Suzana Barelli

Anote o nome dessa técnica: poda invertida


O enólogo Mario Geisse é o mais novo enólogo a seguir a técnica, responsável pelos chamados vinhos de inverno

Por Suzana Barelli

O chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida, uma maneira de “enganar” as vinhas e fazer com que elas deem frutos no inverno. Conhecido no Brasil pelos seus espumantes – a Cave Geisse foi uma das primeiras a ganhar reconhecimento, inclusive internacional, pela qualidade de suas borbulhas gaúchas –, Geisse agora é também o enólogo do Alma Gerais, ambicioso projeto dos empresários mineiros Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios, na região de Larvas (MG), que ele concilia, ainda, com sua vinícola de brancos e tintos no Chile.

Chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida Foto: Família Geisse

“É um desafio. Trabalhar com a poda invertida significa repensar muitas coisas nos vinhedos”, afirma Geisse. Foi um pensamento semelhante que atraiu o francês Pierre Lurton a entrar no projeto Casa Tés, outra vinícola focada nos chamados vinhos de inverno no lado paulista da Serra da Mantiqueira. Lurton é o francês à frente de vinhos ícones, como o bordeaux Cheval Blanc, o sauternes Château D’Yqyem, tem o Château Marjosse como projeto pessoal, também em Bordeaux, mas dedica um tempo do seu dia para a cabernet franc do interior de São Paulo. Ou que levou o agrônomo português Paulo Macedo a trabalhar na Guaspari, a pioneira vinícola, também na Serra da Mantiqueira, a chamar atenção para esse tipo de cultivo. Especializado nos solos e subsolos do Douro, ele vem pelo menos cinco vezes por ano ao Brasil para entender e acompanhar as vinhas cultivadas com essa técnica.

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A ORIGEM

A poda invertida, também chamada de dupla poda ou vinho de inverno, foi criada pelo pesquisador Murillo de Albuquerque Regina, então na Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Ele partiu da observação do clima: na região Sudeste e Centro Oeste do Brasil, exatamente onde a técnica vem dando resultado, os invernos são secos e, em suas regiões montanhosas, há maior amplitude térmica entre o dia e a noite. São dois fatores importantes para elaborar vinhos de qualidade.

O desafio foi fazer as videiras darem frutos nesta época do ano e não no final do verão, quando o clima geralmente é chuvoso. E ele conseguiu isso ao mudar o sistema de poda das vinhas, com irrigação e com o uso de um hormônio, o dormex, muito usado na cultura da maça.

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O empresário Alessandro Rios, que decidiu investir agora em vinhedos Foto: Daniel Mansur/Divulgação

A técnica deu certo, mas não é tão fácil como a explicação indica. Nem todas as variedades se adaptam bem – a syrah, nas tintas, e a sauvignon blanc, nas brancas, têm se mostrado as mais promissoras –, muitas vezes os rendimentos são baixos ou há falhas de produção de cada planta. “Ainda há muito a entender das plantas e porque o rendimento é tão baixo”, afirma o viticultor chileno Rene Vasquez, braço direito de Geisse em diversos projetos. Em Lavras, um dos problemas as vinhas de syrah é a baixa produtividade, entre 2 e 3 mil plantas por hectare quando o esperado é, ao menos, o dobro.

MAIS DE 50 VINÍCOLAS

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O Alma Gerais é um dos mais de 50 projetos de vinhedos em Minas Gerais, a maioria focado na dupla poda. Ambicioso, são duas áreas de vinhedos, uma em Lavras, com quatro hectares de vinhedos plantados dentro do condomínio Vivert Reserva da Mata e previsão de chegar a 10,5 hectares, e outra em São Gonçalo do Sapucaí, com mais 6 hectares de vinhas e em uma área de maior altitude.

O empresário Antônio Alberto Júnior com as primeiras uvas de syrah, para o projeto Alma Gerais. Foto: Daniel Mansur/Divulgação

No Vivert, os empresários e irmãos Rios e Antônio Júnior estão erguendo também um condomínio, chamado de Enovila, no qual a proposta é cada proprietário ter direito a utilizar a casa por uma semana a cada quatro meses e, assim, acompanhar as diversas etapas de elaboração do vinho. Com investimento total de R$ 140 milhões, incluindo vinhedos e vinícola, há também restaurante e um winebar flutuante, que devem ser inaugurados em julho. Aproveitam que o condomínio está nas margens da represa do Funil, navegável e que possibilita vários esportes aquáticos.

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Sobre os vinhos, ainda é cedo para destacar suas características já que as vinhas são muito jovens. Mas Geisse, Varquez e o enólogo residente Thiago Sfreddo Hunoff fazem várias vinificações. Há experiências interessantes com a sauvignon blanc, com passagem apenas em tanques de inox e, outras em tanques de concreto em formato de ovo. Na syrah, há versões com passagem por barricas de carvalho. No projeto, a ideia é que, além do vinho Alma Gerais, o sócio da Enovila possa fazer o seu próprio vinho e decidir a quantidade de garrafas. Com forte investimento também em tecnologia, é possível ao sócio engarrafas lotes pequenos, de 30 garrafas, por exemplo.

O chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida, uma maneira de “enganar” as vinhas e fazer com que elas deem frutos no inverno. Conhecido no Brasil pelos seus espumantes – a Cave Geisse foi uma das primeiras a ganhar reconhecimento, inclusive internacional, pela qualidade de suas borbulhas gaúchas –, Geisse agora é também o enólogo do Alma Gerais, ambicioso projeto dos empresários mineiros Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios, na região de Larvas (MG), que ele concilia, ainda, com sua vinícola de brancos e tintos no Chile.

Chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida Foto: Família Geisse

“É um desafio. Trabalhar com a poda invertida significa repensar muitas coisas nos vinhedos”, afirma Geisse. Foi um pensamento semelhante que atraiu o francês Pierre Lurton a entrar no projeto Casa Tés, outra vinícola focada nos chamados vinhos de inverno no lado paulista da Serra da Mantiqueira. Lurton é o francês à frente de vinhos ícones, como o bordeaux Cheval Blanc, o sauternes Château D’Yqyem, tem o Château Marjosse como projeto pessoal, também em Bordeaux, mas dedica um tempo do seu dia para a cabernet franc do interior de São Paulo. Ou que levou o agrônomo português Paulo Macedo a trabalhar na Guaspari, a pioneira vinícola, também na Serra da Mantiqueira, a chamar atenção para esse tipo de cultivo. Especializado nos solos e subsolos do Douro, ele vem pelo menos cinco vezes por ano ao Brasil para entender e acompanhar as vinhas cultivadas com essa técnica.

A ORIGEM

A poda invertida, também chamada de dupla poda ou vinho de inverno, foi criada pelo pesquisador Murillo de Albuquerque Regina, então na Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Ele partiu da observação do clima: na região Sudeste e Centro Oeste do Brasil, exatamente onde a técnica vem dando resultado, os invernos são secos e, em suas regiões montanhosas, há maior amplitude térmica entre o dia e a noite. São dois fatores importantes para elaborar vinhos de qualidade.

O desafio foi fazer as videiras darem frutos nesta época do ano e não no final do verão, quando o clima geralmente é chuvoso. E ele conseguiu isso ao mudar o sistema de poda das vinhas, com irrigação e com o uso de um hormônio, o dormex, muito usado na cultura da maça.

O empresário Alessandro Rios, que decidiu investir agora em vinhedos Foto: Daniel Mansur/Divulgação

A técnica deu certo, mas não é tão fácil como a explicação indica. Nem todas as variedades se adaptam bem – a syrah, nas tintas, e a sauvignon blanc, nas brancas, têm se mostrado as mais promissoras –, muitas vezes os rendimentos são baixos ou há falhas de produção de cada planta. “Ainda há muito a entender das plantas e porque o rendimento é tão baixo”, afirma o viticultor chileno Rene Vasquez, braço direito de Geisse em diversos projetos. Em Lavras, um dos problemas as vinhas de syrah é a baixa produtividade, entre 2 e 3 mil plantas por hectare quando o esperado é, ao menos, o dobro.

MAIS DE 50 VINÍCOLAS

O Alma Gerais é um dos mais de 50 projetos de vinhedos em Minas Gerais, a maioria focado na dupla poda. Ambicioso, são duas áreas de vinhedos, uma em Lavras, com quatro hectares de vinhedos plantados dentro do condomínio Vivert Reserva da Mata e previsão de chegar a 10,5 hectares, e outra em São Gonçalo do Sapucaí, com mais 6 hectares de vinhas e em uma área de maior altitude.

O empresário Antônio Alberto Júnior com as primeiras uvas de syrah, para o projeto Alma Gerais. Foto: Daniel Mansur/Divulgação

No Vivert, os empresários e irmãos Rios e Antônio Júnior estão erguendo também um condomínio, chamado de Enovila, no qual a proposta é cada proprietário ter direito a utilizar a casa por uma semana a cada quatro meses e, assim, acompanhar as diversas etapas de elaboração do vinho. Com investimento total de R$ 140 milhões, incluindo vinhedos e vinícola, há também restaurante e um winebar flutuante, que devem ser inaugurados em julho. Aproveitam que o condomínio está nas margens da represa do Funil, navegável e que possibilita vários esportes aquáticos.

Sobre os vinhos, ainda é cedo para destacar suas características já que as vinhas são muito jovens. Mas Geisse, Varquez e o enólogo residente Thiago Sfreddo Hunoff fazem várias vinificações. Há experiências interessantes com a sauvignon blanc, com passagem apenas em tanques de inox e, outras em tanques de concreto em formato de ovo. Na syrah, há versões com passagem por barricas de carvalho. No projeto, a ideia é que, além do vinho Alma Gerais, o sócio da Enovila possa fazer o seu próprio vinho e decidir a quantidade de garrafas. Com forte investimento também em tecnologia, é possível ao sócio engarrafas lotes pequenos, de 30 garrafas, por exemplo.

O chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida, uma maneira de “enganar” as vinhas e fazer com que elas deem frutos no inverno. Conhecido no Brasil pelos seus espumantes – a Cave Geisse foi uma das primeiras a ganhar reconhecimento, inclusive internacional, pela qualidade de suas borbulhas gaúchas –, Geisse agora é também o enólogo do Alma Gerais, ambicioso projeto dos empresários mineiros Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios, na região de Larvas (MG), que ele concilia, ainda, com sua vinícola de brancos e tintos no Chile.

Chileno Mário Geisse é o mais novo enólogo a se encantar com a técnica da poda invertida Foto: Família Geisse

“É um desafio. Trabalhar com a poda invertida significa repensar muitas coisas nos vinhedos”, afirma Geisse. Foi um pensamento semelhante que atraiu o francês Pierre Lurton a entrar no projeto Casa Tés, outra vinícola focada nos chamados vinhos de inverno no lado paulista da Serra da Mantiqueira. Lurton é o francês à frente de vinhos ícones, como o bordeaux Cheval Blanc, o sauternes Château D’Yqyem, tem o Château Marjosse como projeto pessoal, também em Bordeaux, mas dedica um tempo do seu dia para a cabernet franc do interior de São Paulo. Ou que levou o agrônomo português Paulo Macedo a trabalhar na Guaspari, a pioneira vinícola, também na Serra da Mantiqueira, a chamar atenção para esse tipo de cultivo. Especializado nos solos e subsolos do Douro, ele vem pelo menos cinco vezes por ano ao Brasil para entender e acompanhar as vinhas cultivadas com essa técnica.

A ORIGEM

A poda invertida, também chamada de dupla poda ou vinho de inverno, foi criada pelo pesquisador Murillo de Albuquerque Regina, então na Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Ele partiu da observação do clima: na região Sudeste e Centro Oeste do Brasil, exatamente onde a técnica vem dando resultado, os invernos são secos e, em suas regiões montanhosas, há maior amplitude térmica entre o dia e a noite. São dois fatores importantes para elaborar vinhos de qualidade.

O desafio foi fazer as videiras darem frutos nesta época do ano e não no final do verão, quando o clima geralmente é chuvoso. E ele conseguiu isso ao mudar o sistema de poda das vinhas, com irrigação e com o uso de um hormônio, o dormex, muito usado na cultura da maça.

O empresário Alessandro Rios, que decidiu investir agora em vinhedos Foto: Daniel Mansur/Divulgação

A técnica deu certo, mas não é tão fácil como a explicação indica. Nem todas as variedades se adaptam bem – a syrah, nas tintas, e a sauvignon blanc, nas brancas, têm se mostrado as mais promissoras –, muitas vezes os rendimentos são baixos ou há falhas de produção de cada planta. “Ainda há muito a entender das plantas e porque o rendimento é tão baixo”, afirma o viticultor chileno Rene Vasquez, braço direito de Geisse em diversos projetos. Em Lavras, um dos problemas as vinhas de syrah é a baixa produtividade, entre 2 e 3 mil plantas por hectare quando o esperado é, ao menos, o dobro.

MAIS DE 50 VINÍCOLAS

O Alma Gerais é um dos mais de 50 projetos de vinhedos em Minas Gerais, a maioria focado na dupla poda. Ambicioso, são duas áreas de vinhedos, uma em Lavras, com quatro hectares de vinhedos plantados dentro do condomínio Vivert Reserva da Mata e previsão de chegar a 10,5 hectares, e outra em São Gonçalo do Sapucaí, com mais 6 hectares de vinhas e em uma área de maior altitude.

O empresário Antônio Alberto Júnior com as primeiras uvas de syrah, para o projeto Alma Gerais. Foto: Daniel Mansur/Divulgação

No Vivert, os empresários e irmãos Rios e Antônio Júnior estão erguendo também um condomínio, chamado de Enovila, no qual a proposta é cada proprietário ter direito a utilizar a casa por uma semana a cada quatro meses e, assim, acompanhar as diversas etapas de elaboração do vinho. Com investimento total de R$ 140 milhões, incluindo vinhedos e vinícola, há também restaurante e um winebar flutuante, que devem ser inaugurados em julho. Aproveitam que o condomínio está nas margens da represa do Funil, navegável e que possibilita vários esportes aquáticos.

Sobre os vinhos, ainda é cedo para destacar suas características já que as vinhas são muito jovens. Mas Geisse, Varquez e o enólogo residente Thiago Sfreddo Hunoff fazem várias vinificações. Há experiências interessantes com a sauvignon blanc, com passagem apenas em tanques de inox e, outras em tanques de concreto em formato de ovo. Na syrah, há versões com passagem por barricas de carvalho. No projeto, a ideia é que, além do vinho Alma Gerais, o sócio da Enovila possa fazer o seu próprio vinho e decidir a quantidade de garrafas. Com forte investimento também em tecnologia, é possível ao sócio engarrafas lotes pequenos, de 30 garrafas, por exemplo.

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