Quem são as mulheres por trás das melhores cachaças do País


Elas dominaram o pódio do V Ranking da Cúpula da Cachaça; conheça as 'cachaceiras' que colecionam medalhas e estão quebrando tabus

Por Renata Mesquita

“Se você acha que cachaça não é para mulher, é porque não entende nem de cachaça, nem de mulher.” Tal provérbio nunca se fez tão feliz quanto agora. Divulgado na quinta-feira, 17, o V Ranking da Cúpula da Cachaça trouxe entre as primeiras colocações grandes cachaças produzidas por grandes mulheres. 

Katia Espirito Santo da cachaça Da Quinta, medalha de ouro no Ranking da Cúpula da Cachaça Foto: Acervo Pessoal

Tal destaque fica especialmente evidente na categoria Prata, as caninhas brancas sem passagem por barricas de madeira, onde as quatro primeiras colocadas - Da Quinta, Pindorama, Tiê e Bem Me Quer - têm dedo (mão e pé) feminino. 

continua após a publicidade

Por acaso ou não, nunca antes na história do ranking uma cachaça branca teve pontuação maior do que as envelhecidas. "A branquinha não tem correção, ela é o que é, o que você produziu do começo ao fim. A madeira dá uma corrigida”, explica, orgulhosa do feito, Cris Amin, da cachaça Tiê, que levou a medalha de bronze este ano, mas foi ouro na última edição.

“As cachaceiras vão decolar”, declara feliz com o prêmio e a hegemonia feminina. Já decolaram, Cris. A grande vencedora, a cachaça Da Quinta, marcou 84,43 - nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula. 

A cachaça Da Quinta,recebeu a nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula Foto: Da Quinta
continua após a publicidade

Ela é, hoje, produzida por Kátia Espírito Santo, fonoaudióloga de formação, que há pouco mais de 20 anos trocou a profissão para se dedicar à paixão do pai, que na época estava doente. Produtor de cachaça, José Ramos Alves não queria que a tradição da família, que começou com seu pai na fazenda em Carmo, município da região serrana do estado do Rio de Janeiro, acabasse e incentivou a filha a seguir os seus passos. Ela aprendeu o ofício ao seu lado, estudou muito e foi além: modernizou a produção e investiu no produto, da cana ao copo, tirou a certificação orgânica e o levou para fora das fronteiras do Rio de Janeiro - até Bruxelas, onde conquistou a medalha Grand Gold do Spirits Selection, no Concurso Mundial, em 2013. 

Desde então, já são dezenas de prêmios, quatro mandatos como presidente da Associação dos Produtores de Cachaça do Rio de Janeiro, e muito empenho na busca por "um produto de excelência máxima'', como faz questão de frisar diversas vezes durante a conversa. 

Parceria

continua após a publicidade

Tal excelência de Kátia também é encontrada na cachaça Pindorama, que levou a medalha de prata. Por decisão do destino, a carioca Luíza Almeida Braga se viu com um alambique pronto a fabricar, após três anos de uma grande reforma, quando seu marido, o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, faleceu. “Nunca tinha tomado um copinho de cachaça na vida”, conta Luiza. 

Luiza Almeida Braga e sua filha Joana, que comandam a Pindorama Foto: Ana Branco

Foi então que ela procurou Kátia. "Na época, era a única pessoa que sabia de cachaça que eu conhecia", conta. "Ela me deu todo o caminho. Foi sozinha para a minha fazenda visitar as instalações e analisar os processos. Ela foi nossa mentora". 

continua após a publicidade

Além dos conselhos da colega, a Pindorama conta outros detalhes importantes para o sucesso. Toda a cana que se transforma em cachaça é plantada na própria Fazenda das Palmas, sob regime de agrofloresta e com certificação orgânica. "Tratamos como terroir de vinho", explica Luíza. 

E, ainda que novata no mercado brasileiro - estreou nas prateleiras por aqui em 2021 -, a Pindorama já fez história lá fora."Começamos a comercializar pela Europa, eu morava em Portugal e apostamos nesta estratégia", explica Luíza, que hoje aprecia um copinho de pinga no final da tarde, fala sobre o canavial e os processos do alambique tal qual uma profissional, e já sonha em colocar um blend próprio da Pindorama no mercado. 

Cachaça Pindorama Foto: Pindorama
continua após a publicidade

Cachaceira

Já na história da Tiê, e de sua dona, Cris Amin, não tem fazenda de herança nem tradição familiar. Produzida no alambique da fazenda comprada por Cris e seu marido, como um plano para aposentadoria, em Aiuruoca, do lado mineiro da Serra da Mantiqueira, a Tiê nasceu depois de algumas frustrações com outras apostas na propriedade. "Construímos o alambique do zero - demoramos quase 10 anos para colocar a cachaça no mercado. Mas dois meses depois, veio a primeira medalha”, conta Cris. 

Cris Amin da cachaça Tiê Foto: Acervo Pessoal
continua após a publicidade

Nem parece, mas foi há menos de sete anos que a marca chegou ao mercado pelas mãos da produtora cultural, que hoje faz questão que a chamem de cachaceira, "porque essa é a mulher que trabalha, produz e aprecia cachaça". 

Apesar de colecionar mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, Cris ainda tem muitos planos e projetos para a Tiê, entre eles, criar um curso de capacitação em produção de cachaça para mulheres no seu alambique. "Ainda é difícil encontrar mulheres para atuar nesta parte da produção, mas é algo que veremos mudar nos próximos anos." 

Mestre-alambiqueira

Esse é um desafio que a produtora Manu Romano conseguiu superar. No alambique da cachaça Bem Me Quer, em Pitangui, a 300 km de Belo Horizonte,quarta colocada entre as branquinhas, só trabalham mulheres. "Tenho muito orgulho de defender e apoiar essa causa", afirma Manu. 

Ela recrutou as mulheres da fazenda, sem nenhuma experiência no ramo, deu curso e incentivou a nova profissão. Hoje o alambique é tocado por Angela Izidoro, sua filha Mariana e Patrícia Conrado, a mestra-alambiqueira. 

As mulheres do alambique da cachaça Bem Me Quer Foto: Acervo Pessoal

Mas a grande responsável pela cachaça na família é sua mãe Rosana Romano, que sempre gostou de cachaça e, nas festas, fabricava poucos litros apenas para acompanhar as celebrações. "Ela sempre gostou e bebeu cachaça. Mas em todos os bares, era sempre a mesma história, ela fazia o pedido e sempre serviam a cachaça ao meu pai".

Foi então, "12 anos atrás, que decidimos investir no negócio". Manu abandonou a arquitetura e se mudou para a fazenda com o marido e a filha. "É um universo apaixonante, mesmo que ainda muito masculino. Mas vejo que, com a vinda dos filhos dos proprietários, o cenário está se renovando com muito mais mulheres". 

Enquanto a filha toca o dia a dia do alambique e a marca premiada, Rosana não deixou de lado nem a cana nem a causa: fundou o ConVida – Confraria Mulheres da Cachaça, que já soma mais de 500 cachaceiras em todo o Brasil. "Hoje posso dizer com muito orgulho, mulheres não só bebem cachaça, como fabricam também!".

“Se você acha que cachaça não é para mulher, é porque não entende nem de cachaça, nem de mulher.” Tal provérbio nunca se fez tão feliz quanto agora. Divulgado na quinta-feira, 17, o V Ranking da Cúpula da Cachaça trouxe entre as primeiras colocações grandes cachaças produzidas por grandes mulheres. 

Katia Espirito Santo da cachaça Da Quinta, medalha de ouro no Ranking da Cúpula da Cachaça Foto: Acervo Pessoal

Tal destaque fica especialmente evidente na categoria Prata, as caninhas brancas sem passagem por barricas de madeira, onde as quatro primeiras colocadas - Da Quinta, Pindorama, Tiê e Bem Me Quer - têm dedo (mão e pé) feminino. 

Por acaso ou não, nunca antes na história do ranking uma cachaça branca teve pontuação maior do que as envelhecidas. "A branquinha não tem correção, ela é o que é, o que você produziu do começo ao fim. A madeira dá uma corrigida”, explica, orgulhosa do feito, Cris Amin, da cachaça Tiê, que levou a medalha de bronze este ano, mas foi ouro na última edição.

“As cachaceiras vão decolar”, declara feliz com o prêmio e a hegemonia feminina. Já decolaram, Cris. A grande vencedora, a cachaça Da Quinta, marcou 84,43 - nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula. 

A cachaça Da Quinta,recebeu a nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula Foto: Da Quinta

Ela é, hoje, produzida por Kátia Espírito Santo, fonoaudióloga de formação, que há pouco mais de 20 anos trocou a profissão para se dedicar à paixão do pai, que na época estava doente. Produtor de cachaça, José Ramos Alves não queria que a tradição da família, que começou com seu pai na fazenda em Carmo, município da região serrana do estado do Rio de Janeiro, acabasse e incentivou a filha a seguir os seus passos. Ela aprendeu o ofício ao seu lado, estudou muito e foi além: modernizou a produção e investiu no produto, da cana ao copo, tirou a certificação orgânica e o levou para fora das fronteiras do Rio de Janeiro - até Bruxelas, onde conquistou a medalha Grand Gold do Spirits Selection, no Concurso Mundial, em 2013. 

Desde então, já são dezenas de prêmios, quatro mandatos como presidente da Associação dos Produtores de Cachaça do Rio de Janeiro, e muito empenho na busca por "um produto de excelência máxima'', como faz questão de frisar diversas vezes durante a conversa. 

Parceria

Tal excelência de Kátia também é encontrada na cachaça Pindorama, que levou a medalha de prata. Por decisão do destino, a carioca Luíza Almeida Braga se viu com um alambique pronto a fabricar, após três anos de uma grande reforma, quando seu marido, o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, faleceu. “Nunca tinha tomado um copinho de cachaça na vida”, conta Luiza. 

Luiza Almeida Braga e sua filha Joana, que comandam a Pindorama Foto: Ana Branco

Foi então que ela procurou Kátia. "Na época, era a única pessoa que sabia de cachaça que eu conhecia", conta. "Ela me deu todo o caminho. Foi sozinha para a minha fazenda visitar as instalações e analisar os processos. Ela foi nossa mentora". 

Além dos conselhos da colega, a Pindorama conta outros detalhes importantes para o sucesso. Toda a cana que se transforma em cachaça é plantada na própria Fazenda das Palmas, sob regime de agrofloresta e com certificação orgânica. "Tratamos como terroir de vinho", explica Luíza. 

E, ainda que novata no mercado brasileiro - estreou nas prateleiras por aqui em 2021 -, a Pindorama já fez história lá fora."Começamos a comercializar pela Europa, eu morava em Portugal e apostamos nesta estratégia", explica Luíza, que hoje aprecia um copinho de pinga no final da tarde, fala sobre o canavial e os processos do alambique tal qual uma profissional, e já sonha em colocar um blend próprio da Pindorama no mercado. 

Cachaça Pindorama Foto: Pindorama

Cachaceira

Já na história da Tiê, e de sua dona, Cris Amin, não tem fazenda de herança nem tradição familiar. Produzida no alambique da fazenda comprada por Cris e seu marido, como um plano para aposentadoria, em Aiuruoca, do lado mineiro da Serra da Mantiqueira, a Tiê nasceu depois de algumas frustrações com outras apostas na propriedade. "Construímos o alambique do zero - demoramos quase 10 anos para colocar a cachaça no mercado. Mas dois meses depois, veio a primeira medalha”, conta Cris. 

Cris Amin da cachaça Tiê Foto: Acervo Pessoal

Nem parece, mas foi há menos de sete anos que a marca chegou ao mercado pelas mãos da produtora cultural, que hoje faz questão que a chamem de cachaceira, "porque essa é a mulher que trabalha, produz e aprecia cachaça". 

Apesar de colecionar mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, Cris ainda tem muitos planos e projetos para a Tiê, entre eles, criar um curso de capacitação em produção de cachaça para mulheres no seu alambique. "Ainda é difícil encontrar mulheres para atuar nesta parte da produção, mas é algo que veremos mudar nos próximos anos." 

Mestre-alambiqueira

Esse é um desafio que a produtora Manu Romano conseguiu superar. No alambique da cachaça Bem Me Quer, em Pitangui, a 300 km de Belo Horizonte,quarta colocada entre as branquinhas, só trabalham mulheres. "Tenho muito orgulho de defender e apoiar essa causa", afirma Manu. 

Ela recrutou as mulheres da fazenda, sem nenhuma experiência no ramo, deu curso e incentivou a nova profissão. Hoje o alambique é tocado por Angela Izidoro, sua filha Mariana e Patrícia Conrado, a mestra-alambiqueira. 

As mulheres do alambique da cachaça Bem Me Quer Foto: Acervo Pessoal

Mas a grande responsável pela cachaça na família é sua mãe Rosana Romano, que sempre gostou de cachaça e, nas festas, fabricava poucos litros apenas para acompanhar as celebrações. "Ela sempre gostou e bebeu cachaça. Mas em todos os bares, era sempre a mesma história, ela fazia o pedido e sempre serviam a cachaça ao meu pai".

Foi então, "12 anos atrás, que decidimos investir no negócio". Manu abandonou a arquitetura e se mudou para a fazenda com o marido e a filha. "É um universo apaixonante, mesmo que ainda muito masculino. Mas vejo que, com a vinda dos filhos dos proprietários, o cenário está se renovando com muito mais mulheres". 

Enquanto a filha toca o dia a dia do alambique e a marca premiada, Rosana não deixou de lado nem a cana nem a causa: fundou o ConVida – Confraria Mulheres da Cachaça, que já soma mais de 500 cachaceiras em todo o Brasil. "Hoje posso dizer com muito orgulho, mulheres não só bebem cachaça, como fabricam também!".

“Se você acha que cachaça não é para mulher, é porque não entende nem de cachaça, nem de mulher.” Tal provérbio nunca se fez tão feliz quanto agora. Divulgado na quinta-feira, 17, o V Ranking da Cúpula da Cachaça trouxe entre as primeiras colocações grandes cachaças produzidas por grandes mulheres. 

Katia Espirito Santo da cachaça Da Quinta, medalha de ouro no Ranking da Cúpula da Cachaça Foto: Acervo Pessoal

Tal destaque fica especialmente evidente na categoria Prata, as caninhas brancas sem passagem por barricas de madeira, onde as quatro primeiras colocadas - Da Quinta, Pindorama, Tiê e Bem Me Quer - têm dedo (mão e pé) feminino. 

Por acaso ou não, nunca antes na história do ranking uma cachaça branca teve pontuação maior do que as envelhecidas. "A branquinha não tem correção, ela é o que é, o que você produziu do começo ao fim. A madeira dá uma corrigida”, explica, orgulhosa do feito, Cris Amin, da cachaça Tiê, que levou a medalha de bronze este ano, mas foi ouro na última edição.

“As cachaceiras vão decolar”, declara feliz com o prêmio e a hegemonia feminina. Já decolaram, Cris. A grande vencedora, a cachaça Da Quinta, marcou 84,43 - nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula. 

A cachaça Da Quinta,recebeu a nota mais alta entre todas as 50 avaliadas pela Cúpula Foto: Da Quinta

Ela é, hoje, produzida por Kátia Espírito Santo, fonoaudióloga de formação, que há pouco mais de 20 anos trocou a profissão para se dedicar à paixão do pai, que na época estava doente. Produtor de cachaça, José Ramos Alves não queria que a tradição da família, que começou com seu pai na fazenda em Carmo, município da região serrana do estado do Rio de Janeiro, acabasse e incentivou a filha a seguir os seus passos. Ela aprendeu o ofício ao seu lado, estudou muito e foi além: modernizou a produção e investiu no produto, da cana ao copo, tirou a certificação orgânica e o levou para fora das fronteiras do Rio de Janeiro - até Bruxelas, onde conquistou a medalha Grand Gold do Spirits Selection, no Concurso Mundial, em 2013. 

Desde então, já são dezenas de prêmios, quatro mandatos como presidente da Associação dos Produtores de Cachaça do Rio de Janeiro, e muito empenho na busca por "um produto de excelência máxima'', como faz questão de frisar diversas vezes durante a conversa. 

Parceria

Tal excelência de Kátia também é encontrada na cachaça Pindorama, que levou a medalha de prata. Por decisão do destino, a carioca Luíza Almeida Braga se viu com um alambique pronto a fabricar, após três anos de uma grande reforma, quando seu marido, o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, faleceu. “Nunca tinha tomado um copinho de cachaça na vida”, conta Luiza. 

Luiza Almeida Braga e sua filha Joana, que comandam a Pindorama Foto: Ana Branco

Foi então que ela procurou Kátia. "Na época, era a única pessoa que sabia de cachaça que eu conhecia", conta. "Ela me deu todo o caminho. Foi sozinha para a minha fazenda visitar as instalações e analisar os processos. Ela foi nossa mentora". 

Além dos conselhos da colega, a Pindorama conta outros detalhes importantes para o sucesso. Toda a cana que se transforma em cachaça é plantada na própria Fazenda das Palmas, sob regime de agrofloresta e com certificação orgânica. "Tratamos como terroir de vinho", explica Luíza. 

E, ainda que novata no mercado brasileiro - estreou nas prateleiras por aqui em 2021 -, a Pindorama já fez história lá fora."Começamos a comercializar pela Europa, eu morava em Portugal e apostamos nesta estratégia", explica Luíza, que hoje aprecia um copinho de pinga no final da tarde, fala sobre o canavial e os processos do alambique tal qual uma profissional, e já sonha em colocar um blend próprio da Pindorama no mercado. 

Cachaça Pindorama Foto: Pindorama

Cachaceira

Já na história da Tiê, e de sua dona, Cris Amin, não tem fazenda de herança nem tradição familiar. Produzida no alambique da fazenda comprada por Cris e seu marido, como um plano para aposentadoria, em Aiuruoca, do lado mineiro da Serra da Mantiqueira, a Tiê nasceu depois de algumas frustrações com outras apostas na propriedade. "Construímos o alambique do zero - demoramos quase 10 anos para colocar a cachaça no mercado. Mas dois meses depois, veio a primeira medalha”, conta Cris. 

Cris Amin da cachaça Tiê Foto: Acervo Pessoal

Nem parece, mas foi há menos de sete anos que a marca chegou ao mercado pelas mãos da produtora cultural, que hoje faz questão que a chamem de cachaceira, "porque essa é a mulher que trabalha, produz e aprecia cachaça". 

Apesar de colecionar mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, Cris ainda tem muitos planos e projetos para a Tiê, entre eles, criar um curso de capacitação em produção de cachaça para mulheres no seu alambique. "Ainda é difícil encontrar mulheres para atuar nesta parte da produção, mas é algo que veremos mudar nos próximos anos." 

Mestre-alambiqueira

Esse é um desafio que a produtora Manu Romano conseguiu superar. No alambique da cachaça Bem Me Quer, em Pitangui, a 300 km de Belo Horizonte,quarta colocada entre as branquinhas, só trabalham mulheres. "Tenho muito orgulho de defender e apoiar essa causa", afirma Manu. 

Ela recrutou as mulheres da fazenda, sem nenhuma experiência no ramo, deu curso e incentivou a nova profissão. Hoje o alambique é tocado por Angela Izidoro, sua filha Mariana e Patrícia Conrado, a mestra-alambiqueira. 

As mulheres do alambique da cachaça Bem Me Quer Foto: Acervo Pessoal

Mas a grande responsável pela cachaça na família é sua mãe Rosana Romano, que sempre gostou de cachaça e, nas festas, fabricava poucos litros apenas para acompanhar as celebrações. "Ela sempre gostou e bebeu cachaça. Mas em todos os bares, era sempre a mesma história, ela fazia o pedido e sempre serviam a cachaça ao meu pai".

Foi então, "12 anos atrás, que decidimos investir no negócio". Manu abandonou a arquitetura e se mudou para a fazenda com o marido e a filha. "É um universo apaixonante, mesmo que ainda muito masculino. Mas vejo que, com a vinda dos filhos dos proprietários, o cenário está se renovando com muito mais mulheres". 

Enquanto a filha toca o dia a dia do alambique e a marca premiada, Rosana não deixou de lado nem a cana nem a causa: fundou o ConVida – Confraria Mulheres da Cachaça, que já soma mais de 500 cachaceiras em todo o Brasil. "Hoje posso dizer com muito orgulho, mulheres não só bebem cachaça, como fabricam também!".

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.