Em livro de entrevistas, DJ Questlove trata comida na levada do hip-hop


Baterista e produtor de música americano entrevistou dez dos chefs mais inventivos dos Estados Unidos e o resultado são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura

Por José Orenstein

O autor é Ahmir Thompson e o livro é sobre comida. Mas ele é mais conhecido como o baterista e produtor de música Questlove. E não é que dá samba, quer dizer, hip-hop?

Questlove lançou há dois meses Something to Food About (sem tradução para o português), em coautoria com o jornalista Ben Greenman. Trata-se de um mergulho de cabeça na piscininha criativa de dez chefs de cozinha americanos. São dez entrevistas muito soltas com cozinheiros que estão entre os mais inventivos dos Estados Unidos, como Nathan Myrhvold, da Modernist Cuisine em Seattle, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, em Nova York, ou Dominique Crenn, do restaurante que leva seu nome em San Francisco. 

Entremeadas aos textos vão belas imagens feitas pelo fotógrafo japonês Kyoko Hamada e pelo próprio Questlove publicadas no seu Instagram. Mas o que leva um baterista e DJ de uma banda de hip-hop-soul, a cultuada The Roots, a rodar um país atrás de chefs e a imprimir um volume de mais de 200 páginas sobre essa peculiar turnê? Curiosidade. E uma obstinada busca pela arquitetura da invenção, ou pelas origens da criatividade.

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Essa busca começou quando Questlove conheceu Jiro Ono por meio do documentário sobre o sushiman de Tóquio. Ficou fascinado e foi ao estrelado pequeno restaurante. A refeição era composta como uma peça de música clássica e ali ele foi fisgado pela percepção de que a comida podia ser, como a música, o casamento ótimo de ideias e sentidos.

Imagem do produtor musical Questlove publicada em seu Instagram Foto: Reprodução

Olha o breque: antes que a história lhe pareça embromação – é fato que os ingredientes para o rocambole gourmetizado estão aí: músico/DJ famoso, foodie, chefs, Instagram – é preciso dizer que o livro é muito bem feito, bem escrito e editado.

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Questlove é ele próprio um obsessivo e vai a fundo no que se propõe: entender a obsessão dos outros. No caso, a dos chefs em fazer uma comida cada vez melhor, em perseguir – com a certeza iminente do fracasso – a perfeição, em proporcionar experiências invulgares. Não por acaso, ele entrevistou só chefs que estão na vanguarda da criação na cozinha.

Resulta que o livro não é exatamente sobre comida. É mais uma conversa, ou dez delas, sobre criação, sobre arte, no sentido mais mundano dessa palavra, arte como técnica. Porque, sim, para Questlove o que esses chefs fazem é arte, não tanto pelo resultado, mas mais pelo processo – e essa questão é levantada em todas as entrevistas. 

Por não ser exatamente do meio gastronômico, Questlove consegue extrair das conversas miradas novas, muitas delas construídas em paralelos com o universo da música. É muito interessante a discussão que tem com Myrhvold sobre a hipótese maluca de se gravar comida, como se grava um disco. Ou a digressão com Humm sobre como Miles Davis está no centro do processo criativo de seu restaurante, na busca pelo cool, a invenção, o improviso, firmemente ancorado em sólida base técnica. 

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É ainda pertinente ver o autor refletir e provocar chefs sobre a falta de diversidade no comando das cozinhas – faltam negros e mulheres – e o elitismo na alta gastronomia, como na instigante conversa com Daniel Patterson, do Choi em San Francisco. A leitura, afinal, flui: são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura. 

  Foto: Alex Silva|Estadão

SOMETHING TO FOOD ABOUT Autores: Questlove e Ben Greenman Editora: Clarkson Potter (239 págs., US$ 20, na Amazon)

O autor é Ahmir Thompson e o livro é sobre comida. Mas ele é mais conhecido como o baterista e produtor de música Questlove. E não é que dá samba, quer dizer, hip-hop?

Questlove lançou há dois meses Something to Food About (sem tradução para o português), em coautoria com o jornalista Ben Greenman. Trata-se de um mergulho de cabeça na piscininha criativa de dez chefs de cozinha americanos. São dez entrevistas muito soltas com cozinheiros que estão entre os mais inventivos dos Estados Unidos, como Nathan Myrhvold, da Modernist Cuisine em Seattle, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, em Nova York, ou Dominique Crenn, do restaurante que leva seu nome em San Francisco. 

Entremeadas aos textos vão belas imagens feitas pelo fotógrafo japonês Kyoko Hamada e pelo próprio Questlove publicadas no seu Instagram. Mas o que leva um baterista e DJ de uma banda de hip-hop-soul, a cultuada The Roots, a rodar um país atrás de chefs e a imprimir um volume de mais de 200 páginas sobre essa peculiar turnê? Curiosidade. E uma obstinada busca pela arquitetura da invenção, ou pelas origens da criatividade.

Essa busca começou quando Questlove conheceu Jiro Ono por meio do documentário sobre o sushiman de Tóquio. Ficou fascinado e foi ao estrelado pequeno restaurante. A refeição era composta como uma peça de música clássica e ali ele foi fisgado pela percepção de que a comida podia ser, como a música, o casamento ótimo de ideias e sentidos.

Imagem do produtor musical Questlove publicada em seu Instagram Foto: Reprodução

Olha o breque: antes que a história lhe pareça embromação – é fato que os ingredientes para o rocambole gourmetizado estão aí: músico/DJ famoso, foodie, chefs, Instagram – é preciso dizer que o livro é muito bem feito, bem escrito e editado.

Questlove é ele próprio um obsessivo e vai a fundo no que se propõe: entender a obsessão dos outros. No caso, a dos chefs em fazer uma comida cada vez melhor, em perseguir – com a certeza iminente do fracasso – a perfeição, em proporcionar experiências invulgares. Não por acaso, ele entrevistou só chefs que estão na vanguarda da criação na cozinha.

Resulta que o livro não é exatamente sobre comida. É mais uma conversa, ou dez delas, sobre criação, sobre arte, no sentido mais mundano dessa palavra, arte como técnica. Porque, sim, para Questlove o que esses chefs fazem é arte, não tanto pelo resultado, mas mais pelo processo – e essa questão é levantada em todas as entrevistas. 

Por não ser exatamente do meio gastronômico, Questlove consegue extrair das conversas miradas novas, muitas delas construídas em paralelos com o universo da música. É muito interessante a discussão que tem com Myrhvold sobre a hipótese maluca de se gravar comida, como se grava um disco. Ou a digressão com Humm sobre como Miles Davis está no centro do processo criativo de seu restaurante, na busca pelo cool, a invenção, o improviso, firmemente ancorado em sólida base técnica. 

É ainda pertinente ver o autor refletir e provocar chefs sobre a falta de diversidade no comando das cozinhas – faltam negros e mulheres – e o elitismo na alta gastronomia, como na instigante conversa com Daniel Patterson, do Choi em San Francisco. A leitura, afinal, flui: são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura. 

  Foto: Alex Silva|Estadão

SOMETHING TO FOOD ABOUT Autores: Questlove e Ben Greenman Editora: Clarkson Potter (239 págs., US$ 20, na Amazon)

O autor é Ahmir Thompson e o livro é sobre comida. Mas ele é mais conhecido como o baterista e produtor de música Questlove. E não é que dá samba, quer dizer, hip-hop?

Questlove lançou há dois meses Something to Food About (sem tradução para o português), em coautoria com o jornalista Ben Greenman. Trata-se de um mergulho de cabeça na piscininha criativa de dez chefs de cozinha americanos. São dez entrevistas muito soltas com cozinheiros que estão entre os mais inventivos dos Estados Unidos, como Nathan Myrhvold, da Modernist Cuisine em Seattle, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, em Nova York, ou Dominique Crenn, do restaurante que leva seu nome em San Francisco. 

Entremeadas aos textos vão belas imagens feitas pelo fotógrafo japonês Kyoko Hamada e pelo próprio Questlove publicadas no seu Instagram. Mas o que leva um baterista e DJ de uma banda de hip-hop-soul, a cultuada The Roots, a rodar um país atrás de chefs e a imprimir um volume de mais de 200 páginas sobre essa peculiar turnê? Curiosidade. E uma obstinada busca pela arquitetura da invenção, ou pelas origens da criatividade.

Essa busca começou quando Questlove conheceu Jiro Ono por meio do documentário sobre o sushiman de Tóquio. Ficou fascinado e foi ao estrelado pequeno restaurante. A refeição era composta como uma peça de música clássica e ali ele foi fisgado pela percepção de que a comida podia ser, como a música, o casamento ótimo de ideias e sentidos.

Imagem do produtor musical Questlove publicada em seu Instagram Foto: Reprodução

Olha o breque: antes que a história lhe pareça embromação – é fato que os ingredientes para o rocambole gourmetizado estão aí: músico/DJ famoso, foodie, chefs, Instagram – é preciso dizer que o livro é muito bem feito, bem escrito e editado.

Questlove é ele próprio um obsessivo e vai a fundo no que se propõe: entender a obsessão dos outros. No caso, a dos chefs em fazer uma comida cada vez melhor, em perseguir – com a certeza iminente do fracasso – a perfeição, em proporcionar experiências invulgares. Não por acaso, ele entrevistou só chefs que estão na vanguarda da criação na cozinha.

Resulta que o livro não é exatamente sobre comida. É mais uma conversa, ou dez delas, sobre criação, sobre arte, no sentido mais mundano dessa palavra, arte como técnica. Porque, sim, para Questlove o que esses chefs fazem é arte, não tanto pelo resultado, mas mais pelo processo – e essa questão é levantada em todas as entrevistas. 

Por não ser exatamente do meio gastronômico, Questlove consegue extrair das conversas miradas novas, muitas delas construídas em paralelos com o universo da música. É muito interessante a discussão que tem com Myrhvold sobre a hipótese maluca de se gravar comida, como se grava um disco. Ou a digressão com Humm sobre como Miles Davis está no centro do processo criativo de seu restaurante, na busca pelo cool, a invenção, o improviso, firmemente ancorado em sólida base técnica. 

É ainda pertinente ver o autor refletir e provocar chefs sobre a falta de diversidade no comando das cozinhas – faltam negros e mulheres – e o elitismo na alta gastronomia, como na instigante conversa com Daniel Patterson, do Choi em San Francisco. A leitura, afinal, flui: são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura. 

  Foto: Alex Silva|Estadão

SOMETHING TO FOOD ABOUT Autores: Questlove e Ben Greenman Editora: Clarkson Potter (239 págs., US$ 20, na Amazon)

O autor é Ahmir Thompson e o livro é sobre comida. Mas ele é mais conhecido como o baterista e produtor de música Questlove. E não é que dá samba, quer dizer, hip-hop?

Questlove lançou há dois meses Something to Food About (sem tradução para o português), em coautoria com o jornalista Ben Greenman. Trata-se de um mergulho de cabeça na piscininha criativa de dez chefs de cozinha americanos. São dez entrevistas muito soltas com cozinheiros que estão entre os mais inventivos dos Estados Unidos, como Nathan Myrhvold, da Modernist Cuisine em Seattle, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, em Nova York, ou Dominique Crenn, do restaurante que leva seu nome em San Francisco. 

Entremeadas aos textos vão belas imagens feitas pelo fotógrafo japonês Kyoko Hamada e pelo próprio Questlove publicadas no seu Instagram. Mas o que leva um baterista e DJ de uma banda de hip-hop-soul, a cultuada The Roots, a rodar um país atrás de chefs e a imprimir um volume de mais de 200 páginas sobre essa peculiar turnê? Curiosidade. E uma obstinada busca pela arquitetura da invenção, ou pelas origens da criatividade.

Essa busca começou quando Questlove conheceu Jiro Ono por meio do documentário sobre o sushiman de Tóquio. Ficou fascinado e foi ao estrelado pequeno restaurante. A refeição era composta como uma peça de música clássica e ali ele foi fisgado pela percepção de que a comida podia ser, como a música, o casamento ótimo de ideias e sentidos.

Imagem do produtor musical Questlove publicada em seu Instagram Foto: Reprodução

Olha o breque: antes que a história lhe pareça embromação – é fato que os ingredientes para o rocambole gourmetizado estão aí: músico/DJ famoso, foodie, chefs, Instagram – é preciso dizer que o livro é muito bem feito, bem escrito e editado.

Questlove é ele próprio um obsessivo e vai a fundo no que se propõe: entender a obsessão dos outros. No caso, a dos chefs em fazer uma comida cada vez melhor, em perseguir – com a certeza iminente do fracasso – a perfeição, em proporcionar experiências invulgares. Não por acaso, ele entrevistou só chefs que estão na vanguarda da criação na cozinha.

Resulta que o livro não é exatamente sobre comida. É mais uma conversa, ou dez delas, sobre criação, sobre arte, no sentido mais mundano dessa palavra, arte como técnica. Porque, sim, para Questlove o que esses chefs fazem é arte, não tanto pelo resultado, mas mais pelo processo – e essa questão é levantada em todas as entrevistas. 

Por não ser exatamente do meio gastronômico, Questlove consegue extrair das conversas miradas novas, muitas delas construídas em paralelos com o universo da música. É muito interessante a discussão que tem com Myrhvold sobre a hipótese maluca de se gravar comida, como se grava um disco. Ou a digressão com Humm sobre como Miles Davis está no centro do processo criativo de seu restaurante, na busca pelo cool, a invenção, o improviso, firmemente ancorado em sólida base técnica. 

É ainda pertinente ver o autor refletir e provocar chefs sobre a falta de diversidade no comando das cozinhas – faltam negros e mulheres – e o elitismo na alta gastronomia, como na instigante conversa com Daniel Patterson, do Choi em San Francisco. A leitura, afinal, flui: são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura. 

  Foto: Alex Silva|Estadão

SOMETHING TO FOOD ABOUT Autores: Questlove e Ben Greenman Editora: Clarkson Potter (239 págs., US$ 20, na Amazon)

O autor é Ahmir Thompson e o livro é sobre comida. Mas ele é mais conhecido como o baterista e produtor de música Questlove. E não é que dá samba, quer dizer, hip-hop?

Questlove lançou há dois meses Something to Food About (sem tradução para o português), em coautoria com o jornalista Ben Greenman. Trata-se de um mergulho de cabeça na piscininha criativa de dez chefs de cozinha americanos. São dez entrevistas muito soltas com cozinheiros que estão entre os mais inventivos dos Estados Unidos, como Nathan Myrhvold, da Modernist Cuisine em Seattle, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, em Nova York, ou Dominique Crenn, do restaurante que leva seu nome em San Francisco. 

Entremeadas aos textos vão belas imagens feitas pelo fotógrafo japonês Kyoko Hamada e pelo próprio Questlove publicadas no seu Instagram. Mas o que leva um baterista e DJ de uma banda de hip-hop-soul, a cultuada The Roots, a rodar um país atrás de chefs e a imprimir um volume de mais de 200 páginas sobre essa peculiar turnê? Curiosidade. E uma obstinada busca pela arquitetura da invenção, ou pelas origens da criatividade.

Essa busca começou quando Questlove conheceu Jiro Ono por meio do documentário sobre o sushiman de Tóquio. Ficou fascinado e foi ao estrelado pequeno restaurante. A refeição era composta como uma peça de música clássica e ali ele foi fisgado pela percepção de que a comida podia ser, como a música, o casamento ótimo de ideias e sentidos.

Imagem do produtor musical Questlove publicada em seu Instagram Foto: Reprodução

Olha o breque: antes que a história lhe pareça embromação – é fato que os ingredientes para o rocambole gourmetizado estão aí: músico/DJ famoso, foodie, chefs, Instagram – é preciso dizer que o livro é muito bem feito, bem escrito e editado.

Questlove é ele próprio um obsessivo e vai a fundo no que se propõe: entender a obsessão dos outros. No caso, a dos chefs em fazer uma comida cada vez melhor, em perseguir – com a certeza iminente do fracasso – a perfeição, em proporcionar experiências invulgares. Não por acaso, ele entrevistou só chefs que estão na vanguarda da criação na cozinha.

Resulta que o livro não é exatamente sobre comida. É mais uma conversa, ou dez delas, sobre criação, sobre arte, no sentido mais mundano dessa palavra, arte como técnica. Porque, sim, para Questlove o que esses chefs fazem é arte, não tanto pelo resultado, mas mais pelo processo – e essa questão é levantada em todas as entrevistas. 

Por não ser exatamente do meio gastronômico, Questlove consegue extrair das conversas miradas novas, muitas delas construídas em paralelos com o universo da música. É muito interessante a discussão que tem com Myrhvold sobre a hipótese maluca de se gravar comida, como se grava um disco. Ou a digressão com Humm sobre como Miles Davis está no centro do processo criativo de seu restaurante, na busca pelo cool, a invenção, o improviso, firmemente ancorado em sólida base técnica. 

É ainda pertinente ver o autor refletir e provocar chefs sobre a falta de diversidade no comando das cozinhas – faltam negros e mulheres – e o elitismo na alta gastronomia, como na instigante conversa com Daniel Patterson, do Choi em San Francisco. A leitura, afinal, flui: são papos inteligentes e bem-humorados sobre comida e cultura. 

  Foto: Alex Silva|Estadão

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