Dia do Bartender: conheça três profissionais que mudaram o jeito brasileiro de beber


A história por trás do Rabo de Galo com café, do Moscow Mule com espuma de gengibre e do Macunaíma

Por Giulia Howard

Nem precisa ser fã de uma boa birita para reconhecer que o bartender é um artista. Não é tarefa fácil, mas quando um desses profissionais mistura em sua paleta a dose perfeita de destilados, frutas, bebidas fermentadas, cervejas e os “temperinhos” chamados de bitters, eles criam obras de arte dignas de serem apreciadas.

Neste Dia do Bartender (04/10), conheça a história de três profissionais que revolucionaram a sua maneira de beber. Descubra como o Rabo de Galo ganhou um toque ainda mais brasileiro para além da cachaça e do limão, como o Moscow Mule original ficou ainda melhor depois da metamorfose proporcionada por uma espuma de gengibre e como o “herói sem nenhum caráter” de Mário de Andrade, Macunaíma, saiu das páginas e caiu direto no copo.

“O Rabo de Galo Carijó é o drink que conta a minha história”

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Chris Carijó Foto: Leo Martins

Christopher Carijó misturou seu amor por cachaça, café e pelo avô materno em um copo americano. No início de sua vida, ele trabalhava na feira com seu tio e se deliciava com as muitas laranjas que surrupiava da barraca. Pouco depois desse período, numa idade ainda inferior à legalmente aceita, ele molhou o bico (com o perdão do trocadilho) em seu primeiro Rabo de Galo. Uma década depois, as mesmas laranjas que marcaram sua infância trariam aroma a seu drinque autoral.

“Aos 10 anos de idade, mais ou menos, fui com meu avô na padaria onde ele adorava jogar caça-níquel, e ele me ofereceu um Rabo de Galo para eu não contar para a minha avó sobre sua jogatina. A partir de então, esse drinque ficou no meu subconsciente”, conta.

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Quando estava a três meses de completar dezoito anos, entrou em um curso de coquetelaria gratuito com enfoque em café. Foi aí que o grão queridinho do Brasil entrou para a vida do futuro barman.

Quanto à cachaça, apesar de seu avô sempre ter bebido bastante, Carijó ainda não tinha pegado gosto pela coisa. Até que seu mestre de torras lhe apresentou a cachaça. Depois de recusar por não gostar desse tipo de destilado, decidiu experimentar e, para sua surpresa, seu amor pela água que passarinho não bebe nasceu e cresceu. “Foi amor ao primeiro gole. Guardei a garrafinha da cachaça, e essa foi a primeira da coleção de 440 rótulos que tenho hoje”.

Então, para trazer à tona a “nostalgia do boteco”, ele misturou cachaça, cynar, vermute tinto, infusão de café e laranja bahia, criando o Rabo de Galo Carijó, que tem tudo a ver com ele, juntando seus amores em um drinque que apresenta a sua história de vida e ainda carrega o seu sobrenome.

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Moscow Mule: o drinque estrangeiro que se naturalizou brasileiro

Marcelo Serrano com seu Moscow Mule Foto: Marcelo Serrano/Divulgação

Quando Marcelo Serrano morava em Londres, provou pela primeira vez o Moscow Mule original, com vodca, limão e ginger beer (refrigerante de gengibre). Em 2010, de volta ao Brasil, o bartender planejou a carta de drinques do My New York Bar, um dos primeiros bares speakeasy do país, e, para combinar com o calor brasileiro, resolveu incluir o Moscow Mule no cardápio.

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No entanto, ele não tinha nem refrigerante de gengibre, nem caneca de cobre. Então, Serrano teve a ideia de substituir a bebida por uma espuma cremosa e leve que revolucionou o jeito de beber Moscow Mule. Após muitas buscas na internet, ele encontrou um copo de cobre que dava para usar e, então, o drinque se adaptou às terras brasileiras, com equilíbrio entre doce, cítrico e picante.

“Atualmente, as pessoas pensam que o Moscow Mule original é com espuma, o que fez e continua fazendo muita diferença no mercado brasileiro. Tudo isso, foi feito despretensiosamente, apenas tentando trazer uma bebida diferente. Entretanto, a versão ganhou uma proporção tão grande que hoje em dia todo mundo faz Moscow Mule com a espuma”, conta o bartender.

Serrano também brinca que, no início, ele gostava de deixar a sua receita em segredo, mas, ao perceber que as pessoas replicavam seu drinque dando crédito a ele, foi vendo essa imitação com um elogio. Para ele, é muito gratificante ver que as pessoas continuam fazendo o Moscow Mule a seu modo.

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“A gratificação de ser marcado nas redes e reconhecido é o prêmio que eu ganho, ter certeza de que contribuí com a história da coquetelaria. Não podemos esquecer que estamos levando o nome do nosso país para o mundo. O Moscow Mule hoje em dia é brasileiro e o mundo sabe disso”, completa.

Macunaíma: o drinque que quase teve tudo a ver com a Copa de 2014

Macunaíma, drinque clássico do Boca de Ouro Foto: Danilo Rodrigues/Divulgação
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Em 2013, o Boca de Ouro foi inaugurado com o foco de vender cervejas, acima de qualquer coisa. Cerca de seis meses após a abertura, o bartender Arnaldo Hirai se aproveitou do ambiente ainda com pouco movimento para criar um dos drinques mais brasileiros da atualidade: o Macunaíma.

Na busca por algo original e tendo a escassez da variedade de bebidas como obstáculo, Hirai decidiu inovar, evitando as misturas com gim ou uísque e optou pela cachaça como destilado principal de seu novo drinque. Buscando ingredientes simples que “quase qualquer bar tem”, o bartender uniu cachaça e Fernet brancas, suco de limão e xarope de açúcar, testando diferentes proporções, até que o drinque nasceu.

Receita pronta, chegou a hora de nomear a bebida. Enquanto procurava um nome brasileiro tão icônico quanto a cachaça que era a base do drinque, o pessoal do Boca de Ouro o apelidou de “caxirola”, uma espécie de chocalho criado por Carlinhos Brown para ser o instrumento oficial da Copa do Mundo de 2014.

Mas o apelido interno não se oficializou e Hirai buscou o nome na literatura brasileira, já muito presente dos nomes de drinques do bar, e elegeu “Macunaíma” como a personagem campeã.

O reconhecimento nacional do drinque é o que mais alegra o bartender. “Eu jamais imaginaria essa popularização. O tempo todo alguém me manda uma foto do cardápio e o Macunaíma está lá, no Pará, no Sul, em todo lugar. E pessoas de todos os estados vêm aqui experimentar. Essa parte é a mais legal”.

Nem precisa ser fã de uma boa birita para reconhecer que o bartender é um artista. Não é tarefa fácil, mas quando um desses profissionais mistura em sua paleta a dose perfeita de destilados, frutas, bebidas fermentadas, cervejas e os “temperinhos” chamados de bitters, eles criam obras de arte dignas de serem apreciadas.

Neste Dia do Bartender (04/10), conheça a história de três profissionais que revolucionaram a sua maneira de beber. Descubra como o Rabo de Galo ganhou um toque ainda mais brasileiro para além da cachaça e do limão, como o Moscow Mule original ficou ainda melhor depois da metamorfose proporcionada por uma espuma de gengibre e como o “herói sem nenhum caráter” de Mário de Andrade, Macunaíma, saiu das páginas e caiu direto no copo.

“O Rabo de Galo Carijó é o drink que conta a minha história”

Chris Carijó Foto: Leo Martins

Christopher Carijó misturou seu amor por cachaça, café e pelo avô materno em um copo americano. No início de sua vida, ele trabalhava na feira com seu tio e se deliciava com as muitas laranjas que surrupiava da barraca. Pouco depois desse período, numa idade ainda inferior à legalmente aceita, ele molhou o bico (com o perdão do trocadilho) em seu primeiro Rabo de Galo. Uma década depois, as mesmas laranjas que marcaram sua infância trariam aroma a seu drinque autoral.

“Aos 10 anos de idade, mais ou menos, fui com meu avô na padaria onde ele adorava jogar caça-níquel, e ele me ofereceu um Rabo de Galo para eu não contar para a minha avó sobre sua jogatina. A partir de então, esse drinque ficou no meu subconsciente”, conta.

Quando estava a três meses de completar dezoito anos, entrou em um curso de coquetelaria gratuito com enfoque em café. Foi aí que o grão queridinho do Brasil entrou para a vida do futuro barman.

Quanto à cachaça, apesar de seu avô sempre ter bebido bastante, Carijó ainda não tinha pegado gosto pela coisa. Até que seu mestre de torras lhe apresentou a cachaça. Depois de recusar por não gostar desse tipo de destilado, decidiu experimentar e, para sua surpresa, seu amor pela água que passarinho não bebe nasceu e cresceu. “Foi amor ao primeiro gole. Guardei a garrafinha da cachaça, e essa foi a primeira da coleção de 440 rótulos que tenho hoje”.

Então, para trazer à tona a “nostalgia do boteco”, ele misturou cachaça, cynar, vermute tinto, infusão de café e laranja bahia, criando o Rabo de Galo Carijó, que tem tudo a ver com ele, juntando seus amores em um drinque que apresenta a sua história de vida e ainda carrega o seu sobrenome.

Moscow Mule: o drinque estrangeiro que se naturalizou brasileiro

Marcelo Serrano com seu Moscow Mule Foto: Marcelo Serrano/Divulgação

Quando Marcelo Serrano morava em Londres, provou pela primeira vez o Moscow Mule original, com vodca, limão e ginger beer (refrigerante de gengibre). Em 2010, de volta ao Brasil, o bartender planejou a carta de drinques do My New York Bar, um dos primeiros bares speakeasy do país, e, para combinar com o calor brasileiro, resolveu incluir o Moscow Mule no cardápio.

No entanto, ele não tinha nem refrigerante de gengibre, nem caneca de cobre. Então, Serrano teve a ideia de substituir a bebida por uma espuma cremosa e leve que revolucionou o jeito de beber Moscow Mule. Após muitas buscas na internet, ele encontrou um copo de cobre que dava para usar e, então, o drinque se adaptou às terras brasileiras, com equilíbrio entre doce, cítrico e picante.

“Atualmente, as pessoas pensam que o Moscow Mule original é com espuma, o que fez e continua fazendo muita diferença no mercado brasileiro. Tudo isso, foi feito despretensiosamente, apenas tentando trazer uma bebida diferente. Entretanto, a versão ganhou uma proporção tão grande que hoje em dia todo mundo faz Moscow Mule com a espuma”, conta o bartender.

Serrano também brinca que, no início, ele gostava de deixar a sua receita em segredo, mas, ao perceber que as pessoas replicavam seu drinque dando crédito a ele, foi vendo essa imitação com um elogio. Para ele, é muito gratificante ver que as pessoas continuam fazendo o Moscow Mule a seu modo.

“A gratificação de ser marcado nas redes e reconhecido é o prêmio que eu ganho, ter certeza de que contribuí com a história da coquetelaria. Não podemos esquecer que estamos levando o nome do nosso país para o mundo. O Moscow Mule hoje em dia é brasileiro e o mundo sabe disso”, completa.

Macunaíma: o drinque que quase teve tudo a ver com a Copa de 2014

Macunaíma, drinque clássico do Boca de Ouro Foto: Danilo Rodrigues/Divulgação

Em 2013, o Boca de Ouro foi inaugurado com o foco de vender cervejas, acima de qualquer coisa. Cerca de seis meses após a abertura, o bartender Arnaldo Hirai se aproveitou do ambiente ainda com pouco movimento para criar um dos drinques mais brasileiros da atualidade: o Macunaíma.

Na busca por algo original e tendo a escassez da variedade de bebidas como obstáculo, Hirai decidiu inovar, evitando as misturas com gim ou uísque e optou pela cachaça como destilado principal de seu novo drinque. Buscando ingredientes simples que “quase qualquer bar tem”, o bartender uniu cachaça e Fernet brancas, suco de limão e xarope de açúcar, testando diferentes proporções, até que o drinque nasceu.

Receita pronta, chegou a hora de nomear a bebida. Enquanto procurava um nome brasileiro tão icônico quanto a cachaça que era a base do drinque, o pessoal do Boca de Ouro o apelidou de “caxirola”, uma espécie de chocalho criado por Carlinhos Brown para ser o instrumento oficial da Copa do Mundo de 2014.

Mas o apelido interno não se oficializou e Hirai buscou o nome na literatura brasileira, já muito presente dos nomes de drinques do bar, e elegeu “Macunaíma” como a personagem campeã.

O reconhecimento nacional do drinque é o que mais alegra o bartender. “Eu jamais imaginaria essa popularização. O tempo todo alguém me manda uma foto do cardápio e o Macunaíma está lá, no Pará, no Sul, em todo lugar. E pessoas de todos os estados vêm aqui experimentar. Essa parte é a mais legal”.

Nem precisa ser fã de uma boa birita para reconhecer que o bartender é um artista. Não é tarefa fácil, mas quando um desses profissionais mistura em sua paleta a dose perfeita de destilados, frutas, bebidas fermentadas, cervejas e os “temperinhos” chamados de bitters, eles criam obras de arte dignas de serem apreciadas.

Neste Dia do Bartender (04/10), conheça a história de três profissionais que revolucionaram a sua maneira de beber. Descubra como o Rabo de Galo ganhou um toque ainda mais brasileiro para além da cachaça e do limão, como o Moscow Mule original ficou ainda melhor depois da metamorfose proporcionada por uma espuma de gengibre e como o “herói sem nenhum caráter” de Mário de Andrade, Macunaíma, saiu das páginas e caiu direto no copo.

“O Rabo de Galo Carijó é o drink que conta a minha história”

Chris Carijó Foto: Leo Martins

Christopher Carijó misturou seu amor por cachaça, café e pelo avô materno em um copo americano. No início de sua vida, ele trabalhava na feira com seu tio e se deliciava com as muitas laranjas que surrupiava da barraca. Pouco depois desse período, numa idade ainda inferior à legalmente aceita, ele molhou o bico (com o perdão do trocadilho) em seu primeiro Rabo de Galo. Uma década depois, as mesmas laranjas que marcaram sua infância trariam aroma a seu drinque autoral.

“Aos 10 anos de idade, mais ou menos, fui com meu avô na padaria onde ele adorava jogar caça-níquel, e ele me ofereceu um Rabo de Galo para eu não contar para a minha avó sobre sua jogatina. A partir de então, esse drinque ficou no meu subconsciente”, conta.

Quando estava a três meses de completar dezoito anos, entrou em um curso de coquetelaria gratuito com enfoque em café. Foi aí que o grão queridinho do Brasil entrou para a vida do futuro barman.

Quanto à cachaça, apesar de seu avô sempre ter bebido bastante, Carijó ainda não tinha pegado gosto pela coisa. Até que seu mestre de torras lhe apresentou a cachaça. Depois de recusar por não gostar desse tipo de destilado, decidiu experimentar e, para sua surpresa, seu amor pela água que passarinho não bebe nasceu e cresceu. “Foi amor ao primeiro gole. Guardei a garrafinha da cachaça, e essa foi a primeira da coleção de 440 rótulos que tenho hoje”.

Então, para trazer à tona a “nostalgia do boteco”, ele misturou cachaça, cynar, vermute tinto, infusão de café e laranja bahia, criando o Rabo de Galo Carijó, que tem tudo a ver com ele, juntando seus amores em um drinque que apresenta a sua história de vida e ainda carrega o seu sobrenome.

Moscow Mule: o drinque estrangeiro que se naturalizou brasileiro

Marcelo Serrano com seu Moscow Mule Foto: Marcelo Serrano/Divulgação

Quando Marcelo Serrano morava em Londres, provou pela primeira vez o Moscow Mule original, com vodca, limão e ginger beer (refrigerante de gengibre). Em 2010, de volta ao Brasil, o bartender planejou a carta de drinques do My New York Bar, um dos primeiros bares speakeasy do país, e, para combinar com o calor brasileiro, resolveu incluir o Moscow Mule no cardápio.

No entanto, ele não tinha nem refrigerante de gengibre, nem caneca de cobre. Então, Serrano teve a ideia de substituir a bebida por uma espuma cremosa e leve que revolucionou o jeito de beber Moscow Mule. Após muitas buscas na internet, ele encontrou um copo de cobre que dava para usar e, então, o drinque se adaptou às terras brasileiras, com equilíbrio entre doce, cítrico e picante.

“Atualmente, as pessoas pensam que o Moscow Mule original é com espuma, o que fez e continua fazendo muita diferença no mercado brasileiro. Tudo isso, foi feito despretensiosamente, apenas tentando trazer uma bebida diferente. Entretanto, a versão ganhou uma proporção tão grande que hoje em dia todo mundo faz Moscow Mule com a espuma”, conta o bartender.

Serrano também brinca que, no início, ele gostava de deixar a sua receita em segredo, mas, ao perceber que as pessoas replicavam seu drinque dando crédito a ele, foi vendo essa imitação com um elogio. Para ele, é muito gratificante ver que as pessoas continuam fazendo o Moscow Mule a seu modo.

“A gratificação de ser marcado nas redes e reconhecido é o prêmio que eu ganho, ter certeza de que contribuí com a história da coquetelaria. Não podemos esquecer que estamos levando o nome do nosso país para o mundo. O Moscow Mule hoje em dia é brasileiro e o mundo sabe disso”, completa.

Macunaíma: o drinque que quase teve tudo a ver com a Copa de 2014

Macunaíma, drinque clássico do Boca de Ouro Foto: Danilo Rodrigues/Divulgação

Em 2013, o Boca de Ouro foi inaugurado com o foco de vender cervejas, acima de qualquer coisa. Cerca de seis meses após a abertura, o bartender Arnaldo Hirai se aproveitou do ambiente ainda com pouco movimento para criar um dos drinques mais brasileiros da atualidade: o Macunaíma.

Na busca por algo original e tendo a escassez da variedade de bebidas como obstáculo, Hirai decidiu inovar, evitando as misturas com gim ou uísque e optou pela cachaça como destilado principal de seu novo drinque. Buscando ingredientes simples que “quase qualquer bar tem”, o bartender uniu cachaça e Fernet brancas, suco de limão e xarope de açúcar, testando diferentes proporções, até que o drinque nasceu.

Receita pronta, chegou a hora de nomear a bebida. Enquanto procurava um nome brasileiro tão icônico quanto a cachaça que era a base do drinque, o pessoal do Boca de Ouro o apelidou de “caxirola”, uma espécie de chocalho criado por Carlinhos Brown para ser o instrumento oficial da Copa do Mundo de 2014.

Mas o apelido interno não se oficializou e Hirai buscou o nome na literatura brasileira, já muito presente dos nomes de drinques do bar, e elegeu “Macunaíma” como a personagem campeã.

O reconhecimento nacional do drinque é o que mais alegra o bartender. “Eu jamais imaginaria essa popularização. O tempo todo alguém me manda uma foto do cardápio e o Macunaíma está lá, no Pará, no Sul, em todo lugar. E pessoas de todos os estados vêm aqui experimentar. Essa parte é a mais legal”.

Nem precisa ser fã de uma boa birita para reconhecer que o bartender é um artista. Não é tarefa fácil, mas quando um desses profissionais mistura em sua paleta a dose perfeita de destilados, frutas, bebidas fermentadas, cervejas e os “temperinhos” chamados de bitters, eles criam obras de arte dignas de serem apreciadas.

Neste Dia do Bartender (04/10), conheça a história de três profissionais que revolucionaram a sua maneira de beber. Descubra como o Rabo de Galo ganhou um toque ainda mais brasileiro para além da cachaça e do limão, como o Moscow Mule original ficou ainda melhor depois da metamorfose proporcionada por uma espuma de gengibre e como o “herói sem nenhum caráter” de Mário de Andrade, Macunaíma, saiu das páginas e caiu direto no copo.

“O Rabo de Galo Carijó é o drink que conta a minha história”

Chris Carijó Foto: Leo Martins

Christopher Carijó misturou seu amor por cachaça, café e pelo avô materno em um copo americano. No início de sua vida, ele trabalhava na feira com seu tio e se deliciava com as muitas laranjas que surrupiava da barraca. Pouco depois desse período, numa idade ainda inferior à legalmente aceita, ele molhou o bico (com o perdão do trocadilho) em seu primeiro Rabo de Galo. Uma década depois, as mesmas laranjas que marcaram sua infância trariam aroma a seu drinque autoral.

“Aos 10 anos de idade, mais ou menos, fui com meu avô na padaria onde ele adorava jogar caça-níquel, e ele me ofereceu um Rabo de Galo para eu não contar para a minha avó sobre sua jogatina. A partir de então, esse drinque ficou no meu subconsciente”, conta.

Quando estava a três meses de completar dezoito anos, entrou em um curso de coquetelaria gratuito com enfoque em café. Foi aí que o grão queridinho do Brasil entrou para a vida do futuro barman.

Quanto à cachaça, apesar de seu avô sempre ter bebido bastante, Carijó ainda não tinha pegado gosto pela coisa. Até que seu mestre de torras lhe apresentou a cachaça. Depois de recusar por não gostar desse tipo de destilado, decidiu experimentar e, para sua surpresa, seu amor pela água que passarinho não bebe nasceu e cresceu. “Foi amor ao primeiro gole. Guardei a garrafinha da cachaça, e essa foi a primeira da coleção de 440 rótulos que tenho hoje”.

Então, para trazer à tona a “nostalgia do boteco”, ele misturou cachaça, cynar, vermute tinto, infusão de café e laranja bahia, criando o Rabo de Galo Carijó, que tem tudo a ver com ele, juntando seus amores em um drinque que apresenta a sua história de vida e ainda carrega o seu sobrenome.

Moscow Mule: o drinque estrangeiro que se naturalizou brasileiro

Marcelo Serrano com seu Moscow Mule Foto: Marcelo Serrano/Divulgação

Quando Marcelo Serrano morava em Londres, provou pela primeira vez o Moscow Mule original, com vodca, limão e ginger beer (refrigerante de gengibre). Em 2010, de volta ao Brasil, o bartender planejou a carta de drinques do My New York Bar, um dos primeiros bares speakeasy do país, e, para combinar com o calor brasileiro, resolveu incluir o Moscow Mule no cardápio.

No entanto, ele não tinha nem refrigerante de gengibre, nem caneca de cobre. Então, Serrano teve a ideia de substituir a bebida por uma espuma cremosa e leve que revolucionou o jeito de beber Moscow Mule. Após muitas buscas na internet, ele encontrou um copo de cobre que dava para usar e, então, o drinque se adaptou às terras brasileiras, com equilíbrio entre doce, cítrico e picante.

“Atualmente, as pessoas pensam que o Moscow Mule original é com espuma, o que fez e continua fazendo muita diferença no mercado brasileiro. Tudo isso, foi feito despretensiosamente, apenas tentando trazer uma bebida diferente. Entretanto, a versão ganhou uma proporção tão grande que hoje em dia todo mundo faz Moscow Mule com a espuma”, conta o bartender.

Serrano também brinca que, no início, ele gostava de deixar a sua receita em segredo, mas, ao perceber que as pessoas replicavam seu drinque dando crédito a ele, foi vendo essa imitação com um elogio. Para ele, é muito gratificante ver que as pessoas continuam fazendo o Moscow Mule a seu modo.

“A gratificação de ser marcado nas redes e reconhecido é o prêmio que eu ganho, ter certeza de que contribuí com a história da coquetelaria. Não podemos esquecer que estamos levando o nome do nosso país para o mundo. O Moscow Mule hoje em dia é brasileiro e o mundo sabe disso”, completa.

Macunaíma: o drinque que quase teve tudo a ver com a Copa de 2014

Macunaíma, drinque clássico do Boca de Ouro Foto: Danilo Rodrigues/Divulgação

Em 2013, o Boca de Ouro foi inaugurado com o foco de vender cervejas, acima de qualquer coisa. Cerca de seis meses após a abertura, o bartender Arnaldo Hirai se aproveitou do ambiente ainda com pouco movimento para criar um dos drinques mais brasileiros da atualidade: o Macunaíma.

Na busca por algo original e tendo a escassez da variedade de bebidas como obstáculo, Hirai decidiu inovar, evitando as misturas com gim ou uísque e optou pela cachaça como destilado principal de seu novo drinque. Buscando ingredientes simples que “quase qualquer bar tem”, o bartender uniu cachaça e Fernet brancas, suco de limão e xarope de açúcar, testando diferentes proporções, até que o drinque nasceu.

Receita pronta, chegou a hora de nomear a bebida. Enquanto procurava um nome brasileiro tão icônico quanto a cachaça que era a base do drinque, o pessoal do Boca de Ouro o apelidou de “caxirola”, uma espécie de chocalho criado por Carlinhos Brown para ser o instrumento oficial da Copa do Mundo de 2014.

Mas o apelido interno não se oficializou e Hirai buscou o nome na literatura brasileira, já muito presente dos nomes de drinques do bar, e elegeu “Macunaíma” como a personagem campeã.

O reconhecimento nacional do drinque é o que mais alegra o bartender. “Eu jamais imaginaria essa popularização. O tempo todo alguém me manda uma foto do cardápio e o Macunaíma está lá, no Pará, no Sul, em todo lugar. E pessoas de todos os estados vêm aqui experimentar. Essa parte é a mais legal”.

Nem precisa ser fã de uma boa birita para reconhecer que o bartender é um artista. Não é tarefa fácil, mas quando um desses profissionais mistura em sua paleta a dose perfeita de destilados, frutas, bebidas fermentadas, cervejas e os “temperinhos” chamados de bitters, eles criam obras de arte dignas de serem apreciadas.

Neste Dia do Bartender (04/10), conheça a história de três profissionais que revolucionaram a sua maneira de beber. Descubra como o Rabo de Galo ganhou um toque ainda mais brasileiro para além da cachaça e do limão, como o Moscow Mule original ficou ainda melhor depois da metamorfose proporcionada por uma espuma de gengibre e como o “herói sem nenhum caráter” de Mário de Andrade, Macunaíma, saiu das páginas e caiu direto no copo.

“O Rabo de Galo Carijó é o drink que conta a minha história”

Chris Carijó Foto: Leo Martins

Christopher Carijó misturou seu amor por cachaça, café e pelo avô materno em um copo americano. No início de sua vida, ele trabalhava na feira com seu tio e se deliciava com as muitas laranjas que surrupiava da barraca. Pouco depois desse período, numa idade ainda inferior à legalmente aceita, ele molhou o bico (com o perdão do trocadilho) em seu primeiro Rabo de Galo. Uma década depois, as mesmas laranjas que marcaram sua infância trariam aroma a seu drinque autoral.

“Aos 10 anos de idade, mais ou menos, fui com meu avô na padaria onde ele adorava jogar caça-níquel, e ele me ofereceu um Rabo de Galo para eu não contar para a minha avó sobre sua jogatina. A partir de então, esse drinque ficou no meu subconsciente”, conta.

Quando estava a três meses de completar dezoito anos, entrou em um curso de coquetelaria gratuito com enfoque em café. Foi aí que o grão queridinho do Brasil entrou para a vida do futuro barman.

Quanto à cachaça, apesar de seu avô sempre ter bebido bastante, Carijó ainda não tinha pegado gosto pela coisa. Até que seu mestre de torras lhe apresentou a cachaça. Depois de recusar por não gostar desse tipo de destilado, decidiu experimentar e, para sua surpresa, seu amor pela água que passarinho não bebe nasceu e cresceu. “Foi amor ao primeiro gole. Guardei a garrafinha da cachaça, e essa foi a primeira da coleção de 440 rótulos que tenho hoje”.

Então, para trazer à tona a “nostalgia do boteco”, ele misturou cachaça, cynar, vermute tinto, infusão de café e laranja bahia, criando o Rabo de Galo Carijó, que tem tudo a ver com ele, juntando seus amores em um drinque que apresenta a sua história de vida e ainda carrega o seu sobrenome.

Moscow Mule: o drinque estrangeiro que se naturalizou brasileiro

Marcelo Serrano com seu Moscow Mule Foto: Marcelo Serrano/Divulgação

Quando Marcelo Serrano morava em Londres, provou pela primeira vez o Moscow Mule original, com vodca, limão e ginger beer (refrigerante de gengibre). Em 2010, de volta ao Brasil, o bartender planejou a carta de drinques do My New York Bar, um dos primeiros bares speakeasy do país, e, para combinar com o calor brasileiro, resolveu incluir o Moscow Mule no cardápio.

No entanto, ele não tinha nem refrigerante de gengibre, nem caneca de cobre. Então, Serrano teve a ideia de substituir a bebida por uma espuma cremosa e leve que revolucionou o jeito de beber Moscow Mule. Após muitas buscas na internet, ele encontrou um copo de cobre que dava para usar e, então, o drinque se adaptou às terras brasileiras, com equilíbrio entre doce, cítrico e picante.

“Atualmente, as pessoas pensam que o Moscow Mule original é com espuma, o que fez e continua fazendo muita diferença no mercado brasileiro. Tudo isso, foi feito despretensiosamente, apenas tentando trazer uma bebida diferente. Entretanto, a versão ganhou uma proporção tão grande que hoje em dia todo mundo faz Moscow Mule com a espuma”, conta o bartender.

Serrano também brinca que, no início, ele gostava de deixar a sua receita em segredo, mas, ao perceber que as pessoas replicavam seu drinque dando crédito a ele, foi vendo essa imitação com um elogio. Para ele, é muito gratificante ver que as pessoas continuam fazendo o Moscow Mule a seu modo.

“A gratificação de ser marcado nas redes e reconhecido é o prêmio que eu ganho, ter certeza de que contribuí com a história da coquetelaria. Não podemos esquecer que estamos levando o nome do nosso país para o mundo. O Moscow Mule hoje em dia é brasileiro e o mundo sabe disso”, completa.

Macunaíma: o drinque que quase teve tudo a ver com a Copa de 2014

Macunaíma, drinque clássico do Boca de Ouro Foto: Danilo Rodrigues/Divulgação

Em 2013, o Boca de Ouro foi inaugurado com o foco de vender cervejas, acima de qualquer coisa. Cerca de seis meses após a abertura, o bartender Arnaldo Hirai se aproveitou do ambiente ainda com pouco movimento para criar um dos drinques mais brasileiros da atualidade: o Macunaíma.

Na busca por algo original e tendo a escassez da variedade de bebidas como obstáculo, Hirai decidiu inovar, evitando as misturas com gim ou uísque e optou pela cachaça como destilado principal de seu novo drinque. Buscando ingredientes simples que “quase qualquer bar tem”, o bartender uniu cachaça e Fernet brancas, suco de limão e xarope de açúcar, testando diferentes proporções, até que o drinque nasceu.

Receita pronta, chegou a hora de nomear a bebida. Enquanto procurava um nome brasileiro tão icônico quanto a cachaça que era a base do drinque, o pessoal do Boca de Ouro o apelidou de “caxirola”, uma espécie de chocalho criado por Carlinhos Brown para ser o instrumento oficial da Copa do Mundo de 2014.

Mas o apelido interno não se oficializou e Hirai buscou o nome na literatura brasileira, já muito presente dos nomes de drinques do bar, e elegeu “Macunaíma” como a personagem campeã.

O reconhecimento nacional do drinque é o que mais alegra o bartender. “Eu jamais imaginaria essa popularização. O tempo todo alguém me manda uma foto do cardápio e o Macunaíma está lá, no Pará, no Sul, em todo lugar. E pessoas de todos os estados vêm aqui experimentar. Essa parte é a mais legal”.

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