A febre da torrada com abacate


Tradição em países latino-americanos e moda dos EUA à Austrália, a torrada com avocado, que já foi culpada até pela crise financeira dos millennials, invade cafés e restaurantes de SP unindo crocância, untuosidade e sabor

Por Isabelle Moreira Lima

Qual a melhor companhia para um café da tarde? Um pão de queijo ou... uma torrada de abacate? Acredite, a segunda opção anda ganhando a disputa em muitos cafés paulistanos. O pão tostado, crocante e sequinho, recebe uma camada do untuoso avocado, que vem em pasta ou em fatias e faz as vezes de uma manteiga, em um casamento escrito nas estrelas. 

Onde tudo começou. No Café Gitane em Nova York, a fórmula da torrada é simples, apenas abacate com azeite, limão e pimenta calabresa Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Os dois se bastam, mas também são generosos e inclusivos: sempre cabe mais um (ingrediente). Vale ovo, salmão, beterraba, rabanete, queijo, morango, camarão, tomate, ervas, folhas… O resultado, além de delicioso, costuma ser visualmente impactante, o que explica também as milhares de postagens em redes sociais como o Instagram. É a tostada do zeitgeist.

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Uma tradição de países latino-americanos e uma febre consolidada dos Estados Unidos à Austrália, a torrada de abacate finalmente desembarca em São Paulo. Nos últimos meses ela tem sido uma espécie de invasora em cardápios dos quatro cantos da cidade. Se o café é descolado ela passa o dia desfilando em bandejas. E se não está no menu hoje, estará no de amanhã.

É o caso do novo Petí instalado na cobertura da Escola Panamericana de Arte e Design, um espelho do que ocorre no High Line nova-iorquino tanto no ambiente quanto no cardápio. Em seu brunch servido aos sábados, das 11h às 17h, o chef Victor Dimitrow vende bem suas torradas de pão miche com fatias de abacate, ovo mexido e bacon, “que deixa o prato bem potente”, explica. “Apesar do abacate ser gorduroso, ele traz um frescor ao prato”, diz.

O café Takko, na Vila Buarque, foi um dos últimos a aderir à moda. Não por falta de entusiasmo, mas porque são poucas as comidinhas preparadas ali. Quando resolveram improvisar uma cozinha, o avocado, um hit nas casas dos sócios, foi acionado. Na versão de Flávio Seixlack, ele é servido em cima de uma torrada de focaccia cheia de azeite da padeira Flavia Maculan, com fatias de avocado, de rabanete (que dá uma deliciosa crocância) e de cebola, coentro, gotas de limão, sal e pimenta e mais azeite. Apesar de não vir com pasta, a versão lembra o “primo” guacamole.

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+LEIA MAIS: Receita tostada verde da Padoca do Maní

Na opinião de Seixlack, a difusão da torrada de abacate em cafés, tendência forte na Austrália, país que está sempre na vanguarda das cafeterias, tem a ver com a praticidade (pode ser preparada em cima de qualquer superfície) e com seu alto potencial de harmonização com o café coado. 

Veio da Austrália também a declaração mais forte sobre a torrada de abacate. O magnata do mercado imobiliário Tim Gurner sugeriu que, se a geração dos millennials quer parar de sofrer com dívidas e adquirir casa própria, devia parar de gastar seu dinheiro com torradas de abacate de US$ 19 (cerca de R$ 53). Em Nova York, uma delas no Café Gitane, restaurante campeão invicto na da hashtag #avocadotoast e pioneiro na iguaria, preparada minimalisticamente com azeite, gotas de limão, pimenta calabresa sobre um pão multigrãos desde os anos 1990, custa US$ 7,25 (R$ 23). A versão do Takko custa R$ 15. 

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Vale colocar tudo em cima da torrada com abacate Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Nascido no Chipre e ex-proprietário de um café em Sidney, Arman Beyazgul, sócio e chef do Habitual, prepara sua avocado toast à la australiana com um toque turco. “Só pão e abacate seria entediante. Então uso um zaatar caseiro feito com sumac, gotas de limão, hortelã, azeite de oliva e, como toque final, sementes de abóbora para que fique crocante.”

Na Padoca do Maní, além da torrada, o avocado entra no queijo quente. Talvez porque a padeira Papoula Ribeiro seja uma viciada. “Passei 15 dias de férias na Califórnia e comi abacate todos os dias. Em cada lugar vi algo mais legal. Ele é muito permissivo e junta muita coisa bacana: a cor, a textura, o perfume e a gordura, que é rica e acrescenta sabor a qualquer prato.” Na Padoca, a torrada vem com pão rústico ou de grãos, pesto de manjericão, mussarela de búfala e folhas (confira a receita completa aqui). Seu sucesso, ela afirma, é estrondoso. Tanto que hoje a casa compra abacate aos montes, para servir do café ao jantar.

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AVOCADO É ABACATE 

Para as torradas com abacate prefira sempre os do tipo hass ou fuerte, que tem origem respectivamente nos Estados Unidos e no México, bem menores e mais firmes que o tipo quintal, mais popular para doces como o creme de abacate. Hoje são abundantemente produzidos no Estado de São Paulo e mais facilmente encontrados em mercados. 

  Foto: Evan Sung|NYT
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CUIDADO COMA MÃO 

O número de feridos ao tentar abrir e tirar o caroço da fruta virou questão de saúde pública no Reino Unido e o fenômeno ficou conhecido como avocado hands. A sociedade britânica de cirurgiões plásticos está pleiteando um selo na fruta que advirta para os perigos que ela oferece em companhia de uma faca. Nos EUA, até celebridades como Merryl Streep foram vítimas do acidente. O que se faz de errado é tentar tirar o caroço com a faca. Como a polpa é muito suave, a faca escorrega e acaba atingindo a mão que segura a fruta. Uma ideia é tentar usar uma colher ou golpear o próprio caroço com a faca, girá-la e puxá-la. Ele deve sair inteiro.

O DESAFIO DA MADUREZA

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O maior desafio que o abacate apresenta, inclusive para os profissionais, é seu ponto de maturação. A Padoca do Maní resolveu o problema com o fornecedor, que entrega a fruta embalada a vácuo. Em casa, há duas opções: ou planejar com antecedência ou tentar um dos truques para amadurecer a fruta mais rapidamente, como o que sugere trancá-lo no forno desligado envolto em papel.

VALE, VALE TUDO 

É uma delícia ir a um café ou restaurante e ver o gênio e a criatividade do chef expressa em uma bela torrada de abacate. Mas a receita é fácil o suficiente para que os menos experimentados (ou mais preguiçosos) se aventurem. Sugerimos aqui uma lista de ingredientes que podem ser adicionados à torrada: ovo, salmão defumado, bacon, tomate, burrata, queijo feta, beterraba, cebola roxa, milho assado, coentro, manjericão, furikake, molho siracha, parmesão, rabanete, grapefruit, pistache, romã, morango, balsâmico, atum, semente de gergelim, queijo de cabra, nozes, gorgonzola, pera, mel, castanhas tostadas, cream cheese, aspargos, linguiça, lagosta, caranguejo, e qualquer outra coisa crocante ou pastosa, ou consistente e saborosa que você quiser testar.

Onde comer torrada com abacate em São Paulo

1 | 7

Habitual

Foto: Arman Beyazgul
2 | 7

Padoca do Maní

Foto: Roberto Seba/Estadão
3 | 7

Bistrô Ó-Chá

Foto: Bistrô Ó-Chá
4 | 7

Tea Connection

Foto: Tea Connection
5 | 7

Petí Panamericana

Foto: Petí Panamericana
6 | 7

Takko

Foto: Isabelle Moreira Lima/Estadão
7 | 7

Cantina

Foto: Ivon Ciuffa

Bistrô Ó-Cha. R. Oscar Freire, 1128, Jardim Paulista, 3081-2966.Cantina. R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, 2692-1866.Habitual. Al. Tietê, 602, Jardim Paulista, 3062-3091.HM Food Café. R. Ferreira de Araújo, 1056, Pinheiros, 3034-5319.Le Pain Quotidien. Av. Higienópolis, 698, Higienópolis, 3562-2344.Padoca do Maní. R. Joaquim Antunes, 138, Jardim Paulistano, 2579-2410.Petí. Av. Angélica, 1900, Consolação, 3661-9685.Tea Connection. Al. Lorena, 1271, Jardim Paulista, 3063-4018.Takko. R. Doutor Cesário Mota Júnior, 379, Vila Buarque, 3214-5322. 

Qual a melhor companhia para um café da tarde? Um pão de queijo ou... uma torrada de abacate? Acredite, a segunda opção anda ganhando a disputa em muitos cafés paulistanos. O pão tostado, crocante e sequinho, recebe uma camada do untuoso avocado, que vem em pasta ou em fatias e faz as vezes de uma manteiga, em um casamento escrito nas estrelas. 

Onde tudo começou. No Café Gitane em Nova York, a fórmula da torrada é simples, apenas abacate com azeite, limão e pimenta calabresa Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Os dois se bastam, mas também são generosos e inclusivos: sempre cabe mais um (ingrediente). Vale ovo, salmão, beterraba, rabanete, queijo, morango, camarão, tomate, ervas, folhas… O resultado, além de delicioso, costuma ser visualmente impactante, o que explica também as milhares de postagens em redes sociais como o Instagram. É a tostada do zeitgeist.

Uma tradição de países latino-americanos e uma febre consolidada dos Estados Unidos à Austrália, a torrada de abacate finalmente desembarca em São Paulo. Nos últimos meses ela tem sido uma espécie de invasora em cardápios dos quatro cantos da cidade. Se o café é descolado ela passa o dia desfilando em bandejas. E se não está no menu hoje, estará no de amanhã.

É o caso do novo Petí instalado na cobertura da Escola Panamericana de Arte e Design, um espelho do que ocorre no High Line nova-iorquino tanto no ambiente quanto no cardápio. Em seu brunch servido aos sábados, das 11h às 17h, o chef Victor Dimitrow vende bem suas torradas de pão miche com fatias de abacate, ovo mexido e bacon, “que deixa o prato bem potente”, explica. “Apesar do abacate ser gorduroso, ele traz um frescor ao prato”, diz.

O café Takko, na Vila Buarque, foi um dos últimos a aderir à moda. Não por falta de entusiasmo, mas porque são poucas as comidinhas preparadas ali. Quando resolveram improvisar uma cozinha, o avocado, um hit nas casas dos sócios, foi acionado. Na versão de Flávio Seixlack, ele é servido em cima de uma torrada de focaccia cheia de azeite da padeira Flavia Maculan, com fatias de avocado, de rabanete (que dá uma deliciosa crocância) e de cebola, coentro, gotas de limão, sal e pimenta e mais azeite. Apesar de não vir com pasta, a versão lembra o “primo” guacamole.

+LEIA MAIS: Receita tostada verde da Padoca do Maní

Na opinião de Seixlack, a difusão da torrada de abacate em cafés, tendência forte na Austrália, país que está sempre na vanguarda das cafeterias, tem a ver com a praticidade (pode ser preparada em cima de qualquer superfície) e com seu alto potencial de harmonização com o café coado. 

Veio da Austrália também a declaração mais forte sobre a torrada de abacate. O magnata do mercado imobiliário Tim Gurner sugeriu que, se a geração dos millennials quer parar de sofrer com dívidas e adquirir casa própria, devia parar de gastar seu dinheiro com torradas de abacate de US$ 19 (cerca de R$ 53). Em Nova York, uma delas no Café Gitane, restaurante campeão invicto na da hashtag #avocadotoast e pioneiro na iguaria, preparada minimalisticamente com azeite, gotas de limão, pimenta calabresa sobre um pão multigrãos desde os anos 1990, custa US$ 7,25 (R$ 23). A versão do Takko custa R$ 15. 

Vale colocar tudo em cima da torrada com abacate Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Nascido no Chipre e ex-proprietário de um café em Sidney, Arman Beyazgul, sócio e chef do Habitual, prepara sua avocado toast à la australiana com um toque turco. “Só pão e abacate seria entediante. Então uso um zaatar caseiro feito com sumac, gotas de limão, hortelã, azeite de oliva e, como toque final, sementes de abóbora para que fique crocante.”

Na Padoca do Maní, além da torrada, o avocado entra no queijo quente. Talvez porque a padeira Papoula Ribeiro seja uma viciada. “Passei 15 dias de férias na Califórnia e comi abacate todos os dias. Em cada lugar vi algo mais legal. Ele é muito permissivo e junta muita coisa bacana: a cor, a textura, o perfume e a gordura, que é rica e acrescenta sabor a qualquer prato.” Na Padoca, a torrada vem com pão rústico ou de grãos, pesto de manjericão, mussarela de búfala e folhas (confira a receita completa aqui). Seu sucesso, ela afirma, é estrondoso. Tanto que hoje a casa compra abacate aos montes, para servir do café ao jantar.

AVOCADO É ABACATE 

Para as torradas com abacate prefira sempre os do tipo hass ou fuerte, que tem origem respectivamente nos Estados Unidos e no México, bem menores e mais firmes que o tipo quintal, mais popular para doces como o creme de abacate. Hoje são abundantemente produzidos no Estado de São Paulo e mais facilmente encontrados em mercados. 

  Foto: Evan Sung|NYT

CUIDADO COMA MÃO 

O número de feridos ao tentar abrir e tirar o caroço da fruta virou questão de saúde pública no Reino Unido e o fenômeno ficou conhecido como avocado hands. A sociedade britânica de cirurgiões plásticos está pleiteando um selo na fruta que advirta para os perigos que ela oferece em companhia de uma faca. Nos EUA, até celebridades como Merryl Streep foram vítimas do acidente. O que se faz de errado é tentar tirar o caroço com a faca. Como a polpa é muito suave, a faca escorrega e acaba atingindo a mão que segura a fruta. Uma ideia é tentar usar uma colher ou golpear o próprio caroço com a faca, girá-la e puxá-la. Ele deve sair inteiro.

O DESAFIO DA MADUREZA

O maior desafio que o abacate apresenta, inclusive para os profissionais, é seu ponto de maturação. A Padoca do Maní resolveu o problema com o fornecedor, que entrega a fruta embalada a vácuo. Em casa, há duas opções: ou planejar com antecedência ou tentar um dos truques para amadurecer a fruta mais rapidamente, como o que sugere trancá-lo no forno desligado envolto em papel.

VALE, VALE TUDO 

É uma delícia ir a um café ou restaurante e ver o gênio e a criatividade do chef expressa em uma bela torrada de abacate. Mas a receita é fácil o suficiente para que os menos experimentados (ou mais preguiçosos) se aventurem. Sugerimos aqui uma lista de ingredientes que podem ser adicionados à torrada: ovo, salmão defumado, bacon, tomate, burrata, queijo feta, beterraba, cebola roxa, milho assado, coentro, manjericão, furikake, molho siracha, parmesão, rabanete, grapefruit, pistache, romã, morango, balsâmico, atum, semente de gergelim, queijo de cabra, nozes, gorgonzola, pera, mel, castanhas tostadas, cream cheese, aspargos, linguiça, lagosta, caranguejo, e qualquer outra coisa crocante ou pastosa, ou consistente e saborosa que você quiser testar.

Onde comer torrada com abacate em São Paulo

1 | 7

Habitual

Foto: Arman Beyazgul
2 | 7

Padoca do Maní

Foto: Roberto Seba/Estadão
3 | 7

Bistrô Ó-Chá

Foto: Bistrô Ó-Chá
4 | 7

Tea Connection

Foto: Tea Connection
5 | 7

Petí Panamericana

Foto: Petí Panamericana
6 | 7

Takko

Foto: Isabelle Moreira Lima/Estadão
7 | 7

Cantina

Foto: Ivon Ciuffa

Bistrô Ó-Cha. R. Oscar Freire, 1128, Jardim Paulista, 3081-2966.Cantina. R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, 2692-1866.Habitual. Al. Tietê, 602, Jardim Paulista, 3062-3091.HM Food Café. R. Ferreira de Araújo, 1056, Pinheiros, 3034-5319.Le Pain Quotidien. Av. Higienópolis, 698, Higienópolis, 3562-2344.Padoca do Maní. R. Joaquim Antunes, 138, Jardim Paulistano, 2579-2410.Petí. Av. Angélica, 1900, Consolação, 3661-9685.Tea Connection. Al. Lorena, 1271, Jardim Paulista, 3063-4018.Takko. R. Doutor Cesário Mota Júnior, 379, Vila Buarque, 3214-5322. 

Qual a melhor companhia para um café da tarde? Um pão de queijo ou... uma torrada de abacate? Acredite, a segunda opção anda ganhando a disputa em muitos cafés paulistanos. O pão tostado, crocante e sequinho, recebe uma camada do untuoso avocado, que vem em pasta ou em fatias e faz as vezes de uma manteiga, em um casamento escrito nas estrelas. 

Onde tudo começou. No Café Gitane em Nova York, a fórmula da torrada é simples, apenas abacate com azeite, limão e pimenta calabresa Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Os dois se bastam, mas também são generosos e inclusivos: sempre cabe mais um (ingrediente). Vale ovo, salmão, beterraba, rabanete, queijo, morango, camarão, tomate, ervas, folhas… O resultado, além de delicioso, costuma ser visualmente impactante, o que explica também as milhares de postagens em redes sociais como o Instagram. É a tostada do zeitgeist.

Uma tradição de países latino-americanos e uma febre consolidada dos Estados Unidos à Austrália, a torrada de abacate finalmente desembarca em São Paulo. Nos últimos meses ela tem sido uma espécie de invasora em cardápios dos quatro cantos da cidade. Se o café é descolado ela passa o dia desfilando em bandejas. E se não está no menu hoje, estará no de amanhã.

É o caso do novo Petí instalado na cobertura da Escola Panamericana de Arte e Design, um espelho do que ocorre no High Line nova-iorquino tanto no ambiente quanto no cardápio. Em seu brunch servido aos sábados, das 11h às 17h, o chef Victor Dimitrow vende bem suas torradas de pão miche com fatias de abacate, ovo mexido e bacon, “que deixa o prato bem potente”, explica. “Apesar do abacate ser gorduroso, ele traz um frescor ao prato”, diz.

O café Takko, na Vila Buarque, foi um dos últimos a aderir à moda. Não por falta de entusiasmo, mas porque são poucas as comidinhas preparadas ali. Quando resolveram improvisar uma cozinha, o avocado, um hit nas casas dos sócios, foi acionado. Na versão de Flávio Seixlack, ele é servido em cima de uma torrada de focaccia cheia de azeite da padeira Flavia Maculan, com fatias de avocado, de rabanete (que dá uma deliciosa crocância) e de cebola, coentro, gotas de limão, sal e pimenta e mais azeite. Apesar de não vir com pasta, a versão lembra o “primo” guacamole.

+LEIA MAIS: Receita tostada verde da Padoca do Maní

Na opinião de Seixlack, a difusão da torrada de abacate em cafés, tendência forte na Austrália, país que está sempre na vanguarda das cafeterias, tem a ver com a praticidade (pode ser preparada em cima de qualquer superfície) e com seu alto potencial de harmonização com o café coado. 

Veio da Austrália também a declaração mais forte sobre a torrada de abacate. O magnata do mercado imobiliário Tim Gurner sugeriu que, se a geração dos millennials quer parar de sofrer com dívidas e adquirir casa própria, devia parar de gastar seu dinheiro com torradas de abacate de US$ 19 (cerca de R$ 53). Em Nova York, uma delas no Café Gitane, restaurante campeão invicto na da hashtag #avocadotoast e pioneiro na iguaria, preparada minimalisticamente com azeite, gotas de limão, pimenta calabresa sobre um pão multigrãos desde os anos 1990, custa US$ 7,25 (R$ 23). A versão do Takko custa R$ 15. 

Vale colocar tudo em cima da torrada com abacate Foto: Daniel Teixeira|Estadão

Nascido no Chipre e ex-proprietário de um café em Sidney, Arman Beyazgul, sócio e chef do Habitual, prepara sua avocado toast à la australiana com um toque turco. “Só pão e abacate seria entediante. Então uso um zaatar caseiro feito com sumac, gotas de limão, hortelã, azeite de oliva e, como toque final, sementes de abóbora para que fique crocante.”

Na Padoca do Maní, além da torrada, o avocado entra no queijo quente. Talvez porque a padeira Papoula Ribeiro seja uma viciada. “Passei 15 dias de férias na Califórnia e comi abacate todos os dias. Em cada lugar vi algo mais legal. Ele é muito permissivo e junta muita coisa bacana: a cor, a textura, o perfume e a gordura, que é rica e acrescenta sabor a qualquer prato.” Na Padoca, a torrada vem com pão rústico ou de grãos, pesto de manjericão, mussarela de búfala e folhas (confira a receita completa aqui). Seu sucesso, ela afirma, é estrondoso. Tanto que hoje a casa compra abacate aos montes, para servir do café ao jantar.

AVOCADO É ABACATE 

Para as torradas com abacate prefira sempre os do tipo hass ou fuerte, que tem origem respectivamente nos Estados Unidos e no México, bem menores e mais firmes que o tipo quintal, mais popular para doces como o creme de abacate. Hoje são abundantemente produzidos no Estado de São Paulo e mais facilmente encontrados em mercados. 

  Foto: Evan Sung|NYT

CUIDADO COMA MÃO 

O número de feridos ao tentar abrir e tirar o caroço da fruta virou questão de saúde pública no Reino Unido e o fenômeno ficou conhecido como avocado hands. A sociedade britânica de cirurgiões plásticos está pleiteando um selo na fruta que advirta para os perigos que ela oferece em companhia de uma faca. Nos EUA, até celebridades como Merryl Streep foram vítimas do acidente. O que se faz de errado é tentar tirar o caroço com a faca. Como a polpa é muito suave, a faca escorrega e acaba atingindo a mão que segura a fruta. Uma ideia é tentar usar uma colher ou golpear o próprio caroço com a faca, girá-la e puxá-la. Ele deve sair inteiro.

O DESAFIO DA MADUREZA

O maior desafio que o abacate apresenta, inclusive para os profissionais, é seu ponto de maturação. A Padoca do Maní resolveu o problema com o fornecedor, que entrega a fruta embalada a vácuo. Em casa, há duas opções: ou planejar com antecedência ou tentar um dos truques para amadurecer a fruta mais rapidamente, como o que sugere trancá-lo no forno desligado envolto em papel.

VALE, VALE TUDO 

É uma delícia ir a um café ou restaurante e ver o gênio e a criatividade do chef expressa em uma bela torrada de abacate. Mas a receita é fácil o suficiente para que os menos experimentados (ou mais preguiçosos) se aventurem. Sugerimos aqui uma lista de ingredientes que podem ser adicionados à torrada: ovo, salmão defumado, bacon, tomate, burrata, queijo feta, beterraba, cebola roxa, milho assado, coentro, manjericão, furikake, molho siracha, parmesão, rabanete, grapefruit, pistache, romã, morango, balsâmico, atum, semente de gergelim, queijo de cabra, nozes, gorgonzola, pera, mel, castanhas tostadas, cream cheese, aspargos, linguiça, lagosta, caranguejo, e qualquer outra coisa crocante ou pastosa, ou consistente e saborosa que você quiser testar.

Onde comer torrada com abacate em São Paulo

1 | 7

Habitual

Foto: Arman Beyazgul
2 | 7

Padoca do Maní

Foto: Roberto Seba/Estadão
3 | 7

Bistrô Ó-Chá

Foto: Bistrô Ó-Chá
4 | 7

Tea Connection

Foto: Tea Connection
5 | 7

Petí Panamericana

Foto: Petí Panamericana
6 | 7

Takko

Foto: Isabelle Moreira Lima/Estadão
7 | 7

Cantina

Foto: Ivon Ciuffa

Bistrô Ó-Cha. R. Oscar Freire, 1128, Jardim Paulista, 3081-2966.Cantina. R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, 2692-1866.Habitual. Al. Tietê, 602, Jardim Paulista, 3062-3091.HM Food Café. R. Ferreira de Araújo, 1056, Pinheiros, 3034-5319.Le Pain Quotidien. Av. Higienópolis, 698, Higienópolis, 3562-2344.Padoca do Maní. R. Joaquim Antunes, 138, Jardim Paulistano, 2579-2410.Petí. Av. Angélica, 1900, Consolação, 3661-9685.Tea Connection. Al. Lorena, 1271, Jardim Paulista, 3063-4018.Takko. R. Doutor Cesário Mota Júnior, 379, Vila Buarque, 3214-5322. 

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