O autor e crítico americano Fred Minnick se dedica há mais de uma década ao bourbon e a sua cultura. Seu livro, Bourbon Curious: a Tasting Guide to the Savvy Drinker, lançado no ano passado, traz uma coleção de suas degustações, além de opiniões sobre a política do mundo do bourbon. Em entrevista ao Paladar, falou sobre a moda do bourbon e deu dicas do que procurar na bebida.
Por que o bourbon de repente virou moda?
Pelo gosto. O mundo inteiro está interessado em seu gosto. As pessoas sempre querem experimentar coisas novas e muitos estão tomando bourbon pela primeira vez na vida.
No seu livro, o sr. diz que os rótulos de bourbon não são confiáveis. O marketing é um problema para o destilado de milho?
Eles tendem a vender a marca mais do que o produto, e isso é terrível. Eu gostaria de ver a indústria de bourbon seguir a do vinho, vender o processo, os grãos. Por outro lado, pouca gente quer esse tipo de informação. Quanto aos rótulos, eles trazem poucas informações, não falam dos estilos.
O perfil da bebida pode mudar com as novas destilarias que estão surgindo nos EUA?
Sim, elas já estão mudando o bourbon. Por lei, você não pode colocar o bourbon em um barril usado. Mas o governo federal permitiu que se colocassem bebidas consideradas prontas. Há também rótulos que usam quinoa e arroz, algo que ninguém faria nos anos 1950. Tem gente usando cevada e há uma pequena destilaria no Kentucky defumando o milho. São procedimentos que as grandes jamais adotariam.
No que devemos prestar atenção ao escolher um rótulo?
Procure no rótulo os termos “small batch” (feito a partir da mistura de poucos barris selecionados) e “single barrel” (único barril). O problema é que, como eles denotam qualidade, tem gente usando indevidamente. Outra dica é ver “destilado por” e “engarrafado por”. Se for a mesma empresa, ótimo, sinal de que o produto recebeu o mesmo cuidado do começo ao fim.
Na degustação, o que é importante buscar?
A cor é um bom termômetro do tempo em que o bourbon repousou no barril. Quanto mais escuro, mais tempo. Gosto de girar na taça e ver as lágrimas, sua densidade, que indicam a consistência. Quando for cheirar, deixe a boca aberta para evitar sentir queimação. Na boca, deixe circular, e, quando engolir, saiba que há uma diferença entre a queimadura, que arde, e um caráter picante, que coça a língua. Fuja dos que queimam. Busque notas de caramelo e baunilha, presentes nos envelhecidos.
Bourbon Curious: a Tasting Guide to the Savvy Drinker
R$ 77,92 o e-book na Amazon