Para matar a resposta rapidinho, bastaria dizer que bourbon, o uísque americano por excelência, pode ser feito em qualquer canto dos Estados Unidos, ainda que saia principalmente do Kentucky. Deve ser um destilado com pelo menos 51% de milho (o resto pode combinar cevada, centeio e trigo), a no máximo 80 por cento de álcool por volume, e envelhecer em barril de carvalho novo e carbonizado.
O Tennessee Whiskey respeita isso tudo, mas, como diz o nome, deve ser feito no Tennessee. Mais: tem que passar por uma técnica especial de filtragem, o Lincoln County Process (Processo do Condado de Lincoln), também conhecido como Charcoal Mellowing.
O que é Lincoln County Process?
O Processo do Condado de Lincoln é a prática de filtrar o destilado que se tornará uísque do Tennessee por colunas de carvão ativado de bordo (ou mapple, aquela árvore que rende o famoso xarope das panquecas americanas).
O carvão “limpa” o líquido, isso é, dá uma arredondada na sua textura. Na Jack Daniel’s, o carvão “amadurece” no estaleiro, onde a madeira das mapple trees seca por seis meses. Então, é gotejada com um uísque “para destruição” (seu teor alcoólico é de 70%) ao longo de cinco dias, ou até que esteja toda molhadinha. Na sequência, ironicamente, será queimada a 982°C. Em meia hora, o bordo vira carvão, será moído em pedacinhos do tamanho de uma ervilha e funcionará como filtro.
Parênteses! Não, a destilaria da Jack Daniel’s não fica em Lincoln, mas ficava. Ela foi fundada neste condado, em 1866. Quando as fronteiras foram mexidas pelas autoridades para que ninguém ficasse a menos de um dia de cavalgada de um tribunal, a Jack passou aos domínios do Kentucky.
Endereço esclarecido, o processo exclusivo de Jack é incrível? É. Contudo, o mestre destilador da casa, Chris Fletcher, garante que não é a maior assinatura do uísque mais famoso do mundo. Os barris, as leveduras e mais um “segredinho” vêm antes do Lincoln County Process.