Eles só querem deixar o tráfico


“Traficar não é legal”, disse Francisco Nogueira Neto, do Ceará. Veio o próximo: “O que a gente quer é sair do contrabando”, disse Jarbas Faria de Araujo, do Rio Grande do Norte. E tudo culminou na mensagem de esperança de Paulo de Matos Almeida, de Minas Gerais: “É possível. Com muita luta, saímos da ilegalidade”.

Por joseorenstein
Atualização:

Não era o encontro dos Narcóticos Anônimos, ou de criminosos ligados ao comércio de drogas ilícitas arrependidos: tratava-se do segundo Simpósio Nacional dos Queijos Artesanais do Brasil, no mês passado na capital gaúcha.

Francisco, Jarbas e Paulo têm em comum o fato de serem produtores de queijos artesanais – de coalho, tipo manteiga e da canastra, respectivamente. E, ao se apresentarem no simpósio, proporcionaram breve amostragem da situação do queijo no Brasil.

“Não abro mão do meu jeito de fazer. Aprendi na família e não posso parar”, Antonio Lopes, produtor de queijo de São José dos Ausentes, RS. FOTO: José Orenstein/Estadão

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No Ceará e no Rio Grande do Norte, a luta é dura para atender às leis: “A preocupação da Vigilância é com o prédio, não com a qualidade do queijo”, diz Francisco. Jarbas, por sua vez, conta de quando a Vigilância autuou a queijaria em que produziam diversos produtores da região de Serra Negra do Norte por não estar adequada às especificações legais. “Nosso queijo manteiga com rapa nunca matou ninguém. Aliás, dá uma briga em Caicó para ver quem pega a rapa! Mas não pode vender”, diz Jarbas.

Brasil afora, os queijeiros têm recorrido a diversas estratégias para que o produto de sua atividade seja reconhecido. Uma delas é a Indicação Geográfica – registro feito junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) de uma região que produz determinado bem; no caso, o queijo. O canastra e o serro, de Minas, já têm a IG; o serrano, de Santa Catarina, e o salitre, também de Minas, estão prestes a conseguir o registro.

A ferramenta do IG tem sido estimulada até mesmo pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conhecido mais por impor dificuldades aos pequenos produtores artesanais na fiscalização de produtos de origem animal, como o queijo. Dentro do Mapa, existe um grupo de trabalho para incentivar o registro de IGs. “O mais importante não é o registro em si. Mas a mobilização e a sensibilização da comunidade que ocorre no processo do registro”, diz José Carlos Ramos, coordenador do grupo.

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Ele também falou no simpósio, em que, vez por outra, emergiu o embate entre fiscais agropecuários, responsáveis por autuar as queijarias, e produtores e grupos como o Slow Food (que planeja lançar um mapa interativo dos queijos brasileiros na internet no ano que vem). Mas prevaleceu a troca de experiências de organização – e, na paralela, de queijos, claro. (Paramentado de bombacha, bandoleira e cuia em punho, Antonio Lopes, queijeiro do Rio Grande do Sul, vendia suas espetaculares peças de serrano maturado para quem lhe pedisse, nas imediações do auditório do simpósio).

Outra ferramenta de reconhecimento dos queijos artesanais discutida é o registro no Iphan do “modo de fazer” do queijo– que só os de Minas têm e serviu para dar mais peso às reivindicações pela legalização do queijo de leite cru.

LEIA MAIS:+ Brasil queijo a queijo

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>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 12/12/2013

Não era o encontro dos Narcóticos Anônimos, ou de criminosos ligados ao comércio de drogas ilícitas arrependidos: tratava-se do segundo Simpósio Nacional dos Queijos Artesanais do Brasil, no mês passado na capital gaúcha.

Francisco, Jarbas e Paulo têm em comum o fato de serem produtores de queijos artesanais – de coalho, tipo manteiga e da canastra, respectivamente. E, ao se apresentarem no simpósio, proporcionaram breve amostragem da situação do queijo no Brasil.

“Não abro mão do meu jeito de fazer. Aprendi na família e não posso parar”, Antonio Lopes, produtor de queijo de São José dos Ausentes, RS. FOTO: José Orenstein/Estadão

No Ceará e no Rio Grande do Norte, a luta é dura para atender às leis: “A preocupação da Vigilância é com o prédio, não com a qualidade do queijo”, diz Francisco. Jarbas, por sua vez, conta de quando a Vigilância autuou a queijaria em que produziam diversos produtores da região de Serra Negra do Norte por não estar adequada às especificações legais. “Nosso queijo manteiga com rapa nunca matou ninguém. Aliás, dá uma briga em Caicó para ver quem pega a rapa! Mas não pode vender”, diz Jarbas.

Brasil afora, os queijeiros têm recorrido a diversas estratégias para que o produto de sua atividade seja reconhecido. Uma delas é a Indicação Geográfica – registro feito junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) de uma região que produz determinado bem; no caso, o queijo. O canastra e o serro, de Minas, já têm a IG; o serrano, de Santa Catarina, e o salitre, também de Minas, estão prestes a conseguir o registro.

A ferramenta do IG tem sido estimulada até mesmo pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conhecido mais por impor dificuldades aos pequenos produtores artesanais na fiscalização de produtos de origem animal, como o queijo. Dentro do Mapa, existe um grupo de trabalho para incentivar o registro de IGs. “O mais importante não é o registro em si. Mas a mobilização e a sensibilização da comunidade que ocorre no processo do registro”, diz José Carlos Ramos, coordenador do grupo.

Ele também falou no simpósio, em que, vez por outra, emergiu o embate entre fiscais agropecuários, responsáveis por autuar as queijarias, e produtores e grupos como o Slow Food (que planeja lançar um mapa interativo dos queijos brasileiros na internet no ano que vem). Mas prevaleceu a troca de experiências de organização – e, na paralela, de queijos, claro. (Paramentado de bombacha, bandoleira e cuia em punho, Antonio Lopes, queijeiro do Rio Grande do Sul, vendia suas espetaculares peças de serrano maturado para quem lhe pedisse, nas imediações do auditório do simpósio).

Outra ferramenta de reconhecimento dos queijos artesanais discutida é o registro no Iphan do “modo de fazer” do queijo– que só os de Minas têm e serviu para dar mais peso às reivindicações pela legalização do queijo de leite cru.

LEIA MAIS:+ Brasil queijo a queijo

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Não era o encontro dos Narcóticos Anônimos, ou de criminosos ligados ao comércio de drogas ilícitas arrependidos: tratava-se do segundo Simpósio Nacional dos Queijos Artesanais do Brasil, no mês passado na capital gaúcha.

Francisco, Jarbas e Paulo têm em comum o fato de serem produtores de queijos artesanais – de coalho, tipo manteiga e da canastra, respectivamente. E, ao se apresentarem no simpósio, proporcionaram breve amostragem da situação do queijo no Brasil.

“Não abro mão do meu jeito de fazer. Aprendi na família e não posso parar”, Antonio Lopes, produtor de queijo de São José dos Ausentes, RS. FOTO: José Orenstein/Estadão

No Ceará e no Rio Grande do Norte, a luta é dura para atender às leis: “A preocupação da Vigilância é com o prédio, não com a qualidade do queijo”, diz Francisco. Jarbas, por sua vez, conta de quando a Vigilância autuou a queijaria em que produziam diversos produtores da região de Serra Negra do Norte por não estar adequada às especificações legais. “Nosso queijo manteiga com rapa nunca matou ninguém. Aliás, dá uma briga em Caicó para ver quem pega a rapa! Mas não pode vender”, diz Jarbas.

Brasil afora, os queijeiros têm recorrido a diversas estratégias para que o produto de sua atividade seja reconhecido. Uma delas é a Indicação Geográfica – registro feito junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) de uma região que produz determinado bem; no caso, o queijo. O canastra e o serro, de Minas, já têm a IG; o serrano, de Santa Catarina, e o salitre, também de Minas, estão prestes a conseguir o registro.

A ferramenta do IG tem sido estimulada até mesmo pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conhecido mais por impor dificuldades aos pequenos produtores artesanais na fiscalização de produtos de origem animal, como o queijo. Dentro do Mapa, existe um grupo de trabalho para incentivar o registro de IGs. “O mais importante não é o registro em si. Mas a mobilização e a sensibilização da comunidade que ocorre no processo do registro”, diz José Carlos Ramos, coordenador do grupo.

Ele também falou no simpósio, em que, vez por outra, emergiu o embate entre fiscais agropecuários, responsáveis por autuar as queijarias, e produtores e grupos como o Slow Food (que planeja lançar um mapa interativo dos queijos brasileiros na internet no ano que vem). Mas prevaleceu a troca de experiências de organização – e, na paralela, de queijos, claro. (Paramentado de bombacha, bandoleira e cuia em punho, Antonio Lopes, queijeiro do Rio Grande do Sul, vendia suas espetaculares peças de serrano maturado para quem lhe pedisse, nas imediações do auditório do simpósio).

Outra ferramenta de reconhecimento dos queijos artesanais discutida é o registro no Iphan do “modo de fazer” do queijo– que só os de Minas têm e serviu para dar mais peso às reivindicações pela legalização do queijo de leite cru.

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