Comida como forma de poder: ‘Estômago’ é a dica de Paladar para o final de semana


Filme brasileiro mostra como Raimundo Nonato ganhou poder na cadeia por causa de toda sua criatividade na cozinha

Por Matheus Mans
A coxinha de frango é uma das iguarias que surgem na história de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Uma coxinha de comer rezando, o típico xinxim de galinha, um inusitado penne a putanesca. Esses três pratos, além de algumas outras iguarias preparadas mesmo com a falta de recursos de uma prisão, são alguns dos protagonistas de Estômago, longa-metragem brasileiro que fez sucesso entre público e crítica em sua estreia, em 2007.

Dirigido por Marcos Jorge, o longa-metragem conta a história de Raimundo Nonato (João Miguel), homem que vai para a cidade grande para ter uma vida melhor. Nessa jornada, acaba encontrando espaço em cozinhas de São Paulo para mostrar sua paixão sincera pela gastronomia. Começa em um boteco, parte para uma cantina italiana e até mesmo encontra espaço para expressar toda sua paixão (e criatividade) pela comida dentro de um presídio.

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O poder da comida

Aqui, porém, a comida não tem como fim apenas o maravilhamento de todos os envolvidos, mas algo ainda mais interessante: o poder. Em todas as situações pelas quais passa, Raimundo Nonato emprega toda sua habilidade com os ingredientes para avançar em sua vida, convencer pessoas de sua habilidade e, acima de tudo, conseguir certos privilégios.

Isso começa já com Nonato em seu primeiro emprego em São Paulo. Morrendo de fome e sem dinheiro, se vê obrigado a fazer a faxina desse primeiro boteco como forma de pagamento -- em um trabalho análogo à escravidão. Aos poucos, porém, começa a quebrar a resistência do dono do estabelecimento ao fazer uma coxinha de frango caipira perfeita.

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João Miguel é a alma de 'Estômago', como o habilidoso Raimundo Nonato Foto: Paris Filmes

Depois, essa sua habilidade vai evoluindo de diversas formas. É com a comida, por exemplo, que Raimundo conquista o coração da prostituta Iria (Fabiula Nascimento). É ela, aliás, que fica absolutamente fascinada pelo nome e pelo sabor do molho putanesca. Ele mostra que saber cozinhar é uma arma tão boa quanto atributos físicos, por exemplo.

No entanto, o ponto mais alto dessa habilidade de Nonato vem no presídio. Ele está em uma cela com vários outros detentos e é, como chamam, carne de pescoço. Não serve pra nada. Até que começa a mostrar que pode ser um bom aliado por saber cozinhar -- mesmo que às vezes desagrade, como quando usa as formigas que passam por ali em um prato.

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Tudo isso deságua em um grande banquete, o ponto alto de Estômago, quando Nonato é convocado para agradar um chefão do crime (Paulo Miklos) e fazer, assim, com que o líder de seu presídio (Babu Santana, inesquecível em cena) saia bem na fita. É o máximo da cozinha, mostrando que boa comida pode ser feita em qualquer lugar, se feita com amor.

Mas e ‘Estômago’?

Não bastasse a boa história e mensagem do filme de Marcos Jorge, inspirado em um conto do livro Pólvora, Gorgonzola e Alecrim, de Lusa Silvestre, Estômago ainda é um grande filme. Primeiramente, são boas atuações que constroem a base de tudo: João Miguel passa esse misto de humildade com esperteza, Nascimento está explosiva, Babu Santana vive um dos melhores personagens da carreira e até Miklos, em rápida participação, é marcante.

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Banquete para o "chefão do crime" é um dos pontos altos de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Tudo isso por conta de uma história que sabe como inserir a tensão dentro de pequenos acontecimentos no dia a dia -- afinal, sendo um instrumento de poder, a comida também se torna foco de disputas e de rivalidade. Entender o amor de Nonato, seja pela comida, por Iria e pelas amizades inusitadas que faz pelo caminho é a chave de um filme certeiro.

E o final, um dos mais inesperados, fortes e marcantes do cinema brasileiro desde os anos 2000, faz com que a experiência se torne ainda mais amarga e doce, estranha e bela. Enfim, confusa. É um filme de sentimento, de Nonato para o público, e que torna essencial a entrega. Ah, e boa notícia: Estômago 2 já está sendo gravado e logo chega aos cinemas.

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Estômago pode ser assistido nas plataformas de streaming de assinatura Netflix e Telecine.

A coxinha de frango é uma das iguarias que surgem na história de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Uma coxinha de comer rezando, o típico xinxim de galinha, um inusitado penne a putanesca. Esses três pratos, além de algumas outras iguarias preparadas mesmo com a falta de recursos de uma prisão, são alguns dos protagonistas de Estômago, longa-metragem brasileiro que fez sucesso entre público e crítica em sua estreia, em 2007.

Dirigido por Marcos Jorge, o longa-metragem conta a história de Raimundo Nonato (João Miguel), homem que vai para a cidade grande para ter uma vida melhor. Nessa jornada, acaba encontrando espaço em cozinhas de São Paulo para mostrar sua paixão sincera pela gastronomia. Começa em um boteco, parte para uma cantina italiana e até mesmo encontra espaço para expressar toda sua paixão (e criatividade) pela comida dentro de um presídio.

O poder da comida

Aqui, porém, a comida não tem como fim apenas o maravilhamento de todos os envolvidos, mas algo ainda mais interessante: o poder. Em todas as situações pelas quais passa, Raimundo Nonato emprega toda sua habilidade com os ingredientes para avançar em sua vida, convencer pessoas de sua habilidade e, acima de tudo, conseguir certos privilégios.

Isso começa já com Nonato em seu primeiro emprego em São Paulo. Morrendo de fome e sem dinheiro, se vê obrigado a fazer a faxina desse primeiro boteco como forma de pagamento -- em um trabalho análogo à escravidão. Aos poucos, porém, começa a quebrar a resistência do dono do estabelecimento ao fazer uma coxinha de frango caipira perfeita.

João Miguel é a alma de 'Estômago', como o habilidoso Raimundo Nonato Foto: Paris Filmes

Depois, essa sua habilidade vai evoluindo de diversas formas. É com a comida, por exemplo, que Raimundo conquista o coração da prostituta Iria (Fabiula Nascimento). É ela, aliás, que fica absolutamente fascinada pelo nome e pelo sabor do molho putanesca. Ele mostra que saber cozinhar é uma arma tão boa quanto atributos físicos, por exemplo.

No entanto, o ponto mais alto dessa habilidade de Nonato vem no presídio. Ele está em uma cela com vários outros detentos e é, como chamam, carne de pescoço. Não serve pra nada. Até que começa a mostrar que pode ser um bom aliado por saber cozinhar -- mesmo que às vezes desagrade, como quando usa as formigas que passam por ali em um prato.

Tudo isso deságua em um grande banquete, o ponto alto de Estômago, quando Nonato é convocado para agradar um chefão do crime (Paulo Miklos) e fazer, assim, com que o líder de seu presídio (Babu Santana, inesquecível em cena) saia bem na fita. É o máximo da cozinha, mostrando que boa comida pode ser feita em qualquer lugar, se feita com amor.

Mas e ‘Estômago’?

Não bastasse a boa história e mensagem do filme de Marcos Jorge, inspirado em um conto do livro Pólvora, Gorgonzola e Alecrim, de Lusa Silvestre, Estômago ainda é um grande filme. Primeiramente, são boas atuações que constroem a base de tudo: João Miguel passa esse misto de humildade com esperteza, Nascimento está explosiva, Babu Santana vive um dos melhores personagens da carreira e até Miklos, em rápida participação, é marcante.

Banquete para o "chefão do crime" é um dos pontos altos de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Tudo isso por conta de uma história que sabe como inserir a tensão dentro de pequenos acontecimentos no dia a dia -- afinal, sendo um instrumento de poder, a comida também se torna foco de disputas e de rivalidade. Entender o amor de Nonato, seja pela comida, por Iria e pelas amizades inusitadas que faz pelo caminho é a chave de um filme certeiro.

E o final, um dos mais inesperados, fortes e marcantes do cinema brasileiro desde os anos 2000, faz com que a experiência se torne ainda mais amarga e doce, estranha e bela. Enfim, confusa. É um filme de sentimento, de Nonato para o público, e que torna essencial a entrega. Ah, e boa notícia: Estômago 2 já está sendo gravado e logo chega aos cinemas.

Estômago pode ser assistido nas plataformas de streaming de assinatura Netflix e Telecine.

A coxinha de frango é uma das iguarias que surgem na história de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Uma coxinha de comer rezando, o típico xinxim de galinha, um inusitado penne a putanesca. Esses três pratos, além de algumas outras iguarias preparadas mesmo com a falta de recursos de uma prisão, são alguns dos protagonistas de Estômago, longa-metragem brasileiro que fez sucesso entre público e crítica em sua estreia, em 2007.

Dirigido por Marcos Jorge, o longa-metragem conta a história de Raimundo Nonato (João Miguel), homem que vai para a cidade grande para ter uma vida melhor. Nessa jornada, acaba encontrando espaço em cozinhas de São Paulo para mostrar sua paixão sincera pela gastronomia. Começa em um boteco, parte para uma cantina italiana e até mesmo encontra espaço para expressar toda sua paixão (e criatividade) pela comida dentro de um presídio.

O poder da comida

Aqui, porém, a comida não tem como fim apenas o maravilhamento de todos os envolvidos, mas algo ainda mais interessante: o poder. Em todas as situações pelas quais passa, Raimundo Nonato emprega toda sua habilidade com os ingredientes para avançar em sua vida, convencer pessoas de sua habilidade e, acima de tudo, conseguir certos privilégios.

Isso começa já com Nonato em seu primeiro emprego em São Paulo. Morrendo de fome e sem dinheiro, se vê obrigado a fazer a faxina desse primeiro boteco como forma de pagamento -- em um trabalho análogo à escravidão. Aos poucos, porém, começa a quebrar a resistência do dono do estabelecimento ao fazer uma coxinha de frango caipira perfeita.

João Miguel é a alma de 'Estômago', como o habilidoso Raimundo Nonato Foto: Paris Filmes

Depois, essa sua habilidade vai evoluindo de diversas formas. É com a comida, por exemplo, que Raimundo conquista o coração da prostituta Iria (Fabiula Nascimento). É ela, aliás, que fica absolutamente fascinada pelo nome e pelo sabor do molho putanesca. Ele mostra que saber cozinhar é uma arma tão boa quanto atributos físicos, por exemplo.

No entanto, o ponto mais alto dessa habilidade de Nonato vem no presídio. Ele está em uma cela com vários outros detentos e é, como chamam, carne de pescoço. Não serve pra nada. Até que começa a mostrar que pode ser um bom aliado por saber cozinhar -- mesmo que às vezes desagrade, como quando usa as formigas que passam por ali em um prato.

Tudo isso deságua em um grande banquete, o ponto alto de Estômago, quando Nonato é convocado para agradar um chefão do crime (Paulo Miklos) e fazer, assim, com que o líder de seu presídio (Babu Santana, inesquecível em cena) saia bem na fita. É o máximo da cozinha, mostrando que boa comida pode ser feita em qualquer lugar, se feita com amor.

Mas e ‘Estômago’?

Não bastasse a boa história e mensagem do filme de Marcos Jorge, inspirado em um conto do livro Pólvora, Gorgonzola e Alecrim, de Lusa Silvestre, Estômago ainda é um grande filme. Primeiramente, são boas atuações que constroem a base de tudo: João Miguel passa esse misto de humildade com esperteza, Nascimento está explosiva, Babu Santana vive um dos melhores personagens da carreira e até Miklos, em rápida participação, é marcante.

Banquete para o "chefão do crime" é um dos pontos altos de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Tudo isso por conta de uma história que sabe como inserir a tensão dentro de pequenos acontecimentos no dia a dia -- afinal, sendo um instrumento de poder, a comida também se torna foco de disputas e de rivalidade. Entender o amor de Nonato, seja pela comida, por Iria e pelas amizades inusitadas que faz pelo caminho é a chave de um filme certeiro.

E o final, um dos mais inesperados, fortes e marcantes do cinema brasileiro desde os anos 2000, faz com que a experiência se torne ainda mais amarga e doce, estranha e bela. Enfim, confusa. É um filme de sentimento, de Nonato para o público, e que torna essencial a entrega. Ah, e boa notícia: Estômago 2 já está sendo gravado e logo chega aos cinemas.

Estômago pode ser assistido nas plataformas de streaming de assinatura Netflix e Telecine.

A coxinha de frango é uma das iguarias que surgem na história de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Uma coxinha de comer rezando, o típico xinxim de galinha, um inusitado penne a putanesca. Esses três pratos, além de algumas outras iguarias preparadas mesmo com a falta de recursos de uma prisão, são alguns dos protagonistas de Estômago, longa-metragem brasileiro que fez sucesso entre público e crítica em sua estreia, em 2007.

Dirigido por Marcos Jorge, o longa-metragem conta a história de Raimundo Nonato (João Miguel), homem que vai para a cidade grande para ter uma vida melhor. Nessa jornada, acaba encontrando espaço em cozinhas de São Paulo para mostrar sua paixão sincera pela gastronomia. Começa em um boteco, parte para uma cantina italiana e até mesmo encontra espaço para expressar toda sua paixão (e criatividade) pela comida dentro de um presídio.

O poder da comida

Aqui, porém, a comida não tem como fim apenas o maravilhamento de todos os envolvidos, mas algo ainda mais interessante: o poder. Em todas as situações pelas quais passa, Raimundo Nonato emprega toda sua habilidade com os ingredientes para avançar em sua vida, convencer pessoas de sua habilidade e, acima de tudo, conseguir certos privilégios.

Isso começa já com Nonato em seu primeiro emprego em São Paulo. Morrendo de fome e sem dinheiro, se vê obrigado a fazer a faxina desse primeiro boteco como forma de pagamento -- em um trabalho análogo à escravidão. Aos poucos, porém, começa a quebrar a resistência do dono do estabelecimento ao fazer uma coxinha de frango caipira perfeita.

João Miguel é a alma de 'Estômago', como o habilidoso Raimundo Nonato Foto: Paris Filmes

Depois, essa sua habilidade vai evoluindo de diversas formas. É com a comida, por exemplo, que Raimundo conquista o coração da prostituta Iria (Fabiula Nascimento). É ela, aliás, que fica absolutamente fascinada pelo nome e pelo sabor do molho putanesca. Ele mostra que saber cozinhar é uma arma tão boa quanto atributos físicos, por exemplo.

No entanto, o ponto mais alto dessa habilidade de Nonato vem no presídio. Ele está em uma cela com vários outros detentos e é, como chamam, carne de pescoço. Não serve pra nada. Até que começa a mostrar que pode ser um bom aliado por saber cozinhar -- mesmo que às vezes desagrade, como quando usa as formigas que passam por ali em um prato.

Tudo isso deságua em um grande banquete, o ponto alto de Estômago, quando Nonato é convocado para agradar um chefão do crime (Paulo Miklos) e fazer, assim, com que o líder de seu presídio (Babu Santana, inesquecível em cena) saia bem na fita. É o máximo da cozinha, mostrando que boa comida pode ser feita em qualquer lugar, se feita com amor.

Mas e ‘Estômago’?

Não bastasse a boa história e mensagem do filme de Marcos Jorge, inspirado em um conto do livro Pólvora, Gorgonzola e Alecrim, de Lusa Silvestre, Estômago ainda é um grande filme. Primeiramente, são boas atuações que constroem a base de tudo: João Miguel passa esse misto de humildade com esperteza, Nascimento está explosiva, Babu Santana vive um dos melhores personagens da carreira e até Miklos, em rápida participação, é marcante.

Banquete para o "chefão do crime" é um dos pontos altos de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Tudo isso por conta de uma história que sabe como inserir a tensão dentro de pequenos acontecimentos no dia a dia -- afinal, sendo um instrumento de poder, a comida também se torna foco de disputas e de rivalidade. Entender o amor de Nonato, seja pela comida, por Iria e pelas amizades inusitadas que faz pelo caminho é a chave de um filme certeiro.

E o final, um dos mais inesperados, fortes e marcantes do cinema brasileiro desde os anos 2000, faz com que a experiência se torne ainda mais amarga e doce, estranha e bela. Enfim, confusa. É um filme de sentimento, de Nonato para o público, e que torna essencial a entrega. Ah, e boa notícia: Estômago 2 já está sendo gravado e logo chega aos cinemas.

Estômago pode ser assistido nas plataformas de streaming de assinatura Netflix e Telecine.

A coxinha de frango é uma das iguarias que surgem na história de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Uma coxinha de comer rezando, o típico xinxim de galinha, um inusitado penne a putanesca. Esses três pratos, além de algumas outras iguarias preparadas mesmo com a falta de recursos de uma prisão, são alguns dos protagonistas de Estômago, longa-metragem brasileiro que fez sucesso entre público e crítica em sua estreia, em 2007.

Dirigido por Marcos Jorge, o longa-metragem conta a história de Raimundo Nonato (João Miguel), homem que vai para a cidade grande para ter uma vida melhor. Nessa jornada, acaba encontrando espaço em cozinhas de São Paulo para mostrar sua paixão sincera pela gastronomia. Começa em um boteco, parte para uma cantina italiana e até mesmo encontra espaço para expressar toda sua paixão (e criatividade) pela comida dentro de um presídio.

O poder da comida

Aqui, porém, a comida não tem como fim apenas o maravilhamento de todos os envolvidos, mas algo ainda mais interessante: o poder. Em todas as situações pelas quais passa, Raimundo Nonato emprega toda sua habilidade com os ingredientes para avançar em sua vida, convencer pessoas de sua habilidade e, acima de tudo, conseguir certos privilégios.

Isso começa já com Nonato em seu primeiro emprego em São Paulo. Morrendo de fome e sem dinheiro, se vê obrigado a fazer a faxina desse primeiro boteco como forma de pagamento -- em um trabalho análogo à escravidão. Aos poucos, porém, começa a quebrar a resistência do dono do estabelecimento ao fazer uma coxinha de frango caipira perfeita.

João Miguel é a alma de 'Estômago', como o habilidoso Raimundo Nonato Foto: Paris Filmes

Depois, essa sua habilidade vai evoluindo de diversas formas. É com a comida, por exemplo, que Raimundo conquista o coração da prostituta Iria (Fabiula Nascimento). É ela, aliás, que fica absolutamente fascinada pelo nome e pelo sabor do molho putanesca. Ele mostra que saber cozinhar é uma arma tão boa quanto atributos físicos, por exemplo.

No entanto, o ponto mais alto dessa habilidade de Nonato vem no presídio. Ele está em uma cela com vários outros detentos e é, como chamam, carne de pescoço. Não serve pra nada. Até que começa a mostrar que pode ser um bom aliado por saber cozinhar -- mesmo que às vezes desagrade, como quando usa as formigas que passam por ali em um prato.

Tudo isso deságua em um grande banquete, o ponto alto de Estômago, quando Nonato é convocado para agradar um chefão do crime (Paulo Miklos) e fazer, assim, com que o líder de seu presídio (Babu Santana, inesquecível em cena) saia bem na fita. É o máximo da cozinha, mostrando que boa comida pode ser feita em qualquer lugar, se feita com amor.

Mas e ‘Estômago’?

Não bastasse a boa história e mensagem do filme de Marcos Jorge, inspirado em um conto do livro Pólvora, Gorgonzola e Alecrim, de Lusa Silvestre, Estômago ainda é um grande filme. Primeiramente, são boas atuações que constroem a base de tudo: João Miguel passa esse misto de humildade com esperteza, Nascimento está explosiva, Babu Santana vive um dos melhores personagens da carreira e até Miklos, em rápida participação, é marcante.

Banquete para o "chefão do crime" é um dos pontos altos de 'Estômago' Foto: Paris Filmes

Tudo isso por conta de uma história que sabe como inserir a tensão dentro de pequenos acontecimentos no dia a dia -- afinal, sendo um instrumento de poder, a comida também se torna foco de disputas e de rivalidade. Entender o amor de Nonato, seja pela comida, por Iria e pelas amizades inusitadas que faz pelo caminho é a chave de um filme certeiro.

E o final, um dos mais inesperados, fortes e marcantes do cinema brasileiro desde os anos 2000, faz com que a experiência se torne ainda mais amarga e doce, estranha e bela. Enfim, confusa. É um filme de sentimento, de Nonato para o público, e que torna essencial a entrega. Ah, e boa notícia: Estômago 2 já está sendo gravado e logo chega aos cinemas.

Estômago pode ser assistido nas plataformas de streaming de assinatura Netflix e Telecine.

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