Suzana Barelli é uma precursora do mundo dos vinhos. Ela nunca produziu uma só garrafa na vida, mas sua extensa carreira como jornalista de vinhos a permitiu entrevistar mais de uma dezena de enólogos renomados, visitar as mais importantes vinícolas ao redor do mundo e degustar as melhores safras das últimas décadas.
Nem ela sabe dizer ao certo há quantos anos cobre este universo. Como jornalista, seu primeiro texto sobre vinhos foi em 1996, quando ainda era repórter de economia e foi “jogada aos leões", a pedido de seu editor, para escrever sobre a chegada dos rótulos internacionais no Brasil, época do Plano Real e domínio masculino em todas as esferas da enologia.
Nesse tempo, não sabia absolutamente nada sobre eles, apreciava mesmo a cachaça, hobby que dividia com seu pai. Em muitas ocasiões, era uma das poucas, senão a única, mulher nesses encontros. “Nunca entendi e acompanhei tanto futebol na vida”, lembra ela.
Desde então, já se passaram mais de 20 anos em que escreve, palestra e avalia vinhos - publica desde 2019 a coluna semanal Le Vin Filosofia no Paladar e colabora para outras publicações especializadas. Foi necessário encarar saias justas e também muito estudo, mas hoje ela afirma que já é possível celebrar as conquistas das mulheres nesse campo - ainda que muitos problemas ainda existam. "Permanece um mundo muito masculino, tanto elaborando quanto desfrutando, mas hoje já é muito diferente”.
Foi sobre sua carreira, os desafios e os avanços que ela conversou com o Paladar em uma tarde regada a muito vinho - produzido por mulheres - em sua casa (confira o vídeo abaixo).
Ela ainda deu dicas valiosas para quem está iniciando e quer se aprofundar no mundo do vinho: “quem anota, não bebe vinho ruim duas vezes”, avisa. “Meu trabalho todos esses anos foi sempre inspirar e ajudar as pessoas a beber cada vez melhor”, lembra ela.