Helô Bacellar: um dia na cozinha da chef e criadora de conteúdo


Uma conversa com Helô Bacellar, criadora do site Na cozinha da Helô e autora de um especial para o Paladar com receitas e vídeos de bolos muito fáceis de fazer

Por Chris Campos
Atualização:
Helô Bacellar na fazenda em São Luiz do Paraitinga Foto: Ana Bacellar

Helô Bacellar é dessas pessoas inquietas, curiosas e multitalentosas. Pensa e vive o universo da cozinha 24 horas por dia. Estudiosa compulsiva do assunto, escritora de boas histórias. Apresentadora intuitiva e uma das mulheres mais doces e corajosas que já entrevistei. Sabe aquele ser movido pelo desafio e pela curiosidade? É ela. Optou pela faculdade de Direito porque gostava de escrever. Mas cozinhar sempre ganhou de todos os outros desejos dessa libriana com ascendente em libra que de indecisa não tem nada. "Escrevo religiosamente todo dia, acordo cedo e me ocupo o dia inteiro, gosto de encontrar soluções e costumo dobrar minhas próprias metas, quando um dia rende bem eu coloco uma carinha feliz pra mim mesma", conta enquanto descreve um dia qualquer no cotidiano da vida na fazenda em que mora com o marido: acordar às seis, tomar o primeiro de muitos cafés ao longo do dia, cuidar dos levins, dos queijos que produz, separar os ingredientes de algum prato para o jantar, cuidar dos dois cachorros, Café e Caju, buscar umas florezinhas no jardim para enfeitar os vasos da casa. Uma descrição que caberia num enredo de filme, desses em que a protagonista, movida pelas urgências da vida, busca um viés poético para contar sua própria biografia.

Bolo de chocolate com café, uma das receitas da Helo para o especial sobrebolos simples preparados no liquidificador Foto: Ana Bacellar
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Helô viveu recentemente a perda da filha mais nova, falecida em agosto de 2021. Eram, além de mãe e filha, parceiras de trabalho. Faziam tudo juntas. São de Ana Bacellar as lindas fotos e os vídeos mais inspirados que aparecem no site da Helô (www.nacozinhadahelo.com.br) e no Instagram @nacozinhadahelo. É no trabalho que ela se reinventa nessa dor que não tem medida. Assim que a filha partiu, resolveu dar continuidade aos projetos que uniam as duas: um programa de tevê desenhado por elas e a nova versão do site, prestes a estrear. "O tempo inteiro estou convivendo com ela e com a vida, tem dias em que tudo é extremamente sofrido, mas esse é um projeto meu e dela e eu resolvi trabalhar nisso", conta. "Às vezes estou buscando uma foto e lembro do que aconteceu naquele dia, como ficou o bolo, como estávamos..." Não foram poucas as vezes em que paramos todos no set de gravação do especial sobre bolos que Helô preparou com exclusividade para o Paladar por conta de alguma memória relacionada à Ana. Uma história, uma imagem, uma peça de cerâmica feita por ela. Entre sorrisos, risadas, bolos e lágrimas, seguimos. 

Helô Bacellar: a produção de conteúdo tem vínculo direto com suas experiências pessoais Foto: Ana Bacellar

Na temporada na fazenda centenária da família, em São Luiz do Paraitinga, Helô se ocupa. Prepara ao menos duas receitas novas por dia. Reescreve os textos do site, em que receitas são inevitavelmente acompanhadas de boas histórias. Estuda e pesquisa na companhia dos mais de dois mil e quinhentos livros da biblioteca dedicada à culinária que mantém desde criança. Cria um universo particular feito de coleções. De galinhas de louça a formas de bolo. De botões selecionados por cores, costurados em tecidos pendurados nas paredes a candeeiros, tigelinhas de louças dos anos 1930 e 1940 e quadros com paninhos de crochê feitos pela bisavó. Uma colecionadora que transforma tudo ao redor em belezas. "Teve um momento em que eu e a Ana fazíamos tudo em casa: sabão, velas, cerâmica, tingíamos os tecidos usados na produção das fotos com corantes naturais...", lembra Helô. "Tenho um jeito muito rústico de ser".

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Bolo de laranja: clássico dos bolos da tarde com o atrativo extra de poder ser preparado no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô trabalhou 20 anos no escritório do pai. Mas queria mesmo estudar gastronomia. Conseguiu realizar o desejo em 1995. Foi para Paris com a filha mais velha, na época com três aninhos, e o marido. Trabalhou em um restaurante três estrelas Michelin, estudou confeitaria e panificação. Voltou um ano depois disposta a abrir uma escola de cozinha, o Atelier Gourmand. No meio do percurso, lançou alguns livros. "Cozinhando para amigos” (2005) ganhou prêmio na Europa e foi traduzido para o inglês. Lançou um segundo volume com o mesmo título em 2008. Depois vieram "Chocolate todo dia" (2010), dois livros sobre cozinha brasileira lançados na França: um deles para a Larousse, outro em parceria com o Le Bon Marché.

Na sala com Helô: colecionadora de objetos vintage caprichosamente dispostos na parede da casa da fazenda Foto: Heloisa Bacellar
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Em 2009 inventou de abrir um negócio, o Lá da Venda, um café e restaurante simpático na Vila Madalena, que servia o melhor pão de queijo da cidade. A empreitada durou dez anos, até o apocalipse da pandemia chegar... "Já estava cansada, era só dor de cabeça, muito difícil financeiramente, tinha muitos funcionários, produzia tudo, não tinha sócio, não aguentava mais...", lembra. "Descobri que gosto muito mais de produzir conteúdo, tenho vontade de voltar ao pão de queijo, talvez daqui a um tempo".

A casa centenária em São Luiz do Paraitinga em que Helô vive com o marido e os cachorros Café e Caju Foto: Heloisa Bacellar

“Agora estou vivendo esse momento muito pesado da minha vida, mas seguindo sendo a Helô de sempre. Acho que a minha disciplina de fazer tudo e bem feito não é fácil. Continuo lendo, estudando, gosto de projetos, sabe? Estou descomplicando a vida neste momento. Não penso em retomar coisas muito trabalhosas. Penso assim: se eu colho muito pêssego num dia, vou fazer tudo o que puder com os pêssegos, se for tomate, vai ser com tomate...”

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Veja aqui o especial de bolos simples preparados no liquidificador que Helô Bacellar preparou especialmente para o Paladar

Helô Bacellar na fazenda em São Luiz do Paraitinga Foto: Ana Bacellar

Helô Bacellar é dessas pessoas inquietas, curiosas e multitalentosas. Pensa e vive o universo da cozinha 24 horas por dia. Estudiosa compulsiva do assunto, escritora de boas histórias. Apresentadora intuitiva e uma das mulheres mais doces e corajosas que já entrevistei. Sabe aquele ser movido pelo desafio e pela curiosidade? É ela. Optou pela faculdade de Direito porque gostava de escrever. Mas cozinhar sempre ganhou de todos os outros desejos dessa libriana com ascendente em libra que de indecisa não tem nada. "Escrevo religiosamente todo dia, acordo cedo e me ocupo o dia inteiro, gosto de encontrar soluções e costumo dobrar minhas próprias metas, quando um dia rende bem eu coloco uma carinha feliz pra mim mesma", conta enquanto descreve um dia qualquer no cotidiano da vida na fazenda em que mora com o marido: acordar às seis, tomar o primeiro de muitos cafés ao longo do dia, cuidar dos levins, dos queijos que produz, separar os ingredientes de algum prato para o jantar, cuidar dos dois cachorros, Café e Caju, buscar umas florezinhas no jardim para enfeitar os vasos da casa. Uma descrição que caberia num enredo de filme, desses em que a protagonista, movida pelas urgências da vida, busca um viés poético para contar sua própria biografia.

Bolo de chocolate com café, uma das receitas da Helo para o especial sobrebolos simples preparados no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô viveu recentemente a perda da filha mais nova, falecida em agosto de 2021. Eram, além de mãe e filha, parceiras de trabalho. Faziam tudo juntas. São de Ana Bacellar as lindas fotos e os vídeos mais inspirados que aparecem no site da Helô (www.nacozinhadahelo.com.br) e no Instagram @nacozinhadahelo. É no trabalho que ela se reinventa nessa dor que não tem medida. Assim que a filha partiu, resolveu dar continuidade aos projetos que uniam as duas: um programa de tevê desenhado por elas e a nova versão do site, prestes a estrear. "O tempo inteiro estou convivendo com ela e com a vida, tem dias em que tudo é extremamente sofrido, mas esse é um projeto meu e dela e eu resolvi trabalhar nisso", conta. "Às vezes estou buscando uma foto e lembro do que aconteceu naquele dia, como ficou o bolo, como estávamos..." Não foram poucas as vezes em que paramos todos no set de gravação do especial sobre bolos que Helô preparou com exclusividade para o Paladar por conta de alguma memória relacionada à Ana. Uma história, uma imagem, uma peça de cerâmica feita por ela. Entre sorrisos, risadas, bolos e lágrimas, seguimos. 

Helô Bacellar: a produção de conteúdo tem vínculo direto com suas experiências pessoais Foto: Ana Bacellar

Na temporada na fazenda centenária da família, em São Luiz do Paraitinga, Helô se ocupa. Prepara ao menos duas receitas novas por dia. Reescreve os textos do site, em que receitas são inevitavelmente acompanhadas de boas histórias. Estuda e pesquisa na companhia dos mais de dois mil e quinhentos livros da biblioteca dedicada à culinária que mantém desde criança. Cria um universo particular feito de coleções. De galinhas de louça a formas de bolo. De botões selecionados por cores, costurados em tecidos pendurados nas paredes a candeeiros, tigelinhas de louças dos anos 1930 e 1940 e quadros com paninhos de crochê feitos pela bisavó. Uma colecionadora que transforma tudo ao redor em belezas. "Teve um momento em que eu e a Ana fazíamos tudo em casa: sabão, velas, cerâmica, tingíamos os tecidos usados na produção das fotos com corantes naturais...", lembra Helô. "Tenho um jeito muito rústico de ser".

Bolo de laranja: clássico dos bolos da tarde com o atrativo extra de poder ser preparado no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô trabalhou 20 anos no escritório do pai. Mas queria mesmo estudar gastronomia. Conseguiu realizar o desejo em 1995. Foi para Paris com a filha mais velha, na época com três aninhos, e o marido. Trabalhou em um restaurante três estrelas Michelin, estudou confeitaria e panificação. Voltou um ano depois disposta a abrir uma escola de cozinha, o Atelier Gourmand. No meio do percurso, lançou alguns livros. "Cozinhando para amigos” (2005) ganhou prêmio na Europa e foi traduzido para o inglês. Lançou um segundo volume com o mesmo título em 2008. Depois vieram "Chocolate todo dia" (2010), dois livros sobre cozinha brasileira lançados na França: um deles para a Larousse, outro em parceria com o Le Bon Marché.

Na sala com Helô: colecionadora de objetos vintage caprichosamente dispostos na parede da casa da fazenda Foto: Heloisa Bacellar

Em 2009 inventou de abrir um negócio, o Lá da Venda, um café e restaurante simpático na Vila Madalena, que servia o melhor pão de queijo da cidade. A empreitada durou dez anos, até o apocalipse da pandemia chegar... "Já estava cansada, era só dor de cabeça, muito difícil financeiramente, tinha muitos funcionários, produzia tudo, não tinha sócio, não aguentava mais...", lembra. "Descobri que gosto muito mais de produzir conteúdo, tenho vontade de voltar ao pão de queijo, talvez daqui a um tempo".

A casa centenária em São Luiz do Paraitinga em que Helô vive com o marido e os cachorros Café e Caju Foto: Heloisa Bacellar

“Agora estou vivendo esse momento muito pesado da minha vida, mas seguindo sendo a Helô de sempre. Acho que a minha disciplina de fazer tudo e bem feito não é fácil. Continuo lendo, estudando, gosto de projetos, sabe? Estou descomplicando a vida neste momento. Não penso em retomar coisas muito trabalhosas. Penso assim: se eu colho muito pêssego num dia, vou fazer tudo o que puder com os pêssegos, se for tomate, vai ser com tomate...”

Veja aqui o especial de bolos simples preparados no liquidificador que Helô Bacellar preparou especialmente para o Paladar

Helô Bacellar na fazenda em São Luiz do Paraitinga Foto: Ana Bacellar

Helô Bacellar é dessas pessoas inquietas, curiosas e multitalentosas. Pensa e vive o universo da cozinha 24 horas por dia. Estudiosa compulsiva do assunto, escritora de boas histórias. Apresentadora intuitiva e uma das mulheres mais doces e corajosas que já entrevistei. Sabe aquele ser movido pelo desafio e pela curiosidade? É ela. Optou pela faculdade de Direito porque gostava de escrever. Mas cozinhar sempre ganhou de todos os outros desejos dessa libriana com ascendente em libra que de indecisa não tem nada. "Escrevo religiosamente todo dia, acordo cedo e me ocupo o dia inteiro, gosto de encontrar soluções e costumo dobrar minhas próprias metas, quando um dia rende bem eu coloco uma carinha feliz pra mim mesma", conta enquanto descreve um dia qualquer no cotidiano da vida na fazenda em que mora com o marido: acordar às seis, tomar o primeiro de muitos cafés ao longo do dia, cuidar dos levins, dos queijos que produz, separar os ingredientes de algum prato para o jantar, cuidar dos dois cachorros, Café e Caju, buscar umas florezinhas no jardim para enfeitar os vasos da casa. Uma descrição que caberia num enredo de filme, desses em que a protagonista, movida pelas urgências da vida, busca um viés poético para contar sua própria biografia.

Bolo de chocolate com café, uma das receitas da Helo para o especial sobrebolos simples preparados no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô viveu recentemente a perda da filha mais nova, falecida em agosto de 2021. Eram, além de mãe e filha, parceiras de trabalho. Faziam tudo juntas. São de Ana Bacellar as lindas fotos e os vídeos mais inspirados que aparecem no site da Helô (www.nacozinhadahelo.com.br) e no Instagram @nacozinhadahelo. É no trabalho que ela se reinventa nessa dor que não tem medida. Assim que a filha partiu, resolveu dar continuidade aos projetos que uniam as duas: um programa de tevê desenhado por elas e a nova versão do site, prestes a estrear. "O tempo inteiro estou convivendo com ela e com a vida, tem dias em que tudo é extremamente sofrido, mas esse é um projeto meu e dela e eu resolvi trabalhar nisso", conta. "Às vezes estou buscando uma foto e lembro do que aconteceu naquele dia, como ficou o bolo, como estávamos..." Não foram poucas as vezes em que paramos todos no set de gravação do especial sobre bolos que Helô preparou com exclusividade para o Paladar por conta de alguma memória relacionada à Ana. Uma história, uma imagem, uma peça de cerâmica feita por ela. Entre sorrisos, risadas, bolos e lágrimas, seguimos. 

Helô Bacellar: a produção de conteúdo tem vínculo direto com suas experiências pessoais Foto: Ana Bacellar

Na temporada na fazenda centenária da família, em São Luiz do Paraitinga, Helô se ocupa. Prepara ao menos duas receitas novas por dia. Reescreve os textos do site, em que receitas são inevitavelmente acompanhadas de boas histórias. Estuda e pesquisa na companhia dos mais de dois mil e quinhentos livros da biblioteca dedicada à culinária que mantém desde criança. Cria um universo particular feito de coleções. De galinhas de louça a formas de bolo. De botões selecionados por cores, costurados em tecidos pendurados nas paredes a candeeiros, tigelinhas de louças dos anos 1930 e 1940 e quadros com paninhos de crochê feitos pela bisavó. Uma colecionadora que transforma tudo ao redor em belezas. "Teve um momento em que eu e a Ana fazíamos tudo em casa: sabão, velas, cerâmica, tingíamos os tecidos usados na produção das fotos com corantes naturais...", lembra Helô. "Tenho um jeito muito rústico de ser".

Bolo de laranja: clássico dos bolos da tarde com o atrativo extra de poder ser preparado no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô trabalhou 20 anos no escritório do pai. Mas queria mesmo estudar gastronomia. Conseguiu realizar o desejo em 1995. Foi para Paris com a filha mais velha, na época com três aninhos, e o marido. Trabalhou em um restaurante três estrelas Michelin, estudou confeitaria e panificação. Voltou um ano depois disposta a abrir uma escola de cozinha, o Atelier Gourmand. No meio do percurso, lançou alguns livros. "Cozinhando para amigos” (2005) ganhou prêmio na Europa e foi traduzido para o inglês. Lançou um segundo volume com o mesmo título em 2008. Depois vieram "Chocolate todo dia" (2010), dois livros sobre cozinha brasileira lançados na França: um deles para a Larousse, outro em parceria com o Le Bon Marché.

Na sala com Helô: colecionadora de objetos vintage caprichosamente dispostos na parede da casa da fazenda Foto: Heloisa Bacellar

Em 2009 inventou de abrir um negócio, o Lá da Venda, um café e restaurante simpático na Vila Madalena, que servia o melhor pão de queijo da cidade. A empreitada durou dez anos, até o apocalipse da pandemia chegar... "Já estava cansada, era só dor de cabeça, muito difícil financeiramente, tinha muitos funcionários, produzia tudo, não tinha sócio, não aguentava mais...", lembra. "Descobri que gosto muito mais de produzir conteúdo, tenho vontade de voltar ao pão de queijo, talvez daqui a um tempo".

A casa centenária em São Luiz do Paraitinga em que Helô vive com o marido e os cachorros Café e Caju Foto: Heloisa Bacellar

“Agora estou vivendo esse momento muito pesado da minha vida, mas seguindo sendo a Helô de sempre. Acho que a minha disciplina de fazer tudo e bem feito não é fácil. Continuo lendo, estudando, gosto de projetos, sabe? Estou descomplicando a vida neste momento. Não penso em retomar coisas muito trabalhosas. Penso assim: se eu colho muito pêssego num dia, vou fazer tudo o que puder com os pêssegos, se for tomate, vai ser com tomate...”

Veja aqui o especial de bolos simples preparados no liquidificador que Helô Bacellar preparou especialmente para o Paladar

Helô Bacellar na fazenda em São Luiz do Paraitinga Foto: Ana Bacellar

Helô Bacellar é dessas pessoas inquietas, curiosas e multitalentosas. Pensa e vive o universo da cozinha 24 horas por dia. Estudiosa compulsiva do assunto, escritora de boas histórias. Apresentadora intuitiva e uma das mulheres mais doces e corajosas que já entrevistei. Sabe aquele ser movido pelo desafio e pela curiosidade? É ela. Optou pela faculdade de Direito porque gostava de escrever. Mas cozinhar sempre ganhou de todos os outros desejos dessa libriana com ascendente em libra que de indecisa não tem nada. "Escrevo religiosamente todo dia, acordo cedo e me ocupo o dia inteiro, gosto de encontrar soluções e costumo dobrar minhas próprias metas, quando um dia rende bem eu coloco uma carinha feliz pra mim mesma", conta enquanto descreve um dia qualquer no cotidiano da vida na fazenda em que mora com o marido: acordar às seis, tomar o primeiro de muitos cafés ao longo do dia, cuidar dos levins, dos queijos que produz, separar os ingredientes de algum prato para o jantar, cuidar dos dois cachorros, Café e Caju, buscar umas florezinhas no jardim para enfeitar os vasos da casa. Uma descrição que caberia num enredo de filme, desses em que a protagonista, movida pelas urgências da vida, busca um viés poético para contar sua própria biografia.

Bolo de chocolate com café, uma das receitas da Helo para o especial sobrebolos simples preparados no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô viveu recentemente a perda da filha mais nova, falecida em agosto de 2021. Eram, além de mãe e filha, parceiras de trabalho. Faziam tudo juntas. São de Ana Bacellar as lindas fotos e os vídeos mais inspirados que aparecem no site da Helô (www.nacozinhadahelo.com.br) e no Instagram @nacozinhadahelo. É no trabalho que ela se reinventa nessa dor que não tem medida. Assim que a filha partiu, resolveu dar continuidade aos projetos que uniam as duas: um programa de tevê desenhado por elas e a nova versão do site, prestes a estrear. "O tempo inteiro estou convivendo com ela e com a vida, tem dias em que tudo é extremamente sofrido, mas esse é um projeto meu e dela e eu resolvi trabalhar nisso", conta. "Às vezes estou buscando uma foto e lembro do que aconteceu naquele dia, como ficou o bolo, como estávamos..." Não foram poucas as vezes em que paramos todos no set de gravação do especial sobre bolos que Helô preparou com exclusividade para o Paladar por conta de alguma memória relacionada à Ana. Uma história, uma imagem, uma peça de cerâmica feita por ela. Entre sorrisos, risadas, bolos e lágrimas, seguimos. 

Helô Bacellar: a produção de conteúdo tem vínculo direto com suas experiências pessoais Foto: Ana Bacellar

Na temporada na fazenda centenária da família, em São Luiz do Paraitinga, Helô se ocupa. Prepara ao menos duas receitas novas por dia. Reescreve os textos do site, em que receitas são inevitavelmente acompanhadas de boas histórias. Estuda e pesquisa na companhia dos mais de dois mil e quinhentos livros da biblioteca dedicada à culinária que mantém desde criança. Cria um universo particular feito de coleções. De galinhas de louça a formas de bolo. De botões selecionados por cores, costurados em tecidos pendurados nas paredes a candeeiros, tigelinhas de louças dos anos 1930 e 1940 e quadros com paninhos de crochê feitos pela bisavó. Uma colecionadora que transforma tudo ao redor em belezas. "Teve um momento em que eu e a Ana fazíamos tudo em casa: sabão, velas, cerâmica, tingíamos os tecidos usados na produção das fotos com corantes naturais...", lembra Helô. "Tenho um jeito muito rústico de ser".

Bolo de laranja: clássico dos bolos da tarde com o atrativo extra de poder ser preparado no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô trabalhou 20 anos no escritório do pai. Mas queria mesmo estudar gastronomia. Conseguiu realizar o desejo em 1995. Foi para Paris com a filha mais velha, na época com três aninhos, e o marido. Trabalhou em um restaurante três estrelas Michelin, estudou confeitaria e panificação. Voltou um ano depois disposta a abrir uma escola de cozinha, o Atelier Gourmand. No meio do percurso, lançou alguns livros. "Cozinhando para amigos” (2005) ganhou prêmio na Europa e foi traduzido para o inglês. Lançou um segundo volume com o mesmo título em 2008. Depois vieram "Chocolate todo dia" (2010), dois livros sobre cozinha brasileira lançados na França: um deles para a Larousse, outro em parceria com o Le Bon Marché.

Na sala com Helô: colecionadora de objetos vintage caprichosamente dispostos na parede da casa da fazenda Foto: Heloisa Bacellar

Em 2009 inventou de abrir um negócio, o Lá da Venda, um café e restaurante simpático na Vila Madalena, que servia o melhor pão de queijo da cidade. A empreitada durou dez anos, até o apocalipse da pandemia chegar... "Já estava cansada, era só dor de cabeça, muito difícil financeiramente, tinha muitos funcionários, produzia tudo, não tinha sócio, não aguentava mais...", lembra. "Descobri que gosto muito mais de produzir conteúdo, tenho vontade de voltar ao pão de queijo, talvez daqui a um tempo".

A casa centenária em São Luiz do Paraitinga em que Helô vive com o marido e os cachorros Café e Caju Foto: Heloisa Bacellar

“Agora estou vivendo esse momento muito pesado da minha vida, mas seguindo sendo a Helô de sempre. Acho que a minha disciplina de fazer tudo e bem feito não é fácil. Continuo lendo, estudando, gosto de projetos, sabe? Estou descomplicando a vida neste momento. Não penso em retomar coisas muito trabalhosas. Penso assim: se eu colho muito pêssego num dia, vou fazer tudo o que puder com os pêssegos, se for tomate, vai ser com tomate...”

Veja aqui o especial de bolos simples preparados no liquidificador que Helô Bacellar preparou especialmente para o Paladar

Helô Bacellar na fazenda em São Luiz do Paraitinga Foto: Ana Bacellar

Helô Bacellar é dessas pessoas inquietas, curiosas e multitalentosas. Pensa e vive o universo da cozinha 24 horas por dia. Estudiosa compulsiva do assunto, escritora de boas histórias. Apresentadora intuitiva e uma das mulheres mais doces e corajosas que já entrevistei. Sabe aquele ser movido pelo desafio e pela curiosidade? É ela. Optou pela faculdade de Direito porque gostava de escrever. Mas cozinhar sempre ganhou de todos os outros desejos dessa libriana com ascendente em libra que de indecisa não tem nada. "Escrevo religiosamente todo dia, acordo cedo e me ocupo o dia inteiro, gosto de encontrar soluções e costumo dobrar minhas próprias metas, quando um dia rende bem eu coloco uma carinha feliz pra mim mesma", conta enquanto descreve um dia qualquer no cotidiano da vida na fazenda em que mora com o marido: acordar às seis, tomar o primeiro de muitos cafés ao longo do dia, cuidar dos levins, dos queijos que produz, separar os ingredientes de algum prato para o jantar, cuidar dos dois cachorros, Café e Caju, buscar umas florezinhas no jardim para enfeitar os vasos da casa. Uma descrição que caberia num enredo de filme, desses em que a protagonista, movida pelas urgências da vida, busca um viés poético para contar sua própria biografia.

Bolo de chocolate com café, uma das receitas da Helo para o especial sobrebolos simples preparados no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô viveu recentemente a perda da filha mais nova, falecida em agosto de 2021. Eram, além de mãe e filha, parceiras de trabalho. Faziam tudo juntas. São de Ana Bacellar as lindas fotos e os vídeos mais inspirados que aparecem no site da Helô (www.nacozinhadahelo.com.br) e no Instagram @nacozinhadahelo. É no trabalho que ela se reinventa nessa dor que não tem medida. Assim que a filha partiu, resolveu dar continuidade aos projetos que uniam as duas: um programa de tevê desenhado por elas e a nova versão do site, prestes a estrear. "O tempo inteiro estou convivendo com ela e com a vida, tem dias em que tudo é extremamente sofrido, mas esse é um projeto meu e dela e eu resolvi trabalhar nisso", conta. "Às vezes estou buscando uma foto e lembro do que aconteceu naquele dia, como ficou o bolo, como estávamos..." Não foram poucas as vezes em que paramos todos no set de gravação do especial sobre bolos que Helô preparou com exclusividade para o Paladar por conta de alguma memória relacionada à Ana. Uma história, uma imagem, uma peça de cerâmica feita por ela. Entre sorrisos, risadas, bolos e lágrimas, seguimos. 

Helô Bacellar: a produção de conteúdo tem vínculo direto com suas experiências pessoais Foto: Ana Bacellar

Na temporada na fazenda centenária da família, em São Luiz do Paraitinga, Helô se ocupa. Prepara ao menos duas receitas novas por dia. Reescreve os textos do site, em que receitas são inevitavelmente acompanhadas de boas histórias. Estuda e pesquisa na companhia dos mais de dois mil e quinhentos livros da biblioteca dedicada à culinária que mantém desde criança. Cria um universo particular feito de coleções. De galinhas de louça a formas de bolo. De botões selecionados por cores, costurados em tecidos pendurados nas paredes a candeeiros, tigelinhas de louças dos anos 1930 e 1940 e quadros com paninhos de crochê feitos pela bisavó. Uma colecionadora que transforma tudo ao redor em belezas. "Teve um momento em que eu e a Ana fazíamos tudo em casa: sabão, velas, cerâmica, tingíamos os tecidos usados na produção das fotos com corantes naturais...", lembra Helô. "Tenho um jeito muito rústico de ser".

Bolo de laranja: clássico dos bolos da tarde com o atrativo extra de poder ser preparado no liquidificador Foto: Ana Bacellar

Helô trabalhou 20 anos no escritório do pai. Mas queria mesmo estudar gastronomia. Conseguiu realizar o desejo em 1995. Foi para Paris com a filha mais velha, na época com três aninhos, e o marido. Trabalhou em um restaurante três estrelas Michelin, estudou confeitaria e panificação. Voltou um ano depois disposta a abrir uma escola de cozinha, o Atelier Gourmand. No meio do percurso, lançou alguns livros. "Cozinhando para amigos” (2005) ganhou prêmio na Europa e foi traduzido para o inglês. Lançou um segundo volume com o mesmo título em 2008. Depois vieram "Chocolate todo dia" (2010), dois livros sobre cozinha brasileira lançados na França: um deles para a Larousse, outro em parceria com o Le Bon Marché.

Na sala com Helô: colecionadora de objetos vintage caprichosamente dispostos na parede da casa da fazenda Foto: Heloisa Bacellar

Em 2009 inventou de abrir um negócio, o Lá da Venda, um café e restaurante simpático na Vila Madalena, que servia o melhor pão de queijo da cidade. A empreitada durou dez anos, até o apocalipse da pandemia chegar... "Já estava cansada, era só dor de cabeça, muito difícil financeiramente, tinha muitos funcionários, produzia tudo, não tinha sócio, não aguentava mais...", lembra. "Descobri que gosto muito mais de produzir conteúdo, tenho vontade de voltar ao pão de queijo, talvez daqui a um tempo".

A casa centenária em São Luiz do Paraitinga em que Helô vive com o marido e os cachorros Café e Caju Foto: Heloisa Bacellar

“Agora estou vivendo esse momento muito pesado da minha vida, mas seguindo sendo a Helô de sempre. Acho que a minha disciplina de fazer tudo e bem feito não é fácil. Continuo lendo, estudando, gosto de projetos, sabe? Estou descomplicando a vida neste momento. Não penso em retomar coisas muito trabalhosas. Penso assim: se eu colho muito pêssego num dia, vou fazer tudo o que puder com os pêssegos, se for tomate, vai ser com tomate...”

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