Suzana Barelli

A sabedoria das vinhas velhas


Quando bem cuidadas, as vinhas velhas geram uvas com maior concentração, boa maturação dos taninos, expressam melhor o terroir e, principalmente, são menos sujeitas às adversidades de cada safra

Por Suzana Barelli
Atualização:

As vinhas velhas dão origem aos melhores vinhos, assim, ao menos, diz o ditado. A verdade parece tão absoluta que, não raro, é estampada nos rótulos. Há vários vinhos assinados como Old Wines ou Viñas Viejas. “As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas”, afirma o produtor argentino Roberto de la Mota, da Mendel Wines.

Ou seja, nem todo vinhedo sobrevive no tempo. A maioria, quando chega aos seus 40, 50 anos, é arrancado e novas vinhas são plantadas em seu lugar. Mas há aqueles em que a qualidade de seus frutos justifica mantê-los, mesmo que com baixa produção – com a idade, as vinhas tender a dar menos frutos.

O próprio De la Mota trocou uma carreira no grupo LVMH quando se encantou com o projeto Mendel, que tem como joia da coroa uma vinha de Malbec, plantada em 1928, em Luján de Cuyo. Prestes a completar 100 anos, a vinha é coberta de cuidados para adiar ao máximo a decisão de arrancá-la em nome de um vinhedo mais produtivo.

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As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas Foto: Marcel Miwa

Quando bem cuidadas e cultivadas sem vírus, as vinhas velhas geram uvas com maior concentração, boa maturação dos taninos, expressam melhor o terroir e, principalmente, são menos sujeitas às adversidades de cada safra, como o estresse hídrico. Suas raízes muito profundas sabem onde pegar seus nutrientes.

É a relação econômica entre rendimento e qualidade das uvas que define até quando esta vinha velha será mantida no vinhedo. Em algum momento, o produtor abrirá mão de uma planta porque a sua baixa produção não compensa estes ganhos qualitativos. 

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Infelizmente, ainda são poucos os estudos sobre as vinhas velhas. A Argentina, por exemplo, está fazendo um trabalho de reconhecer os seus vinhedos antigos. O primeiro passo é definir qual a idade de uma vinha velha, já que não há legislação a respeito. O país tende a considerar que são aqueles com mais de 40 anos, o que representa 27,52% dos 218,2 mil hectares de vinhedos locais.

Em geral, é no terceiro ano de vida que o vinhedo tem a sua primeira vindima com potencial enológico, explica o sommelier argentino Alejandro Iglesas em apresentação da Wines of Argentina. No sétimo ano, considera-se que suas uvas já têm boa maturação e equilíbrio – mas os grandes vinhos raramente utilizam uvas de vinhas com menos de dez anos em seus blends. E, com 25 anos, a planta pode ser considerada longeva.

Mas são as vinhas muito velhas que contam histórias. Aqui lembro de duas delas. A primeira é a vinha Maria Teresa, plantada quando a então menina Maria Teresa nasceu, há mais de cem anos, na Quinta do Crasto. Em 2013, a quinta começou um trabalho de identificar quais as variedades cultivadas neste pequeno vinhedo de 4,7 hectares. Naquela época, as uvas eram plantadas misturadas e davam origem ao vinho do Porto. De acordo com as últimas notícias, 54 variedades já foram identificadas, mas cinco ainda são desconhecidas, quatro delas, brancas.

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Ainda em produção, cada planta que dá origem ao tinto Vinha Maria Teresa produz 300 gramas de uva por safra. Em uma videira jovem, a produção é medida por toneladas por hectare.

Outra boa história é do tinto espanhol Termanthia. São 4,78 hectares de vinhas de mais de 150 anos, plantadas em um solo arenoso na região de Toro. Até o final do século passado, era um vinhedo quase abandonado, que foi recuperado e atualmente dá origem a um dos melhores vinhos espanhóis. Suas raízes estão a mais de 5 metros de profundidade, de onde tiram seus nutrientes, e o vinhedo não é irrigado.

São exemplos como estes (e há outros pelo mundo), que levam os produtores a procurarem sempre vinhas velhas de qualidade, torcendo para que seus donos não arranquem os vinhedos pela sua baixa produção. 

As vinhas velhas dão origem aos melhores vinhos, assim, ao menos, diz o ditado. A verdade parece tão absoluta que, não raro, é estampada nos rótulos. Há vários vinhos assinados como Old Wines ou Viñas Viejas. “As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas”, afirma o produtor argentino Roberto de la Mota, da Mendel Wines.

Ou seja, nem todo vinhedo sobrevive no tempo. A maioria, quando chega aos seus 40, 50 anos, é arrancado e novas vinhas são plantadas em seu lugar. Mas há aqueles em que a qualidade de seus frutos justifica mantê-los, mesmo que com baixa produção – com a idade, as vinhas tender a dar menos frutos.

O próprio De la Mota trocou uma carreira no grupo LVMH quando se encantou com o projeto Mendel, que tem como joia da coroa uma vinha de Malbec, plantada em 1928, em Luján de Cuyo. Prestes a completar 100 anos, a vinha é coberta de cuidados para adiar ao máximo a decisão de arrancá-la em nome de um vinhedo mais produtivo.

As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas Foto: Marcel Miwa

Quando bem cuidadas e cultivadas sem vírus, as vinhas velhas geram uvas com maior concentração, boa maturação dos taninos, expressam melhor o terroir e, principalmente, são menos sujeitas às adversidades de cada safra, como o estresse hídrico. Suas raízes muito profundas sabem onde pegar seus nutrientes.

É a relação econômica entre rendimento e qualidade das uvas que define até quando esta vinha velha será mantida no vinhedo. Em algum momento, o produtor abrirá mão de uma planta porque a sua baixa produção não compensa estes ganhos qualitativos. 

Infelizmente, ainda são poucos os estudos sobre as vinhas velhas. A Argentina, por exemplo, está fazendo um trabalho de reconhecer os seus vinhedos antigos. O primeiro passo é definir qual a idade de uma vinha velha, já que não há legislação a respeito. O país tende a considerar que são aqueles com mais de 40 anos, o que representa 27,52% dos 218,2 mil hectares de vinhedos locais.

Em geral, é no terceiro ano de vida que o vinhedo tem a sua primeira vindima com potencial enológico, explica o sommelier argentino Alejandro Iglesas em apresentação da Wines of Argentina. No sétimo ano, considera-se que suas uvas já têm boa maturação e equilíbrio – mas os grandes vinhos raramente utilizam uvas de vinhas com menos de dez anos em seus blends. E, com 25 anos, a planta pode ser considerada longeva.

Mas são as vinhas muito velhas que contam histórias. Aqui lembro de duas delas. A primeira é a vinha Maria Teresa, plantada quando a então menina Maria Teresa nasceu, há mais de cem anos, na Quinta do Crasto. Em 2013, a quinta começou um trabalho de identificar quais as variedades cultivadas neste pequeno vinhedo de 4,7 hectares. Naquela época, as uvas eram plantadas misturadas e davam origem ao vinho do Porto. De acordo com as últimas notícias, 54 variedades já foram identificadas, mas cinco ainda são desconhecidas, quatro delas, brancas.

Ainda em produção, cada planta que dá origem ao tinto Vinha Maria Teresa produz 300 gramas de uva por safra. Em uma videira jovem, a produção é medida por toneladas por hectare.

Outra boa história é do tinto espanhol Termanthia. São 4,78 hectares de vinhas de mais de 150 anos, plantadas em um solo arenoso na região de Toro. Até o final do século passado, era um vinhedo quase abandonado, que foi recuperado e atualmente dá origem a um dos melhores vinhos espanhóis. Suas raízes estão a mais de 5 metros de profundidade, de onde tiram seus nutrientes, e o vinhedo não é irrigado.

São exemplos como estes (e há outros pelo mundo), que levam os produtores a procurarem sempre vinhas velhas de qualidade, torcendo para que seus donos não arranquem os vinhedos pela sua baixa produção. 

As vinhas velhas dão origem aos melhores vinhos, assim, ao menos, diz o ditado. A verdade parece tão absoluta que, não raro, é estampada nos rótulos. Há vários vinhos assinados como Old Wines ou Viñas Viejas. “As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas”, afirma o produtor argentino Roberto de la Mota, da Mendel Wines.

Ou seja, nem todo vinhedo sobrevive no tempo. A maioria, quando chega aos seus 40, 50 anos, é arrancado e novas vinhas são plantadas em seu lugar. Mas há aqueles em que a qualidade de seus frutos justifica mantê-los, mesmo que com baixa produção – com a idade, as vinhas tender a dar menos frutos.

O próprio De la Mota trocou uma carreira no grupo LVMH quando se encantou com o projeto Mendel, que tem como joia da coroa uma vinha de Malbec, plantada em 1928, em Luján de Cuyo. Prestes a completar 100 anos, a vinha é coberta de cuidados para adiar ao máximo a decisão de arrancá-la em nome de um vinhedo mais produtivo.

As videiras não são boas por serem velhas, são velhas porque são boas Foto: Marcel Miwa

Quando bem cuidadas e cultivadas sem vírus, as vinhas velhas geram uvas com maior concentração, boa maturação dos taninos, expressam melhor o terroir e, principalmente, são menos sujeitas às adversidades de cada safra, como o estresse hídrico. Suas raízes muito profundas sabem onde pegar seus nutrientes.

É a relação econômica entre rendimento e qualidade das uvas que define até quando esta vinha velha será mantida no vinhedo. Em algum momento, o produtor abrirá mão de uma planta porque a sua baixa produção não compensa estes ganhos qualitativos. 

Infelizmente, ainda são poucos os estudos sobre as vinhas velhas. A Argentina, por exemplo, está fazendo um trabalho de reconhecer os seus vinhedos antigos. O primeiro passo é definir qual a idade de uma vinha velha, já que não há legislação a respeito. O país tende a considerar que são aqueles com mais de 40 anos, o que representa 27,52% dos 218,2 mil hectares de vinhedos locais.

Em geral, é no terceiro ano de vida que o vinhedo tem a sua primeira vindima com potencial enológico, explica o sommelier argentino Alejandro Iglesas em apresentação da Wines of Argentina. No sétimo ano, considera-se que suas uvas já têm boa maturação e equilíbrio – mas os grandes vinhos raramente utilizam uvas de vinhas com menos de dez anos em seus blends. E, com 25 anos, a planta pode ser considerada longeva.

Mas são as vinhas muito velhas que contam histórias. Aqui lembro de duas delas. A primeira é a vinha Maria Teresa, plantada quando a então menina Maria Teresa nasceu, há mais de cem anos, na Quinta do Crasto. Em 2013, a quinta começou um trabalho de identificar quais as variedades cultivadas neste pequeno vinhedo de 4,7 hectares. Naquela época, as uvas eram plantadas misturadas e davam origem ao vinho do Porto. De acordo com as últimas notícias, 54 variedades já foram identificadas, mas cinco ainda são desconhecidas, quatro delas, brancas.

Ainda em produção, cada planta que dá origem ao tinto Vinha Maria Teresa produz 300 gramas de uva por safra. Em uma videira jovem, a produção é medida por toneladas por hectare.

Outra boa história é do tinto espanhol Termanthia. São 4,78 hectares de vinhas de mais de 150 anos, plantadas em um solo arenoso na região de Toro. Até o final do século passado, era um vinhedo quase abandonado, que foi recuperado e atualmente dá origem a um dos melhores vinhos espanhóis. Suas raízes estão a mais de 5 metros de profundidade, de onde tiram seus nutrientes, e o vinhedo não é irrigado.

São exemplos como estes (e há outros pelo mundo), que levam os produtores a procurarem sempre vinhas velhas de qualidade, torcendo para que seus donos não arranquem os vinhedos pela sua baixa produção. 

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