Château Lafite comemora 150 anos com novidades efervescentes


Celebração dos 150 anos da compra do Château Lafite pela família Rothschild inclui troca de geração no comando do império, jantares e degustações do vinho icônico, um dos cinco Premiers Crus de Bordeaux

Por Patrícia Ferraz

De Bordeaux 

A Família Rothschild está comemorando 150 anos da posse do Château Lafite com novidades de peso, entre elas a transferência de comando para a nova geração. A jovem Saskia, de 31 anos, acaba de assumir os Domínios Barões de Rothschild, um império que inclui o Lafite e outras sete vinícolas em três continentes e 1.200 hectares de vinhedos pelo mundo.

Jornalista formada em Columbia e ex-correspondente do jornal The New York Times em Paris e na África, Saskia é filha do barão Éric de Rothschild, que comandou as vinícolas por 44 anos e foi o grande responsável pela expansão. Mais jovem herdeira a assumir um dos icônicos cinco Premiers Crus, a mais alta classificação vinícola de Bordeaux, ela vinha sendo treinada pelo pai. 

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Vista. O icônico château Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Entre suas primeiras tarefas está o lançamento, no ano que vem, do vinho que está sendo produzido pela empresa no leste da China – será um corte ainda não definido de Cabernet Sauvignon e Merlot, cujo nome está sendo mantido em sigilo. O grupo tem ainda mais uma mudança de porte recente: a contratação, há dois meses, de um novo CEO, Jean-Guillaume Prats, ex-CEO do grupo LVMH. 

Além de uma festa, que reuniu no Château mais de 300 convidados no dia 12 de junho, a família está promovendo uma série de pequenos jantares comemorativos para convidados de diferentes partes do mundo – vários ramos da família têm participação nos Domínios Barões de Rothschild que incluem o Châteaux Rieussec, L’Evangile e Duhart-Milon. Eles possuem também Domaine D’Aussières no Languedoc, Viña Los Vascos no Chile e uma joint-venture na Argentina, a Bodegas Caro. E foi a convite do Barão Philippe Nicolay de Rothschild (leia abaixo) que Paladar participou de um desses jantares, na terça-feira 19 de junho, no Château Lafite, em Pauillac. 

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A noite começou com uma visita conduzida por Jean-Guillaume Prats à mítica vinícola, instalada num lugar idílico no Médoc, em meio a 112 hectares de vinhedos de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, as cepas clássicas de Bordeaux, que começaram a ser plantadas na propriedade em 1670 e já tinham enorme prestígio quando o Lafite foi comprado pelo Barão James de Rothschild, em 1868, oito gerações atrás, e passou a se chamar Château Lafite Rothschild. 

Tradição. Cubas de madeira com sistema de controle de temperatura são usadas desde 1970. Todas as barricas são feitas na tanoaria Lafite. Esta é a maior adega de cubas de madeira de Bordeaux Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O ponto alto da visita guiada foi a adega circular, projetada pelo arquiteto catalão Ricardo Bofill e inaugurada em 1988. A arquitetura deixa as barricas mais próximas e permite mexer (rolar) menos para a lavagem. O projeto foi copiado por vinícolas no mundo todo.

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Luz de velas, grandes tintos e Sauternes 

Só se entra na sala de jantar do Château Lafite com um membro da família. É a regra. O ambiente, decorado com retratos de integrantes do clã, não tem energia elétrica, é iluminado à luz de velas. Depois dos aperitivos, com Champagne DBR ao ar livre (e foie gras), o jantar teve Château Duhart-Milon 2008 (de Pauillac) para acompanhar um folhado com ovos ao molho de cogumelo e mostarda (foto). Com o filet boeuf com molho de pimenta, foi servido o Château Lafite 1995, suave e feminino. “Safras com final 5 sempre dão vinhos Lafite femininos”, diz Prats.

Jantar à luz de velas Foto: Patrícia Ferraz|Estadão
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O Lafite 1986, oferecido em seguida, é considerado azarão: começou a “abrir”, quer dizer, exibir seu bouquet complexo e sabor, só no ano passado, aos 32 anos de idade. “Ninguém apostava nele, mas agora está espetacular. Por isso o escolhi para o jantar”, diz Philippe Rothschild. Com a sobremesa, sorbet de vinho tinto, Sauternes do grupo, Château Rieussec 2007.

 

O vinho 

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Château Lafite Rothschild é um dos vinhos mais admirados e caros do mundo. Está no topo da classificação de Bordeaux – Premier Cru –, com Château Mouton-Rothschild, Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Latour. Mas Lafite e Mouton são os únicos ainda nas mãos das famílias originais, os demais foram vendidos.

  Foto: Château Lafite

Elegante, complexo, aveludado, potente e longevo, o Lafite Rothschild é um Cabernet Sauvignon com porcentagens variáveis de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês clássico), maturado 20 meses em barril de carvalho. Manteve a finesse ao longo dos tempos, apesar de ter enfrentado tempestades devastadoras, philoxera e a ocupação nazista no château, na guerra.

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O Rothschild ‘brasileiro’

De certa forma, Philippe Nicolay de Rothschild seguiu os passos de Mayer Amschel Rotschild, banqueiro judeu influente do Império Austro-Húngaro, que espalhou seus cinco filhos pelo mundo para gerenciar sucursais pelas capitais europeias – entre eles James, que fundou o ramo francês da família e comprou a vinícola.

Philippe Nicolay de Rothschild Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Barão nascido em Paris, em 1955 (ele é primo de Éric, que acaba de passar o comando da DBR), Philippe tem paixão pelo canto, que aprendeu com Liza Minelli, em 1973 tomou seu primeiro gole de Lafite aos 11 anos, oferecido pelo pai. Trabalhou no banco da família até 2007, quando na tentativa de abrir novos mercados veio ao Brasil, País por que já tinha se apaixonado nas férias. “O País estava over banked, mas havia espaço para vender nossos vinhos”, diz. “Quando vi o lucro dos importadores aqui, resolvi abrir minha própria importadora, a PNR”, conta. Além de lançar um clube de vinhos, o Magnum. Trouxe os vinhos da família, casou-se com brasileira, construiu casa em Trancoso e diz que não sai daqui nunca mais.

De Bordeaux 

A Família Rothschild está comemorando 150 anos da posse do Château Lafite com novidades de peso, entre elas a transferência de comando para a nova geração. A jovem Saskia, de 31 anos, acaba de assumir os Domínios Barões de Rothschild, um império que inclui o Lafite e outras sete vinícolas em três continentes e 1.200 hectares de vinhedos pelo mundo.

Jornalista formada em Columbia e ex-correspondente do jornal The New York Times em Paris e na África, Saskia é filha do barão Éric de Rothschild, que comandou as vinícolas por 44 anos e foi o grande responsável pela expansão. Mais jovem herdeira a assumir um dos icônicos cinco Premiers Crus, a mais alta classificação vinícola de Bordeaux, ela vinha sendo treinada pelo pai. 

Vista. O icônico château Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Entre suas primeiras tarefas está o lançamento, no ano que vem, do vinho que está sendo produzido pela empresa no leste da China – será um corte ainda não definido de Cabernet Sauvignon e Merlot, cujo nome está sendo mantido em sigilo. O grupo tem ainda mais uma mudança de porte recente: a contratação, há dois meses, de um novo CEO, Jean-Guillaume Prats, ex-CEO do grupo LVMH. 

Além de uma festa, que reuniu no Château mais de 300 convidados no dia 12 de junho, a família está promovendo uma série de pequenos jantares comemorativos para convidados de diferentes partes do mundo – vários ramos da família têm participação nos Domínios Barões de Rothschild que incluem o Châteaux Rieussec, L’Evangile e Duhart-Milon. Eles possuem também Domaine D’Aussières no Languedoc, Viña Los Vascos no Chile e uma joint-venture na Argentina, a Bodegas Caro. E foi a convite do Barão Philippe Nicolay de Rothschild (leia abaixo) que Paladar participou de um desses jantares, na terça-feira 19 de junho, no Château Lafite, em Pauillac. 

A noite começou com uma visita conduzida por Jean-Guillaume Prats à mítica vinícola, instalada num lugar idílico no Médoc, em meio a 112 hectares de vinhedos de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, as cepas clássicas de Bordeaux, que começaram a ser plantadas na propriedade em 1670 e já tinham enorme prestígio quando o Lafite foi comprado pelo Barão James de Rothschild, em 1868, oito gerações atrás, e passou a se chamar Château Lafite Rothschild. 

Tradição. Cubas de madeira com sistema de controle de temperatura são usadas desde 1970. Todas as barricas são feitas na tanoaria Lafite. Esta é a maior adega de cubas de madeira de Bordeaux Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O ponto alto da visita guiada foi a adega circular, projetada pelo arquiteto catalão Ricardo Bofill e inaugurada em 1988. A arquitetura deixa as barricas mais próximas e permite mexer (rolar) menos para a lavagem. O projeto foi copiado por vinícolas no mundo todo.

Luz de velas, grandes tintos e Sauternes 

Só se entra na sala de jantar do Château Lafite com um membro da família. É a regra. O ambiente, decorado com retratos de integrantes do clã, não tem energia elétrica, é iluminado à luz de velas. Depois dos aperitivos, com Champagne DBR ao ar livre (e foie gras), o jantar teve Château Duhart-Milon 2008 (de Pauillac) para acompanhar um folhado com ovos ao molho de cogumelo e mostarda (foto). Com o filet boeuf com molho de pimenta, foi servido o Château Lafite 1995, suave e feminino. “Safras com final 5 sempre dão vinhos Lafite femininos”, diz Prats.

Jantar à luz de velas Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O Lafite 1986, oferecido em seguida, é considerado azarão: começou a “abrir”, quer dizer, exibir seu bouquet complexo e sabor, só no ano passado, aos 32 anos de idade. “Ninguém apostava nele, mas agora está espetacular. Por isso o escolhi para o jantar”, diz Philippe Rothschild. Com a sobremesa, sorbet de vinho tinto, Sauternes do grupo, Château Rieussec 2007.

 

O vinho 

Château Lafite Rothschild é um dos vinhos mais admirados e caros do mundo. Está no topo da classificação de Bordeaux – Premier Cru –, com Château Mouton-Rothschild, Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Latour. Mas Lafite e Mouton são os únicos ainda nas mãos das famílias originais, os demais foram vendidos.

  Foto: Château Lafite

Elegante, complexo, aveludado, potente e longevo, o Lafite Rothschild é um Cabernet Sauvignon com porcentagens variáveis de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês clássico), maturado 20 meses em barril de carvalho. Manteve a finesse ao longo dos tempos, apesar de ter enfrentado tempestades devastadoras, philoxera e a ocupação nazista no château, na guerra.

 

O Rothschild ‘brasileiro’

De certa forma, Philippe Nicolay de Rothschild seguiu os passos de Mayer Amschel Rotschild, banqueiro judeu influente do Império Austro-Húngaro, que espalhou seus cinco filhos pelo mundo para gerenciar sucursais pelas capitais europeias – entre eles James, que fundou o ramo francês da família e comprou a vinícola.

Philippe Nicolay de Rothschild Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Barão nascido em Paris, em 1955 (ele é primo de Éric, que acaba de passar o comando da DBR), Philippe tem paixão pelo canto, que aprendeu com Liza Minelli, em 1973 tomou seu primeiro gole de Lafite aos 11 anos, oferecido pelo pai. Trabalhou no banco da família até 2007, quando na tentativa de abrir novos mercados veio ao Brasil, País por que já tinha se apaixonado nas férias. “O País estava over banked, mas havia espaço para vender nossos vinhos”, diz. “Quando vi o lucro dos importadores aqui, resolvi abrir minha própria importadora, a PNR”, conta. Além de lançar um clube de vinhos, o Magnum. Trouxe os vinhos da família, casou-se com brasileira, construiu casa em Trancoso e diz que não sai daqui nunca mais.

De Bordeaux 

A Família Rothschild está comemorando 150 anos da posse do Château Lafite com novidades de peso, entre elas a transferência de comando para a nova geração. A jovem Saskia, de 31 anos, acaba de assumir os Domínios Barões de Rothschild, um império que inclui o Lafite e outras sete vinícolas em três continentes e 1.200 hectares de vinhedos pelo mundo.

Jornalista formada em Columbia e ex-correspondente do jornal The New York Times em Paris e na África, Saskia é filha do barão Éric de Rothschild, que comandou as vinícolas por 44 anos e foi o grande responsável pela expansão. Mais jovem herdeira a assumir um dos icônicos cinco Premiers Crus, a mais alta classificação vinícola de Bordeaux, ela vinha sendo treinada pelo pai. 

Vista. O icônico château Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Entre suas primeiras tarefas está o lançamento, no ano que vem, do vinho que está sendo produzido pela empresa no leste da China – será um corte ainda não definido de Cabernet Sauvignon e Merlot, cujo nome está sendo mantido em sigilo. O grupo tem ainda mais uma mudança de porte recente: a contratação, há dois meses, de um novo CEO, Jean-Guillaume Prats, ex-CEO do grupo LVMH. 

Além de uma festa, que reuniu no Château mais de 300 convidados no dia 12 de junho, a família está promovendo uma série de pequenos jantares comemorativos para convidados de diferentes partes do mundo – vários ramos da família têm participação nos Domínios Barões de Rothschild que incluem o Châteaux Rieussec, L’Evangile e Duhart-Milon. Eles possuem também Domaine D’Aussières no Languedoc, Viña Los Vascos no Chile e uma joint-venture na Argentina, a Bodegas Caro. E foi a convite do Barão Philippe Nicolay de Rothschild (leia abaixo) que Paladar participou de um desses jantares, na terça-feira 19 de junho, no Château Lafite, em Pauillac. 

A noite começou com uma visita conduzida por Jean-Guillaume Prats à mítica vinícola, instalada num lugar idílico no Médoc, em meio a 112 hectares de vinhedos de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, as cepas clássicas de Bordeaux, que começaram a ser plantadas na propriedade em 1670 e já tinham enorme prestígio quando o Lafite foi comprado pelo Barão James de Rothschild, em 1868, oito gerações atrás, e passou a se chamar Château Lafite Rothschild. 

Tradição. Cubas de madeira com sistema de controle de temperatura são usadas desde 1970. Todas as barricas são feitas na tanoaria Lafite. Esta é a maior adega de cubas de madeira de Bordeaux Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O ponto alto da visita guiada foi a adega circular, projetada pelo arquiteto catalão Ricardo Bofill e inaugurada em 1988. A arquitetura deixa as barricas mais próximas e permite mexer (rolar) menos para a lavagem. O projeto foi copiado por vinícolas no mundo todo.

Luz de velas, grandes tintos e Sauternes 

Só se entra na sala de jantar do Château Lafite com um membro da família. É a regra. O ambiente, decorado com retratos de integrantes do clã, não tem energia elétrica, é iluminado à luz de velas. Depois dos aperitivos, com Champagne DBR ao ar livre (e foie gras), o jantar teve Château Duhart-Milon 2008 (de Pauillac) para acompanhar um folhado com ovos ao molho de cogumelo e mostarda (foto). Com o filet boeuf com molho de pimenta, foi servido o Château Lafite 1995, suave e feminino. “Safras com final 5 sempre dão vinhos Lafite femininos”, diz Prats.

Jantar à luz de velas Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O Lafite 1986, oferecido em seguida, é considerado azarão: começou a “abrir”, quer dizer, exibir seu bouquet complexo e sabor, só no ano passado, aos 32 anos de idade. “Ninguém apostava nele, mas agora está espetacular. Por isso o escolhi para o jantar”, diz Philippe Rothschild. Com a sobremesa, sorbet de vinho tinto, Sauternes do grupo, Château Rieussec 2007.

 

O vinho 

Château Lafite Rothschild é um dos vinhos mais admirados e caros do mundo. Está no topo da classificação de Bordeaux – Premier Cru –, com Château Mouton-Rothschild, Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Latour. Mas Lafite e Mouton são os únicos ainda nas mãos das famílias originais, os demais foram vendidos.

  Foto: Château Lafite

Elegante, complexo, aveludado, potente e longevo, o Lafite Rothschild é um Cabernet Sauvignon com porcentagens variáveis de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês clássico), maturado 20 meses em barril de carvalho. Manteve a finesse ao longo dos tempos, apesar de ter enfrentado tempestades devastadoras, philoxera e a ocupação nazista no château, na guerra.

 

O Rothschild ‘brasileiro’

De certa forma, Philippe Nicolay de Rothschild seguiu os passos de Mayer Amschel Rotschild, banqueiro judeu influente do Império Austro-Húngaro, que espalhou seus cinco filhos pelo mundo para gerenciar sucursais pelas capitais europeias – entre eles James, que fundou o ramo francês da família e comprou a vinícola.

Philippe Nicolay de Rothschild Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Barão nascido em Paris, em 1955 (ele é primo de Éric, que acaba de passar o comando da DBR), Philippe tem paixão pelo canto, que aprendeu com Liza Minelli, em 1973 tomou seu primeiro gole de Lafite aos 11 anos, oferecido pelo pai. Trabalhou no banco da família até 2007, quando na tentativa de abrir novos mercados veio ao Brasil, País por que já tinha se apaixonado nas férias. “O País estava over banked, mas havia espaço para vender nossos vinhos”, diz. “Quando vi o lucro dos importadores aqui, resolvi abrir minha própria importadora, a PNR”, conta. Além de lançar um clube de vinhos, o Magnum. Trouxe os vinhos da família, casou-se com brasileira, construiu casa em Trancoso e diz que não sai daqui nunca mais.

De Bordeaux 

A Família Rothschild está comemorando 150 anos da posse do Château Lafite com novidades de peso, entre elas a transferência de comando para a nova geração. A jovem Saskia, de 31 anos, acaba de assumir os Domínios Barões de Rothschild, um império que inclui o Lafite e outras sete vinícolas em três continentes e 1.200 hectares de vinhedos pelo mundo.

Jornalista formada em Columbia e ex-correspondente do jornal The New York Times em Paris e na África, Saskia é filha do barão Éric de Rothschild, que comandou as vinícolas por 44 anos e foi o grande responsável pela expansão. Mais jovem herdeira a assumir um dos icônicos cinco Premiers Crus, a mais alta classificação vinícola de Bordeaux, ela vinha sendo treinada pelo pai. 

Vista. O icônico château Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Entre suas primeiras tarefas está o lançamento, no ano que vem, do vinho que está sendo produzido pela empresa no leste da China – será um corte ainda não definido de Cabernet Sauvignon e Merlot, cujo nome está sendo mantido em sigilo. O grupo tem ainda mais uma mudança de porte recente: a contratação, há dois meses, de um novo CEO, Jean-Guillaume Prats, ex-CEO do grupo LVMH. 

Além de uma festa, que reuniu no Château mais de 300 convidados no dia 12 de junho, a família está promovendo uma série de pequenos jantares comemorativos para convidados de diferentes partes do mundo – vários ramos da família têm participação nos Domínios Barões de Rothschild que incluem o Châteaux Rieussec, L’Evangile e Duhart-Milon. Eles possuem também Domaine D’Aussières no Languedoc, Viña Los Vascos no Chile e uma joint-venture na Argentina, a Bodegas Caro. E foi a convite do Barão Philippe Nicolay de Rothschild (leia abaixo) que Paladar participou de um desses jantares, na terça-feira 19 de junho, no Château Lafite, em Pauillac. 

A noite começou com uma visita conduzida por Jean-Guillaume Prats à mítica vinícola, instalada num lugar idílico no Médoc, em meio a 112 hectares de vinhedos de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, as cepas clássicas de Bordeaux, que começaram a ser plantadas na propriedade em 1670 e já tinham enorme prestígio quando o Lafite foi comprado pelo Barão James de Rothschild, em 1868, oito gerações atrás, e passou a se chamar Château Lafite Rothschild. 

Tradição. Cubas de madeira com sistema de controle de temperatura são usadas desde 1970. Todas as barricas são feitas na tanoaria Lafite. Esta é a maior adega de cubas de madeira de Bordeaux Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O ponto alto da visita guiada foi a adega circular, projetada pelo arquiteto catalão Ricardo Bofill e inaugurada em 1988. A arquitetura deixa as barricas mais próximas e permite mexer (rolar) menos para a lavagem. O projeto foi copiado por vinícolas no mundo todo.

Luz de velas, grandes tintos e Sauternes 

Só se entra na sala de jantar do Château Lafite com um membro da família. É a regra. O ambiente, decorado com retratos de integrantes do clã, não tem energia elétrica, é iluminado à luz de velas. Depois dos aperitivos, com Champagne DBR ao ar livre (e foie gras), o jantar teve Château Duhart-Milon 2008 (de Pauillac) para acompanhar um folhado com ovos ao molho de cogumelo e mostarda (foto). Com o filet boeuf com molho de pimenta, foi servido o Château Lafite 1995, suave e feminino. “Safras com final 5 sempre dão vinhos Lafite femininos”, diz Prats.

Jantar à luz de velas Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O Lafite 1986, oferecido em seguida, é considerado azarão: começou a “abrir”, quer dizer, exibir seu bouquet complexo e sabor, só no ano passado, aos 32 anos de idade. “Ninguém apostava nele, mas agora está espetacular. Por isso o escolhi para o jantar”, diz Philippe Rothschild. Com a sobremesa, sorbet de vinho tinto, Sauternes do grupo, Château Rieussec 2007.

 

O vinho 

Château Lafite Rothschild é um dos vinhos mais admirados e caros do mundo. Está no topo da classificação de Bordeaux – Premier Cru –, com Château Mouton-Rothschild, Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Latour. Mas Lafite e Mouton são os únicos ainda nas mãos das famílias originais, os demais foram vendidos.

  Foto: Château Lafite

Elegante, complexo, aveludado, potente e longevo, o Lafite Rothschild é um Cabernet Sauvignon com porcentagens variáveis de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês clássico), maturado 20 meses em barril de carvalho. Manteve a finesse ao longo dos tempos, apesar de ter enfrentado tempestades devastadoras, philoxera e a ocupação nazista no château, na guerra.

 

O Rothschild ‘brasileiro’

De certa forma, Philippe Nicolay de Rothschild seguiu os passos de Mayer Amschel Rotschild, banqueiro judeu influente do Império Austro-Húngaro, que espalhou seus cinco filhos pelo mundo para gerenciar sucursais pelas capitais europeias – entre eles James, que fundou o ramo francês da família e comprou a vinícola.

Philippe Nicolay de Rothschild Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Barão nascido em Paris, em 1955 (ele é primo de Éric, que acaba de passar o comando da DBR), Philippe tem paixão pelo canto, que aprendeu com Liza Minelli, em 1973 tomou seu primeiro gole de Lafite aos 11 anos, oferecido pelo pai. Trabalhou no banco da família até 2007, quando na tentativa de abrir novos mercados veio ao Brasil, País por que já tinha se apaixonado nas férias. “O País estava over banked, mas havia espaço para vender nossos vinhos”, diz. “Quando vi o lucro dos importadores aqui, resolvi abrir minha própria importadora, a PNR”, conta. Além de lançar um clube de vinhos, o Magnum. Trouxe os vinhos da família, casou-se com brasileira, construiu casa em Trancoso e diz que não sai daqui nunca mais.

De Bordeaux 

A Família Rothschild está comemorando 150 anos da posse do Château Lafite com novidades de peso, entre elas a transferência de comando para a nova geração. A jovem Saskia, de 31 anos, acaba de assumir os Domínios Barões de Rothschild, um império que inclui o Lafite e outras sete vinícolas em três continentes e 1.200 hectares de vinhedos pelo mundo.

Jornalista formada em Columbia e ex-correspondente do jornal The New York Times em Paris e na África, Saskia é filha do barão Éric de Rothschild, que comandou as vinícolas por 44 anos e foi o grande responsável pela expansão. Mais jovem herdeira a assumir um dos icônicos cinco Premiers Crus, a mais alta classificação vinícola de Bordeaux, ela vinha sendo treinada pelo pai. 

Vista. O icônico château Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Entre suas primeiras tarefas está o lançamento, no ano que vem, do vinho que está sendo produzido pela empresa no leste da China – será um corte ainda não definido de Cabernet Sauvignon e Merlot, cujo nome está sendo mantido em sigilo. O grupo tem ainda mais uma mudança de porte recente: a contratação, há dois meses, de um novo CEO, Jean-Guillaume Prats, ex-CEO do grupo LVMH. 

Além de uma festa, que reuniu no Château mais de 300 convidados no dia 12 de junho, a família está promovendo uma série de pequenos jantares comemorativos para convidados de diferentes partes do mundo – vários ramos da família têm participação nos Domínios Barões de Rothschild que incluem o Châteaux Rieussec, L’Evangile e Duhart-Milon. Eles possuem também Domaine D’Aussières no Languedoc, Viña Los Vascos no Chile e uma joint-venture na Argentina, a Bodegas Caro. E foi a convite do Barão Philippe Nicolay de Rothschild (leia abaixo) que Paladar participou de um desses jantares, na terça-feira 19 de junho, no Château Lafite, em Pauillac. 

A noite começou com uma visita conduzida por Jean-Guillaume Prats à mítica vinícola, instalada num lugar idílico no Médoc, em meio a 112 hectares de vinhedos de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, as cepas clássicas de Bordeaux, que começaram a ser plantadas na propriedade em 1670 e já tinham enorme prestígio quando o Lafite foi comprado pelo Barão James de Rothschild, em 1868, oito gerações atrás, e passou a se chamar Château Lafite Rothschild. 

Tradição. Cubas de madeira com sistema de controle de temperatura são usadas desde 1970. Todas as barricas são feitas na tanoaria Lafite. Esta é a maior adega de cubas de madeira de Bordeaux Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O ponto alto da visita guiada foi a adega circular, projetada pelo arquiteto catalão Ricardo Bofill e inaugurada em 1988. A arquitetura deixa as barricas mais próximas e permite mexer (rolar) menos para a lavagem. O projeto foi copiado por vinícolas no mundo todo.

Luz de velas, grandes tintos e Sauternes 

Só se entra na sala de jantar do Château Lafite com um membro da família. É a regra. O ambiente, decorado com retratos de integrantes do clã, não tem energia elétrica, é iluminado à luz de velas. Depois dos aperitivos, com Champagne DBR ao ar livre (e foie gras), o jantar teve Château Duhart-Milon 2008 (de Pauillac) para acompanhar um folhado com ovos ao molho de cogumelo e mostarda (foto). Com o filet boeuf com molho de pimenta, foi servido o Château Lafite 1995, suave e feminino. “Safras com final 5 sempre dão vinhos Lafite femininos”, diz Prats.

Jantar à luz de velas Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

O Lafite 1986, oferecido em seguida, é considerado azarão: começou a “abrir”, quer dizer, exibir seu bouquet complexo e sabor, só no ano passado, aos 32 anos de idade. “Ninguém apostava nele, mas agora está espetacular. Por isso o escolhi para o jantar”, diz Philippe Rothschild. Com a sobremesa, sorbet de vinho tinto, Sauternes do grupo, Château Rieussec 2007.

 

O vinho 

Château Lafite Rothschild é um dos vinhos mais admirados e caros do mundo. Está no topo da classificação de Bordeaux – Premier Cru –, com Château Mouton-Rothschild, Château Haut-Brion, Château Margaux e Château Latour. Mas Lafite e Mouton são os únicos ainda nas mãos das famílias originais, os demais foram vendidos.

  Foto: Château Lafite

Elegante, complexo, aveludado, potente e longevo, o Lafite Rothschild é um Cabernet Sauvignon com porcentagens variáveis de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês clássico), maturado 20 meses em barril de carvalho. Manteve a finesse ao longo dos tempos, apesar de ter enfrentado tempestades devastadoras, philoxera e a ocupação nazista no château, na guerra.

 

O Rothschild ‘brasileiro’

De certa forma, Philippe Nicolay de Rothschild seguiu os passos de Mayer Amschel Rotschild, banqueiro judeu influente do Império Austro-Húngaro, que espalhou seus cinco filhos pelo mundo para gerenciar sucursais pelas capitais europeias – entre eles James, que fundou o ramo francês da família e comprou a vinícola.

Philippe Nicolay de Rothschild Foto: Patrícia Ferraz|Estadão

Barão nascido em Paris, em 1955 (ele é primo de Éric, que acaba de passar o comando da DBR), Philippe tem paixão pelo canto, que aprendeu com Liza Minelli, em 1973 tomou seu primeiro gole de Lafite aos 11 anos, oferecido pelo pai. Trabalhou no banco da família até 2007, quando na tentativa de abrir novos mercados veio ao Brasil, País por que já tinha se apaixonado nas férias. “O País estava over banked, mas havia espaço para vender nossos vinhos”, diz. “Quando vi o lucro dos importadores aqui, resolvi abrir minha própria importadora, a PNR”, conta. Além de lançar um clube de vinhos, o Magnum. Trouxe os vinhos da família, casou-se com brasileira, construiu casa em Trancoso e diz que não sai daqui nunca mais.

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