Dubai reúne 17 estrelas Michelin e sabores do mundo (quase) todo


Paladar, única mídia brasileira na cerimônia, destaca premiados pelo Guia no Emirado

Por Fernanda Meneguetti
Atualização:

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

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A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

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De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

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Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

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Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

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Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

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Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

No último dia 23, o Guia Michelin distribuiu uma estrela para 11 restaurantes, duas estrelas para três restaurantes, escolheu 17 restaurantes como Bib Gourmand e ainda reconheceu esforços pela sustentabilidade com 3 estrelas verdes. Disse em alto e bom som: Dubai joga na champions league gastronômica. Para valer.

“Não temos dúvidas do potencial e da evolução de Dubai. Com 35% mais restaurantes do que na seleção de 2022, alguns deles alcançando outro patamar e sem downgrades, Dubai está batendo a meta. Hoje temos apenas ótimas notícias para compartilhar”, declarou Gwendal Poullennec, diretor internacional do guia.

Ainda em tom de entusiasmo, emendou: “É impressionante ver como Dubai consegue atrair comensais e talentos de todo o mundo, é um verdadeiro hotspot culinário”. Existem por ali 13.000 restaurantes e cafés, disparado o maior volume de todo o Norte da África e do Oriente Médio. Cinquenta e nove deles integram a segunda edição do Michelin para o destino.

A amostra, mesmo que diminuta, revela uma cidade fervilhante. Se 30% de sua população é indiana, soa até natural o Trèsind Studio ser o único restaurante do mundo dedicado a essa cozinha duplamente estrelado. “Estrelas em Paris ou em dubai têm o mesmo valor”, reforça M. Poullennec.

O chef Himanshu Saini, ainda em choque, admite: “Deve haver milhões de chefs fazendo comida indiana, quando me vejo, penso: é importante fazer algo único. Acho bom e ruim a culinária indiana nunca ter sido documentada, porque ela não pode ser explicada. Como você pode dizer o que é comida indiana? Existem centenas de tipos. A Índia é provavelmente 15 países europeus juntos e é meu dever tentar explicar que ela não é apenas curry e kebab”.

Seu menu, Tasting India (EAD 850 ou cerca de R$ 1160, sem bebidas), não abre todas as caixas de pandora da culinária que se espalha por 3,28 milhões de quilômetros, mas sobrevoa norte-sul, leste-oeste; cria uma experiência única, teatral e perfumada para cerca de 20 privilegiados por noite.

De fato, Dubai é sobre privilégios. Quem tiver o de se hospedar no hotel que sediou a premiação do Michelin (e pagar no mínimo R$ 2200 a noite), terá acesso facilitado a 8 das 59 referências. A mais desejada? O novato Dinner by Heston Blumenthal.

Filé de Beef Royale com anchova defumada, cenoura e cebola do menu degustação do Dinner by Heston Blumenthal Foto: MARTIN DYRLOV_

Escondido no primeiro andar do tal Atlantis The Royal, ele reproduz o menu do original londrino, abriga a maior adega do emirado e, apesar de apenas quatro meses de funcionamento, já tem uma estrela e o reconhecimento de melhor sommelier (o italiano Arturo Scarmadella). Seu menu degustação sai por R$ 1700 e, não, não inclui golinhos de vinho.

Também estrelado são os vizinhos Ossiano, onde o chef bretão Gregoire Berger já dividiu os fornos com Alex Atala, e o cantonês Hakkasan. Sem o astro, mas igualmente celebrado pelo guia como o melhor serviço, está o peruano La Mar, de Gastón Acurio.

À sua frente, fica a única mulher a ser chamada ao palco, Ariana Bundy. Autora premiada de livros de receitas e apresentadora de programa de televisão, ela teve seu restaurante persa eleito como a melhor abertura do ano.

O resort de ultra-luxo, como se autodenomina, ainda tem um Nobu para chamar de seu, embaixada do célebre espanhol José Andrés e do grego Costas Spiliadis. Em compensação, duas estrelas, bib gourmand ou estrela verde ainda não estão em cartaz.

Falando nesta última, pode soar paradoxal pensar em sustentabilidade e ecologia nesse oásis high-tech erguido em pleno deserto. Porém, ali, cada esforço conta. O Teible do moldavo-mexicano Carlos de Garza, por exemplo, trava uma batalha diária, com direito a horta exposta aos 40°C recorrentes e um sem-fim de conservas para evitar o desperdício e garantir que mais de 80% de seus ingredientes sejam locais.

Sem ostentação, o chef serve uma cozinha autoral e garante refeições felizes regadas a kombucha (por uma média de R$ 250!). Algo similar ao que se vê no 21 Grams. Este urban balkan bistro foca em receitas comfort da Sérvia, no máximo de produtos regionais (incluindo peixes e camarões do golfo pérsico) e reúne a intelectualidade “dubaiense” para brunches ao longo do dia todo que, perdão à sustentabilidade, podem ser regados a café brasileiro.

Ah, cosmopolitismo à parte, a cozinha brasileira ainda não está representada neste emirado. De acordo com o diretor internacional do Michelin, tampouco tem futuro certeiro nas edições desse guia vermelho que nasceu para vender pneus.

Serviço

21grams Urban Balkan Bistro - Meyan Mall, 2º piso, Al Thanya St - Umm Suqeim 2. Seg. e ter., das 8h às 17h; qua. a sáb., das 8h às 23h; dom. das 9h às 17h. Tel. +971 50 841 5021

Atlantis The Royal - Crescent Rd, The Palm Jumeirah. De seg. a seg., das 18h35 às 00h. Tel.: +971 4 426 3000

Teible Restaurant - Jameel Arts Center, térreo, Jaddaf Waterfront. De qua. a seg., das 10h às 18h e das 19h às 22h. Tel.: +971 4 243 6683

Trèsind Studio - R002, East Wing Rooftop - near The View), Nakheel Mall - The Palm Jumeirah. De ter. a dom., das 18h às 23h. Tel.: +971 58 895 1272

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