Tel-Aviv talvez seja uma das cidades do mundo com mais opções gastronômicas. Impressiona que, com não mais de 400 mil habitantes, tenha tantos restaurantes e bares. É uma cidade cosmopolita e, no entanto, tranquila: recebe a brisa do Mediterrâneo e bastante sol, que ilumina os predinhos no estilo Bauhaus e as antigas construções de Yafo.
A confluência entre Oriente e Ocidente gera um riquíssimo e inesgotável cardápio – dos tradicionais homus e falafel a restaurantes de vanguarda. Para não falar dos incríveis mercados de rua. Ou seja, em Tel-Aviv, não faltarão lugares para o turista glutão. Agora, se você quiser fazer como os locais, terá que transformar o desjejum em sua grande refeição: o café da manhã israelense – que no fim de semana vira brunch – é uma instituição nacional e Tel-Aviv reúne o melhor dessa tradição.
Israelenses comem à farta logo pela manhã, é tudo bem servido, sempre fresco e colorido: verduras, peixes, ovos, pastas, sucos e ótimos pães são incontornáveis. A seguir, um pequeno roteiro com alguns dos bons repastos matinais.
TRADIÇÃO, FAMÍLIA E SHAKSHUKA
DR. SHAKSHUKA
O lugar chama-se Dr. Shakshuka. Tem cara de nome de franquia sem personalidade, não? Pois é exatamente o contrário disso. No meio da antiga cidade de Yafo, entre ruas apertadas de construção de pedra, o descendente de líbios Bino Gabsso faz a melhor shakshuka de Tel-Aviv. Quem diz isso são os locais, que dividem as mesas do Dr. Shakshuka com turistas – na verdade, aqui, turistas ainda são minoria. Bino, o doutor, é um sujeito grande e careca, sua figura é o logo da casa, e ele está sempre rondando as mesas na rua. Aprendeu a receita com o pai, que era de Tripoli, na Líbia. Não tem muito segredo: tomates de um intenso vermelho vão para a panela com pimentas, cebolas, páprica e uns outros temperos, e então, quando já começam a desmanchar, recebem ovos por cima. Quando estes estão quase cozidos, com a gema ainda mole, está pronto o delicioso shakshuka (aqui se usa 200kg de tomate por dia). Aí o negócio é pegar o rechonchudo e cheiroso pão da casa e mergulhar no prato. Bino é direto: “tem que comer com a mão”.
Onde. Beit Eshel, 3 (em Yafo).
CAFÉ DA MANHÃ NON-STOP
BENEDICT
A maior prova de que israelenses têm mesmo uma relação mais que casual com o café da manhã é este restaurante. O Benedict serve só café da manhã. Todos os dias, o dia todo: a casa nunca fecha, é 24 horas. E as filas, nas duas filiais da marca, estão sempre lá. Afinal, por que não mandar um bagel com pasta de coalhada, salada de tomate e pepino às 3h, na madrugada?
O cardápio tem vários estilos de cafés da manhã, do mais clássico israelense, com vegetais e homus ou shakshuka (prato picante com tomates e ovos), até versões tradicionais inglesas, com ovos mexidos, panquecas. Os pratos são bem servidos, e vão bem com uma mimosa – suco de laranja com espumante.Onde. Ben Yehuda, 171.
ORGÂNICO SEM MUITO ALARDE
MESHEK BARZILAY
Sendo a cidade cosmopolita que é, não poderiam faltar em Tel-Aviv opções de comida orgânica, vegana, local etc. Este endereço completa todo o checklist da sustentabilidade e da consciência sobre o que vai à mesa, sem, no entanto, ser pedante. Num bairro descolado da cidade, bom de se andar a pé, este misto de restaurante e café ocupa uma casinha despretensiosa, com um belo balcão de madeira e cadeiras e sofás antigos, num clima tranquilo e relaxado.
Sente aqui sem pressa e peça o café da manhã “da fazenda”: uma bem-feita omelete com grão-de-bico, a infalível salada israelense (tomate e pepino picadinhos), uma boa seleção de pães e pastas vai chegar à mesa, com suco da doce laranja de Yafo, mais café ou chá. Outra boa pedida são as panquecas de trigo integral. O café da manhã, é claro, não se restringe à manhã: é servido das 8h às 16h.Onde. Ehad Haam 6.
PRAIA, ROMÂS E BERIJELA
MANTA RAY
O visual é desconcertante. O restaurante tem os pés fincados na areia e todo voltado para o Mar Mediterrâneo. Tente pegar uma mesa no avarandado – e faça a reserva. A localização e também a comida servida no Manta Ray atraem muita gente para o café da manhã aqui, especialmente nos fins de semana. O lugar tem toda a pinta de caça-turista, afinal, é de frente para o mar – e é o único na parte da orla em que está (praia Alma), ou seja, não tem nem concorrência.
Mas essa impressão se desfaz com o serviço atencioso e a boa qualidade do que é servido. Ótimos pães e geleias caseiros, sucos naturais de romã ou grapefruit e pequenas porções de pastas, de berinjela ou ainda iogurte grego com pepino e temperos (o tziziky, ou tzatziki), além de uma espécie de rabanada fazem a ida ao Manta Ray valer a pena, não só pela vista.Onde. Praia Alma, perto do Dolphinarium.
VIAGEM A CONVITE DO MINISTÉRIO DE TURISMO DE ISRAEL