, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, instou uma mudança de foco: dos cuidados agudos para os crônicos.

Isso significa investir mais em prevenção e atendimento primário, ou seja, em manter as pessoas saudáveis em casa, mais do que em tratá-las nas enfermarias. Fatores socioeconômicos e comportamentos individuais podem ser mais decisivos para a saúde de uma nação que os cuidados médicos. Um exemplo óbvio é a obesidade. Pensando no Brasil, considere-se o alívio que a universalização do saneamento ou a erradicação da fome trariam para o SUS.

A tecnologia é crucial. A telemedicina e repositórios de dados para mapear riscos e prevenir doenças, por exemplo, podem fazer muito para desafogar os hospitais.

Tudo isso requer uma mudança cultural, especialmente dos políticos, que naturalmente veem mais dividendos eleitorais em entregar hospitais do que em investir em cuidados comunitários difusos. Mas tais cuidados podem levar a uma população mais saudável, com menos ônus aos contribuintes. A receita para salvar o NHS é “transformá-lo daquilo que ele se tornou – um serviço de doença – naquilo que seu nome promete – um serviço de saúde”, concluiu a Economist. “Isso significará gastar mais dinheiro. Mas gastá-lo produtivamente exige uma mudança de foco: para longe dos hospitais rumo à comunidade, do tratamento à prevenção, do incentivo aos aportes ao encorajamento de melhores resultados.”

Em 1942, William Beveridge fundou o Estado de Bem-Estar Social britânico, que influenciaria o mundo ao propor a proteção universal “do berço ao túmulo” contra os cinco “males gigantes”: ociosidade, ignorância, doença, miséria e carência. A espinha dorsal do sistema foi o Serviço Nacional de Saúde (NHS), que no dia 5 passado completou 75 anos.

Hoje, o NHS é mais venerado pelos britânicos que a monarquia. No dizer de um ex-ministro da economia, é o que mais se aproxima de uma “religião nacional”. Como outras religiões, essa tem seus dogmas: serviços abrangentes, universais e gratuitos, pagos com impostos gerais. Mas, como disse em editorial o jornal The Guardian, nas celebrações “o orgulho e o alívio com a existência do NHS se mesclam a uma amarga frustração com o modo como vem sendo tratado”. Como seus pacientes, o sistema septuagenário precisa de cuidados. Entre os países desenvolvidos, o Reino Unido tem taxas ruins de expectativa de vida e de sobrevivência ao câncer, enfarte e derrames. Milhões estão em filas de espera, que podem durar dois anos.

O debate britânico tem especial interesse para o Brasil, dado que o NHS foi a inspiração para o Sistema Único de Saúde, o SUS, criado com a Constituição de 1988. Tal como o NHS precedeu os sucessos do SUS, ele agora o precede em seus desafios.

Mais dinheiro é inevitável, especialmente considerando o envelhecimento da população. Nenhum país da OCDE investe menos em saúde per capita. Similarmente, os 3,9% do PIB de gastos públicos com saúde no Brasil estão abaixo da média dos países desenvolvidos. Alguns britânicos sugerem alternativas, como o financiamento de países europeus via contribuições de empregadores e empregados. Analogamente às propostas no Brasil de mensalidade para as universidades públicas, outros defendem que os ricos devem custear parte de seus tratamentos.

Mais relevante e promissora do que a discussão sobre a quantidade do gasto e a sua fonte, contudo, é a discussão sobre como se deve gastar.

Quando o NHS foi fundado, os problemas de saúde mais prementes eram os tratamentos de infecções e acidentes. O modelo focado na hospitalização fazia sentido. Mas esses dias se foram. Hoje, a maioria dos gastos diz respeito a tratamentos de condições crônicas como diabetes, hipertensão ou artrite, que podem ser realizados pelos próprios pacientes em suas casas, com apoio de clínicos gerais e especialistas locais. “Um sistema focado em hospitais é projetado para tratar as pessoas só depois de elas estarem realmente doentes”, ponderou a revista britânica The Economist. “Isso equivale a comprar mais extintores de incêndio enquanto se desligam os alarmes de fumaça.” Recentemente, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, instou uma mudança de foco: dos cuidados agudos para os crônicos.

Isso significa investir mais em prevenção e atendimento primário, ou seja, em manter as pessoas saudáveis em casa, mais do que em tratá-las nas enfermarias. Fatores socioeconômicos e comportamentos individuais podem ser mais decisivos para a saúde de uma nação que os cuidados médicos. Um exemplo óbvio é a obesidade. Pensando no Brasil, considere-se o alívio que a universalização do saneamento ou a erradicação da fome trariam para o SUS.

A tecnologia é crucial. A telemedicina e repositórios de dados para mapear riscos e prevenir doenças, por exemplo, podem fazer muito para desafogar os hospitais.

Tudo isso requer uma mudança cultural, especialmente dos políticos, que naturalmente veem mais dividendos eleitorais em entregar hospitais do que em investir em cuidados comunitários difusos. Mas tais cuidados podem levar a uma população mais saudável, com menos ônus aos contribuintes. A receita para salvar o NHS é “transformá-lo daquilo que ele se tornou – um serviço de doença – naquilo que seu nome promete – um serviço de saúde”, concluiu a Economist. “Isso significará gastar mais dinheiro. Mas gastá-lo produtivamente exige uma mudança de foco: para longe dos hospitais rumo à comunidade, do tratamento à prevenção, do incentivo aos aportes ao encorajamento de melhores resultados.”

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