‘A comida é a coisa mais valiosa que temos’, diz René Redzepi, chef do Noma


Chef dinamarquês é uma das mentes por trás da série ‘Onívoros’, produção original do Apple TV+ e já disponível em todo o mundo

Por Matheus Mans
Atualização:

Quando falamos sobre séries e programas de TV sobre comida, o que vem à mente? Reality shows como MasterChef, séries que apostam fortemente na estética e nas histórias humanas como Chef’s Table. Mas como sabemos as histórias dos ingredientes? Como saber sobre o que comemos? É sobre isso que a nova série Onívoros, do Apple TV+, busca falar: compreender como a comida chega à mesa, em seu tortuoso caminho na História.

O projeto é uma parceria entre o chef dinamarquês René Redzepi, do premiadíssimo restaurante Noma, com o jornalista e escritor Matt Goulding. Os dois começaram as conversas sobre uma série assim há mais de 10 anos, mas as coisas só foram se alinhar de fato nos últimos quatro. No meio disso, muita coisa aconteceu -- René ganhou ainda mais renome mundial e Matt perdeu o chef Anthony Bourdain, amigo e parceiro de trabalho de longa data.

“Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido”, conta Matt, ao Paladar. O resultado é surpreendente: são oito episódios, muito bem produzidos, sobre os mais diferentes ingredientes. Pimenta, milho, sal, porco. René é o guia nessa história sobre as bases da gastronomia. Quase não aparece na tela.

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René Redzepi não é o apresentador, mas o guia de 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

É, enfim, mais do que uma série sobre chefs, grandes pratos e grandes histórias. Onívoros é um programa que fala sobre nossa essência: a comida. A seguir, confira os principais trechos da conversa do Paladar, feita por vídeo, com Matt Goulding e René Redzepi.

Primeiro, preciso saber como surgiu a ideia para esta série. Como tudo começou?

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René: Isso começou há mais de 10 anos. Fui convidado a fazer TV, mas nada do que me foi oferecido realmente me interessava. Então, comecei a pensar: se eu fosse fazer TV, o que eu gostaria de fazer? Foi aí que começamos a pensar no início de Onívoros. A ideia naquela época era criar algo inspirado pelos grandes documentários de natureza, como Planeta Terra e o tom e a voz de David Attenborough. Seria possível fazer algo assim para a comida? E essa foi a semente original do que se tornou hoje.

Matt, como você conheceu René? Como essa parceria começou?

Matt: Conheci o René em 2012 como um cliente do restaurante. Eu estava escrevendo sobre o Noma e desenvolvi uma grande admiração por tudo o que René representava, assim como pelo Noma como organização. Passei anos trabalhando com eles e com Anthony Bourdain. Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido. Acho que ambos estávamos pensando: “O que há de novo no mundo da narrativa gastronômica? O que ainda não foi feito? Qual poderia ser a próxima fronteira?”. E acho que a profunda curiosidade de René e a maneira como ele conecta a comida ao mundo natural é algo de que realmente precisamos. Não pensamos na comida como parte do mundo natural, mas ela é nossa ponte mais direta para ele. E isso começou há mais de quatro anos e, desde então, temos trabalhado nisso praticamente sem parar.

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René, falando sobre TV, você acabou de participar de The Bear e agora você tem Onívoro. Como é isso para você?

René: Essa é uma boa pergunta, porque uma das razões pelas quais eu nunca fiz TV foi o receio de estar na TV. E, honestamente, também posso dizer que fiquei preocupado com esse processo. Mas devo dizer que a ideia original de Onívoros que eu e Matt discutimos ao planejar a série era que eu aparecesse o mínimo possível na TV. Mesmo que meu nome esteja lá, apareço no máximo três minutos por episódio -- com exceção do episódio no Chile, que exigiu algumas coisas mais específicas. Não é meu programa, é o programa dos ingredientes e das pessoas. Estou apenas como um guia. Então, estou na TV, mas não estou apresentando meu próprio programa, se é que isso faz sentido.

Matt: Só queria acrescentar que acho que, quando você disse isso, fiquei super animado porque acho que é exatamente o que essa ideia precisava. Não precisamos simplesmente seguir uma pessoa com a câmera. Este é um mundo muito maior, uma história muito maior para contar. É uma história sobre cada parte da cadeia alimentar, começando no solo. E acho que isso foi um sinal forte de que estamos tentando fazer algo diferente aqui.

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Diferentes alimentos, como o café, guiam o espectador em 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

Qual a importância de falar sobre ingredientes, sabores e aromas e por que é importante que as pessoas entendam mais sobre o que comemos?

René: Porque o que comemos tem um impacto incrível em tudo. Como espécie, o que comemos determina nossa saúde. Com quem comemos determina nossa felicidade e como crescemos. Nossa comida está mais ou menos correlacionada diretamente com a saúde do nosso planeta. Então, precisamos valorizar a comida, entender mais sobre ela. Devemos tratá-la como algo mais importante do que Bitcoin, ouro e outras coisas que recebem muita atenção. A comida é a coisa mais valiosa que temos. Com a série, tentamos entreter as pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar que a comida é a coisa mais importante que temos e devemos valorizá-la mais, porque o valor leva ao cuidado.

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Matt: Acho que, se pensarmos em nós como espécie, grande parte da série é sobre o que um ingrediente diz sobre nós. O que nosso amor pelo pimentão diz sobre a psique humana? Nossa relação profunda com o café, que não é um ingrediente de que precisamos para sobreviver, mas que amamos profundamente. O que isso diz sobre nossa capacidade de colaborar entre continentes? No caso do café, 40 ou 50 pessoas estão envolvidas na produção daquela xícara que apreciamos pela manhã. Mostrar às pessoas algo que perdemos de vista é importante. Por muito tempo, a maior pergunta em nossas vidas era “o que tem para o jantar?”. A resposta a essa pergunta teve um impacto profundo em moldar nossa sociedade. Queremos trazer essa urgência de volta, mas de uma maneira que inspire as pessoas, não que as assuste. Mostrar que uma decisão alimentar diferente pode ter um impacto verdadeiro no mundo em que vivemos.

René, mesmo sendo o chef de um restaurante como o Noma, quão importante é sempre se reinventar e redescobrir ingredientes, aromas e sabores?

René: Acho que é algo necessário para todos nós em nossas vidas. É um processo constante de aprendizado e desaprendizagem. E, com cada processo de aprendizado, você cresce como uma árvore, ganhando uma nova camada. No dia em que paramos de fazer isso, também paramos de evoluir como indivíduos criativos. Então, nesse sentido, precisamos continuar. Com este projeto Onívoros e com as pessoas maravilhosas com quem trabalho, como Matt, aprendi coisas que me fizeram pensar de uma nova maneira sobre meu trabalho e o mundo. Isso tem sido profundamente significativo para mim.

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Aliás, há alguma curiosidade sobre um ingrediente que surpreendeu vocês na série? O que vocês mais gostaram?

Matt: Em termos de aproveitamento, para mim, a cena incrível do pimentão no final do episódio, assim como passar um tempo em Bangkok com o lindo casal Prin e Mint, foi mágico. Conhecer pessoas assim e passar um tempo com elas foi incrível. Passamos por 16 países e conhecemos centenas de pessoas. A dedicação e paixão das pessoas em alimentar outras é algo comum a todos, seja um grande fazendeiro de milho em Iowa, um agricultor de milho no México ou um agricultor de pimentão na Sérvia. Todos têm o desejo de fazer um bom trabalho, alimentar suas famílias e ser parte de algo maior. O objetivo da série é melhorar os sistemas que apoiam essas pessoas.

René: Concordo com tudo o que Matt disse. Uma das coisas que me surpreendeu negativamente foi a banana.

Negativamente?

René: Sim, porque eu não sabia o quão brutal era a história da banana. Eu não sabia que tinha mudado o mundo dessa forma. Foi uma surpresa. Não consigo mais comer uma banana sem pensar nisso. No mundo todo, provavelmente você tem bananas diferentes no Brasil, mas na maioria dos lugares é a banana Cavendish. Estamos comendo a mesma banana, e foi um verdadeiro sucesso nesse sentido, mas a que custo?

A história da banana surpreendeu o chef Foto: Apple TV+/Divulgação

Matt: Eu assisti a esse episódio ontem à noite com alguns amigos na Califórnia e todos ficaram surpresos, dizendo que nunca souberam daquilo. Isso resume bem o que estamos tentando fazer aqui. Momentos de “uau, eu nunca soube que uma xícara de café exigia tanto esforço” ou “nunca soube que o pimentão viajou o mundo dessa forma”. Quanto mais momentos assim pudermos proporcionar, mais poderemos traçar um caminho diferente.

Por fim, podemos esperar mais temporadas de Onívoros ou outros projetos de audiovisual?

René: Espero que sim, mas isso dependerá de quantos de seus compatriotas no Brasil assistirão e de outras pessoas ao redor do mundo. Está fora de nossas mãos. Depende de como a série se sairá.

Matt: Temos histórias incríveis no Brasil que adoraríamos compartilhar. Na verdade, tínhamos uma história incrível no Brasil para o episódio do café, mas tivemos que colocá-la de lado por questões geopolíticas. Gostaríamos de continuar fazendo isso. Temos episódios para tantos ingredientes quanto há em seus mercados aí no Brasil. Adoraríamos continuar.

Quando falamos sobre séries e programas de TV sobre comida, o que vem à mente? Reality shows como MasterChef, séries que apostam fortemente na estética e nas histórias humanas como Chef’s Table. Mas como sabemos as histórias dos ingredientes? Como saber sobre o que comemos? É sobre isso que a nova série Onívoros, do Apple TV+, busca falar: compreender como a comida chega à mesa, em seu tortuoso caminho na História.

O projeto é uma parceria entre o chef dinamarquês René Redzepi, do premiadíssimo restaurante Noma, com o jornalista e escritor Matt Goulding. Os dois começaram as conversas sobre uma série assim há mais de 10 anos, mas as coisas só foram se alinhar de fato nos últimos quatro. No meio disso, muita coisa aconteceu -- René ganhou ainda mais renome mundial e Matt perdeu o chef Anthony Bourdain, amigo e parceiro de trabalho de longa data.

“Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido”, conta Matt, ao Paladar. O resultado é surpreendente: são oito episódios, muito bem produzidos, sobre os mais diferentes ingredientes. Pimenta, milho, sal, porco. René é o guia nessa história sobre as bases da gastronomia. Quase não aparece na tela.

René Redzepi não é o apresentador, mas o guia de 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

É, enfim, mais do que uma série sobre chefs, grandes pratos e grandes histórias. Onívoros é um programa que fala sobre nossa essência: a comida. A seguir, confira os principais trechos da conversa do Paladar, feita por vídeo, com Matt Goulding e René Redzepi.

Primeiro, preciso saber como surgiu a ideia para esta série. Como tudo começou?

René: Isso começou há mais de 10 anos. Fui convidado a fazer TV, mas nada do que me foi oferecido realmente me interessava. Então, comecei a pensar: se eu fosse fazer TV, o que eu gostaria de fazer? Foi aí que começamos a pensar no início de Onívoros. A ideia naquela época era criar algo inspirado pelos grandes documentários de natureza, como Planeta Terra e o tom e a voz de David Attenborough. Seria possível fazer algo assim para a comida? E essa foi a semente original do que se tornou hoje.

Matt, como você conheceu René? Como essa parceria começou?

Matt: Conheci o René em 2012 como um cliente do restaurante. Eu estava escrevendo sobre o Noma e desenvolvi uma grande admiração por tudo o que René representava, assim como pelo Noma como organização. Passei anos trabalhando com eles e com Anthony Bourdain. Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido. Acho que ambos estávamos pensando: “O que há de novo no mundo da narrativa gastronômica? O que ainda não foi feito? Qual poderia ser a próxima fronteira?”. E acho que a profunda curiosidade de René e a maneira como ele conecta a comida ao mundo natural é algo de que realmente precisamos. Não pensamos na comida como parte do mundo natural, mas ela é nossa ponte mais direta para ele. E isso começou há mais de quatro anos e, desde então, temos trabalhado nisso praticamente sem parar.

René, falando sobre TV, você acabou de participar de The Bear e agora você tem Onívoro. Como é isso para você?

René: Essa é uma boa pergunta, porque uma das razões pelas quais eu nunca fiz TV foi o receio de estar na TV. E, honestamente, também posso dizer que fiquei preocupado com esse processo. Mas devo dizer que a ideia original de Onívoros que eu e Matt discutimos ao planejar a série era que eu aparecesse o mínimo possível na TV. Mesmo que meu nome esteja lá, apareço no máximo três minutos por episódio -- com exceção do episódio no Chile, que exigiu algumas coisas mais específicas. Não é meu programa, é o programa dos ingredientes e das pessoas. Estou apenas como um guia. Então, estou na TV, mas não estou apresentando meu próprio programa, se é que isso faz sentido.

Matt: Só queria acrescentar que acho que, quando você disse isso, fiquei super animado porque acho que é exatamente o que essa ideia precisava. Não precisamos simplesmente seguir uma pessoa com a câmera. Este é um mundo muito maior, uma história muito maior para contar. É uma história sobre cada parte da cadeia alimentar, começando no solo. E acho que isso foi um sinal forte de que estamos tentando fazer algo diferente aqui.

Diferentes alimentos, como o café, guiam o espectador em 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

Qual a importância de falar sobre ingredientes, sabores e aromas e por que é importante que as pessoas entendam mais sobre o que comemos?

René: Porque o que comemos tem um impacto incrível em tudo. Como espécie, o que comemos determina nossa saúde. Com quem comemos determina nossa felicidade e como crescemos. Nossa comida está mais ou menos correlacionada diretamente com a saúde do nosso planeta. Então, precisamos valorizar a comida, entender mais sobre ela. Devemos tratá-la como algo mais importante do que Bitcoin, ouro e outras coisas que recebem muita atenção. A comida é a coisa mais valiosa que temos. Com a série, tentamos entreter as pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar que a comida é a coisa mais importante que temos e devemos valorizá-la mais, porque o valor leva ao cuidado.

Matt: Acho que, se pensarmos em nós como espécie, grande parte da série é sobre o que um ingrediente diz sobre nós. O que nosso amor pelo pimentão diz sobre a psique humana? Nossa relação profunda com o café, que não é um ingrediente de que precisamos para sobreviver, mas que amamos profundamente. O que isso diz sobre nossa capacidade de colaborar entre continentes? No caso do café, 40 ou 50 pessoas estão envolvidas na produção daquela xícara que apreciamos pela manhã. Mostrar às pessoas algo que perdemos de vista é importante. Por muito tempo, a maior pergunta em nossas vidas era “o que tem para o jantar?”. A resposta a essa pergunta teve um impacto profundo em moldar nossa sociedade. Queremos trazer essa urgência de volta, mas de uma maneira que inspire as pessoas, não que as assuste. Mostrar que uma decisão alimentar diferente pode ter um impacto verdadeiro no mundo em que vivemos.

René, mesmo sendo o chef de um restaurante como o Noma, quão importante é sempre se reinventar e redescobrir ingredientes, aromas e sabores?

René: Acho que é algo necessário para todos nós em nossas vidas. É um processo constante de aprendizado e desaprendizagem. E, com cada processo de aprendizado, você cresce como uma árvore, ganhando uma nova camada. No dia em que paramos de fazer isso, também paramos de evoluir como indivíduos criativos. Então, nesse sentido, precisamos continuar. Com este projeto Onívoros e com as pessoas maravilhosas com quem trabalho, como Matt, aprendi coisas que me fizeram pensar de uma nova maneira sobre meu trabalho e o mundo. Isso tem sido profundamente significativo para mim.

Aliás, há alguma curiosidade sobre um ingrediente que surpreendeu vocês na série? O que vocês mais gostaram?

Matt: Em termos de aproveitamento, para mim, a cena incrível do pimentão no final do episódio, assim como passar um tempo em Bangkok com o lindo casal Prin e Mint, foi mágico. Conhecer pessoas assim e passar um tempo com elas foi incrível. Passamos por 16 países e conhecemos centenas de pessoas. A dedicação e paixão das pessoas em alimentar outras é algo comum a todos, seja um grande fazendeiro de milho em Iowa, um agricultor de milho no México ou um agricultor de pimentão na Sérvia. Todos têm o desejo de fazer um bom trabalho, alimentar suas famílias e ser parte de algo maior. O objetivo da série é melhorar os sistemas que apoiam essas pessoas.

René: Concordo com tudo o que Matt disse. Uma das coisas que me surpreendeu negativamente foi a banana.

Negativamente?

René: Sim, porque eu não sabia o quão brutal era a história da banana. Eu não sabia que tinha mudado o mundo dessa forma. Foi uma surpresa. Não consigo mais comer uma banana sem pensar nisso. No mundo todo, provavelmente você tem bananas diferentes no Brasil, mas na maioria dos lugares é a banana Cavendish. Estamos comendo a mesma banana, e foi um verdadeiro sucesso nesse sentido, mas a que custo?

A história da banana surpreendeu o chef Foto: Apple TV+/Divulgação

Matt: Eu assisti a esse episódio ontem à noite com alguns amigos na Califórnia e todos ficaram surpresos, dizendo que nunca souberam daquilo. Isso resume bem o que estamos tentando fazer aqui. Momentos de “uau, eu nunca soube que uma xícara de café exigia tanto esforço” ou “nunca soube que o pimentão viajou o mundo dessa forma”. Quanto mais momentos assim pudermos proporcionar, mais poderemos traçar um caminho diferente.

Por fim, podemos esperar mais temporadas de Onívoros ou outros projetos de audiovisual?

René: Espero que sim, mas isso dependerá de quantos de seus compatriotas no Brasil assistirão e de outras pessoas ao redor do mundo. Está fora de nossas mãos. Depende de como a série se sairá.

Matt: Temos histórias incríveis no Brasil que adoraríamos compartilhar. Na verdade, tínhamos uma história incrível no Brasil para o episódio do café, mas tivemos que colocá-la de lado por questões geopolíticas. Gostaríamos de continuar fazendo isso. Temos episódios para tantos ingredientes quanto há em seus mercados aí no Brasil. Adoraríamos continuar.

Quando falamos sobre séries e programas de TV sobre comida, o que vem à mente? Reality shows como MasterChef, séries que apostam fortemente na estética e nas histórias humanas como Chef’s Table. Mas como sabemos as histórias dos ingredientes? Como saber sobre o que comemos? É sobre isso que a nova série Onívoros, do Apple TV+, busca falar: compreender como a comida chega à mesa, em seu tortuoso caminho na História.

O projeto é uma parceria entre o chef dinamarquês René Redzepi, do premiadíssimo restaurante Noma, com o jornalista e escritor Matt Goulding. Os dois começaram as conversas sobre uma série assim há mais de 10 anos, mas as coisas só foram se alinhar de fato nos últimos quatro. No meio disso, muita coisa aconteceu -- René ganhou ainda mais renome mundial e Matt perdeu o chef Anthony Bourdain, amigo e parceiro de trabalho de longa data.

“Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido”, conta Matt, ao Paladar. O resultado é surpreendente: são oito episódios, muito bem produzidos, sobre os mais diferentes ingredientes. Pimenta, milho, sal, porco. René é o guia nessa história sobre as bases da gastronomia. Quase não aparece na tela.

René Redzepi não é o apresentador, mas o guia de 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

É, enfim, mais do que uma série sobre chefs, grandes pratos e grandes histórias. Onívoros é um programa que fala sobre nossa essência: a comida. A seguir, confira os principais trechos da conversa do Paladar, feita por vídeo, com Matt Goulding e René Redzepi.

Primeiro, preciso saber como surgiu a ideia para esta série. Como tudo começou?

René: Isso começou há mais de 10 anos. Fui convidado a fazer TV, mas nada do que me foi oferecido realmente me interessava. Então, comecei a pensar: se eu fosse fazer TV, o que eu gostaria de fazer? Foi aí que começamos a pensar no início de Onívoros. A ideia naquela época era criar algo inspirado pelos grandes documentários de natureza, como Planeta Terra e o tom e a voz de David Attenborough. Seria possível fazer algo assim para a comida? E essa foi a semente original do que se tornou hoje.

Matt, como você conheceu René? Como essa parceria começou?

Matt: Conheci o René em 2012 como um cliente do restaurante. Eu estava escrevendo sobre o Noma e desenvolvi uma grande admiração por tudo o que René representava, assim como pelo Noma como organização. Passei anos trabalhando com eles e com Anthony Bourdain. Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido. Acho que ambos estávamos pensando: “O que há de novo no mundo da narrativa gastronômica? O que ainda não foi feito? Qual poderia ser a próxima fronteira?”. E acho que a profunda curiosidade de René e a maneira como ele conecta a comida ao mundo natural é algo de que realmente precisamos. Não pensamos na comida como parte do mundo natural, mas ela é nossa ponte mais direta para ele. E isso começou há mais de quatro anos e, desde então, temos trabalhado nisso praticamente sem parar.

René, falando sobre TV, você acabou de participar de The Bear e agora você tem Onívoro. Como é isso para você?

René: Essa é uma boa pergunta, porque uma das razões pelas quais eu nunca fiz TV foi o receio de estar na TV. E, honestamente, também posso dizer que fiquei preocupado com esse processo. Mas devo dizer que a ideia original de Onívoros que eu e Matt discutimos ao planejar a série era que eu aparecesse o mínimo possível na TV. Mesmo que meu nome esteja lá, apareço no máximo três minutos por episódio -- com exceção do episódio no Chile, que exigiu algumas coisas mais específicas. Não é meu programa, é o programa dos ingredientes e das pessoas. Estou apenas como um guia. Então, estou na TV, mas não estou apresentando meu próprio programa, se é que isso faz sentido.

Matt: Só queria acrescentar que acho que, quando você disse isso, fiquei super animado porque acho que é exatamente o que essa ideia precisava. Não precisamos simplesmente seguir uma pessoa com a câmera. Este é um mundo muito maior, uma história muito maior para contar. É uma história sobre cada parte da cadeia alimentar, começando no solo. E acho que isso foi um sinal forte de que estamos tentando fazer algo diferente aqui.

Diferentes alimentos, como o café, guiam o espectador em 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

Qual a importância de falar sobre ingredientes, sabores e aromas e por que é importante que as pessoas entendam mais sobre o que comemos?

René: Porque o que comemos tem um impacto incrível em tudo. Como espécie, o que comemos determina nossa saúde. Com quem comemos determina nossa felicidade e como crescemos. Nossa comida está mais ou menos correlacionada diretamente com a saúde do nosso planeta. Então, precisamos valorizar a comida, entender mais sobre ela. Devemos tratá-la como algo mais importante do que Bitcoin, ouro e outras coisas que recebem muita atenção. A comida é a coisa mais valiosa que temos. Com a série, tentamos entreter as pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar que a comida é a coisa mais importante que temos e devemos valorizá-la mais, porque o valor leva ao cuidado.

Matt: Acho que, se pensarmos em nós como espécie, grande parte da série é sobre o que um ingrediente diz sobre nós. O que nosso amor pelo pimentão diz sobre a psique humana? Nossa relação profunda com o café, que não é um ingrediente de que precisamos para sobreviver, mas que amamos profundamente. O que isso diz sobre nossa capacidade de colaborar entre continentes? No caso do café, 40 ou 50 pessoas estão envolvidas na produção daquela xícara que apreciamos pela manhã. Mostrar às pessoas algo que perdemos de vista é importante. Por muito tempo, a maior pergunta em nossas vidas era “o que tem para o jantar?”. A resposta a essa pergunta teve um impacto profundo em moldar nossa sociedade. Queremos trazer essa urgência de volta, mas de uma maneira que inspire as pessoas, não que as assuste. Mostrar que uma decisão alimentar diferente pode ter um impacto verdadeiro no mundo em que vivemos.

René, mesmo sendo o chef de um restaurante como o Noma, quão importante é sempre se reinventar e redescobrir ingredientes, aromas e sabores?

René: Acho que é algo necessário para todos nós em nossas vidas. É um processo constante de aprendizado e desaprendizagem. E, com cada processo de aprendizado, você cresce como uma árvore, ganhando uma nova camada. No dia em que paramos de fazer isso, também paramos de evoluir como indivíduos criativos. Então, nesse sentido, precisamos continuar. Com este projeto Onívoros e com as pessoas maravilhosas com quem trabalho, como Matt, aprendi coisas que me fizeram pensar de uma nova maneira sobre meu trabalho e o mundo. Isso tem sido profundamente significativo para mim.

Aliás, há alguma curiosidade sobre um ingrediente que surpreendeu vocês na série? O que vocês mais gostaram?

Matt: Em termos de aproveitamento, para mim, a cena incrível do pimentão no final do episódio, assim como passar um tempo em Bangkok com o lindo casal Prin e Mint, foi mágico. Conhecer pessoas assim e passar um tempo com elas foi incrível. Passamos por 16 países e conhecemos centenas de pessoas. A dedicação e paixão das pessoas em alimentar outras é algo comum a todos, seja um grande fazendeiro de milho em Iowa, um agricultor de milho no México ou um agricultor de pimentão na Sérvia. Todos têm o desejo de fazer um bom trabalho, alimentar suas famílias e ser parte de algo maior. O objetivo da série é melhorar os sistemas que apoiam essas pessoas.

René: Concordo com tudo o que Matt disse. Uma das coisas que me surpreendeu negativamente foi a banana.

Negativamente?

René: Sim, porque eu não sabia o quão brutal era a história da banana. Eu não sabia que tinha mudado o mundo dessa forma. Foi uma surpresa. Não consigo mais comer uma banana sem pensar nisso. No mundo todo, provavelmente você tem bananas diferentes no Brasil, mas na maioria dos lugares é a banana Cavendish. Estamos comendo a mesma banana, e foi um verdadeiro sucesso nesse sentido, mas a que custo?

A história da banana surpreendeu o chef Foto: Apple TV+/Divulgação

Matt: Eu assisti a esse episódio ontem à noite com alguns amigos na Califórnia e todos ficaram surpresos, dizendo que nunca souberam daquilo. Isso resume bem o que estamos tentando fazer aqui. Momentos de “uau, eu nunca soube que uma xícara de café exigia tanto esforço” ou “nunca soube que o pimentão viajou o mundo dessa forma”. Quanto mais momentos assim pudermos proporcionar, mais poderemos traçar um caminho diferente.

Por fim, podemos esperar mais temporadas de Onívoros ou outros projetos de audiovisual?

René: Espero que sim, mas isso dependerá de quantos de seus compatriotas no Brasil assistirão e de outras pessoas ao redor do mundo. Está fora de nossas mãos. Depende de como a série se sairá.

Matt: Temos histórias incríveis no Brasil que adoraríamos compartilhar. Na verdade, tínhamos uma história incrível no Brasil para o episódio do café, mas tivemos que colocá-la de lado por questões geopolíticas. Gostaríamos de continuar fazendo isso. Temos episódios para tantos ingredientes quanto há em seus mercados aí no Brasil. Adoraríamos continuar.

Quando falamos sobre séries e programas de TV sobre comida, o que vem à mente? Reality shows como MasterChef, séries que apostam fortemente na estética e nas histórias humanas como Chef’s Table. Mas como sabemos as histórias dos ingredientes? Como saber sobre o que comemos? É sobre isso que a nova série Onívoros, do Apple TV+, busca falar: compreender como a comida chega à mesa, em seu tortuoso caminho na História.

O projeto é uma parceria entre o chef dinamarquês René Redzepi, do premiadíssimo restaurante Noma, com o jornalista e escritor Matt Goulding. Os dois começaram as conversas sobre uma série assim há mais de 10 anos, mas as coisas só foram se alinhar de fato nos últimos quatro. No meio disso, muita coisa aconteceu -- René ganhou ainda mais renome mundial e Matt perdeu o chef Anthony Bourdain, amigo e parceiro de trabalho de longa data.

“Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido”, conta Matt, ao Paladar. O resultado é surpreendente: são oito episódios, muito bem produzidos, sobre os mais diferentes ingredientes. Pimenta, milho, sal, porco. René é o guia nessa história sobre as bases da gastronomia. Quase não aparece na tela.

René Redzepi não é o apresentador, mas o guia de 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

É, enfim, mais do que uma série sobre chefs, grandes pratos e grandes histórias. Onívoros é um programa que fala sobre nossa essência: a comida. A seguir, confira os principais trechos da conversa do Paladar, feita por vídeo, com Matt Goulding e René Redzepi.

Primeiro, preciso saber como surgiu a ideia para esta série. Como tudo começou?

René: Isso começou há mais de 10 anos. Fui convidado a fazer TV, mas nada do que me foi oferecido realmente me interessava. Então, comecei a pensar: se eu fosse fazer TV, o que eu gostaria de fazer? Foi aí que começamos a pensar no início de Onívoros. A ideia naquela época era criar algo inspirado pelos grandes documentários de natureza, como Planeta Terra e o tom e a voz de David Attenborough. Seria possível fazer algo assim para a comida? E essa foi a semente original do que se tornou hoje.

Matt, como você conheceu René? Como essa parceria começou?

Matt: Conheci o René em 2012 como um cliente do restaurante. Eu estava escrevendo sobre o Noma e desenvolvi uma grande admiração por tudo o que René representava, assim como pelo Noma como organização. Passei anos trabalhando com eles e com Anthony Bourdain. Quando ele faleceu em 2018, eu estava lutando, honestamente, para descobrir os próximos passos. Quando René ligou e falou sobre essa ideia, algo como Planeta Terra, tudo fez sentido. Acho que ambos estávamos pensando: “O que há de novo no mundo da narrativa gastronômica? O que ainda não foi feito? Qual poderia ser a próxima fronteira?”. E acho que a profunda curiosidade de René e a maneira como ele conecta a comida ao mundo natural é algo de que realmente precisamos. Não pensamos na comida como parte do mundo natural, mas ela é nossa ponte mais direta para ele. E isso começou há mais de quatro anos e, desde então, temos trabalhado nisso praticamente sem parar.

René, falando sobre TV, você acabou de participar de The Bear e agora você tem Onívoro. Como é isso para você?

René: Essa é uma boa pergunta, porque uma das razões pelas quais eu nunca fiz TV foi o receio de estar na TV. E, honestamente, também posso dizer que fiquei preocupado com esse processo. Mas devo dizer que a ideia original de Onívoros que eu e Matt discutimos ao planejar a série era que eu aparecesse o mínimo possível na TV. Mesmo que meu nome esteja lá, apareço no máximo três minutos por episódio -- com exceção do episódio no Chile, que exigiu algumas coisas mais específicas. Não é meu programa, é o programa dos ingredientes e das pessoas. Estou apenas como um guia. Então, estou na TV, mas não estou apresentando meu próprio programa, se é que isso faz sentido.

Matt: Só queria acrescentar que acho que, quando você disse isso, fiquei super animado porque acho que é exatamente o que essa ideia precisava. Não precisamos simplesmente seguir uma pessoa com a câmera. Este é um mundo muito maior, uma história muito maior para contar. É uma história sobre cada parte da cadeia alimentar, começando no solo. E acho que isso foi um sinal forte de que estamos tentando fazer algo diferente aqui.

Diferentes alimentos, como o café, guiam o espectador em 'Onívoros' Foto: Apple TV+/Divulgação

Qual a importância de falar sobre ingredientes, sabores e aromas e por que é importante que as pessoas entendam mais sobre o que comemos?

René: Porque o que comemos tem um impacto incrível em tudo. Como espécie, o que comemos determina nossa saúde. Com quem comemos determina nossa felicidade e como crescemos. Nossa comida está mais ou menos correlacionada diretamente com a saúde do nosso planeta. Então, precisamos valorizar a comida, entender mais sobre ela. Devemos tratá-la como algo mais importante do que Bitcoin, ouro e outras coisas que recebem muita atenção. A comida é a coisa mais valiosa que temos. Com a série, tentamos entreter as pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar que a comida é a coisa mais importante que temos e devemos valorizá-la mais, porque o valor leva ao cuidado.

Matt: Acho que, se pensarmos em nós como espécie, grande parte da série é sobre o que um ingrediente diz sobre nós. O que nosso amor pelo pimentão diz sobre a psique humana? Nossa relação profunda com o café, que não é um ingrediente de que precisamos para sobreviver, mas que amamos profundamente. O que isso diz sobre nossa capacidade de colaborar entre continentes? No caso do café, 40 ou 50 pessoas estão envolvidas na produção daquela xícara que apreciamos pela manhã. Mostrar às pessoas algo que perdemos de vista é importante. Por muito tempo, a maior pergunta em nossas vidas era “o que tem para o jantar?”. A resposta a essa pergunta teve um impacto profundo em moldar nossa sociedade. Queremos trazer essa urgência de volta, mas de uma maneira que inspire as pessoas, não que as assuste. Mostrar que uma decisão alimentar diferente pode ter um impacto verdadeiro no mundo em que vivemos.

René, mesmo sendo o chef de um restaurante como o Noma, quão importante é sempre se reinventar e redescobrir ingredientes, aromas e sabores?

René: Acho que é algo necessário para todos nós em nossas vidas. É um processo constante de aprendizado e desaprendizagem. E, com cada processo de aprendizado, você cresce como uma árvore, ganhando uma nova camada. No dia em que paramos de fazer isso, também paramos de evoluir como indivíduos criativos. Então, nesse sentido, precisamos continuar. Com este projeto Onívoros e com as pessoas maravilhosas com quem trabalho, como Matt, aprendi coisas que me fizeram pensar de uma nova maneira sobre meu trabalho e o mundo. Isso tem sido profundamente significativo para mim.

Aliás, há alguma curiosidade sobre um ingrediente que surpreendeu vocês na série? O que vocês mais gostaram?

Matt: Em termos de aproveitamento, para mim, a cena incrível do pimentão no final do episódio, assim como passar um tempo em Bangkok com o lindo casal Prin e Mint, foi mágico. Conhecer pessoas assim e passar um tempo com elas foi incrível. Passamos por 16 países e conhecemos centenas de pessoas. A dedicação e paixão das pessoas em alimentar outras é algo comum a todos, seja um grande fazendeiro de milho em Iowa, um agricultor de milho no México ou um agricultor de pimentão na Sérvia. Todos têm o desejo de fazer um bom trabalho, alimentar suas famílias e ser parte de algo maior. O objetivo da série é melhorar os sistemas que apoiam essas pessoas.

René: Concordo com tudo o que Matt disse. Uma das coisas que me surpreendeu negativamente foi a banana.

Negativamente?

René: Sim, porque eu não sabia o quão brutal era a história da banana. Eu não sabia que tinha mudado o mundo dessa forma. Foi uma surpresa. Não consigo mais comer uma banana sem pensar nisso. No mundo todo, provavelmente você tem bananas diferentes no Brasil, mas na maioria dos lugares é a banana Cavendish. Estamos comendo a mesma banana, e foi um verdadeiro sucesso nesse sentido, mas a que custo?

A história da banana surpreendeu o chef Foto: Apple TV+/Divulgação

Matt: Eu assisti a esse episódio ontem à noite com alguns amigos na Califórnia e todos ficaram surpresos, dizendo que nunca souberam daquilo. Isso resume bem o que estamos tentando fazer aqui. Momentos de “uau, eu nunca soube que uma xícara de café exigia tanto esforço” ou “nunca soube que o pimentão viajou o mundo dessa forma”. Quanto mais momentos assim pudermos proporcionar, mais poderemos traçar um caminho diferente.

Por fim, podemos esperar mais temporadas de Onívoros ou outros projetos de audiovisual?

René: Espero que sim, mas isso dependerá de quantos de seus compatriotas no Brasil assistirão e de outras pessoas ao redor do mundo. Está fora de nossas mãos. Depende de como a série se sairá.

Matt: Temos histórias incríveis no Brasil que adoraríamos compartilhar. Na verdade, tínhamos uma história incrível no Brasil para o episódio do café, mas tivemos que colocá-la de lado por questões geopolíticas. Gostaríamos de continuar fazendo isso. Temos episódios para tantos ingredientes quanto há em seus mercados aí no Brasil. Adoraríamos continuar.

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