‘A ideia do TasteAtlas é instilar orgulho na comida tradicional’, diz criador do site


Croata Matija Babic falou com ‘Paladar’ sobre as polêmicas envolvendo pratos brasileiros e seu objetivo com o TasteAtlas

Por Matheus Mans

Se há uma polêmica viva no mundo da gastronomia hoje, é o TasteAtlas. O site, que busca ser uma espécie de enciclopédia sobre comidas e bebidas de todo o mundo, tem ficado em evidência pelas polêmicas que surgem a partir das avaliações de seus usuários e, consequentemente, dos rankings que divulga. O cuscuz paulista já foi indicado como o pior prato brasileiro, enquanto a jabuticaba foi eleita a melhor fruta brasileira de todo o mundo.

É, assim, uma enciclopédia gastronômica digital que sabe despertar paixões. E quem está por trás disso é o croata Matija Babic. Segundo conta em entrevista exclusiva ao Paladar, o desejo de criar o TasteAtlas surgiu enquanto viajava o mundo e não conseguia encontrar, com facilidade, um guia para as comidas típicas de países ou até de cidades específicas.

“É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde?”, explica Matija. Começou a catalogar os pratos e pronto. Em pouco tempo, o TasteAtlas se tornou um fenômeno e, no Brasil, gera reações de amor e ódio. A seguir, Matija fala mais sobre o site, sua relação com o Brasil, as polêmicas e o olhar pro futuro.

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Paladar: Como surgiu a ideia do Taste Atlas? Como foi o início?

Matija Babic: Eu queria descobrir cada localidade através daquilo que eles tradicionalmente comem, bebem e cultivam. Enquanto viajava pelo mundo, sentia falta de informações sobre pratos locais e ingredientes. É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde? O que as pessoas realmente comem é a cultura e a vida de um lugar específico. Essa é a única maneira de conhecer um lugar. Decidi criar uma plataforma que fornece essa informação.

Paladar: Qual é o principal desafio em manter o Taste Atlas hoje?

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Matija: Finanças. É quase impossível ganhar dinheiro com um projeto assim, e a quantidade de dados que coletamos e ainda precisamos coletar é imensa. Mas vejo isso principalmente como meu projeto de vida, catalogar toda a comida local que existe. Só depois disso vejo como um negócio, que espero que aconteça.

Matija Babic, criador do TasteAtlas, em uma de suas visitas ao Brasil Foto: Acervo Pessoal/Matija Babic

Paladar: Aqui no Brasil, o Taste Atlas realmente toca nas emoções das pessoas. Os brasileiros ficam irritados quando um prato típico é mal avaliado e felizes quando um prato se destaca. Como você vê essa ligação sendo criada entre o público e o Taste Atlas?

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Matija: As emoções são ótimas. A ideia do TasteAtlas é instilar orgulho na comida tradicional, motivar as pessoas a comer alimentos produzidos localmente onde quer que estejam e despertar o interesse por outras cozinhas. Por exemplo, quando você vê um molho toum libanês relativamente desconhecido no topo da lista, muitos vão querer experimentá-lo. Curiosamente, as pessoas muitas vezes começam a comer e promover pratos que acabam na parte inferior de nossas classificações por despeito. Russos organizaram expedições de Moscou à Sibéria para experimentar a salada de peixe congelado, que era o prato menos avaliado por um tempo. Turcos organizaram um evento no mês passado onde cozinharam e distribuíram sopa de repolho em grande escala. As pessoas levaram isso muito a sério e começaram a comer um prato quase esquecido. Isso nos encanta especialmente.

Paladar: Hoje, qual é a importância do Brasil para o TasteAtlas?

Matija: Cada canto do mundo é importante para nós, então imagine o quanto um país com mais de 200 milhões de habitantes e uma das culinárias mais interessantes do mundo, com milhares de pratos e ingredientes incríveis, é importante para nós. Eu pessoalmente sou um grande fã da culinária brasileira. A feijoada é um dos meus pratos favoritos, eu amo a culinária inexplorada da Amazônia (embora eu tenha estado pessoalmente na parte peruana, não na brasileira), e a experiência do churrasco é possivelmente a minha experiência culinária favorita.

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Criador do TasteAtlas destaca seu apreço pela feijoada, um prato também bem avaliado no site Foto: MARCELO BARABANI/AE

Paladar: Há muita conversa aqui no Brasil sobre as injustiças de pratos mal avaliados. Como você enxerga isso? Já pensou em mudar o método de avaliação?

Matija: O processo de avaliação está bem estabelecido, e controlamos rigorosamente possíveis manipulações e respondemos a elas. Estamos satisfeitos com isso. Alguns pratos serão avaliados melhor, outros pior. Algumas pessoas ficarão mais felizes, outras menos. Isso é o caso em toda seleção e avaliação. No entanto, a picanha foi eleita o melhor prato do mundo, então claramente o Brasil se destaca em nossa plataforma. As notas no TasteAtlas não são minhas, são dos usuários. Mas quanto às minhas emoções em relação ao Brasil, até batizei minha filha de Rio.

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Paladar: Por fim, como você vê o futuro do Taste Atlas?

Matija: Tenho projetos enormes, e tentarei concretizá-los antes de falir. O maior projeto que planejo é um banco de dados de produtos e produtores. Quando você chegar a Minas Gerais, não apenas saberá que precisa experimentar o queijo Canastra, mas também exatamente qual Canastra é o melhor e onde prová-lo. Temos vários projetos - definitivamente mais ideias do que capacidade para executá-los, mas esse é o maior.

Se há uma polêmica viva no mundo da gastronomia hoje, é o TasteAtlas. O site, que busca ser uma espécie de enciclopédia sobre comidas e bebidas de todo o mundo, tem ficado em evidência pelas polêmicas que surgem a partir das avaliações de seus usuários e, consequentemente, dos rankings que divulga. O cuscuz paulista já foi indicado como o pior prato brasileiro, enquanto a jabuticaba foi eleita a melhor fruta brasileira de todo o mundo.

É, assim, uma enciclopédia gastronômica digital que sabe despertar paixões. E quem está por trás disso é o croata Matija Babic. Segundo conta em entrevista exclusiva ao Paladar, o desejo de criar o TasteAtlas surgiu enquanto viajava o mundo e não conseguia encontrar, com facilidade, um guia para as comidas típicas de países ou até de cidades específicas.

“É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde?”, explica Matija. Começou a catalogar os pratos e pronto. Em pouco tempo, o TasteAtlas se tornou um fenômeno e, no Brasil, gera reações de amor e ódio. A seguir, Matija fala mais sobre o site, sua relação com o Brasil, as polêmicas e o olhar pro futuro.

Paladar: Como surgiu a ideia do Taste Atlas? Como foi o início?

Matija Babic: Eu queria descobrir cada localidade através daquilo que eles tradicionalmente comem, bebem e cultivam. Enquanto viajava pelo mundo, sentia falta de informações sobre pratos locais e ingredientes. É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde? O que as pessoas realmente comem é a cultura e a vida de um lugar específico. Essa é a única maneira de conhecer um lugar. Decidi criar uma plataforma que fornece essa informação.

Paladar: Qual é o principal desafio em manter o Taste Atlas hoje?

Matija: Finanças. É quase impossível ganhar dinheiro com um projeto assim, e a quantidade de dados que coletamos e ainda precisamos coletar é imensa. Mas vejo isso principalmente como meu projeto de vida, catalogar toda a comida local que existe. Só depois disso vejo como um negócio, que espero que aconteça.

Matija Babic, criador do TasteAtlas, em uma de suas visitas ao Brasil Foto: Acervo Pessoal/Matija Babic

Paladar: Aqui no Brasil, o Taste Atlas realmente toca nas emoções das pessoas. Os brasileiros ficam irritados quando um prato típico é mal avaliado e felizes quando um prato se destaca. Como você vê essa ligação sendo criada entre o público e o Taste Atlas?

Matija: As emoções são ótimas. A ideia do TasteAtlas é instilar orgulho na comida tradicional, motivar as pessoas a comer alimentos produzidos localmente onde quer que estejam e despertar o interesse por outras cozinhas. Por exemplo, quando você vê um molho toum libanês relativamente desconhecido no topo da lista, muitos vão querer experimentá-lo. Curiosamente, as pessoas muitas vezes começam a comer e promover pratos que acabam na parte inferior de nossas classificações por despeito. Russos organizaram expedições de Moscou à Sibéria para experimentar a salada de peixe congelado, que era o prato menos avaliado por um tempo. Turcos organizaram um evento no mês passado onde cozinharam e distribuíram sopa de repolho em grande escala. As pessoas levaram isso muito a sério e começaram a comer um prato quase esquecido. Isso nos encanta especialmente.

Paladar: Hoje, qual é a importância do Brasil para o TasteAtlas?

Matija: Cada canto do mundo é importante para nós, então imagine o quanto um país com mais de 200 milhões de habitantes e uma das culinárias mais interessantes do mundo, com milhares de pratos e ingredientes incríveis, é importante para nós. Eu pessoalmente sou um grande fã da culinária brasileira. A feijoada é um dos meus pratos favoritos, eu amo a culinária inexplorada da Amazônia (embora eu tenha estado pessoalmente na parte peruana, não na brasileira), e a experiência do churrasco é possivelmente a minha experiência culinária favorita.

Criador do TasteAtlas destaca seu apreço pela feijoada, um prato também bem avaliado no site Foto: MARCELO BARABANI/AE

Paladar: Há muita conversa aqui no Brasil sobre as injustiças de pratos mal avaliados. Como você enxerga isso? Já pensou em mudar o método de avaliação?

Matija: O processo de avaliação está bem estabelecido, e controlamos rigorosamente possíveis manipulações e respondemos a elas. Estamos satisfeitos com isso. Alguns pratos serão avaliados melhor, outros pior. Algumas pessoas ficarão mais felizes, outras menos. Isso é o caso em toda seleção e avaliação. No entanto, a picanha foi eleita o melhor prato do mundo, então claramente o Brasil se destaca em nossa plataforma. As notas no TasteAtlas não são minhas, são dos usuários. Mas quanto às minhas emoções em relação ao Brasil, até batizei minha filha de Rio.

Paladar: Por fim, como você vê o futuro do Taste Atlas?

Matija: Tenho projetos enormes, e tentarei concretizá-los antes de falir. O maior projeto que planejo é um banco de dados de produtos e produtores. Quando você chegar a Minas Gerais, não apenas saberá que precisa experimentar o queijo Canastra, mas também exatamente qual Canastra é o melhor e onde prová-lo. Temos vários projetos - definitivamente mais ideias do que capacidade para executá-los, mas esse é o maior.

Se há uma polêmica viva no mundo da gastronomia hoje, é o TasteAtlas. O site, que busca ser uma espécie de enciclopédia sobre comidas e bebidas de todo o mundo, tem ficado em evidência pelas polêmicas que surgem a partir das avaliações de seus usuários e, consequentemente, dos rankings que divulga. O cuscuz paulista já foi indicado como o pior prato brasileiro, enquanto a jabuticaba foi eleita a melhor fruta brasileira de todo o mundo.

É, assim, uma enciclopédia gastronômica digital que sabe despertar paixões. E quem está por trás disso é o croata Matija Babic. Segundo conta em entrevista exclusiva ao Paladar, o desejo de criar o TasteAtlas surgiu enquanto viajava o mundo e não conseguia encontrar, com facilidade, um guia para as comidas típicas de países ou até de cidades específicas.

“É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde?”, explica Matija. Começou a catalogar os pratos e pronto. Em pouco tempo, o TasteAtlas se tornou um fenômeno e, no Brasil, gera reações de amor e ódio. A seguir, Matija fala mais sobre o site, sua relação com o Brasil, as polêmicas e o olhar pro futuro.

Paladar: Como surgiu a ideia do Taste Atlas? Como foi o início?

Matija Babic: Eu queria descobrir cada localidade através daquilo que eles tradicionalmente comem, bebem e cultivam. Enquanto viajava pelo mundo, sentia falta de informações sobre pratos locais e ingredientes. É fácil encontrar os restaurantes turísticos mais populares, a alta culinária com estrelas Michelin e as pizzarias famosas, mas como eu saberia o que as pessoas realmente comem lá e onde? O que as pessoas realmente comem é a cultura e a vida de um lugar específico. Essa é a única maneira de conhecer um lugar. Decidi criar uma plataforma que fornece essa informação.

Paladar: Qual é o principal desafio em manter o Taste Atlas hoje?

Matija: Finanças. É quase impossível ganhar dinheiro com um projeto assim, e a quantidade de dados que coletamos e ainda precisamos coletar é imensa. Mas vejo isso principalmente como meu projeto de vida, catalogar toda a comida local que existe. Só depois disso vejo como um negócio, que espero que aconteça.

Matija Babic, criador do TasteAtlas, em uma de suas visitas ao Brasil Foto: Acervo Pessoal/Matija Babic

Paladar: Aqui no Brasil, o Taste Atlas realmente toca nas emoções das pessoas. Os brasileiros ficam irritados quando um prato típico é mal avaliado e felizes quando um prato se destaca. Como você vê essa ligação sendo criada entre o público e o Taste Atlas?

Matija: As emoções são ótimas. A ideia do TasteAtlas é instilar orgulho na comida tradicional, motivar as pessoas a comer alimentos produzidos localmente onde quer que estejam e despertar o interesse por outras cozinhas. Por exemplo, quando você vê um molho toum libanês relativamente desconhecido no topo da lista, muitos vão querer experimentá-lo. Curiosamente, as pessoas muitas vezes começam a comer e promover pratos que acabam na parte inferior de nossas classificações por despeito. Russos organizaram expedições de Moscou à Sibéria para experimentar a salada de peixe congelado, que era o prato menos avaliado por um tempo. Turcos organizaram um evento no mês passado onde cozinharam e distribuíram sopa de repolho em grande escala. As pessoas levaram isso muito a sério e começaram a comer um prato quase esquecido. Isso nos encanta especialmente.

Paladar: Hoje, qual é a importância do Brasil para o TasteAtlas?

Matija: Cada canto do mundo é importante para nós, então imagine o quanto um país com mais de 200 milhões de habitantes e uma das culinárias mais interessantes do mundo, com milhares de pratos e ingredientes incríveis, é importante para nós. Eu pessoalmente sou um grande fã da culinária brasileira. A feijoada é um dos meus pratos favoritos, eu amo a culinária inexplorada da Amazônia (embora eu tenha estado pessoalmente na parte peruana, não na brasileira), e a experiência do churrasco é possivelmente a minha experiência culinária favorita.

Criador do TasteAtlas destaca seu apreço pela feijoada, um prato também bem avaliado no site Foto: MARCELO BARABANI/AE

Paladar: Há muita conversa aqui no Brasil sobre as injustiças de pratos mal avaliados. Como você enxerga isso? Já pensou em mudar o método de avaliação?

Matija: O processo de avaliação está bem estabelecido, e controlamos rigorosamente possíveis manipulações e respondemos a elas. Estamos satisfeitos com isso. Alguns pratos serão avaliados melhor, outros pior. Algumas pessoas ficarão mais felizes, outras menos. Isso é o caso em toda seleção e avaliação. No entanto, a picanha foi eleita o melhor prato do mundo, então claramente o Brasil se destaca em nossa plataforma. As notas no TasteAtlas não são minhas, são dos usuários. Mas quanto às minhas emoções em relação ao Brasil, até batizei minha filha de Rio.

Paladar: Por fim, como você vê o futuro do Taste Atlas?

Matija: Tenho projetos enormes, e tentarei concretizá-los antes de falir. O maior projeto que planejo é um banco de dados de produtos e produtores. Quando você chegar a Minas Gerais, não apenas saberá que precisa experimentar o queijo Canastra, mas também exatamente qual Canastra é o melhor e onde prová-lo. Temos vários projetos - definitivamente mais ideias do que capacidade para executá-los, mas esse é o maior.

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