Chef banqueteira conta quais são os pratos preferidos dos astros do rock


Superstição de Keith Richards com shepherd’s pie e muffin de mirtilo do Steven Tyler; Rita Atrib revela as preferências à mesa de músicos e bandas, durante alguns shows realizados em SP

Por Cintia Oliveira
Atualização:

Existe a possibilidade - mesmo que distante - de, um dia, o seu astro do rock preferido aparecer para jantar na sua casa? Na dúvida sobre o cardápio, pergunte para a chef banqueteira Rita Atrib, que comanda o buffet e rotisserie Petit Comité, na capital paulista, e conhece de perto as preferências à mesa de inúmeros astros do rock. Com mais de 28 anos de estrada nos palcos (da gastronomia, diga-se de passagem), ela teve a chance de assinar o cardápio do backstage de inúmeros shows e festivais internacionais que aconteceram na capital paulista. E para celebrar o Dia Mundial do Rock, comemorado neste sábado (13), Paladar convidou Rita para visitar a loja de vinis Patuá Discos, na Vila Madalena, e relembrar algumas dessas histórias.

Ela começou a fazer catering para shows por acaso, logo que inaugurou o buffet. “Um amigo nos contratou para fazer a festa de aniversário da mãe dele e, na ocasião, eu conheci uma das primas dele, Miriam Hinds, que é produtora de shows e festivais internacionais”, lembra a chef banqueteira. Miriam gostou tanto da comida da festa que perguntou se Rita tinha interesse em fazer catering para shows. Mesmo morrendo de medo, ela topou o desafio, e o primeiro deles foi uma das edições paulistanas do festival Monsters of Rock, em 1996, que tinha no line-up bandas como Iron Maiden e Motörhead.

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Porém, a ligação de Rita com o rock vem desde a infância na década 1970, que foi o auge de astros como Elvis Presley (1935 - 1977) e bandas como Rolling Stones e Queen. Aliás, uns dos show mais marcantes de sua adolescência foi o da banda britânica liderada por Freddie Mercury (1946 - 1991) em 1981, no estádio do Morumbi. “Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje da emoção que senti ao subir as arquibancadas do estádio”.

Depois de se formar na faculdade de arquitetura - antes de ingressar na gastronomia - Rita se mudou para Europa e viveu um ano entre Londres e Paris. Nesse período, ela teve a chance de assistir a apresentações de bandas como U2, além do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), que tem Rita é muito fã e teve a oportunidade de servir em sua passagem por São Paulo - mais detalhes a seguir.

Comida de backstage

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Segundo Rita, quando um buffet é contratado para fazer o catering de um show internacional, alguns meses antes da apresentação a produtora encaminha uma lista com as exigências e restrições alimentares dos artistas e ao equipe. “O legal é que, muitas vezes, as listas vem ‘uma opção de proteína, uma opção de salada’. Com isso, eu tenho liberdade de criar um cardápio que atenda as preferências de todos”, conta a chef banqueteira do Petit Comité, que depois encaminha as suas sugestões para aprovação da equipe.

Rita e o álbum "Dirty Work" (1986) dos The Rolling Stones: a chef banqueteira teve que reproduzir a receita de shepherd's pie de Keith Richards  Foto: Leo Martins/Estadao

Dependendo do caso, Rita conta que as refeições podem incluir tanto o almoço após passagem de som, o jantar antes de show e uma mesinha com algo para a equipe “beliscar” ao longo do dia, na companhia de café, chás, frutas e energéticos. “Mel e limão também não podem faltar, para manter a voz”, destaca a proprietária do Petit Comité. Há ocasiões em que a equipe de determinadas bandas contratam um coquetel para a sala VIP, onde recebem familiares, amigos e convidados. “Nesse tipo de serviço, eu sempre procuro incluir receitas bem brasileiras, como minicuscuz paulista, beiju de tapioca com queijo meia cura e coxinha. Todos adoram”, descreve ela.

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No entanto, o principal são as refeições servidas nos camarins dos artistas após o show, que geralmente têm exigências mais específicas do que o restante do staff. A chef banqueteira conta que cardápio varia muito, mas tem algo que é unanimidade entre os rock stars - ao menos os veteranos. “Eles não bebem nada alcoólico antes dos shows”, revela a chef do Petit Comité.

De volta à loja de vinis na Vila Madalena, Rita, que é colecionadora de discos, percorre com os dedos a fileira de álbuns de rock, que representam mais de um terço dos 3.500 títulos disponíveis na loja. E encontra vários de bandas e artistas para os quais ela já cozinhou. Embora tenha tido contato próximo com músicos e bandas consagradas, Rita admite que deixa o seu lado fã em casa. “Oriento a equipe a ser o mais discreta possível e evitar tietar os artistas”.

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Porém, vez ou outra, os próprios músicos têm gestos de gentileza com a equipe. “Certa vez, o baterista do Iron Maiden, Nicko McBrain, presenteou os nossos funcionários com cervejas da marca da banda. E, em outra ocasião, o Eddie Vedder, do Pearl Jam, soube que um dos membros da nossa equipe era muito fã da banda e deu de presente para ele uma palheta que havia usado no show”, conta a chef banqueteira.

A seguir, Rita compartilha algumas das preferências alimentares mais curiosas dos astros de rock.

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, tem uma superstição que envolve a clássica torta inglesa shepherd's pie Foto: Estadão
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Keith Richards e a shepherd’s pie

Na véspera do show do The Rollings Stones na capital paulista, em 2016, Rita recebeu uma ligação da produtora dizendo que ela teria que reproduzir a receita de shepherd’s pie enviada pela produção do guitarrista da banda, Keith Richards. Rita fez a torta de origem inglesa com base de carne moída, ervilhas e brown sauce (um molho pronto inglês feito de tomate e extrato de tamarindo), além de cobertura de purê de batata pincelado com manteiga. Aliás, a receita está no cardápio de sua rotisserie, a Petit Comité (R$ 94, o quilo).

Na ocasião, Richard’s também pediu uma chicken pot pie, uma torta com recheio cremoso de frango e coberta de massa folhada. “Na véspera, a produtora da banda provou as duas receitas e escolheu a shepherd’s pie”, conta ela. No entanto, o motivo da escolha das receitas envolvia uma superstição de Richards antes de subir ao palco: se o topo da torta for crocante e quebrar na primeira colherada, o show será um sucesso - e foi! “Ele é muito simpático e adorou a torta. Também amou o nosso suco de capim-santo”, lembra Rita.

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Outro membro dos Stones que se encantou pela comida do catering foi Mick Jagger, que saiu do show com uma quentinha de espaguete ao sugo para comer no hotel.

A dieta saudável de Bruce Springsteen

O astro dos anos 1980, famoso pelo hit “Born in the U.S.A.”, Bruce Springsteen não costuma ter tantas exigências à mesa. Rita lembra que, para ele, o importante é que as receitas sejam leves e saudáveis. “A única coisa que ele pede é que o menu tenha muitas frutas, cereais e mel”, conta ela.

Após o show, realizado em 2013 na capital paulista, o cardápio foi chilli de proteína de soja com fios de cheddar, carpaccio de frutas ao mel de laranja, além da sopa de cevadinha com legumes ao perfume de tomilho. “Ele gostou tanto da sopa que levou para o hotel”, lembra a chef banqueteira.

O líder da banda Aerosmith pediu um bolinho de mirtilo sem glúten e nem lactose Foto: Werther Santana/AE

Steven Tyler e o muffin de mirtilo

Em um dos shows que o Aersmith fez na capital paulista em 2013, o líder da banda pediu que o cardápio incluísse dois itens: salmão do Alasca e mel de agave. Até então, sem grandes surpresas. No entanto, uns dias antes da apresentação surgiu um pedido especial de Steven Tyler: um muffin de mirtilo sem glúten e nem lactose, que deveria ser preparado no próprio backstage do show.

“Geralmente, os pratos são levados prontos e apenas finalizados na hora de servir. Neste caso, eu tive que mandar alguém da minha cozinha com todos os utensílios e ingredientes para preparar os muffins na hora”, lembra a chef banqueteira, que ainda se desdobrou para achar mirtilo em São Paulo - na época não era uma frutinha tão comum por aqui.

Ainda havia mais um ponto de tensão. Rita soube que, em outro show, Tyler havia odiado o muffin que prepararam para ele e arremessou o bolinho contra a parede. Na versão de Rita, o muffin tinha como base farinha de amêndoas e óleo de coco - Tyler aprovou! “Pelo menos, ele não o jogou em lugar nenhum”, diverte-se ela.

David Bowie era adepto de dieta, que privilegia o consumo de alimentos orgânicos e com o menor processamento possível  Foto: Robson Fernandjes/ Estadão

David Bowie e a comida macrobiótica

Embora tenha se acostumado a estar em torno de tantos astros, Rita confessa que tremeu na base diante do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), de quem é muito fã. “Quase desmaiei quando ele, que era simpaticíssimo, veio elogiar a comida e a hospitalidade da equipe”, lembra ela, que coleciona discos do astro e foi a vários shows dele pelo mundo afora.

Bowie era adepto da dieta macrobiótica, que prioriza os alimentos orgânicos e com o mínimo de processamento possível. E Rita teve que ir atrás de vários ingredientes que não eram tão fáceis de se encontrar por aqui, como o tempê (um fermentado à base de soja), que foi base de vários preparos servidos na tenda, que a produção montou para o astro no backstage do show, que ele realizou em São Paulo em 1997.

Na mais recente apresentação em SP, Ozzy Osbourne pediu um frango inteiro assado e temperado somente com sal  Foto: Márcio Fernandes/AE

Ozzy Osbourne, o frango e a salada

Embora o príncipe das trevas tenha ficado marcado pela mordida que deu em um morcego durante um show em 1982 em Iowa (EUA), os hábitos alimentares dele não tem nada a ver com esse episódio - pelo contrário. Rita garante que Ozzy Osbourne segue a linha mais saudável. O cardápio dele costuma ter itens como salmão grelhado, legumes no vapor e frutas orgânicas.

Outro pedido de Osbourne costuma ser a salada sonoma, um clássico do mercado saudável norte-americano Whole Foods Market, à base de frango, salsão, noz-pecã, uvas e maionese. “Gostei tanto da combinação, que inclui essa receita no menu da rotisserie”, conta a chef banqueteira. No balcão da rotisserie, a salada custa R$ 143, o quilo.

No entanto, na mais recente apresentação de Osbourne em São Paulo, em 2018, ele pediu, de última hora, um frango inteiro assado e temperado somente com sal. “E foi só isso que ele comeu”, lembra Rita.

Ringo Starr e a alergia a alho e cebola

Quando Rita recebeu as instruções da equipe do eterno Beatle, ela descobriu que Ringo Starr é alérgico a alho e cebola. Para driblar a ausência dos ingredientes, que forma a base de sabor de inúmeros pratos, o jeito foi pensar em outra estratégia. “Sal é o tempero mais importante de todos. Neste caso, eu uso o gengibre e o curry, que tem muita personalidade”, conta ela.

A chef banqueteira teve a oportunidade de cozinhar para o eterno baterista do The Beatles em algumas de suas passagens pela capital paulista. E ele costuma pedir uma salada à base de atum e, também, é muito fã de sopas. “Ele é adorou a sopa de abóbora ao perfume de gengibre com crisps de maçã e o creme de mandioquinha com curry”, lembra ela.

Existe a possibilidade - mesmo que distante - de, um dia, o seu astro do rock preferido aparecer para jantar na sua casa? Na dúvida sobre o cardápio, pergunte para a chef banqueteira Rita Atrib, que comanda o buffet e rotisserie Petit Comité, na capital paulista, e conhece de perto as preferências à mesa de inúmeros astros do rock. Com mais de 28 anos de estrada nos palcos (da gastronomia, diga-se de passagem), ela teve a chance de assinar o cardápio do backstage de inúmeros shows e festivais internacionais que aconteceram na capital paulista. E para celebrar o Dia Mundial do Rock, comemorado neste sábado (13), Paladar convidou Rita para visitar a loja de vinis Patuá Discos, na Vila Madalena, e relembrar algumas dessas histórias.

Ela começou a fazer catering para shows por acaso, logo que inaugurou o buffet. “Um amigo nos contratou para fazer a festa de aniversário da mãe dele e, na ocasião, eu conheci uma das primas dele, Miriam Hinds, que é produtora de shows e festivais internacionais”, lembra a chef banqueteira. Miriam gostou tanto da comida da festa que perguntou se Rita tinha interesse em fazer catering para shows. Mesmo morrendo de medo, ela topou o desafio, e o primeiro deles foi uma das edições paulistanas do festival Monsters of Rock, em 1996, que tinha no line-up bandas como Iron Maiden e Motörhead.

Porém, a ligação de Rita com o rock vem desde a infância na década 1970, que foi o auge de astros como Elvis Presley (1935 - 1977) e bandas como Rolling Stones e Queen. Aliás, uns dos show mais marcantes de sua adolescência foi o da banda britânica liderada por Freddie Mercury (1946 - 1991) em 1981, no estádio do Morumbi. “Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje da emoção que senti ao subir as arquibancadas do estádio”.

Depois de se formar na faculdade de arquitetura - antes de ingressar na gastronomia - Rita se mudou para Europa e viveu um ano entre Londres e Paris. Nesse período, ela teve a chance de assistir a apresentações de bandas como U2, além do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), que tem Rita é muito fã e teve a oportunidade de servir em sua passagem por São Paulo - mais detalhes a seguir.

Comida de backstage

Segundo Rita, quando um buffet é contratado para fazer o catering de um show internacional, alguns meses antes da apresentação a produtora encaminha uma lista com as exigências e restrições alimentares dos artistas e ao equipe. “O legal é que, muitas vezes, as listas vem ‘uma opção de proteína, uma opção de salada’. Com isso, eu tenho liberdade de criar um cardápio que atenda as preferências de todos”, conta a chef banqueteira do Petit Comité, que depois encaminha as suas sugestões para aprovação da equipe.

Rita e o álbum "Dirty Work" (1986) dos The Rolling Stones: a chef banqueteira teve que reproduzir a receita de shepherd's pie de Keith Richards  Foto: Leo Martins/Estadao

Dependendo do caso, Rita conta que as refeições podem incluir tanto o almoço após passagem de som, o jantar antes de show e uma mesinha com algo para a equipe “beliscar” ao longo do dia, na companhia de café, chás, frutas e energéticos. “Mel e limão também não podem faltar, para manter a voz”, destaca a proprietária do Petit Comité. Há ocasiões em que a equipe de determinadas bandas contratam um coquetel para a sala VIP, onde recebem familiares, amigos e convidados. “Nesse tipo de serviço, eu sempre procuro incluir receitas bem brasileiras, como minicuscuz paulista, beiju de tapioca com queijo meia cura e coxinha. Todos adoram”, descreve ela.

No entanto, o principal são as refeições servidas nos camarins dos artistas após o show, que geralmente têm exigências mais específicas do que o restante do staff. A chef banqueteira conta que cardápio varia muito, mas tem algo que é unanimidade entre os rock stars - ao menos os veteranos. “Eles não bebem nada alcoólico antes dos shows”, revela a chef do Petit Comité.

De volta à loja de vinis na Vila Madalena, Rita, que é colecionadora de discos, percorre com os dedos a fileira de álbuns de rock, que representam mais de um terço dos 3.500 títulos disponíveis na loja. E encontra vários de bandas e artistas para os quais ela já cozinhou. Embora tenha tido contato próximo com músicos e bandas consagradas, Rita admite que deixa o seu lado fã em casa. “Oriento a equipe a ser o mais discreta possível e evitar tietar os artistas”.

Porém, vez ou outra, os próprios músicos têm gestos de gentileza com a equipe. “Certa vez, o baterista do Iron Maiden, Nicko McBrain, presenteou os nossos funcionários com cervejas da marca da banda. E, em outra ocasião, o Eddie Vedder, do Pearl Jam, soube que um dos membros da nossa equipe era muito fã da banda e deu de presente para ele uma palheta que havia usado no show”, conta a chef banqueteira.

A seguir, Rita compartilha algumas das preferências alimentares mais curiosas dos astros de rock.

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, tem uma superstição que envolve a clássica torta inglesa shepherd's pie Foto: Estadão

Keith Richards e a shepherd’s pie

Na véspera do show do The Rollings Stones na capital paulista, em 2016, Rita recebeu uma ligação da produtora dizendo que ela teria que reproduzir a receita de shepherd’s pie enviada pela produção do guitarrista da banda, Keith Richards. Rita fez a torta de origem inglesa com base de carne moída, ervilhas e brown sauce (um molho pronto inglês feito de tomate e extrato de tamarindo), além de cobertura de purê de batata pincelado com manteiga. Aliás, a receita está no cardápio de sua rotisserie, a Petit Comité (R$ 94, o quilo).

Na ocasião, Richard’s também pediu uma chicken pot pie, uma torta com recheio cremoso de frango e coberta de massa folhada. “Na véspera, a produtora da banda provou as duas receitas e escolheu a shepherd’s pie”, conta ela. No entanto, o motivo da escolha das receitas envolvia uma superstição de Richards antes de subir ao palco: se o topo da torta for crocante e quebrar na primeira colherada, o show será um sucesso - e foi! “Ele é muito simpático e adorou a torta. Também amou o nosso suco de capim-santo”, lembra Rita.

Outro membro dos Stones que se encantou pela comida do catering foi Mick Jagger, que saiu do show com uma quentinha de espaguete ao sugo para comer no hotel.

A dieta saudável de Bruce Springsteen

O astro dos anos 1980, famoso pelo hit “Born in the U.S.A.”, Bruce Springsteen não costuma ter tantas exigências à mesa. Rita lembra que, para ele, o importante é que as receitas sejam leves e saudáveis. “A única coisa que ele pede é que o menu tenha muitas frutas, cereais e mel”, conta ela.

Após o show, realizado em 2013 na capital paulista, o cardápio foi chilli de proteína de soja com fios de cheddar, carpaccio de frutas ao mel de laranja, além da sopa de cevadinha com legumes ao perfume de tomilho. “Ele gostou tanto da sopa que levou para o hotel”, lembra a chef banqueteira.

O líder da banda Aerosmith pediu um bolinho de mirtilo sem glúten e nem lactose Foto: Werther Santana/AE

Steven Tyler e o muffin de mirtilo

Em um dos shows que o Aersmith fez na capital paulista em 2013, o líder da banda pediu que o cardápio incluísse dois itens: salmão do Alasca e mel de agave. Até então, sem grandes surpresas. No entanto, uns dias antes da apresentação surgiu um pedido especial de Steven Tyler: um muffin de mirtilo sem glúten e nem lactose, que deveria ser preparado no próprio backstage do show.

“Geralmente, os pratos são levados prontos e apenas finalizados na hora de servir. Neste caso, eu tive que mandar alguém da minha cozinha com todos os utensílios e ingredientes para preparar os muffins na hora”, lembra a chef banqueteira, que ainda se desdobrou para achar mirtilo em São Paulo - na época não era uma frutinha tão comum por aqui.

Ainda havia mais um ponto de tensão. Rita soube que, em outro show, Tyler havia odiado o muffin que prepararam para ele e arremessou o bolinho contra a parede. Na versão de Rita, o muffin tinha como base farinha de amêndoas e óleo de coco - Tyler aprovou! “Pelo menos, ele não o jogou em lugar nenhum”, diverte-se ela.

David Bowie era adepto de dieta, que privilegia o consumo de alimentos orgânicos e com o menor processamento possível  Foto: Robson Fernandjes/ Estadão

David Bowie e a comida macrobiótica

Embora tenha se acostumado a estar em torno de tantos astros, Rita confessa que tremeu na base diante do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), de quem é muito fã. “Quase desmaiei quando ele, que era simpaticíssimo, veio elogiar a comida e a hospitalidade da equipe”, lembra ela, que coleciona discos do astro e foi a vários shows dele pelo mundo afora.

Bowie era adepto da dieta macrobiótica, que prioriza os alimentos orgânicos e com o mínimo de processamento possível. E Rita teve que ir atrás de vários ingredientes que não eram tão fáceis de se encontrar por aqui, como o tempê (um fermentado à base de soja), que foi base de vários preparos servidos na tenda, que a produção montou para o astro no backstage do show, que ele realizou em São Paulo em 1997.

Na mais recente apresentação em SP, Ozzy Osbourne pediu um frango inteiro assado e temperado somente com sal  Foto: Márcio Fernandes/AE

Ozzy Osbourne, o frango e a salada

Embora o príncipe das trevas tenha ficado marcado pela mordida que deu em um morcego durante um show em 1982 em Iowa (EUA), os hábitos alimentares dele não tem nada a ver com esse episódio - pelo contrário. Rita garante que Ozzy Osbourne segue a linha mais saudável. O cardápio dele costuma ter itens como salmão grelhado, legumes no vapor e frutas orgânicas.

Outro pedido de Osbourne costuma ser a salada sonoma, um clássico do mercado saudável norte-americano Whole Foods Market, à base de frango, salsão, noz-pecã, uvas e maionese. “Gostei tanto da combinação, que inclui essa receita no menu da rotisserie”, conta a chef banqueteira. No balcão da rotisserie, a salada custa R$ 143, o quilo.

No entanto, na mais recente apresentação de Osbourne em São Paulo, em 2018, ele pediu, de última hora, um frango inteiro assado e temperado somente com sal. “E foi só isso que ele comeu”, lembra Rita.

Ringo Starr e a alergia a alho e cebola

Quando Rita recebeu as instruções da equipe do eterno Beatle, ela descobriu que Ringo Starr é alérgico a alho e cebola. Para driblar a ausência dos ingredientes, que forma a base de sabor de inúmeros pratos, o jeito foi pensar em outra estratégia. “Sal é o tempero mais importante de todos. Neste caso, eu uso o gengibre e o curry, que tem muita personalidade”, conta ela.

A chef banqueteira teve a oportunidade de cozinhar para o eterno baterista do The Beatles em algumas de suas passagens pela capital paulista. E ele costuma pedir uma salada à base de atum e, também, é muito fã de sopas. “Ele é adorou a sopa de abóbora ao perfume de gengibre com crisps de maçã e o creme de mandioquinha com curry”, lembra ela.

Existe a possibilidade - mesmo que distante - de, um dia, o seu astro do rock preferido aparecer para jantar na sua casa? Na dúvida sobre o cardápio, pergunte para a chef banqueteira Rita Atrib, que comanda o buffet e rotisserie Petit Comité, na capital paulista, e conhece de perto as preferências à mesa de inúmeros astros do rock. Com mais de 28 anos de estrada nos palcos (da gastronomia, diga-se de passagem), ela teve a chance de assinar o cardápio do backstage de inúmeros shows e festivais internacionais que aconteceram na capital paulista. E para celebrar o Dia Mundial do Rock, comemorado neste sábado (13), Paladar convidou Rita para visitar a loja de vinis Patuá Discos, na Vila Madalena, e relembrar algumas dessas histórias.

Ela começou a fazer catering para shows por acaso, logo que inaugurou o buffet. “Um amigo nos contratou para fazer a festa de aniversário da mãe dele e, na ocasião, eu conheci uma das primas dele, Miriam Hinds, que é produtora de shows e festivais internacionais”, lembra a chef banqueteira. Miriam gostou tanto da comida da festa que perguntou se Rita tinha interesse em fazer catering para shows. Mesmo morrendo de medo, ela topou o desafio, e o primeiro deles foi uma das edições paulistanas do festival Monsters of Rock, em 1996, que tinha no line-up bandas como Iron Maiden e Motörhead.

Porém, a ligação de Rita com o rock vem desde a infância na década 1970, que foi o auge de astros como Elvis Presley (1935 - 1977) e bandas como Rolling Stones e Queen. Aliás, uns dos show mais marcantes de sua adolescência foi o da banda britânica liderada por Freddie Mercury (1946 - 1991) em 1981, no estádio do Morumbi. “Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje da emoção que senti ao subir as arquibancadas do estádio”.

Depois de se formar na faculdade de arquitetura - antes de ingressar na gastronomia - Rita se mudou para Europa e viveu um ano entre Londres e Paris. Nesse período, ela teve a chance de assistir a apresentações de bandas como U2, além do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), que tem Rita é muito fã e teve a oportunidade de servir em sua passagem por São Paulo - mais detalhes a seguir.

Comida de backstage

Segundo Rita, quando um buffet é contratado para fazer o catering de um show internacional, alguns meses antes da apresentação a produtora encaminha uma lista com as exigências e restrições alimentares dos artistas e ao equipe. “O legal é que, muitas vezes, as listas vem ‘uma opção de proteína, uma opção de salada’. Com isso, eu tenho liberdade de criar um cardápio que atenda as preferências de todos”, conta a chef banqueteira do Petit Comité, que depois encaminha as suas sugestões para aprovação da equipe.

Rita e o álbum "Dirty Work" (1986) dos The Rolling Stones: a chef banqueteira teve que reproduzir a receita de shepherd's pie de Keith Richards  Foto: Leo Martins/Estadao

Dependendo do caso, Rita conta que as refeições podem incluir tanto o almoço após passagem de som, o jantar antes de show e uma mesinha com algo para a equipe “beliscar” ao longo do dia, na companhia de café, chás, frutas e energéticos. “Mel e limão também não podem faltar, para manter a voz”, destaca a proprietária do Petit Comité. Há ocasiões em que a equipe de determinadas bandas contratam um coquetel para a sala VIP, onde recebem familiares, amigos e convidados. “Nesse tipo de serviço, eu sempre procuro incluir receitas bem brasileiras, como minicuscuz paulista, beiju de tapioca com queijo meia cura e coxinha. Todos adoram”, descreve ela.

No entanto, o principal são as refeições servidas nos camarins dos artistas após o show, que geralmente têm exigências mais específicas do que o restante do staff. A chef banqueteira conta que cardápio varia muito, mas tem algo que é unanimidade entre os rock stars - ao menos os veteranos. “Eles não bebem nada alcoólico antes dos shows”, revela a chef do Petit Comité.

De volta à loja de vinis na Vila Madalena, Rita, que é colecionadora de discos, percorre com os dedos a fileira de álbuns de rock, que representam mais de um terço dos 3.500 títulos disponíveis na loja. E encontra vários de bandas e artistas para os quais ela já cozinhou. Embora tenha tido contato próximo com músicos e bandas consagradas, Rita admite que deixa o seu lado fã em casa. “Oriento a equipe a ser o mais discreta possível e evitar tietar os artistas”.

Porém, vez ou outra, os próprios músicos têm gestos de gentileza com a equipe. “Certa vez, o baterista do Iron Maiden, Nicko McBrain, presenteou os nossos funcionários com cervejas da marca da banda. E, em outra ocasião, o Eddie Vedder, do Pearl Jam, soube que um dos membros da nossa equipe era muito fã da banda e deu de presente para ele uma palheta que havia usado no show”, conta a chef banqueteira.

A seguir, Rita compartilha algumas das preferências alimentares mais curiosas dos astros de rock.

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, tem uma superstição que envolve a clássica torta inglesa shepherd's pie Foto: Estadão

Keith Richards e a shepherd’s pie

Na véspera do show do The Rollings Stones na capital paulista, em 2016, Rita recebeu uma ligação da produtora dizendo que ela teria que reproduzir a receita de shepherd’s pie enviada pela produção do guitarrista da banda, Keith Richards. Rita fez a torta de origem inglesa com base de carne moída, ervilhas e brown sauce (um molho pronto inglês feito de tomate e extrato de tamarindo), além de cobertura de purê de batata pincelado com manteiga. Aliás, a receita está no cardápio de sua rotisserie, a Petit Comité (R$ 94, o quilo).

Na ocasião, Richard’s também pediu uma chicken pot pie, uma torta com recheio cremoso de frango e coberta de massa folhada. “Na véspera, a produtora da banda provou as duas receitas e escolheu a shepherd’s pie”, conta ela. No entanto, o motivo da escolha das receitas envolvia uma superstição de Richards antes de subir ao palco: se o topo da torta for crocante e quebrar na primeira colherada, o show será um sucesso - e foi! “Ele é muito simpático e adorou a torta. Também amou o nosso suco de capim-santo”, lembra Rita.

Outro membro dos Stones que se encantou pela comida do catering foi Mick Jagger, que saiu do show com uma quentinha de espaguete ao sugo para comer no hotel.

A dieta saudável de Bruce Springsteen

O astro dos anos 1980, famoso pelo hit “Born in the U.S.A.”, Bruce Springsteen não costuma ter tantas exigências à mesa. Rita lembra que, para ele, o importante é que as receitas sejam leves e saudáveis. “A única coisa que ele pede é que o menu tenha muitas frutas, cereais e mel”, conta ela.

Após o show, realizado em 2013 na capital paulista, o cardápio foi chilli de proteína de soja com fios de cheddar, carpaccio de frutas ao mel de laranja, além da sopa de cevadinha com legumes ao perfume de tomilho. “Ele gostou tanto da sopa que levou para o hotel”, lembra a chef banqueteira.

O líder da banda Aerosmith pediu um bolinho de mirtilo sem glúten e nem lactose Foto: Werther Santana/AE

Steven Tyler e o muffin de mirtilo

Em um dos shows que o Aersmith fez na capital paulista em 2013, o líder da banda pediu que o cardápio incluísse dois itens: salmão do Alasca e mel de agave. Até então, sem grandes surpresas. No entanto, uns dias antes da apresentação surgiu um pedido especial de Steven Tyler: um muffin de mirtilo sem glúten e nem lactose, que deveria ser preparado no próprio backstage do show.

“Geralmente, os pratos são levados prontos e apenas finalizados na hora de servir. Neste caso, eu tive que mandar alguém da minha cozinha com todos os utensílios e ingredientes para preparar os muffins na hora”, lembra a chef banqueteira, que ainda se desdobrou para achar mirtilo em São Paulo - na época não era uma frutinha tão comum por aqui.

Ainda havia mais um ponto de tensão. Rita soube que, em outro show, Tyler havia odiado o muffin que prepararam para ele e arremessou o bolinho contra a parede. Na versão de Rita, o muffin tinha como base farinha de amêndoas e óleo de coco - Tyler aprovou! “Pelo menos, ele não o jogou em lugar nenhum”, diverte-se ela.

David Bowie era adepto de dieta, que privilegia o consumo de alimentos orgânicos e com o menor processamento possível  Foto: Robson Fernandjes/ Estadão

David Bowie e a comida macrobiótica

Embora tenha se acostumado a estar em torno de tantos astros, Rita confessa que tremeu na base diante do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), de quem é muito fã. “Quase desmaiei quando ele, que era simpaticíssimo, veio elogiar a comida e a hospitalidade da equipe”, lembra ela, que coleciona discos do astro e foi a vários shows dele pelo mundo afora.

Bowie era adepto da dieta macrobiótica, que prioriza os alimentos orgânicos e com o mínimo de processamento possível. E Rita teve que ir atrás de vários ingredientes que não eram tão fáceis de se encontrar por aqui, como o tempê (um fermentado à base de soja), que foi base de vários preparos servidos na tenda, que a produção montou para o astro no backstage do show, que ele realizou em São Paulo em 1997.

Na mais recente apresentação em SP, Ozzy Osbourne pediu um frango inteiro assado e temperado somente com sal  Foto: Márcio Fernandes/AE

Ozzy Osbourne, o frango e a salada

Embora o príncipe das trevas tenha ficado marcado pela mordida que deu em um morcego durante um show em 1982 em Iowa (EUA), os hábitos alimentares dele não tem nada a ver com esse episódio - pelo contrário. Rita garante que Ozzy Osbourne segue a linha mais saudável. O cardápio dele costuma ter itens como salmão grelhado, legumes no vapor e frutas orgânicas.

Outro pedido de Osbourne costuma ser a salada sonoma, um clássico do mercado saudável norte-americano Whole Foods Market, à base de frango, salsão, noz-pecã, uvas e maionese. “Gostei tanto da combinação, que inclui essa receita no menu da rotisserie”, conta a chef banqueteira. No balcão da rotisserie, a salada custa R$ 143, o quilo.

No entanto, na mais recente apresentação de Osbourne em São Paulo, em 2018, ele pediu, de última hora, um frango inteiro assado e temperado somente com sal. “E foi só isso que ele comeu”, lembra Rita.

Ringo Starr e a alergia a alho e cebola

Quando Rita recebeu as instruções da equipe do eterno Beatle, ela descobriu que Ringo Starr é alérgico a alho e cebola. Para driblar a ausência dos ingredientes, que forma a base de sabor de inúmeros pratos, o jeito foi pensar em outra estratégia. “Sal é o tempero mais importante de todos. Neste caso, eu uso o gengibre e o curry, que tem muita personalidade”, conta ela.

A chef banqueteira teve a oportunidade de cozinhar para o eterno baterista do The Beatles em algumas de suas passagens pela capital paulista. E ele costuma pedir uma salada à base de atum e, também, é muito fã de sopas. “Ele é adorou a sopa de abóbora ao perfume de gengibre com crisps de maçã e o creme de mandioquinha com curry”, lembra ela.

Existe a possibilidade - mesmo que distante - de, um dia, o seu astro do rock preferido aparecer para jantar na sua casa? Na dúvida sobre o cardápio, pergunte para a chef banqueteira Rita Atrib, que comanda o buffet e rotisserie Petit Comité, na capital paulista, e conhece de perto as preferências à mesa de inúmeros astros do rock. Com mais de 28 anos de estrada nos palcos (da gastronomia, diga-se de passagem), ela teve a chance de assinar o cardápio do backstage de inúmeros shows e festivais internacionais que aconteceram na capital paulista. E para celebrar o Dia Mundial do Rock, comemorado neste sábado (13), Paladar convidou Rita para visitar a loja de vinis Patuá Discos, na Vila Madalena, e relembrar algumas dessas histórias.

Ela começou a fazer catering para shows por acaso, logo que inaugurou o buffet. “Um amigo nos contratou para fazer a festa de aniversário da mãe dele e, na ocasião, eu conheci uma das primas dele, Miriam Hinds, que é produtora de shows e festivais internacionais”, lembra a chef banqueteira. Miriam gostou tanto da comida da festa que perguntou se Rita tinha interesse em fazer catering para shows. Mesmo morrendo de medo, ela topou o desafio, e o primeiro deles foi uma das edições paulistanas do festival Monsters of Rock, em 1996, que tinha no line-up bandas como Iron Maiden e Motörhead.

Porém, a ligação de Rita com o rock vem desde a infância na década 1970, que foi o auge de astros como Elvis Presley (1935 - 1977) e bandas como Rolling Stones e Queen. Aliás, uns dos show mais marcantes de sua adolescência foi o da banda britânica liderada por Freddie Mercury (1946 - 1991) em 1981, no estádio do Morumbi. “Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje da emoção que senti ao subir as arquibancadas do estádio”.

Depois de se formar na faculdade de arquitetura - antes de ingressar na gastronomia - Rita se mudou para Europa e viveu um ano entre Londres e Paris. Nesse período, ela teve a chance de assistir a apresentações de bandas como U2, além do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), que tem Rita é muito fã e teve a oportunidade de servir em sua passagem por São Paulo - mais detalhes a seguir.

Comida de backstage

Segundo Rita, quando um buffet é contratado para fazer o catering de um show internacional, alguns meses antes da apresentação a produtora encaminha uma lista com as exigências e restrições alimentares dos artistas e ao equipe. “O legal é que, muitas vezes, as listas vem ‘uma opção de proteína, uma opção de salada’. Com isso, eu tenho liberdade de criar um cardápio que atenda as preferências de todos”, conta a chef banqueteira do Petit Comité, que depois encaminha as suas sugestões para aprovação da equipe.

Rita e o álbum "Dirty Work" (1986) dos The Rolling Stones: a chef banqueteira teve que reproduzir a receita de shepherd's pie de Keith Richards  Foto: Leo Martins/Estadao

Dependendo do caso, Rita conta que as refeições podem incluir tanto o almoço após passagem de som, o jantar antes de show e uma mesinha com algo para a equipe “beliscar” ao longo do dia, na companhia de café, chás, frutas e energéticos. “Mel e limão também não podem faltar, para manter a voz”, destaca a proprietária do Petit Comité. Há ocasiões em que a equipe de determinadas bandas contratam um coquetel para a sala VIP, onde recebem familiares, amigos e convidados. “Nesse tipo de serviço, eu sempre procuro incluir receitas bem brasileiras, como minicuscuz paulista, beiju de tapioca com queijo meia cura e coxinha. Todos adoram”, descreve ela.

No entanto, o principal são as refeições servidas nos camarins dos artistas após o show, que geralmente têm exigências mais específicas do que o restante do staff. A chef banqueteira conta que cardápio varia muito, mas tem algo que é unanimidade entre os rock stars - ao menos os veteranos. “Eles não bebem nada alcoólico antes dos shows”, revela a chef do Petit Comité.

De volta à loja de vinis na Vila Madalena, Rita, que é colecionadora de discos, percorre com os dedos a fileira de álbuns de rock, que representam mais de um terço dos 3.500 títulos disponíveis na loja. E encontra vários de bandas e artistas para os quais ela já cozinhou. Embora tenha tido contato próximo com músicos e bandas consagradas, Rita admite que deixa o seu lado fã em casa. “Oriento a equipe a ser o mais discreta possível e evitar tietar os artistas”.

Porém, vez ou outra, os próprios músicos têm gestos de gentileza com a equipe. “Certa vez, o baterista do Iron Maiden, Nicko McBrain, presenteou os nossos funcionários com cervejas da marca da banda. E, em outra ocasião, o Eddie Vedder, do Pearl Jam, soube que um dos membros da nossa equipe era muito fã da banda e deu de presente para ele uma palheta que havia usado no show”, conta a chef banqueteira.

A seguir, Rita compartilha algumas das preferências alimentares mais curiosas dos astros de rock.

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, tem uma superstição que envolve a clássica torta inglesa shepherd's pie Foto: Estadão

Keith Richards e a shepherd’s pie

Na véspera do show do The Rollings Stones na capital paulista, em 2016, Rita recebeu uma ligação da produtora dizendo que ela teria que reproduzir a receita de shepherd’s pie enviada pela produção do guitarrista da banda, Keith Richards. Rita fez a torta de origem inglesa com base de carne moída, ervilhas e brown sauce (um molho pronto inglês feito de tomate e extrato de tamarindo), além de cobertura de purê de batata pincelado com manteiga. Aliás, a receita está no cardápio de sua rotisserie, a Petit Comité (R$ 94, o quilo).

Na ocasião, Richard’s também pediu uma chicken pot pie, uma torta com recheio cremoso de frango e coberta de massa folhada. “Na véspera, a produtora da banda provou as duas receitas e escolheu a shepherd’s pie”, conta ela. No entanto, o motivo da escolha das receitas envolvia uma superstição de Richards antes de subir ao palco: se o topo da torta for crocante e quebrar na primeira colherada, o show será um sucesso - e foi! “Ele é muito simpático e adorou a torta. Também amou o nosso suco de capim-santo”, lembra Rita.

Outro membro dos Stones que se encantou pela comida do catering foi Mick Jagger, que saiu do show com uma quentinha de espaguete ao sugo para comer no hotel.

A dieta saudável de Bruce Springsteen

O astro dos anos 1980, famoso pelo hit “Born in the U.S.A.”, Bruce Springsteen não costuma ter tantas exigências à mesa. Rita lembra que, para ele, o importante é que as receitas sejam leves e saudáveis. “A única coisa que ele pede é que o menu tenha muitas frutas, cereais e mel”, conta ela.

Após o show, realizado em 2013 na capital paulista, o cardápio foi chilli de proteína de soja com fios de cheddar, carpaccio de frutas ao mel de laranja, além da sopa de cevadinha com legumes ao perfume de tomilho. “Ele gostou tanto da sopa que levou para o hotel”, lembra a chef banqueteira.

O líder da banda Aerosmith pediu um bolinho de mirtilo sem glúten e nem lactose Foto: Werther Santana/AE

Steven Tyler e o muffin de mirtilo

Em um dos shows que o Aersmith fez na capital paulista em 2013, o líder da banda pediu que o cardápio incluísse dois itens: salmão do Alasca e mel de agave. Até então, sem grandes surpresas. No entanto, uns dias antes da apresentação surgiu um pedido especial de Steven Tyler: um muffin de mirtilo sem glúten e nem lactose, que deveria ser preparado no próprio backstage do show.

“Geralmente, os pratos são levados prontos e apenas finalizados na hora de servir. Neste caso, eu tive que mandar alguém da minha cozinha com todos os utensílios e ingredientes para preparar os muffins na hora”, lembra a chef banqueteira, que ainda se desdobrou para achar mirtilo em São Paulo - na época não era uma frutinha tão comum por aqui.

Ainda havia mais um ponto de tensão. Rita soube que, em outro show, Tyler havia odiado o muffin que prepararam para ele e arremessou o bolinho contra a parede. Na versão de Rita, o muffin tinha como base farinha de amêndoas e óleo de coco - Tyler aprovou! “Pelo menos, ele não o jogou em lugar nenhum”, diverte-se ela.

David Bowie era adepto de dieta, que privilegia o consumo de alimentos orgânicos e com o menor processamento possível  Foto: Robson Fernandjes/ Estadão

David Bowie e a comida macrobiótica

Embora tenha se acostumado a estar em torno de tantos astros, Rita confessa que tremeu na base diante do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), de quem é muito fã. “Quase desmaiei quando ele, que era simpaticíssimo, veio elogiar a comida e a hospitalidade da equipe”, lembra ela, que coleciona discos do astro e foi a vários shows dele pelo mundo afora.

Bowie era adepto da dieta macrobiótica, que prioriza os alimentos orgânicos e com o mínimo de processamento possível. E Rita teve que ir atrás de vários ingredientes que não eram tão fáceis de se encontrar por aqui, como o tempê (um fermentado à base de soja), que foi base de vários preparos servidos na tenda, que a produção montou para o astro no backstage do show, que ele realizou em São Paulo em 1997.

Na mais recente apresentação em SP, Ozzy Osbourne pediu um frango inteiro assado e temperado somente com sal  Foto: Márcio Fernandes/AE

Ozzy Osbourne, o frango e a salada

Embora o príncipe das trevas tenha ficado marcado pela mordida que deu em um morcego durante um show em 1982 em Iowa (EUA), os hábitos alimentares dele não tem nada a ver com esse episódio - pelo contrário. Rita garante que Ozzy Osbourne segue a linha mais saudável. O cardápio dele costuma ter itens como salmão grelhado, legumes no vapor e frutas orgânicas.

Outro pedido de Osbourne costuma ser a salada sonoma, um clássico do mercado saudável norte-americano Whole Foods Market, à base de frango, salsão, noz-pecã, uvas e maionese. “Gostei tanto da combinação, que inclui essa receita no menu da rotisserie”, conta a chef banqueteira. No balcão da rotisserie, a salada custa R$ 143, o quilo.

No entanto, na mais recente apresentação de Osbourne em São Paulo, em 2018, ele pediu, de última hora, um frango inteiro assado e temperado somente com sal. “E foi só isso que ele comeu”, lembra Rita.

Ringo Starr e a alergia a alho e cebola

Quando Rita recebeu as instruções da equipe do eterno Beatle, ela descobriu que Ringo Starr é alérgico a alho e cebola. Para driblar a ausência dos ingredientes, que forma a base de sabor de inúmeros pratos, o jeito foi pensar em outra estratégia. “Sal é o tempero mais importante de todos. Neste caso, eu uso o gengibre e o curry, que tem muita personalidade”, conta ela.

A chef banqueteira teve a oportunidade de cozinhar para o eterno baterista do The Beatles em algumas de suas passagens pela capital paulista. E ele costuma pedir uma salada à base de atum e, também, é muito fã de sopas. “Ele é adorou a sopa de abóbora ao perfume de gengibre com crisps de maçã e o creme de mandioquinha com curry”, lembra ela.

Existe a possibilidade - mesmo que distante - de, um dia, o seu astro do rock preferido aparecer para jantar na sua casa? Na dúvida sobre o cardápio, pergunte para a chef banqueteira Rita Atrib, que comanda o buffet e rotisserie Petit Comité, na capital paulista, e conhece de perto as preferências à mesa de inúmeros astros do rock. Com mais de 28 anos de estrada nos palcos (da gastronomia, diga-se de passagem), ela teve a chance de assinar o cardápio do backstage de inúmeros shows e festivais internacionais que aconteceram na capital paulista. E para celebrar o Dia Mundial do Rock, comemorado neste sábado (13), Paladar convidou Rita para visitar a loja de vinis Patuá Discos, na Vila Madalena, e relembrar algumas dessas histórias.

Ela começou a fazer catering para shows por acaso, logo que inaugurou o buffet. “Um amigo nos contratou para fazer a festa de aniversário da mãe dele e, na ocasião, eu conheci uma das primas dele, Miriam Hinds, que é produtora de shows e festivais internacionais”, lembra a chef banqueteira. Miriam gostou tanto da comida da festa que perguntou se Rita tinha interesse em fazer catering para shows. Mesmo morrendo de medo, ela topou o desafio, e o primeiro deles foi uma das edições paulistanas do festival Monsters of Rock, em 1996, que tinha no line-up bandas como Iron Maiden e Motörhead.

Porém, a ligação de Rita com o rock vem desde a infância na década 1970, que foi o auge de astros como Elvis Presley (1935 - 1977) e bandas como Rolling Stones e Queen. Aliás, uns dos show mais marcantes de sua adolescência foi o da banda britânica liderada por Freddie Mercury (1946 - 1991) em 1981, no estádio do Morumbi. “Eu tinha 14 anos e me lembro até hoje da emoção que senti ao subir as arquibancadas do estádio”.

Depois de se formar na faculdade de arquitetura - antes de ingressar na gastronomia - Rita se mudou para Europa e viveu um ano entre Londres e Paris. Nesse período, ela teve a chance de assistir a apresentações de bandas como U2, além do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), que tem Rita é muito fã e teve a oportunidade de servir em sua passagem por São Paulo - mais detalhes a seguir.

Comida de backstage

Segundo Rita, quando um buffet é contratado para fazer o catering de um show internacional, alguns meses antes da apresentação a produtora encaminha uma lista com as exigências e restrições alimentares dos artistas e ao equipe. “O legal é que, muitas vezes, as listas vem ‘uma opção de proteína, uma opção de salada’. Com isso, eu tenho liberdade de criar um cardápio que atenda as preferências de todos”, conta a chef banqueteira do Petit Comité, que depois encaminha as suas sugestões para aprovação da equipe.

Rita e o álbum "Dirty Work" (1986) dos The Rolling Stones: a chef banqueteira teve que reproduzir a receita de shepherd's pie de Keith Richards  Foto: Leo Martins/Estadao

Dependendo do caso, Rita conta que as refeições podem incluir tanto o almoço após passagem de som, o jantar antes de show e uma mesinha com algo para a equipe “beliscar” ao longo do dia, na companhia de café, chás, frutas e energéticos. “Mel e limão também não podem faltar, para manter a voz”, destaca a proprietária do Petit Comité. Há ocasiões em que a equipe de determinadas bandas contratam um coquetel para a sala VIP, onde recebem familiares, amigos e convidados. “Nesse tipo de serviço, eu sempre procuro incluir receitas bem brasileiras, como minicuscuz paulista, beiju de tapioca com queijo meia cura e coxinha. Todos adoram”, descreve ela.

No entanto, o principal são as refeições servidas nos camarins dos artistas após o show, que geralmente têm exigências mais específicas do que o restante do staff. A chef banqueteira conta que cardápio varia muito, mas tem algo que é unanimidade entre os rock stars - ao menos os veteranos. “Eles não bebem nada alcoólico antes dos shows”, revela a chef do Petit Comité.

De volta à loja de vinis na Vila Madalena, Rita, que é colecionadora de discos, percorre com os dedos a fileira de álbuns de rock, que representam mais de um terço dos 3.500 títulos disponíveis na loja. E encontra vários de bandas e artistas para os quais ela já cozinhou. Embora tenha tido contato próximo com músicos e bandas consagradas, Rita admite que deixa o seu lado fã em casa. “Oriento a equipe a ser o mais discreta possível e evitar tietar os artistas”.

Porém, vez ou outra, os próprios músicos têm gestos de gentileza com a equipe. “Certa vez, o baterista do Iron Maiden, Nicko McBrain, presenteou os nossos funcionários com cervejas da marca da banda. E, em outra ocasião, o Eddie Vedder, do Pearl Jam, soube que um dos membros da nossa equipe era muito fã da banda e deu de presente para ele uma palheta que havia usado no show”, conta a chef banqueteira.

A seguir, Rita compartilha algumas das preferências alimentares mais curiosas dos astros de rock.

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, tem uma superstição que envolve a clássica torta inglesa shepherd's pie Foto: Estadão

Keith Richards e a shepherd’s pie

Na véspera do show do The Rollings Stones na capital paulista, em 2016, Rita recebeu uma ligação da produtora dizendo que ela teria que reproduzir a receita de shepherd’s pie enviada pela produção do guitarrista da banda, Keith Richards. Rita fez a torta de origem inglesa com base de carne moída, ervilhas e brown sauce (um molho pronto inglês feito de tomate e extrato de tamarindo), além de cobertura de purê de batata pincelado com manteiga. Aliás, a receita está no cardápio de sua rotisserie, a Petit Comité (R$ 94, o quilo).

Na ocasião, Richard’s também pediu uma chicken pot pie, uma torta com recheio cremoso de frango e coberta de massa folhada. “Na véspera, a produtora da banda provou as duas receitas e escolheu a shepherd’s pie”, conta ela. No entanto, o motivo da escolha das receitas envolvia uma superstição de Richards antes de subir ao palco: se o topo da torta for crocante e quebrar na primeira colherada, o show será um sucesso - e foi! “Ele é muito simpático e adorou a torta. Também amou o nosso suco de capim-santo”, lembra Rita.

Outro membro dos Stones que se encantou pela comida do catering foi Mick Jagger, que saiu do show com uma quentinha de espaguete ao sugo para comer no hotel.

A dieta saudável de Bruce Springsteen

O astro dos anos 1980, famoso pelo hit “Born in the U.S.A.”, Bruce Springsteen não costuma ter tantas exigências à mesa. Rita lembra que, para ele, o importante é que as receitas sejam leves e saudáveis. “A única coisa que ele pede é que o menu tenha muitas frutas, cereais e mel”, conta ela.

Após o show, realizado em 2013 na capital paulista, o cardápio foi chilli de proteína de soja com fios de cheddar, carpaccio de frutas ao mel de laranja, além da sopa de cevadinha com legumes ao perfume de tomilho. “Ele gostou tanto da sopa que levou para o hotel”, lembra a chef banqueteira.

O líder da banda Aerosmith pediu um bolinho de mirtilo sem glúten e nem lactose Foto: Werther Santana/AE

Steven Tyler e o muffin de mirtilo

Em um dos shows que o Aersmith fez na capital paulista em 2013, o líder da banda pediu que o cardápio incluísse dois itens: salmão do Alasca e mel de agave. Até então, sem grandes surpresas. No entanto, uns dias antes da apresentação surgiu um pedido especial de Steven Tyler: um muffin de mirtilo sem glúten e nem lactose, que deveria ser preparado no próprio backstage do show.

“Geralmente, os pratos são levados prontos e apenas finalizados na hora de servir. Neste caso, eu tive que mandar alguém da minha cozinha com todos os utensílios e ingredientes para preparar os muffins na hora”, lembra a chef banqueteira, que ainda se desdobrou para achar mirtilo em São Paulo - na época não era uma frutinha tão comum por aqui.

Ainda havia mais um ponto de tensão. Rita soube que, em outro show, Tyler havia odiado o muffin que prepararam para ele e arremessou o bolinho contra a parede. Na versão de Rita, o muffin tinha como base farinha de amêndoas e óleo de coco - Tyler aprovou! “Pelo menos, ele não o jogou em lugar nenhum”, diverte-se ela.

David Bowie era adepto de dieta, que privilegia o consumo de alimentos orgânicos e com o menor processamento possível  Foto: Robson Fernandjes/ Estadão

David Bowie e a comida macrobiótica

Embora tenha se acostumado a estar em torno de tantos astros, Rita confessa que tremeu na base diante do camaleão do rock David Bowie (1947 - 2016), de quem é muito fã. “Quase desmaiei quando ele, que era simpaticíssimo, veio elogiar a comida e a hospitalidade da equipe”, lembra ela, que coleciona discos do astro e foi a vários shows dele pelo mundo afora.

Bowie era adepto da dieta macrobiótica, que prioriza os alimentos orgânicos e com o mínimo de processamento possível. E Rita teve que ir atrás de vários ingredientes que não eram tão fáceis de se encontrar por aqui, como o tempê (um fermentado à base de soja), que foi base de vários preparos servidos na tenda, que a produção montou para o astro no backstage do show, que ele realizou em São Paulo em 1997.

Na mais recente apresentação em SP, Ozzy Osbourne pediu um frango inteiro assado e temperado somente com sal  Foto: Márcio Fernandes/AE

Ozzy Osbourne, o frango e a salada

Embora o príncipe das trevas tenha ficado marcado pela mordida que deu em um morcego durante um show em 1982 em Iowa (EUA), os hábitos alimentares dele não tem nada a ver com esse episódio - pelo contrário. Rita garante que Ozzy Osbourne segue a linha mais saudável. O cardápio dele costuma ter itens como salmão grelhado, legumes no vapor e frutas orgânicas.

Outro pedido de Osbourne costuma ser a salada sonoma, um clássico do mercado saudável norte-americano Whole Foods Market, à base de frango, salsão, noz-pecã, uvas e maionese. “Gostei tanto da combinação, que inclui essa receita no menu da rotisserie”, conta a chef banqueteira. No balcão da rotisserie, a salada custa R$ 143, o quilo.

No entanto, na mais recente apresentação de Osbourne em São Paulo, em 2018, ele pediu, de última hora, um frango inteiro assado e temperado somente com sal. “E foi só isso que ele comeu”, lembra Rita.

Ringo Starr e a alergia a alho e cebola

Quando Rita recebeu as instruções da equipe do eterno Beatle, ela descobriu que Ringo Starr é alérgico a alho e cebola. Para driblar a ausência dos ingredientes, que forma a base de sabor de inúmeros pratos, o jeito foi pensar em outra estratégia. “Sal é o tempero mais importante de todos. Neste caso, eu uso o gengibre e o curry, que tem muita personalidade”, conta ela.

A chef banqueteira teve a oportunidade de cozinhar para o eterno baterista do The Beatles em algumas de suas passagens pela capital paulista. E ele costuma pedir uma salada à base de atum e, também, é muito fã de sopas. “Ele é adorou a sopa de abóbora ao perfume de gengibre com crisps de maçã e o creme de mandioquinha com curry”, lembra ela.

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