Qual a melhor cerveja sem álcool do mercado? ‘Paladar’ testou sete marcas


Confira o resultado da degustação às cegas, que avaliou amostras nacionais e importadas

Por Danielle Nagase
Atualização:

Numa terça-feira, em pleno horário comercial, cinco pessoas à paisana - incluindo a repórter que vos fala - ocupam uma mesa do bar Câmara Fria, em Moema, para tomar cervejas, muitas cervejas. Prato cheio - ou melhor, copo cheio -para os fiscais da boemia? Não dessa vez! Primeiro porque bebíamos a trabalho (e podemos provar!). E também porque as bebidas em questão eram todas classificadas como “sem álcool” segundo as normas da legislação brasileira - ou seja, continham até 0,5% em volume de álcool.

As amostras das cervejas sem álcool descaracterizadas para a degustação às cegas. Foto: Felipe Rau/Estadão
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Além de mim, repórter do Paladar e gestante, a jornalista Adriana Moreira - que passou a consumir cervejas zero álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama -, a cervejeira e sommelière Julia Reis, o cervejeiro Gabriel Ramalho e o curador de cervejas Natanael Bertholo receberam a missão de avaliar sensorialmente (e às cegas) as cervejas sem álcool que a reportagem encontrasse no mercado. No total, para escolher a melhor marca de cerveja sem alcool, sete marcas foram avaliadas pelos jurados, que levaram em conta quesitos como aparência, espuma, aroma, carbonatação, sabor, aftertaste (retrogosto) e drinkability das amostras.

+ LEIA MAIS: Como se faz uma cerveja sem álcool?

“Uma boa cerveja sem álcool é aquela que, mesmo com essa peculiaridade, entrega o perfil sensorial do estilo, ou seja, é similar ao mesmo produto com álcool que esteja no mercado. Entre as amostras provadas, identificamos algumas boas cervejas que mantêm seu equilíbrio e sabores característicos e outras que trouxeram mais dulçor ou aromas inesperados para o estilo anunciado no rótulo”, comenta Julia.

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Jurados na degustação de cervejas zero álcool do 'Paladar'. Foto: Felipe Rau/Estadão

Por uma questão comparativa, entraram no painel apenas cervejas do estilo Larger, nacionais e importadas, encontradas nas gôndolas do supermercado: Becker’s, Brahma, Budweiser, Estrella Galicia, Heineken, Itaipava e Oettinger. Mas vale dizer que é crescente o número de rótulos sem álcool, de diferentes estilos, produzidos por cervejarias artesanais. “O amadurecimento do mercado de cervejas sem álcool é recente e ocorre de forma muito rápida. Uma tendência que deve seguir forte nos próximos anos”, aposta Gabriel.

Confira, a seguir, o ranking das cervejas sem álcool.

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A melhor cerveja sem álcool, na avaliação do júri especializado, é a Budweiser Zero Foto: Alex Silva

Ranking

1º Budweiser Zero

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(R$ 3,99; 350 ml, no St. Marche) Lançada no Brasil em março de 2022, promete o mesmo sabor e refrescância da versão original da Budweiser, mas com zero álcool - e parece cumprir o que promete: “nem parece cerveja sem álcool”, cravou um dos jurados. Na degustação às cegas, garantiu o primeiro lugar por ter boa carbonatação, espuma persistente, aroma frutado, amargor marcante e um final seco. Dá para “ir pro rolê e voltar zero”, como sugere a propaganda do produto. Ingredientes: água, malte, arroz, lúpulo e aromatizantes; teor alcoólico: 0,0%.

2º Heineken 0,0

(R$ 4,79; 350 ml, no Carrefour) A opção sem álcool da “verdinha”, como é carinhosamente chamada, chegou ao Brasil em 2020 e já conta com uma legião de fãs - incluindo os que são fiéis à versão original, mas que por um motivo ou outro têm que interromper o consumo de álcool. A cerveja garantiu o segundo lugar no pódio por ser bem equilibrada e ter alta drinkability. O aroma e o sabor passeiam entre o malte (puxando para biscoito) e o floral do lúpulo. Amargor médio é presente. Ingredientes: água, malte, lúpulo e aroma natural de malte; teor alcoólico: 0,0%.

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3º Estrella Galicia 0,0

(R$ 5,99; 250 ml, no Carrefour) A versão sem álcool da famosa cerveja espanhola é produzida através de um processo de fermentação interrompida. De cor dourada - a mais escura das amostras, “lembra a cor do Guaraná” -, tem aroma e sabor de malte (derivados do mosto) bem presentes. Apresenta boa carbonatação, leve amargor, mas dividiu a opinião dos jurados quanto à drinkability: enquanto uns aprovaram o dulçor residual acentuado, outros consideraram enjoativo. Ingredientes: água, malte, milho e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

4º Brahma 0,0

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(R$ 3,69; 350 ml, no Carrefour) Veterana entre as opções sem álcool disponíveis no mercado - ela é produzida desde 2013 pelo método de desalcoolização -, tem corpo leve, baixo amargor e refrescância, o que garante a boa drinkability. Mas perdeu pontos pelo dulçor de malte acentuado e pelas notas de oxidação evidentes. Ingredientes: água, malte, milho, açúcar de cana e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

5º Oettinger Alkoholfrei

(R$ 11,90; 500 ml, no St. Marche) Importada da Alemanha, a cerveja (que é desalcoolizada) afirma seguir a Lei de Pureza Alemã de 1516, ou seja, no processo produtivo, apenas água, cevada e lúpulo são utilizados. Na análise sensorial às cegas, apresentou corpo médio-baixo e baixa carbonatação. O sabor de mosto, com amargor quase inexistente, e o alto dulçor prejudicaram demais a drinkability. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,5%.

6º Becker’s 0,0

(R$ 5,49; 500 ml, no Carrefour) A cerveja alemã apresentou aroma e sabor forte de mosto - como outras amostras desse painel -, e outros defeitos que não foram perdoados pelos jurados, como as notas de enxofre e de vegetais cozidos. No mais, a bebida apresenta amargor discreto e um aftertaste bem doce. “Me lembrou uva-passa”, definiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

7º Itaipava 0,0%

(R$ 3,39; 350 ml, no Pão de Açúcar) Aromas indesejados, como as notas sulfurosas que remetem a vegetais cozidos, fizeram a cerveja perder pontos logo de cara. Na boca, a bebida também não se saiu nada bem: “corpo muito leve, baixa carbonatação, sabor de mosto, quase nenhum amargor e dulçor que sobra na boca”, resumiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada, milho, açúcar de cana; teor alcoólico: 0,0%.

Conheça o júri

Adriana Moreira Editora de suplementos do Estadão, autora do blog Tenho Câncer. E Agora?. Apreciadora de cervejas mais leves, ela passou a tomar cervejas sem álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama. Hoje, já curada, mantém o hábito (mas abre exceções para as versões com álcool em ocasiões especiais).

A jornalista Adriana Moreira. Foto: Felipe Rau/Estadão

Danielle Nagase Repórter de gastronomia do Paladar e sommelière de cervejas formada pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), prefere os chopes, “fresquinhos”, às cervejas pasteurizadas. Migrou recentemente para as opções sem álcool, assim que descobriu a gravidez, e se surpreendeu: “tirando as versões mais doces, que dispenso, há rótulos que realmente passam despercebidos”.

A jornalista Danielle Nagase. Foto: Felipe Rau/Estadão

Gabriel Ramalho Cervejeiro da Goose Island Brewpub, em Pinheiros, é formado em gastronomia, com especialização em serviço e produção de cervejas, tendo trabalhado em diversas áreas desse mercado. Na degustação, constatou que “sem dúvidas, já é possível beber boas cervejas sem álcool por aqui, de diversos preços e estilos”.

O cervejeiro Gabriel Ramalho. Foto: Felipe Rau/Estadão

Julia Reis Sócia na Sinnatrah Cervejaria Escola, dá aulas, palestras e organiza degustações. É cervejeira, sommelière, juíza em concursos de cerveja, além de prestar consultoria para marcas. Sobre o mercado de cervejas sem álcool, comemora o lançamento de outros estilos para além da American Larger. “Tanto quem tem alguma condição médica específica, quanto o motorista da vez, merece ter opção de IPA e Weizen sem álcool”, protesta.

A cervejeira e sommelière Julia Reis. Foto: Felipe Rau/Estadão

Natanael Bertholo Amante dos bons botecos e bom de copo, segundo ele mesmo declara, faz a curadoria de chope e cervejas dos bares Câmara Fria, Original e Pirajá, todos da Cia. Tradicional de Comércio, onde trabalha como gerente de marca. Recentemente, fez curso de mestre cervejeiro para aprender a preparar sua própria bebida em casa, além de entender melhor sobre todos os processos.

O curador de cervejas Natanael Bertholo. Foto: Felipe Rau/Estadão

Numa terça-feira, em pleno horário comercial, cinco pessoas à paisana - incluindo a repórter que vos fala - ocupam uma mesa do bar Câmara Fria, em Moema, para tomar cervejas, muitas cervejas. Prato cheio - ou melhor, copo cheio -para os fiscais da boemia? Não dessa vez! Primeiro porque bebíamos a trabalho (e podemos provar!). E também porque as bebidas em questão eram todas classificadas como “sem álcool” segundo as normas da legislação brasileira - ou seja, continham até 0,5% em volume de álcool.

As amostras das cervejas sem álcool descaracterizadas para a degustação às cegas. Foto: Felipe Rau/Estadão

Além de mim, repórter do Paladar e gestante, a jornalista Adriana Moreira - que passou a consumir cervejas zero álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama -, a cervejeira e sommelière Julia Reis, o cervejeiro Gabriel Ramalho e o curador de cervejas Natanael Bertholo receberam a missão de avaliar sensorialmente (e às cegas) as cervejas sem álcool que a reportagem encontrasse no mercado. No total, para escolher a melhor marca de cerveja sem alcool, sete marcas foram avaliadas pelos jurados, que levaram em conta quesitos como aparência, espuma, aroma, carbonatação, sabor, aftertaste (retrogosto) e drinkability das amostras.

+ LEIA MAIS: Como se faz uma cerveja sem álcool?

“Uma boa cerveja sem álcool é aquela que, mesmo com essa peculiaridade, entrega o perfil sensorial do estilo, ou seja, é similar ao mesmo produto com álcool que esteja no mercado. Entre as amostras provadas, identificamos algumas boas cervejas que mantêm seu equilíbrio e sabores característicos e outras que trouxeram mais dulçor ou aromas inesperados para o estilo anunciado no rótulo”, comenta Julia.

Jurados na degustação de cervejas zero álcool do 'Paladar'. Foto: Felipe Rau/Estadão

Por uma questão comparativa, entraram no painel apenas cervejas do estilo Larger, nacionais e importadas, encontradas nas gôndolas do supermercado: Becker’s, Brahma, Budweiser, Estrella Galicia, Heineken, Itaipava e Oettinger. Mas vale dizer que é crescente o número de rótulos sem álcool, de diferentes estilos, produzidos por cervejarias artesanais. “O amadurecimento do mercado de cervejas sem álcool é recente e ocorre de forma muito rápida. Uma tendência que deve seguir forte nos próximos anos”, aposta Gabriel.

Confira, a seguir, o ranking das cervejas sem álcool.

A melhor cerveja sem álcool, na avaliação do júri especializado, é a Budweiser Zero Foto: Alex Silva

Ranking

1º Budweiser Zero

(R$ 3,99; 350 ml, no St. Marche) Lançada no Brasil em março de 2022, promete o mesmo sabor e refrescância da versão original da Budweiser, mas com zero álcool - e parece cumprir o que promete: “nem parece cerveja sem álcool”, cravou um dos jurados. Na degustação às cegas, garantiu o primeiro lugar por ter boa carbonatação, espuma persistente, aroma frutado, amargor marcante e um final seco. Dá para “ir pro rolê e voltar zero”, como sugere a propaganda do produto. Ingredientes: água, malte, arroz, lúpulo e aromatizantes; teor alcoólico: 0,0%.

2º Heineken 0,0

(R$ 4,79; 350 ml, no Carrefour) A opção sem álcool da “verdinha”, como é carinhosamente chamada, chegou ao Brasil em 2020 e já conta com uma legião de fãs - incluindo os que são fiéis à versão original, mas que por um motivo ou outro têm que interromper o consumo de álcool. A cerveja garantiu o segundo lugar no pódio por ser bem equilibrada e ter alta drinkability. O aroma e o sabor passeiam entre o malte (puxando para biscoito) e o floral do lúpulo. Amargor médio é presente. Ingredientes: água, malte, lúpulo e aroma natural de malte; teor alcoólico: 0,0%.

3º Estrella Galicia 0,0

(R$ 5,99; 250 ml, no Carrefour) A versão sem álcool da famosa cerveja espanhola é produzida através de um processo de fermentação interrompida. De cor dourada - a mais escura das amostras, “lembra a cor do Guaraná” -, tem aroma e sabor de malte (derivados do mosto) bem presentes. Apresenta boa carbonatação, leve amargor, mas dividiu a opinião dos jurados quanto à drinkability: enquanto uns aprovaram o dulçor residual acentuado, outros consideraram enjoativo. Ingredientes: água, malte, milho e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

4º Brahma 0,0

(R$ 3,69; 350 ml, no Carrefour) Veterana entre as opções sem álcool disponíveis no mercado - ela é produzida desde 2013 pelo método de desalcoolização -, tem corpo leve, baixo amargor e refrescância, o que garante a boa drinkability. Mas perdeu pontos pelo dulçor de malte acentuado e pelas notas de oxidação evidentes. Ingredientes: água, malte, milho, açúcar de cana e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

5º Oettinger Alkoholfrei

(R$ 11,90; 500 ml, no St. Marche) Importada da Alemanha, a cerveja (que é desalcoolizada) afirma seguir a Lei de Pureza Alemã de 1516, ou seja, no processo produtivo, apenas água, cevada e lúpulo são utilizados. Na análise sensorial às cegas, apresentou corpo médio-baixo e baixa carbonatação. O sabor de mosto, com amargor quase inexistente, e o alto dulçor prejudicaram demais a drinkability. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,5%.

6º Becker’s 0,0

(R$ 5,49; 500 ml, no Carrefour) A cerveja alemã apresentou aroma e sabor forte de mosto - como outras amostras desse painel -, e outros defeitos que não foram perdoados pelos jurados, como as notas de enxofre e de vegetais cozidos. No mais, a bebida apresenta amargor discreto e um aftertaste bem doce. “Me lembrou uva-passa”, definiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

7º Itaipava 0,0%

(R$ 3,39; 350 ml, no Pão de Açúcar) Aromas indesejados, como as notas sulfurosas que remetem a vegetais cozidos, fizeram a cerveja perder pontos logo de cara. Na boca, a bebida também não se saiu nada bem: “corpo muito leve, baixa carbonatação, sabor de mosto, quase nenhum amargor e dulçor que sobra na boca”, resumiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada, milho, açúcar de cana; teor alcoólico: 0,0%.

Conheça o júri

Adriana Moreira Editora de suplementos do Estadão, autora do blog Tenho Câncer. E Agora?. Apreciadora de cervejas mais leves, ela passou a tomar cervejas sem álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama. Hoje, já curada, mantém o hábito (mas abre exceções para as versões com álcool em ocasiões especiais).

A jornalista Adriana Moreira. Foto: Felipe Rau/Estadão

Danielle Nagase Repórter de gastronomia do Paladar e sommelière de cervejas formada pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), prefere os chopes, “fresquinhos”, às cervejas pasteurizadas. Migrou recentemente para as opções sem álcool, assim que descobriu a gravidez, e se surpreendeu: “tirando as versões mais doces, que dispenso, há rótulos que realmente passam despercebidos”.

A jornalista Danielle Nagase. Foto: Felipe Rau/Estadão

Gabriel Ramalho Cervejeiro da Goose Island Brewpub, em Pinheiros, é formado em gastronomia, com especialização em serviço e produção de cervejas, tendo trabalhado em diversas áreas desse mercado. Na degustação, constatou que “sem dúvidas, já é possível beber boas cervejas sem álcool por aqui, de diversos preços e estilos”.

O cervejeiro Gabriel Ramalho. Foto: Felipe Rau/Estadão

Julia Reis Sócia na Sinnatrah Cervejaria Escola, dá aulas, palestras e organiza degustações. É cervejeira, sommelière, juíza em concursos de cerveja, além de prestar consultoria para marcas. Sobre o mercado de cervejas sem álcool, comemora o lançamento de outros estilos para além da American Larger. “Tanto quem tem alguma condição médica específica, quanto o motorista da vez, merece ter opção de IPA e Weizen sem álcool”, protesta.

A cervejeira e sommelière Julia Reis. Foto: Felipe Rau/Estadão

Natanael Bertholo Amante dos bons botecos e bom de copo, segundo ele mesmo declara, faz a curadoria de chope e cervejas dos bares Câmara Fria, Original e Pirajá, todos da Cia. Tradicional de Comércio, onde trabalha como gerente de marca. Recentemente, fez curso de mestre cervejeiro para aprender a preparar sua própria bebida em casa, além de entender melhor sobre todos os processos.

O curador de cervejas Natanael Bertholo. Foto: Felipe Rau/Estadão

Numa terça-feira, em pleno horário comercial, cinco pessoas à paisana - incluindo a repórter que vos fala - ocupam uma mesa do bar Câmara Fria, em Moema, para tomar cervejas, muitas cervejas. Prato cheio - ou melhor, copo cheio -para os fiscais da boemia? Não dessa vez! Primeiro porque bebíamos a trabalho (e podemos provar!). E também porque as bebidas em questão eram todas classificadas como “sem álcool” segundo as normas da legislação brasileira - ou seja, continham até 0,5% em volume de álcool.

As amostras das cervejas sem álcool descaracterizadas para a degustação às cegas. Foto: Felipe Rau/Estadão

Além de mim, repórter do Paladar e gestante, a jornalista Adriana Moreira - que passou a consumir cervejas zero álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama -, a cervejeira e sommelière Julia Reis, o cervejeiro Gabriel Ramalho e o curador de cervejas Natanael Bertholo receberam a missão de avaliar sensorialmente (e às cegas) as cervejas sem álcool que a reportagem encontrasse no mercado. No total, para escolher a melhor marca de cerveja sem alcool, sete marcas foram avaliadas pelos jurados, que levaram em conta quesitos como aparência, espuma, aroma, carbonatação, sabor, aftertaste (retrogosto) e drinkability das amostras.

+ LEIA MAIS: Como se faz uma cerveja sem álcool?

“Uma boa cerveja sem álcool é aquela que, mesmo com essa peculiaridade, entrega o perfil sensorial do estilo, ou seja, é similar ao mesmo produto com álcool que esteja no mercado. Entre as amostras provadas, identificamos algumas boas cervejas que mantêm seu equilíbrio e sabores característicos e outras que trouxeram mais dulçor ou aromas inesperados para o estilo anunciado no rótulo”, comenta Julia.

Jurados na degustação de cervejas zero álcool do 'Paladar'. Foto: Felipe Rau/Estadão

Por uma questão comparativa, entraram no painel apenas cervejas do estilo Larger, nacionais e importadas, encontradas nas gôndolas do supermercado: Becker’s, Brahma, Budweiser, Estrella Galicia, Heineken, Itaipava e Oettinger. Mas vale dizer que é crescente o número de rótulos sem álcool, de diferentes estilos, produzidos por cervejarias artesanais. “O amadurecimento do mercado de cervejas sem álcool é recente e ocorre de forma muito rápida. Uma tendência que deve seguir forte nos próximos anos”, aposta Gabriel.

Confira, a seguir, o ranking das cervejas sem álcool.

A melhor cerveja sem álcool, na avaliação do júri especializado, é a Budweiser Zero Foto: Alex Silva

Ranking

1º Budweiser Zero

(R$ 3,99; 350 ml, no St. Marche) Lançada no Brasil em março de 2022, promete o mesmo sabor e refrescância da versão original da Budweiser, mas com zero álcool - e parece cumprir o que promete: “nem parece cerveja sem álcool”, cravou um dos jurados. Na degustação às cegas, garantiu o primeiro lugar por ter boa carbonatação, espuma persistente, aroma frutado, amargor marcante e um final seco. Dá para “ir pro rolê e voltar zero”, como sugere a propaganda do produto. Ingredientes: água, malte, arroz, lúpulo e aromatizantes; teor alcoólico: 0,0%.

2º Heineken 0,0

(R$ 4,79; 350 ml, no Carrefour) A opção sem álcool da “verdinha”, como é carinhosamente chamada, chegou ao Brasil em 2020 e já conta com uma legião de fãs - incluindo os que são fiéis à versão original, mas que por um motivo ou outro têm que interromper o consumo de álcool. A cerveja garantiu o segundo lugar no pódio por ser bem equilibrada e ter alta drinkability. O aroma e o sabor passeiam entre o malte (puxando para biscoito) e o floral do lúpulo. Amargor médio é presente. Ingredientes: água, malte, lúpulo e aroma natural de malte; teor alcoólico: 0,0%.

3º Estrella Galicia 0,0

(R$ 5,99; 250 ml, no Carrefour) A versão sem álcool da famosa cerveja espanhola é produzida através de um processo de fermentação interrompida. De cor dourada - a mais escura das amostras, “lembra a cor do Guaraná” -, tem aroma e sabor de malte (derivados do mosto) bem presentes. Apresenta boa carbonatação, leve amargor, mas dividiu a opinião dos jurados quanto à drinkability: enquanto uns aprovaram o dulçor residual acentuado, outros consideraram enjoativo. Ingredientes: água, malte, milho e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

4º Brahma 0,0

(R$ 3,69; 350 ml, no Carrefour) Veterana entre as opções sem álcool disponíveis no mercado - ela é produzida desde 2013 pelo método de desalcoolização -, tem corpo leve, baixo amargor e refrescância, o que garante a boa drinkability. Mas perdeu pontos pelo dulçor de malte acentuado e pelas notas de oxidação evidentes. Ingredientes: água, malte, milho, açúcar de cana e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

5º Oettinger Alkoholfrei

(R$ 11,90; 500 ml, no St. Marche) Importada da Alemanha, a cerveja (que é desalcoolizada) afirma seguir a Lei de Pureza Alemã de 1516, ou seja, no processo produtivo, apenas água, cevada e lúpulo são utilizados. Na análise sensorial às cegas, apresentou corpo médio-baixo e baixa carbonatação. O sabor de mosto, com amargor quase inexistente, e o alto dulçor prejudicaram demais a drinkability. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,5%.

6º Becker’s 0,0

(R$ 5,49; 500 ml, no Carrefour) A cerveja alemã apresentou aroma e sabor forte de mosto - como outras amostras desse painel -, e outros defeitos que não foram perdoados pelos jurados, como as notas de enxofre e de vegetais cozidos. No mais, a bebida apresenta amargor discreto e um aftertaste bem doce. “Me lembrou uva-passa”, definiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

7º Itaipava 0,0%

(R$ 3,39; 350 ml, no Pão de Açúcar) Aromas indesejados, como as notas sulfurosas que remetem a vegetais cozidos, fizeram a cerveja perder pontos logo de cara. Na boca, a bebida também não se saiu nada bem: “corpo muito leve, baixa carbonatação, sabor de mosto, quase nenhum amargor e dulçor que sobra na boca”, resumiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada, milho, açúcar de cana; teor alcoólico: 0,0%.

Conheça o júri

Adriana Moreira Editora de suplementos do Estadão, autora do blog Tenho Câncer. E Agora?. Apreciadora de cervejas mais leves, ela passou a tomar cervejas sem álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama. Hoje, já curada, mantém o hábito (mas abre exceções para as versões com álcool em ocasiões especiais).

A jornalista Adriana Moreira. Foto: Felipe Rau/Estadão

Danielle Nagase Repórter de gastronomia do Paladar e sommelière de cervejas formada pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), prefere os chopes, “fresquinhos”, às cervejas pasteurizadas. Migrou recentemente para as opções sem álcool, assim que descobriu a gravidez, e se surpreendeu: “tirando as versões mais doces, que dispenso, há rótulos que realmente passam despercebidos”.

A jornalista Danielle Nagase. Foto: Felipe Rau/Estadão

Gabriel Ramalho Cervejeiro da Goose Island Brewpub, em Pinheiros, é formado em gastronomia, com especialização em serviço e produção de cervejas, tendo trabalhado em diversas áreas desse mercado. Na degustação, constatou que “sem dúvidas, já é possível beber boas cervejas sem álcool por aqui, de diversos preços e estilos”.

O cervejeiro Gabriel Ramalho. Foto: Felipe Rau/Estadão

Julia Reis Sócia na Sinnatrah Cervejaria Escola, dá aulas, palestras e organiza degustações. É cervejeira, sommelière, juíza em concursos de cerveja, além de prestar consultoria para marcas. Sobre o mercado de cervejas sem álcool, comemora o lançamento de outros estilos para além da American Larger. “Tanto quem tem alguma condição médica específica, quanto o motorista da vez, merece ter opção de IPA e Weizen sem álcool”, protesta.

A cervejeira e sommelière Julia Reis. Foto: Felipe Rau/Estadão

Natanael Bertholo Amante dos bons botecos e bom de copo, segundo ele mesmo declara, faz a curadoria de chope e cervejas dos bares Câmara Fria, Original e Pirajá, todos da Cia. Tradicional de Comércio, onde trabalha como gerente de marca. Recentemente, fez curso de mestre cervejeiro para aprender a preparar sua própria bebida em casa, além de entender melhor sobre todos os processos.

O curador de cervejas Natanael Bertholo. Foto: Felipe Rau/Estadão

Numa terça-feira, em pleno horário comercial, cinco pessoas à paisana - incluindo a repórter que vos fala - ocupam uma mesa do bar Câmara Fria, em Moema, para tomar cervejas, muitas cervejas. Prato cheio - ou melhor, copo cheio -para os fiscais da boemia? Não dessa vez! Primeiro porque bebíamos a trabalho (e podemos provar!). E também porque as bebidas em questão eram todas classificadas como “sem álcool” segundo as normas da legislação brasileira - ou seja, continham até 0,5% em volume de álcool.

As amostras das cervejas sem álcool descaracterizadas para a degustação às cegas. Foto: Felipe Rau/Estadão

Além de mim, repórter do Paladar e gestante, a jornalista Adriana Moreira - que passou a consumir cervejas zero álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama -, a cervejeira e sommelière Julia Reis, o cervejeiro Gabriel Ramalho e o curador de cervejas Natanael Bertholo receberam a missão de avaliar sensorialmente (e às cegas) as cervejas sem álcool que a reportagem encontrasse no mercado. No total, para escolher a melhor marca de cerveja sem alcool, sete marcas foram avaliadas pelos jurados, que levaram em conta quesitos como aparência, espuma, aroma, carbonatação, sabor, aftertaste (retrogosto) e drinkability das amostras.

+ LEIA MAIS: Como se faz uma cerveja sem álcool?

“Uma boa cerveja sem álcool é aquela que, mesmo com essa peculiaridade, entrega o perfil sensorial do estilo, ou seja, é similar ao mesmo produto com álcool que esteja no mercado. Entre as amostras provadas, identificamos algumas boas cervejas que mantêm seu equilíbrio e sabores característicos e outras que trouxeram mais dulçor ou aromas inesperados para o estilo anunciado no rótulo”, comenta Julia.

Jurados na degustação de cervejas zero álcool do 'Paladar'. Foto: Felipe Rau/Estadão

Por uma questão comparativa, entraram no painel apenas cervejas do estilo Larger, nacionais e importadas, encontradas nas gôndolas do supermercado: Becker’s, Brahma, Budweiser, Estrella Galicia, Heineken, Itaipava e Oettinger. Mas vale dizer que é crescente o número de rótulos sem álcool, de diferentes estilos, produzidos por cervejarias artesanais. “O amadurecimento do mercado de cervejas sem álcool é recente e ocorre de forma muito rápida. Uma tendência que deve seguir forte nos próximos anos”, aposta Gabriel.

Confira, a seguir, o ranking das cervejas sem álcool.

A melhor cerveja sem álcool, na avaliação do júri especializado, é a Budweiser Zero Foto: Alex Silva

Ranking

1º Budweiser Zero

(R$ 3,99; 350 ml, no St. Marche) Lançada no Brasil em março de 2022, promete o mesmo sabor e refrescância da versão original da Budweiser, mas com zero álcool - e parece cumprir o que promete: “nem parece cerveja sem álcool”, cravou um dos jurados. Na degustação às cegas, garantiu o primeiro lugar por ter boa carbonatação, espuma persistente, aroma frutado, amargor marcante e um final seco. Dá para “ir pro rolê e voltar zero”, como sugere a propaganda do produto. Ingredientes: água, malte, arroz, lúpulo e aromatizantes; teor alcoólico: 0,0%.

2º Heineken 0,0

(R$ 4,79; 350 ml, no Carrefour) A opção sem álcool da “verdinha”, como é carinhosamente chamada, chegou ao Brasil em 2020 e já conta com uma legião de fãs - incluindo os que são fiéis à versão original, mas que por um motivo ou outro têm que interromper o consumo de álcool. A cerveja garantiu o segundo lugar no pódio por ser bem equilibrada e ter alta drinkability. O aroma e o sabor passeiam entre o malte (puxando para biscoito) e o floral do lúpulo. Amargor médio é presente. Ingredientes: água, malte, lúpulo e aroma natural de malte; teor alcoólico: 0,0%.

3º Estrella Galicia 0,0

(R$ 5,99; 250 ml, no Carrefour) A versão sem álcool da famosa cerveja espanhola é produzida através de um processo de fermentação interrompida. De cor dourada - a mais escura das amostras, “lembra a cor do Guaraná” -, tem aroma e sabor de malte (derivados do mosto) bem presentes. Apresenta boa carbonatação, leve amargor, mas dividiu a opinião dos jurados quanto à drinkability: enquanto uns aprovaram o dulçor residual acentuado, outros consideraram enjoativo. Ingredientes: água, malte, milho e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

4º Brahma 0,0

(R$ 3,69; 350 ml, no Carrefour) Veterana entre as opções sem álcool disponíveis no mercado - ela é produzida desde 2013 pelo método de desalcoolização -, tem corpo leve, baixo amargor e refrescância, o que garante a boa drinkability. Mas perdeu pontos pelo dulçor de malte acentuado e pelas notas de oxidação evidentes. Ingredientes: água, malte, milho, açúcar de cana e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

5º Oettinger Alkoholfrei

(R$ 11,90; 500 ml, no St. Marche) Importada da Alemanha, a cerveja (que é desalcoolizada) afirma seguir a Lei de Pureza Alemã de 1516, ou seja, no processo produtivo, apenas água, cevada e lúpulo são utilizados. Na análise sensorial às cegas, apresentou corpo médio-baixo e baixa carbonatação. O sabor de mosto, com amargor quase inexistente, e o alto dulçor prejudicaram demais a drinkability. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,5%.

6º Becker’s 0,0

(R$ 5,49; 500 ml, no Carrefour) A cerveja alemã apresentou aroma e sabor forte de mosto - como outras amostras desse painel -, e outros defeitos que não foram perdoados pelos jurados, como as notas de enxofre e de vegetais cozidos. No mais, a bebida apresenta amargor discreto e um aftertaste bem doce. “Me lembrou uva-passa”, definiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

7º Itaipava 0,0%

(R$ 3,39; 350 ml, no Pão de Açúcar) Aromas indesejados, como as notas sulfurosas que remetem a vegetais cozidos, fizeram a cerveja perder pontos logo de cara. Na boca, a bebida também não se saiu nada bem: “corpo muito leve, baixa carbonatação, sabor de mosto, quase nenhum amargor e dulçor que sobra na boca”, resumiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada, milho, açúcar de cana; teor alcoólico: 0,0%.

Conheça o júri

Adriana Moreira Editora de suplementos do Estadão, autora do blog Tenho Câncer. E Agora?. Apreciadora de cervejas mais leves, ela passou a tomar cervejas sem álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama. Hoje, já curada, mantém o hábito (mas abre exceções para as versões com álcool em ocasiões especiais).

A jornalista Adriana Moreira. Foto: Felipe Rau/Estadão

Danielle Nagase Repórter de gastronomia do Paladar e sommelière de cervejas formada pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), prefere os chopes, “fresquinhos”, às cervejas pasteurizadas. Migrou recentemente para as opções sem álcool, assim que descobriu a gravidez, e se surpreendeu: “tirando as versões mais doces, que dispenso, há rótulos que realmente passam despercebidos”.

A jornalista Danielle Nagase. Foto: Felipe Rau/Estadão

Gabriel Ramalho Cervejeiro da Goose Island Brewpub, em Pinheiros, é formado em gastronomia, com especialização em serviço e produção de cervejas, tendo trabalhado em diversas áreas desse mercado. Na degustação, constatou que “sem dúvidas, já é possível beber boas cervejas sem álcool por aqui, de diversos preços e estilos”.

O cervejeiro Gabriel Ramalho. Foto: Felipe Rau/Estadão

Julia Reis Sócia na Sinnatrah Cervejaria Escola, dá aulas, palestras e organiza degustações. É cervejeira, sommelière, juíza em concursos de cerveja, além de prestar consultoria para marcas. Sobre o mercado de cervejas sem álcool, comemora o lançamento de outros estilos para além da American Larger. “Tanto quem tem alguma condição médica específica, quanto o motorista da vez, merece ter opção de IPA e Weizen sem álcool”, protesta.

A cervejeira e sommelière Julia Reis. Foto: Felipe Rau/Estadão

Natanael Bertholo Amante dos bons botecos e bom de copo, segundo ele mesmo declara, faz a curadoria de chope e cervejas dos bares Câmara Fria, Original e Pirajá, todos da Cia. Tradicional de Comércio, onde trabalha como gerente de marca. Recentemente, fez curso de mestre cervejeiro para aprender a preparar sua própria bebida em casa, além de entender melhor sobre todos os processos.

O curador de cervejas Natanael Bertholo. Foto: Felipe Rau/Estadão

Numa terça-feira, em pleno horário comercial, cinco pessoas à paisana - incluindo a repórter que vos fala - ocupam uma mesa do bar Câmara Fria, em Moema, para tomar cervejas, muitas cervejas. Prato cheio - ou melhor, copo cheio -para os fiscais da boemia? Não dessa vez! Primeiro porque bebíamos a trabalho (e podemos provar!). E também porque as bebidas em questão eram todas classificadas como “sem álcool” segundo as normas da legislação brasileira - ou seja, continham até 0,5% em volume de álcool.

As amostras das cervejas sem álcool descaracterizadas para a degustação às cegas. Foto: Felipe Rau/Estadão

Além de mim, repórter do Paladar e gestante, a jornalista Adriana Moreira - que passou a consumir cervejas zero álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama -, a cervejeira e sommelière Julia Reis, o cervejeiro Gabriel Ramalho e o curador de cervejas Natanael Bertholo receberam a missão de avaliar sensorialmente (e às cegas) as cervejas sem álcool que a reportagem encontrasse no mercado. No total, para escolher a melhor marca de cerveja sem alcool, sete marcas foram avaliadas pelos jurados, que levaram em conta quesitos como aparência, espuma, aroma, carbonatação, sabor, aftertaste (retrogosto) e drinkability das amostras.

+ LEIA MAIS: Como se faz uma cerveja sem álcool?

“Uma boa cerveja sem álcool é aquela que, mesmo com essa peculiaridade, entrega o perfil sensorial do estilo, ou seja, é similar ao mesmo produto com álcool que esteja no mercado. Entre as amostras provadas, identificamos algumas boas cervejas que mantêm seu equilíbrio e sabores característicos e outras que trouxeram mais dulçor ou aromas inesperados para o estilo anunciado no rótulo”, comenta Julia.

Jurados na degustação de cervejas zero álcool do 'Paladar'. Foto: Felipe Rau/Estadão

Por uma questão comparativa, entraram no painel apenas cervejas do estilo Larger, nacionais e importadas, encontradas nas gôndolas do supermercado: Becker’s, Brahma, Budweiser, Estrella Galicia, Heineken, Itaipava e Oettinger. Mas vale dizer que é crescente o número de rótulos sem álcool, de diferentes estilos, produzidos por cervejarias artesanais. “O amadurecimento do mercado de cervejas sem álcool é recente e ocorre de forma muito rápida. Uma tendência que deve seguir forte nos próximos anos”, aposta Gabriel.

Confira, a seguir, o ranking das cervejas sem álcool.

A melhor cerveja sem álcool, na avaliação do júri especializado, é a Budweiser Zero Foto: Alex Silva

Ranking

1º Budweiser Zero

(R$ 3,99; 350 ml, no St. Marche) Lançada no Brasil em março de 2022, promete o mesmo sabor e refrescância da versão original da Budweiser, mas com zero álcool - e parece cumprir o que promete: “nem parece cerveja sem álcool”, cravou um dos jurados. Na degustação às cegas, garantiu o primeiro lugar por ter boa carbonatação, espuma persistente, aroma frutado, amargor marcante e um final seco. Dá para “ir pro rolê e voltar zero”, como sugere a propaganda do produto. Ingredientes: água, malte, arroz, lúpulo e aromatizantes; teor alcoólico: 0,0%.

2º Heineken 0,0

(R$ 4,79; 350 ml, no Carrefour) A opção sem álcool da “verdinha”, como é carinhosamente chamada, chegou ao Brasil em 2020 e já conta com uma legião de fãs - incluindo os que são fiéis à versão original, mas que por um motivo ou outro têm que interromper o consumo de álcool. A cerveja garantiu o segundo lugar no pódio por ser bem equilibrada e ter alta drinkability. O aroma e o sabor passeiam entre o malte (puxando para biscoito) e o floral do lúpulo. Amargor médio é presente. Ingredientes: água, malte, lúpulo e aroma natural de malte; teor alcoólico: 0,0%.

3º Estrella Galicia 0,0

(R$ 5,99; 250 ml, no Carrefour) A versão sem álcool da famosa cerveja espanhola é produzida através de um processo de fermentação interrompida. De cor dourada - a mais escura das amostras, “lembra a cor do Guaraná” -, tem aroma e sabor de malte (derivados do mosto) bem presentes. Apresenta boa carbonatação, leve amargor, mas dividiu a opinião dos jurados quanto à drinkability: enquanto uns aprovaram o dulçor residual acentuado, outros consideraram enjoativo. Ingredientes: água, malte, milho e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

4º Brahma 0,0

(R$ 3,69; 350 ml, no Carrefour) Veterana entre as opções sem álcool disponíveis no mercado - ela é produzida desde 2013 pelo método de desalcoolização -, tem corpo leve, baixo amargor e refrescância, o que garante a boa drinkability. Mas perdeu pontos pelo dulçor de malte acentuado e pelas notas de oxidação evidentes. Ingredientes: água, malte, milho, açúcar de cana e lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

5º Oettinger Alkoholfrei

(R$ 11,90; 500 ml, no St. Marche) Importada da Alemanha, a cerveja (que é desalcoolizada) afirma seguir a Lei de Pureza Alemã de 1516, ou seja, no processo produtivo, apenas água, cevada e lúpulo são utilizados. Na análise sensorial às cegas, apresentou corpo médio-baixo e baixa carbonatação. O sabor de mosto, com amargor quase inexistente, e o alto dulçor prejudicaram demais a drinkability. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,5%.

6º Becker’s 0,0

(R$ 5,49; 500 ml, no Carrefour) A cerveja alemã apresentou aroma e sabor forte de mosto - como outras amostras desse painel -, e outros defeitos que não foram perdoados pelos jurados, como as notas de enxofre e de vegetais cozidos. No mais, a bebida apresenta amargor discreto e um aftertaste bem doce. “Me lembrou uva-passa”, definiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada e extrato de lúpulo; teor alcoólico: 0,0%.

7º Itaipava 0,0%

(R$ 3,39; 350 ml, no Pão de Açúcar) Aromas indesejados, como as notas sulfurosas que remetem a vegetais cozidos, fizeram a cerveja perder pontos logo de cara. Na boca, a bebida também não se saiu nada bem: “corpo muito leve, baixa carbonatação, sabor de mosto, quase nenhum amargor e dulçor que sobra na boca”, resumiu um dos jurados. Ingredientes: água, malte de cevada, milho, açúcar de cana; teor alcoólico: 0,0%.

Conheça o júri

Adriana Moreira Editora de suplementos do Estadão, autora do blog Tenho Câncer. E Agora?. Apreciadora de cervejas mais leves, ela passou a tomar cervejas sem álcool em 2021, durante seu tratamento de câncer de mama. Hoje, já curada, mantém o hábito (mas abre exceções para as versões com álcool em ocasiões especiais).

A jornalista Adriana Moreira. Foto: Felipe Rau/Estadão

Danielle Nagase Repórter de gastronomia do Paladar e sommelière de cervejas formada pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), prefere os chopes, “fresquinhos”, às cervejas pasteurizadas. Migrou recentemente para as opções sem álcool, assim que descobriu a gravidez, e se surpreendeu: “tirando as versões mais doces, que dispenso, há rótulos que realmente passam despercebidos”.

A jornalista Danielle Nagase. Foto: Felipe Rau/Estadão

Gabriel Ramalho Cervejeiro da Goose Island Brewpub, em Pinheiros, é formado em gastronomia, com especialização em serviço e produção de cervejas, tendo trabalhado em diversas áreas desse mercado. Na degustação, constatou que “sem dúvidas, já é possível beber boas cervejas sem álcool por aqui, de diversos preços e estilos”.

O cervejeiro Gabriel Ramalho. Foto: Felipe Rau/Estadão

Julia Reis Sócia na Sinnatrah Cervejaria Escola, dá aulas, palestras e organiza degustações. É cervejeira, sommelière, juíza em concursos de cerveja, além de prestar consultoria para marcas. Sobre o mercado de cervejas sem álcool, comemora o lançamento de outros estilos para além da American Larger. “Tanto quem tem alguma condição médica específica, quanto o motorista da vez, merece ter opção de IPA e Weizen sem álcool”, protesta.

A cervejeira e sommelière Julia Reis. Foto: Felipe Rau/Estadão

Natanael Bertholo Amante dos bons botecos e bom de copo, segundo ele mesmo declara, faz a curadoria de chope e cervejas dos bares Câmara Fria, Original e Pirajá, todos da Cia. Tradicional de Comércio, onde trabalha como gerente de marca. Recentemente, fez curso de mestre cervejeiro para aprender a preparar sua própria bebida em casa, além de entender melhor sobre todos os processos.

O curador de cervejas Natanael Bertholo. Foto: Felipe Rau/Estadão

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