No último fim de semana, Ribeirão Preto sediou a 1ª Taça Paulista de Hidromel, organizada pela Associação dos Produtores de Hidromel de São Paulo, que tem mais de 50 associados. Pois é, e ainda tem muita gente que nunca ouviu falar de hidromel, uma mistura de água e mel que fermentou. Considerada a bebida alcoólica mais antiga, com registros que remontam a 8.000 anos a.C., é conhecida como a bebida dos nórdicos vikings, tomada em chifres. Foram eles que popularizaram e mantiveram a cultura do hidromel.
Fazer hidromel não é difícil, basicamente é só diluir mel com água e adicionar o fermento. Mas demanda muita paciência, pois deve-se esquecer dele por no mínimo uns seis meses para que comece a ficar bom. Além disso, é preciso controle emocional para lidar com a frustração. Pois você pode fazer um monte, descobrir depois de longos meses que ficou ruim e ter de jogar muito mel fora. Ou pode fazer pouco, o hidromel ficar muito bom e aí essa pequena quantidade não vai dar nem para o cheiro. Decisão complicada… e não para por aqui.
Quanto à doçura, pode ser seco, demi-sec ou doce. Quanto à carbonatação, pode ser tranquilo, frisante ou espumante. A potência alcoólica pode ir de 3,5% a 18% de álcool (mas a lei brasileira limita de 4% a 14%). Há diversos estilos também, classificados de acordo com múltiplos pontos e que ainda podem receber infinitos ingredientes além da água e do mel. Isso se for feito em casa, já que a legislação não permite a adição de nada, o que acaba desencorajando a profissionalização das marcas.
Melomel é o que tem adição de frutas em geral, mas vai ter nome específico em alguns casos: cyser se tiver maçã, e pyment se tiver uva, por exemplo. Metheglin leva ervas e especiarias. Capsicumel tem pimenta. Bouchet é feito a partir de mel caramelizado. Braggot, com malte – a cervejaria Seasons, de Porto Alegre, apresentou um hidromel que fez muito sucesso no festival de cerveja de Blumenau no mês passado. Aguardemos novos lotes!
E ainda há possibilidades de envelhecimento em madeira, os fermentos sem fim e o uso de todos os tipos de mel, inclusive os de abelhas nativas brasileiras. Pluralidade incrível.
Durante a 1ª Taça Paulista de Hidromel, da qual participei julgando amostras, entre os 30 competidores, provei ótimos hidroméis abrasileirados com cupuaçu, manga, cambuci, puxuri... Hibisco faz sucesso entre os produtores também. Tinha amostra ainda com café, grapefruit, gengibre…
Não é fácil achar para comprar, mas dá para pesquisar quem entrega por correios ou tentar fazer o seu próprio. Os hidromeleiros Luis Felipe, de Curitiba, e Marcelo Muta, de São Paulo, costumam compartilhar conhecimento frequentemente em cursos. Vá lá, desperte o viking em você!
SERVIÇO
Curso em Curitiba, com Luis Felipe: 23/4, R$ 150. pompeiahidromeis.com.br
Curso em São Paulo, na Sinnatrah Cervejaria-Escola, com Marcelo Muta: 26/4, R$ 220. sinnatrah.com.br