Diversidade de sabores é serventia da casa no Mercado da Lapa


Uma das boas opções para comprar os ingredientes para o Natal e Ano Novo

Por Chris Campos
Frutas cristalizadas, castanhas e outros ingredientes para as festas de fim ano: tudo o que você imaginar tem no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

Pensa num lugar eclético, onde é possível reconhecer o Brasil real em todos os seus sabores. Um espaço em que a diversidade é representada por bancas abarrotadas de doces, grãos, frutas cristalizadas... Em que queijos italianos fazem companhia a peças de requeijão baiano e queijos curados produzido nos quatro cantos das Minas Gerais. 

No Mercado da Lapa, adiversidade de produtos é especialidade da casa Foto: Chris Campos
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Aqui o clima é raiz. De mercado de antigamente. Daqueles em que a gente entra e se lambuza de lembranças. A panela que a avó tinha, o biscoito nordestino que a tia servia embebido em leite no café da manhã. As peças de carne exibidas despudoradamente em suas formas originais. Alguns se assustam, outros se deslumbram com a verdade nua e crua, literalmente.

As bancas de grãos estão entres as favoritas do público no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O Mercado da Lapa, fundado em 1954, é atração gastronômica e cultural que extrapola os limites de um bairro que pode ser facilmente confundido com uma cidade do interior. É um dos poucos na capital paulistana que mantém o espírito consumista do passado. Em que as pessoas buscavam preços camaradas e se mantinham fiéis a fornecedores tratados como amigos de longa data. Ainda hoje é possível passear por seus corredores caóticos, com quase 100 boxes de produtores diferentes, e encontrar, com o mesmo nívelde fartura, sorrisos amistosos e um sortimento de produtos que chega a atordoar passantes acostumados ao higienismo dos supermercados. 

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Tião dos Santos em uma das bancas que vendem de tudo um pouco no Mercado da Lapa: de alho a farinhas especiais Foto: Chris Campos

Onde mais, afinal, é possível encontrar em uma mesma banca uns dez tipos de bacalhau misturados a 30 cores velas (talvez para atiçar a fé de seguir em frente nesse universo de surpresas) e garrafas que vão de vinhos populares a manteiga de garrafa? Em que lugar mesmo é viável comprar tâmaras iranianas e depois colocar na sacola um bolo de rolo pernambucano? Na categoria "recordar é viver", não faltam por ali o doce de mocotó cor de rosa, os suspiros coloridos, a maria mole na caixinha com 30 unidades. 

Sem filtro: na contramão do higienismo visualpraticado nos supercados, o Mercado da Lapa segue os antigos padrões de exibição dos produtos Foto: Chris Campos
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Não se assuste se, no caminho para se refrescar com uma água de coco, você for surpreendido por uma conversa aleatória qualquer. O povo da Lapa gosta de conversar, viu... E digo isso porque há quase uma década habito essas paragens. Antes de dizer que está com pressa, portanto, pare e escute o que eles têm a dizer. Porque se tem uma coisa que vale a pena nesta vida é a delícia de se reconhecer em conversas no meio do caminho. Ao contrário do Mercado Municipal e seus corredores intermináveis de bancas de frutas, no da Lapa elas são raras. O forte aqui são as carnes: de peixe, de frango, de porco, de boi, de caranguejo... E também as castanhas, os grãos, os queijos. Os preços costumam ser bem atraentes, mas não custa dar aquela negociada antes de fechar negócio.

João Aurélio Rodrigues na banca especializada em ervasno Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O entorno do mercado é um universo à parte. Situado às margens da linha do trem, há todo um "ecossistema" paralelo ao redor de suas instalações que vale a pena ser explorado. Dos erveiros de plantão ao quebra queixo que costuma render suspiros de satisfação. Servir bem para servir sempre é o lema dentro e fora do mercado, que também é de alma festiva. No Ano Novo, as bancas de ervas ficam abarrotadas de gente atrás de tudo quanto é mandinga para o tradicional banho de descarrego. Pode-se dizer que o vendedor João Aurélio Rodrigues é um dos que "quebra a banca" no dia 30 de dezembro. Não sobra erva sobre erva nesse dia. Em um país que celebra com o mesmo fervor a Missa do Galo e o banho de descarrego para estrear o ano novo livre de qualquer tipo de ziquezira faz sentido...

Frutas cristalizadas, castanhas e outros ingredientes para as festas de fim ano: tudo o que você imaginar tem no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

Pensa num lugar eclético, onde é possível reconhecer o Brasil real em todos os seus sabores. Um espaço em que a diversidade é representada por bancas abarrotadas de doces, grãos, frutas cristalizadas... Em que queijos italianos fazem companhia a peças de requeijão baiano e queijos curados produzido nos quatro cantos das Minas Gerais. 

No Mercado da Lapa, adiversidade de produtos é especialidade da casa Foto: Chris Campos

Aqui o clima é raiz. De mercado de antigamente. Daqueles em que a gente entra e se lambuza de lembranças. A panela que a avó tinha, o biscoito nordestino que a tia servia embebido em leite no café da manhã. As peças de carne exibidas despudoradamente em suas formas originais. Alguns se assustam, outros se deslumbram com a verdade nua e crua, literalmente.

As bancas de grãos estão entres as favoritas do público no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O Mercado da Lapa, fundado em 1954, é atração gastronômica e cultural que extrapola os limites de um bairro que pode ser facilmente confundido com uma cidade do interior. É um dos poucos na capital paulistana que mantém o espírito consumista do passado. Em que as pessoas buscavam preços camaradas e se mantinham fiéis a fornecedores tratados como amigos de longa data. Ainda hoje é possível passear por seus corredores caóticos, com quase 100 boxes de produtores diferentes, e encontrar, com o mesmo nívelde fartura, sorrisos amistosos e um sortimento de produtos que chega a atordoar passantes acostumados ao higienismo dos supermercados. 

Tião dos Santos em uma das bancas que vendem de tudo um pouco no Mercado da Lapa: de alho a farinhas especiais Foto: Chris Campos

Onde mais, afinal, é possível encontrar em uma mesma banca uns dez tipos de bacalhau misturados a 30 cores velas (talvez para atiçar a fé de seguir em frente nesse universo de surpresas) e garrafas que vão de vinhos populares a manteiga de garrafa? Em que lugar mesmo é viável comprar tâmaras iranianas e depois colocar na sacola um bolo de rolo pernambucano? Na categoria "recordar é viver", não faltam por ali o doce de mocotó cor de rosa, os suspiros coloridos, a maria mole na caixinha com 30 unidades. 

Sem filtro: na contramão do higienismo visualpraticado nos supercados, o Mercado da Lapa segue os antigos padrões de exibição dos produtos Foto: Chris Campos

Não se assuste se, no caminho para se refrescar com uma água de coco, você for surpreendido por uma conversa aleatória qualquer. O povo da Lapa gosta de conversar, viu... E digo isso porque há quase uma década habito essas paragens. Antes de dizer que está com pressa, portanto, pare e escute o que eles têm a dizer. Porque se tem uma coisa que vale a pena nesta vida é a delícia de se reconhecer em conversas no meio do caminho. Ao contrário do Mercado Municipal e seus corredores intermináveis de bancas de frutas, no da Lapa elas são raras. O forte aqui são as carnes: de peixe, de frango, de porco, de boi, de caranguejo... E também as castanhas, os grãos, os queijos. Os preços costumam ser bem atraentes, mas não custa dar aquela negociada antes de fechar negócio.

João Aurélio Rodrigues na banca especializada em ervasno Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O entorno do mercado é um universo à parte. Situado às margens da linha do trem, há todo um "ecossistema" paralelo ao redor de suas instalações que vale a pena ser explorado. Dos erveiros de plantão ao quebra queixo que costuma render suspiros de satisfação. Servir bem para servir sempre é o lema dentro e fora do mercado, que também é de alma festiva. No Ano Novo, as bancas de ervas ficam abarrotadas de gente atrás de tudo quanto é mandinga para o tradicional banho de descarrego. Pode-se dizer que o vendedor João Aurélio Rodrigues é um dos que "quebra a banca" no dia 30 de dezembro. Não sobra erva sobre erva nesse dia. Em um país que celebra com o mesmo fervor a Missa do Galo e o banho de descarrego para estrear o ano novo livre de qualquer tipo de ziquezira faz sentido...

Frutas cristalizadas, castanhas e outros ingredientes para as festas de fim ano: tudo o que você imaginar tem no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

Pensa num lugar eclético, onde é possível reconhecer o Brasil real em todos os seus sabores. Um espaço em que a diversidade é representada por bancas abarrotadas de doces, grãos, frutas cristalizadas... Em que queijos italianos fazem companhia a peças de requeijão baiano e queijos curados produzido nos quatro cantos das Minas Gerais. 

No Mercado da Lapa, adiversidade de produtos é especialidade da casa Foto: Chris Campos

Aqui o clima é raiz. De mercado de antigamente. Daqueles em que a gente entra e se lambuza de lembranças. A panela que a avó tinha, o biscoito nordestino que a tia servia embebido em leite no café da manhã. As peças de carne exibidas despudoradamente em suas formas originais. Alguns se assustam, outros se deslumbram com a verdade nua e crua, literalmente.

As bancas de grãos estão entres as favoritas do público no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O Mercado da Lapa, fundado em 1954, é atração gastronômica e cultural que extrapola os limites de um bairro que pode ser facilmente confundido com uma cidade do interior. É um dos poucos na capital paulistana que mantém o espírito consumista do passado. Em que as pessoas buscavam preços camaradas e se mantinham fiéis a fornecedores tratados como amigos de longa data. Ainda hoje é possível passear por seus corredores caóticos, com quase 100 boxes de produtores diferentes, e encontrar, com o mesmo nívelde fartura, sorrisos amistosos e um sortimento de produtos que chega a atordoar passantes acostumados ao higienismo dos supermercados. 

Tião dos Santos em uma das bancas que vendem de tudo um pouco no Mercado da Lapa: de alho a farinhas especiais Foto: Chris Campos

Onde mais, afinal, é possível encontrar em uma mesma banca uns dez tipos de bacalhau misturados a 30 cores velas (talvez para atiçar a fé de seguir em frente nesse universo de surpresas) e garrafas que vão de vinhos populares a manteiga de garrafa? Em que lugar mesmo é viável comprar tâmaras iranianas e depois colocar na sacola um bolo de rolo pernambucano? Na categoria "recordar é viver", não faltam por ali o doce de mocotó cor de rosa, os suspiros coloridos, a maria mole na caixinha com 30 unidades. 

Sem filtro: na contramão do higienismo visualpraticado nos supercados, o Mercado da Lapa segue os antigos padrões de exibição dos produtos Foto: Chris Campos

Não se assuste se, no caminho para se refrescar com uma água de coco, você for surpreendido por uma conversa aleatória qualquer. O povo da Lapa gosta de conversar, viu... E digo isso porque há quase uma década habito essas paragens. Antes de dizer que está com pressa, portanto, pare e escute o que eles têm a dizer. Porque se tem uma coisa que vale a pena nesta vida é a delícia de se reconhecer em conversas no meio do caminho. Ao contrário do Mercado Municipal e seus corredores intermináveis de bancas de frutas, no da Lapa elas são raras. O forte aqui são as carnes: de peixe, de frango, de porco, de boi, de caranguejo... E também as castanhas, os grãos, os queijos. Os preços costumam ser bem atraentes, mas não custa dar aquela negociada antes de fechar negócio.

João Aurélio Rodrigues na banca especializada em ervasno Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O entorno do mercado é um universo à parte. Situado às margens da linha do trem, há todo um "ecossistema" paralelo ao redor de suas instalações que vale a pena ser explorado. Dos erveiros de plantão ao quebra queixo que costuma render suspiros de satisfação. Servir bem para servir sempre é o lema dentro e fora do mercado, que também é de alma festiva. No Ano Novo, as bancas de ervas ficam abarrotadas de gente atrás de tudo quanto é mandinga para o tradicional banho de descarrego. Pode-se dizer que o vendedor João Aurélio Rodrigues é um dos que "quebra a banca" no dia 30 de dezembro. Não sobra erva sobre erva nesse dia. Em um país que celebra com o mesmo fervor a Missa do Galo e o banho de descarrego para estrear o ano novo livre de qualquer tipo de ziquezira faz sentido...

Frutas cristalizadas, castanhas e outros ingredientes para as festas de fim ano: tudo o que você imaginar tem no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

Pensa num lugar eclético, onde é possível reconhecer o Brasil real em todos os seus sabores. Um espaço em que a diversidade é representada por bancas abarrotadas de doces, grãos, frutas cristalizadas... Em que queijos italianos fazem companhia a peças de requeijão baiano e queijos curados produzido nos quatro cantos das Minas Gerais. 

No Mercado da Lapa, adiversidade de produtos é especialidade da casa Foto: Chris Campos

Aqui o clima é raiz. De mercado de antigamente. Daqueles em que a gente entra e se lambuza de lembranças. A panela que a avó tinha, o biscoito nordestino que a tia servia embebido em leite no café da manhã. As peças de carne exibidas despudoradamente em suas formas originais. Alguns se assustam, outros se deslumbram com a verdade nua e crua, literalmente.

As bancas de grãos estão entres as favoritas do público no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O Mercado da Lapa, fundado em 1954, é atração gastronômica e cultural que extrapola os limites de um bairro que pode ser facilmente confundido com uma cidade do interior. É um dos poucos na capital paulistana que mantém o espírito consumista do passado. Em que as pessoas buscavam preços camaradas e se mantinham fiéis a fornecedores tratados como amigos de longa data. Ainda hoje é possível passear por seus corredores caóticos, com quase 100 boxes de produtores diferentes, e encontrar, com o mesmo nívelde fartura, sorrisos amistosos e um sortimento de produtos que chega a atordoar passantes acostumados ao higienismo dos supermercados. 

Tião dos Santos em uma das bancas que vendem de tudo um pouco no Mercado da Lapa: de alho a farinhas especiais Foto: Chris Campos

Onde mais, afinal, é possível encontrar em uma mesma banca uns dez tipos de bacalhau misturados a 30 cores velas (talvez para atiçar a fé de seguir em frente nesse universo de surpresas) e garrafas que vão de vinhos populares a manteiga de garrafa? Em que lugar mesmo é viável comprar tâmaras iranianas e depois colocar na sacola um bolo de rolo pernambucano? Na categoria "recordar é viver", não faltam por ali o doce de mocotó cor de rosa, os suspiros coloridos, a maria mole na caixinha com 30 unidades. 

Sem filtro: na contramão do higienismo visualpraticado nos supercados, o Mercado da Lapa segue os antigos padrões de exibição dos produtos Foto: Chris Campos

Não se assuste se, no caminho para se refrescar com uma água de coco, você for surpreendido por uma conversa aleatória qualquer. O povo da Lapa gosta de conversar, viu... E digo isso porque há quase uma década habito essas paragens. Antes de dizer que está com pressa, portanto, pare e escute o que eles têm a dizer. Porque se tem uma coisa que vale a pena nesta vida é a delícia de se reconhecer em conversas no meio do caminho. Ao contrário do Mercado Municipal e seus corredores intermináveis de bancas de frutas, no da Lapa elas são raras. O forte aqui são as carnes: de peixe, de frango, de porco, de boi, de caranguejo... E também as castanhas, os grãos, os queijos. Os preços costumam ser bem atraentes, mas não custa dar aquela negociada antes de fechar negócio.

João Aurélio Rodrigues na banca especializada em ervasno Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O entorno do mercado é um universo à parte. Situado às margens da linha do trem, há todo um "ecossistema" paralelo ao redor de suas instalações que vale a pena ser explorado. Dos erveiros de plantão ao quebra queixo que costuma render suspiros de satisfação. Servir bem para servir sempre é o lema dentro e fora do mercado, que também é de alma festiva. No Ano Novo, as bancas de ervas ficam abarrotadas de gente atrás de tudo quanto é mandinga para o tradicional banho de descarrego. Pode-se dizer que o vendedor João Aurélio Rodrigues é um dos que "quebra a banca" no dia 30 de dezembro. Não sobra erva sobre erva nesse dia. Em um país que celebra com o mesmo fervor a Missa do Galo e o banho de descarrego para estrear o ano novo livre de qualquer tipo de ziquezira faz sentido...

Frutas cristalizadas, castanhas e outros ingredientes para as festas de fim ano: tudo o que você imaginar tem no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

Pensa num lugar eclético, onde é possível reconhecer o Brasil real em todos os seus sabores. Um espaço em que a diversidade é representada por bancas abarrotadas de doces, grãos, frutas cristalizadas... Em que queijos italianos fazem companhia a peças de requeijão baiano e queijos curados produzido nos quatro cantos das Minas Gerais. 

No Mercado da Lapa, adiversidade de produtos é especialidade da casa Foto: Chris Campos

Aqui o clima é raiz. De mercado de antigamente. Daqueles em que a gente entra e se lambuza de lembranças. A panela que a avó tinha, o biscoito nordestino que a tia servia embebido em leite no café da manhã. As peças de carne exibidas despudoradamente em suas formas originais. Alguns se assustam, outros se deslumbram com a verdade nua e crua, literalmente.

As bancas de grãos estão entres as favoritas do público no Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O Mercado da Lapa, fundado em 1954, é atração gastronômica e cultural que extrapola os limites de um bairro que pode ser facilmente confundido com uma cidade do interior. É um dos poucos na capital paulistana que mantém o espírito consumista do passado. Em que as pessoas buscavam preços camaradas e se mantinham fiéis a fornecedores tratados como amigos de longa data. Ainda hoje é possível passear por seus corredores caóticos, com quase 100 boxes de produtores diferentes, e encontrar, com o mesmo nívelde fartura, sorrisos amistosos e um sortimento de produtos que chega a atordoar passantes acostumados ao higienismo dos supermercados. 

Tião dos Santos em uma das bancas que vendem de tudo um pouco no Mercado da Lapa: de alho a farinhas especiais Foto: Chris Campos

Onde mais, afinal, é possível encontrar em uma mesma banca uns dez tipos de bacalhau misturados a 30 cores velas (talvez para atiçar a fé de seguir em frente nesse universo de surpresas) e garrafas que vão de vinhos populares a manteiga de garrafa? Em que lugar mesmo é viável comprar tâmaras iranianas e depois colocar na sacola um bolo de rolo pernambucano? Na categoria "recordar é viver", não faltam por ali o doce de mocotó cor de rosa, os suspiros coloridos, a maria mole na caixinha com 30 unidades. 

Sem filtro: na contramão do higienismo visualpraticado nos supercados, o Mercado da Lapa segue os antigos padrões de exibição dos produtos Foto: Chris Campos

Não se assuste se, no caminho para se refrescar com uma água de coco, você for surpreendido por uma conversa aleatória qualquer. O povo da Lapa gosta de conversar, viu... E digo isso porque há quase uma década habito essas paragens. Antes de dizer que está com pressa, portanto, pare e escute o que eles têm a dizer. Porque se tem uma coisa que vale a pena nesta vida é a delícia de se reconhecer em conversas no meio do caminho. Ao contrário do Mercado Municipal e seus corredores intermináveis de bancas de frutas, no da Lapa elas são raras. O forte aqui são as carnes: de peixe, de frango, de porco, de boi, de caranguejo... E também as castanhas, os grãos, os queijos. Os preços costumam ser bem atraentes, mas não custa dar aquela negociada antes de fechar negócio.

João Aurélio Rodrigues na banca especializada em ervasno Mercado da Lapa Foto: Chris Campos

O entorno do mercado é um universo à parte. Situado às margens da linha do trem, há todo um "ecossistema" paralelo ao redor de suas instalações que vale a pena ser explorado. Dos erveiros de plantão ao quebra queixo que costuma render suspiros de satisfação. Servir bem para servir sempre é o lema dentro e fora do mercado, que também é de alma festiva. No Ano Novo, as bancas de ervas ficam abarrotadas de gente atrás de tudo quanto é mandinga para o tradicional banho de descarrego. Pode-se dizer que o vendedor João Aurélio Rodrigues é um dos que "quebra a banca" no dia 30 de dezembro. Não sobra erva sobre erva nesse dia. Em um país que celebra com o mesmo fervor a Missa do Galo e o banho de descarrego para estrear o ano novo livre de qualquer tipo de ziquezira faz sentido...

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