Saiba os segredos da produção de uma cachaça orgânica no interior de São Paulo


Destilaria Octaviano Della Colletta, na simpática cidade de Torrinha, produz cachaça orgânica de olho no mercado internacional

Por Matheus Mans
Atualização:

É na simpática cidade de Torrinha, no coração do estado de São Paulo, que está a destilaria Octaviano Della Colletta. Depois de atravessar uma região com várias casas típicas de interior, e nenhum prédio, é que encontramos a empresa, surgindo naquele cenário após muita terra batida e uma estradinha com inúmeras curvas. A destilaria é uma das empresas atrás de um selo importantíssimo: o de produção 100% orgânica de cachaça.

Para isso, o processo é diferente de grande parte da produção de cachaça que vemos acontecendo em destilarias espalhadas pelo Brasil. Tudo, na Octaviano Della Colletta, segue um passo a passo rígido: até o detergente usado precisa ser um produto orgânico.

“Buscamos o selo internacional de produção orgânica para conseguirmos chegar em outros mercados”, contextualiza a especialista Aline Bortoletto, responsável técnica da destilaria. “O orgânico é uma tendência que não tem mais volta e precisamos atender esse mercado”.

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Assim, a destilaria precisa ser responsável por todo o processo, do plantio ao produto final.

Como é a produção de cachaça orgânica?

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Nessa busca, tudo é profundamente controlado sob a batuta da destilaria. Tudo, é claro, começa com a cana-de-açúcar: ela é plantada ali no terreno da Octaviano Della Colletta, em 9,3 hectares de terra roxa, com produção orgânica. Nada de produtos químicos ou fertilizantes artificiais: toda a produção é controlada com agentes naturais, fazendo com que a plantação viva em uma simbiose interessante para manter o equilíbrio da cana.

“A terra roxa tem mais argila e ferro, deixando a cana mais forte e com alto teor de brix”, explica Aline. O brix que ela cita é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis como açúcar ou sacarose. Isso faz com que o caldo seja mais doce, fazendo com que a cachaça tenha notas sensoriais importantes e um sabor bem mais interessante. Além disso, vale destacar a importância de Torrinha: a cidade tem altitude de 1 mil metros, deixando um clima mais ameno e fazendo o fermento atuar de forma mais cadenciada.

Cana-de-açúcar sendo lavada antes de entrar no processo da destilaria Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro
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Depois de colhida, a cana-de-açúcar é lavada duplamente, na carreta e entrando na esteira de processamento, e é feito um controle de qualidade -- canas com brocas, uma espécie de mariposa que deposita suas larvas na cana, são descartadas para não causar sujidade na cachaça. É depois de limpa que a cana-de-açúcar é depositada em uma máquina imensa, de estilo bem industrial, que pica a cana e esmaga duplamente para retirar o caldo.

O caldo, então, é filtrado duplamente e levado para a decantação. É aí que começa o processo de fermentação: são leveduras específicas que também ajudam a dar sabor e aroma para a cachaça. Nesse processo, a destilaria ainda precisa seguir rígidos valores de temperatura, pH, acidez, brix e teor alcoólico. Se não acompanhar tudo, seguindo todas as regras mais básicas, a cachaça vai sair de um jeito diferente no final de todo o processo.

Na Octaviano Della Colletta, não é usado também nenhum fermento químico, mas sim o chamado pé-de-cuba: ele é preparado em uma dorna, no início da safra, em uma mistura de leveduras com o próprio caldo de cana obtido no processo de moagem e prensa da cana.

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Por fim, é adicionada água no caldo obtido -- obtido no próprio terreno da fazenda, mantendo as características do solo -- para reduzir a concentração de açúcares. É aí que o caldo, já fermentado e com água adicionada, vai para a destilaria: são maquinários de cobre, que ajudam a manter a temperatura desse composto, e que entram em um profundo processo químico de evaporação e condensação da cachaça, até obter a bebida alcóolica.

É neste momento final que a cachaça pode seguir dois caminhos: ou ser armazenada em tonéis metálicos, sem envelhecimento, para a cachaça branca, que no caso é chamada pela destilaria como Cê Blanc de Blancs; ou, então, partem para o envelhecimento em barris de carvalho, jequitibá branco ou amburana, gerando a cachaça mais escura, envelhecida, e geralmente com um sabor bem mais complexo e intenso, chamadas de Alzira (mais simples e barata) e a Cê Double Wood, feita em carvalho americano e jequitibá rosa.

Duas das cachaças produzidas na Octaviano Della Colletta Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro
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Processos externos da cachaçaria

Vale lembrar que não é apenas no processo em si da cachaça que a destilaria Octaviano Della Colletta precisa se atentar com os processos para conquistar o selo internacional de produto orgânico. Por exemplo: usam fardos de palha de cana para gerar energia nas queimas da caldeira e utilizam o bagaço da cana para geração de adubo. Parte da cana triturada que não é aproveitada também é reaproveitada por outro fazendeiro para o gado.

A eletricidade é gerada através de painéis solares, enquanto grande parte dos veículos é movido a álcool produzido através de parte do álcool descartado no processo de produção da cachaça. Há, também, iniciativas de bem-estar com os funcionários da destilaria.

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*Repórter viajou a convite do Senac Águas de S. Pedro.

É na simpática cidade de Torrinha, no coração do estado de São Paulo, que está a destilaria Octaviano Della Colletta. Depois de atravessar uma região com várias casas típicas de interior, e nenhum prédio, é que encontramos a empresa, surgindo naquele cenário após muita terra batida e uma estradinha com inúmeras curvas. A destilaria é uma das empresas atrás de um selo importantíssimo: o de produção 100% orgânica de cachaça.

Para isso, o processo é diferente de grande parte da produção de cachaça que vemos acontecendo em destilarias espalhadas pelo Brasil. Tudo, na Octaviano Della Colletta, segue um passo a passo rígido: até o detergente usado precisa ser um produto orgânico.

“Buscamos o selo internacional de produção orgânica para conseguirmos chegar em outros mercados”, contextualiza a especialista Aline Bortoletto, responsável técnica da destilaria. “O orgânico é uma tendência que não tem mais volta e precisamos atender esse mercado”.

Assim, a destilaria precisa ser responsável por todo o processo, do plantio ao produto final.

Como é a produção de cachaça orgânica?

Nessa busca, tudo é profundamente controlado sob a batuta da destilaria. Tudo, é claro, começa com a cana-de-açúcar: ela é plantada ali no terreno da Octaviano Della Colletta, em 9,3 hectares de terra roxa, com produção orgânica. Nada de produtos químicos ou fertilizantes artificiais: toda a produção é controlada com agentes naturais, fazendo com que a plantação viva em uma simbiose interessante para manter o equilíbrio da cana.

“A terra roxa tem mais argila e ferro, deixando a cana mais forte e com alto teor de brix”, explica Aline. O brix que ela cita é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis como açúcar ou sacarose. Isso faz com que o caldo seja mais doce, fazendo com que a cachaça tenha notas sensoriais importantes e um sabor bem mais interessante. Além disso, vale destacar a importância de Torrinha: a cidade tem altitude de 1 mil metros, deixando um clima mais ameno e fazendo o fermento atuar de forma mais cadenciada.

Cana-de-açúcar sendo lavada antes de entrar no processo da destilaria Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Depois de colhida, a cana-de-açúcar é lavada duplamente, na carreta e entrando na esteira de processamento, e é feito um controle de qualidade -- canas com brocas, uma espécie de mariposa que deposita suas larvas na cana, são descartadas para não causar sujidade na cachaça. É depois de limpa que a cana-de-açúcar é depositada em uma máquina imensa, de estilo bem industrial, que pica a cana e esmaga duplamente para retirar o caldo.

O caldo, então, é filtrado duplamente e levado para a decantação. É aí que começa o processo de fermentação: são leveduras específicas que também ajudam a dar sabor e aroma para a cachaça. Nesse processo, a destilaria ainda precisa seguir rígidos valores de temperatura, pH, acidez, brix e teor alcoólico. Se não acompanhar tudo, seguindo todas as regras mais básicas, a cachaça vai sair de um jeito diferente no final de todo o processo.

Na Octaviano Della Colletta, não é usado também nenhum fermento químico, mas sim o chamado pé-de-cuba: ele é preparado em uma dorna, no início da safra, em uma mistura de leveduras com o próprio caldo de cana obtido no processo de moagem e prensa da cana.

Por fim, é adicionada água no caldo obtido -- obtido no próprio terreno da fazenda, mantendo as características do solo -- para reduzir a concentração de açúcares. É aí que o caldo, já fermentado e com água adicionada, vai para a destilaria: são maquinários de cobre, que ajudam a manter a temperatura desse composto, e que entram em um profundo processo químico de evaporação e condensação da cachaça, até obter a bebida alcóolica.

É neste momento final que a cachaça pode seguir dois caminhos: ou ser armazenada em tonéis metálicos, sem envelhecimento, para a cachaça branca, que no caso é chamada pela destilaria como Cê Blanc de Blancs; ou, então, partem para o envelhecimento em barris de carvalho, jequitibá branco ou amburana, gerando a cachaça mais escura, envelhecida, e geralmente com um sabor bem mais complexo e intenso, chamadas de Alzira (mais simples e barata) e a Cê Double Wood, feita em carvalho americano e jequitibá rosa.

Duas das cachaças produzidas na Octaviano Della Colletta Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Processos externos da cachaçaria

Vale lembrar que não é apenas no processo em si da cachaça que a destilaria Octaviano Della Colletta precisa se atentar com os processos para conquistar o selo internacional de produto orgânico. Por exemplo: usam fardos de palha de cana para gerar energia nas queimas da caldeira e utilizam o bagaço da cana para geração de adubo. Parte da cana triturada que não é aproveitada também é reaproveitada por outro fazendeiro para o gado.

A eletricidade é gerada através de painéis solares, enquanto grande parte dos veículos é movido a álcool produzido através de parte do álcool descartado no processo de produção da cachaça. Há, também, iniciativas de bem-estar com os funcionários da destilaria.

*Repórter viajou a convite do Senac Águas de S. Pedro.

É na simpática cidade de Torrinha, no coração do estado de São Paulo, que está a destilaria Octaviano Della Colletta. Depois de atravessar uma região com várias casas típicas de interior, e nenhum prédio, é que encontramos a empresa, surgindo naquele cenário após muita terra batida e uma estradinha com inúmeras curvas. A destilaria é uma das empresas atrás de um selo importantíssimo: o de produção 100% orgânica de cachaça.

Para isso, o processo é diferente de grande parte da produção de cachaça que vemos acontecendo em destilarias espalhadas pelo Brasil. Tudo, na Octaviano Della Colletta, segue um passo a passo rígido: até o detergente usado precisa ser um produto orgânico.

“Buscamos o selo internacional de produção orgânica para conseguirmos chegar em outros mercados”, contextualiza a especialista Aline Bortoletto, responsável técnica da destilaria. “O orgânico é uma tendência que não tem mais volta e precisamos atender esse mercado”.

Assim, a destilaria precisa ser responsável por todo o processo, do plantio ao produto final.

Como é a produção de cachaça orgânica?

Nessa busca, tudo é profundamente controlado sob a batuta da destilaria. Tudo, é claro, começa com a cana-de-açúcar: ela é plantada ali no terreno da Octaviano Della Colletta, em 9,3 hectares de terra roxa, com produção orgânica. Nada de produtos químicos ou fertilizantes artificiais: toda a produção é controlada com agentes naturais, fazendo com que a plantação viva em uma simbiose interessante para manter o equilíbrio da cana.

“A terra roxa tem mais argila e ferro, deixando a cana mais forte e com alto teor de brix”, explica Aline. O brix que ela cita é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis como açúcar ou sacarose. Isso faz com que o caldo seja mais doce, fazendo com que a cachaça tenha notas sensoriais importantes e um sabor bem mais interessante. Além disso, vale destacar a importância de Torrinha: a cidade tem altitude de 1 mil metros, deixando um clima mais ameno e fazendo o fermento atuar de forma mais cadenciada.

Cana-de-açúcar sendo lavada antes de entrar no processo da destilaria Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Depois de colhida, a cana-de-açúcar é lavada duplamente, na carreta e entrando na esteira de processamento, e é feito um controle de qualidade -- canas com brocas, uma espécie de mariposa que deposita suas larvas na cana, são descartadas para não causar sujidade na cachaça. É depois de limpa que a cana-de-açúcar é depositada em uma máquina imensa, de estilo bem industrial, que pica a cana e esmaga duplamente para retirar o caldo.

O caldo, então, é filtrado duplamente e levado para a decantação. É aí que começa o processo de fermentação: são leveduras específicas que também ajudam a dar sabor e aroma para a cachaça. Nesse processo, a destilaria ainda precisa seguir rígidos valores de temperatura, pH, acidez, brix e teor alcoólico. Se não acompanhar tudo, seguindo todas as regras mais básicas, a cachaça vai sair de um jeito diferente no final de todo o processo.

Na Octaviano Della Colletta, não é usado também nenhum fermento químico, mas sim o chamado pé-de-cuba: ele é preparado em uma dorna, no início da safra, em uma mistura de leveduras com o próprio caldo de cana obtido no processo de moagem e prensa da cana.

Por fim, é adicionada água no caldo obtido -- obtido no próprio terreno da fazenda, mantendo as características do solo -- para reduzir a concentração de açúcares. É aí que o caldo, já fermentado e com água adicionada, vai para a destilaria: são maquinários de cobre, que ajudam a manter a temperatura desse composto, e que entram em um profundo processo químico de evaporação e condensação da cachaça, até obter a bebida alcóolica.

É neste momento final que a cachaça pode seguir dois caminhos: ou ser armazenada em tonéis metálicos, sem envelhecimento, para a cachaça branca, que no caso é chamada pela destilaria como Cê Blanc de Blancs; ou, então, partem para o envelhecimento em barris de carvalho, jequitibá branco ou amburana, gerando a cachaça mais escura, envelhecida, e geralmente com um sabor bem mais complexo e intenso, chamadas de Alzira (mais simples e barata) e a Cê Double Wood, feita em carvalho americano e jequitibá rosa.

Duas das cachaças produzidas na Octaviano Della Colletta Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Processos externos da cachaçaria

Vale lembrar que não é apenas no processo em si da cachaça que a destilaria Octaviano Della Colletta precisa se atentar com os processos para conquistar o selo internacional de produto orgânico. Por exemplo: usam fardos de palha de cana para gerar energia nas queimas da caldeira e utilizam o bagaço da cana para geração de adubo. Parte da cana triturada que não é aproveitada também é reaproveitada por outro fazendeiro para o gado.

A eletricidade é gerada através de painéis solares, enquanto grande parte dos veículos é movido a álcool produzido através de parte do álcool descartado no processo de produção da cachaça. Há, também, iniciativas de bem-estar com os funcionários da destilaria.

*Repórter viajou a convite do Senac Águas de S. Pedro.

É na simpática cidade de Torrinha, no coração do estado de São Paulo, que está a destilaria Octaviano Della Colletta. Depois de atravessar uma região com várias casas típicas de interior, e nenhum prédio, é que encontramos a empresa, surgindo naquele cenário após muita terra batida e uma estradinha com inúmeras curvas. A destilaria é uma das empresas atrás de um selo importantíssimo: o de produção 100% orgânica de cachaça.

Para isso, o processo é diferente de grande parte da produção de cachaça que vemos acontecendo em destilarias espalhadas pelo Brasil. Tudo, na Octaviano Della Colletta, segue um passo a passo rígido: até o detergente usado precisa ser um produto orgânico.

“Buscamos o selo internacional de produção orgânica para conseguirmos chegar em outros mercados”, contextualiza a especialista Aline Bortoletto, responsável técnica da destilaria. “O orgânico é uma tendência que não tem mais volta e precisamos atender esse mercado”.

Assim, a destilaria precisa ser responsável por todo o processo, do plantio ao produto final.

Como é a produção de cachaça orgânica?

Nessa busca, tudo é profundamente controlado sob a batuta da destilaria. Tudo, é claro, começa com a cana-de-açúcar: ela é plantada ali no terreno da Octaviano Della Colletta, em 9,3 hectares de terra roxa, com produção orgânica. Nada de produtos químicos ou fertilizantes artificiais: toda a produção é controlada com agentes naturais, fazendo com que a plantação viva em uma simbiose interessante para manter o equilíbrio da cana.

“A terra roxa tem mais argila e ferro, deixando a cana mais forte e com alto teor de brix”, explica Aline. O brix que ela cita é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis como açúcar ou sacarose. Isso faz com que o caldo seja mais doce, fazendo com que a cachaça tenha notas sensoriais importantes e um sabor bem mais interessante. Além disso, vale destacar a importância de Torrinha: a cidade tem altitude de 1 mil metros, deixando um clima mais ameno e fazendo o fermento atuar de forma mais cadenciada.

Cana-de-açúcar sendo lavada antes de entrar no processo da destilaria Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Depois de colhida, a cana-de-açúcar é lavada duplamente, na carreta e entrando na esteira de processamento, e é feito um controle de qualidade -- canas com brocas, uma espécie de mariposa que deposita suas larvas na cana, são descartadas para não causar sujidade na cachaça. É depois de limpa que a cana-de-açúcar é depositada em uma máquina imensa, de estilo bem industrial, que pica a cana e esmaga duplamente para retirar o caldo.

O caldo, então, é filtrado duplamente e levado para a decantação. É aí que começa o processo de fermentação: são leveduras específicas que também ajudam a dar sabor e aroma para a cachaça. Nesse processo, a destilaria ainda precisa seguir rígidos valores de temperatura, pH, acidez, brix e teor alcoólico. Se não acompanhar tudo, seguindo todas as regras mais básicas, a cachaça vai sair de um jeito diferente no final de todo o processo.

Na Octaviano Della Colletta, não é usado também nenhum fermento químico, mas sim o chamado pé-de-cuba: ele é preparado em uma dorna, no início da safra, em uma mistura de leveduras com o próprio caldo de cana obtido no processo de moagem e prensa da cana.

Por fim, é adicionada água no caldo obtido -- obtido no próprio terreno da fazenda, mantendo as características do solo -- para reduzir a concentração de açúcares. É aí que o caldo, já fermentado e com água adicionada, vai para a destilaria: são maquinários de cobre, que ajudam a manter a temperatura desse composto, e que entram em um profundo processo químico de evaporação e condensação da cachaça, até obter a bebida alcóolica.

É neste momento final que a cachaça pode seguir dois caminhos: ou ser armazenada em tonéis metálicos, sem envelhecimento, para a cachaça branca, que no caso é chamada pela destilaria como Cê Blanc de Blancs; ou, então, partem para o envelhecimento em barris de carvalho, jequitibá branco ou amburana, gerando a cachaça mais escura, envelhecida, e geralmente com um sabor bem mais complexo e intenso, chamadas de Alzira (mais simples e barata) e a Cê Double Wood, feita em carvalho americano e jequitibá rosa.

Duas das cachaças produzidas na Octaviano Della Colletta Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Processos externos da cachaçaria

Vale lembrar que não é apenas no processo em si da cachaça que a destilaria Octaviano Della Colletta precisa se atentar com os processos para conquistar o selo internacional de produto orgânico. Por exemplo: usam fardos de palha de cana para gerar energia nas queimas da caldeira e utilizam o bagaço da cana para geração de adubo. Parte da cana triturada que não é aproveitada também é reaproveitada por outro fazendeiro para o gado.

A eletricidade é gerada através de painéis solares, enquanto grande parte dos veículos é movido a álcool produzido através de parte do álcool descartado no processo de produção da cachaça. Há, também, iniciativas de bem-estar com os funcionários da destilaria.

*Repórter viajou a convite do Senac Águas de S. Pedro.

É na simpática cidade de Torrinha, no coração do estado de São Paulo, que está a destilaria Octaviano Della Colletta. Depois de atravessar uma região com várias casas típicas de interior, e nenhum prédio, é que encontramos a empresa, surgindo naquele cenário após muita terra batida e uma estradinha com inúmeras curvas. A destilaria é uma das empresas atrás de um selo importantíssimo: o de produção 100% orgânica de cachaça.

Para isso, o processo é diferente de grande parte da produção de cachaça que vemos acontecendo em destilarias espalhadas pelo Brasil. Tudo, na Octaviano Della Colletta, segue um passo a passo rígido: até o detergente usado precisa ser um produto orgânico.

“Buscamos o selo internacional de produção orgânica para conseguirmos chegar em outros mercados”, contextualiza a especialista Aline Bortoletto, responsável técnica da destilaria. “O orgânico é uma tendência que não tem mais volta e precisamos atender esse mercado”.

Assim, a destilaria precisa ser responsável por todo o processo, do plantio ao produto final.

Como é a produção de cachaça orgânica?

Nessa busca, tudo é profundamente controlado sob a batuta da destilaria. Tudo, é claro, começa com a cana-de-açúcar: ela é plantada ali no terreno da Octaviano Della Colletta, em 9,3 hectares de terra roxa, com produção orgânica. Nada de produtos químicos ou fertilizantes artificiais: toda a produção é controlada com agentes naturais, fazendo com que a plantação viva em uma simbiose interessante para manter o equilíbrio da cana.

“A terra roxa tem mais argila e ferro, deixando a cana mais forte e com alto teor de brix”, explica Aline. O brix que ela cita é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis como açúcar ou sacarose. Isso faz com que o caldo seja mais doce, fazendo com que a cachaça tenha notas sensoriais importantes e um sabor bem mais interessante. Além disso, vale destacar a importância de Torrinha: a cidade tem altitude de 1 mil metros, deixando um clima mais ameno e fazendo o fermento atuar de forma mais cadenciada.

Cana-de-açúcar sendo lavada antes de entrar no processo da destilaria Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Depois de colhida, a cana-de-açúcar é lavada duplamente, na carreta e entrando na esteira de processamento, e é feito um controle de qualidade -- canas com brocas, uma espécie de mariposa que deposita suas larvas na cana, são descartadas para não causar sujidade na cachaça. É depois de limpa que a cana-de-açúcar é depositada em uma máquina imensa, de estilo bem industrial, que pica a cana e esmaga duplamente para retirar o caldo.

O caldo, então, é filtrado duplamente e levado para a decantação. É aí que começa o processo de fermentação: são leveduras específicas que também ajudam a dar sabor e aroma para a cachaça. Nesse processo, a destilaria ainda precisa seguir rígidos valores de temperatura, pH, acidez, brix e teor alcoólico. Se não acompanhar tudo, seguindo todas as regras mais básicas, a cachaça vai sair de um jeito diferente no final de todo o processo.

Na Octaviano Della Colletta, não é usado também nenhum fermento químico, mas sim o chamado pé-de-cuba: ele é preparado em uma dorna, no início da safra, em uma mistura de leveduras com o próprio caldo de cana obtido no processo de moagem e prensa da cana.

Por fim, é adicionada água no caldo obtido -- obtido no próprio terreno da fazenda, mantendo as características do solo -- para reduzir a concentração de açúcares. É aí que o caldo, já fermentado e com água adicionada, vai para a destilaria: são maquinários de cobre, que ajudam a manter a temperatura desse composto, e que entram em um profundo processo químico de evaporação e condensação da cachaça, até obter a bebida alcóolica.

É neste momento final que a cachaça pode seguir dois caminhos: ou ser armazenada em tonéis metálicos, sem envelhecimento, para a cachaça branca, que no caso é chamada pela destilaria como Cê Blanc de Blancs; ou, então, partem para o envelhecimento em barris de carvalho, jequitibá branco ou amburana, gerando a cachaça mais escura, envelhecida, e geralmente com um sabor bem mais complexo e intenso, chamadas de Alzira (mais simples e barata) e a Cê Double Wood, feita em carvalho americano e jequitibá rosa.

Duas das cachaças produzidas na Octaviano Della Colletta Foto: Centro Universitário Senac Águas de S. Pedro

Processos externos da cachaçaria

Vale lembrar que não é apenas no processo em si da cachaça que a destilaria Octaviano Della Colletta precisa se atentar com os processos para conquistar o selo internacional de produto orgânico. Por exemplo: usam fardos de palha de cana para gerar energia nas queimas da caldeira e utilizam o bagaço da cana para geração de adubo. Parte da cana triturada que não é aproveitada também é reaproveitada por outro fazendeiro para o gado.

A eletricidade é gerada através de painéis solares, enquanto grande parte dos veículos é movido a álcool produzido através de parte do álcool descartado no processo de produção da cachaça. Há, também, iniciativas de bem-estar com os funcionários da destilaria.

*Repórter viajou a convite do Senac Águas de S. Pedro.

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