Suzana Barelli

As pioneiras: a história das mulheres no mundo do vinho


Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos grandes precursoras

Por Suzana Barelli
Atualização:
Garrafas do champgane Veuve Clicquot Foto: Toby Melville

A história das mulheres no mundo do vinho é relativamente recente. Até o século 19, aquelas que conseguiram destaque herdaram as vinícolas de seus maridos ao ficarem viúvas e decidiram (ou precisaram) assumir o negócio. O exemplo mais conhecido é da francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot. Em sua época, e com as restrições ao trabalho feminino, ela não apenas conseguiu expandir a sua maison, que assumiu com a morte do marido, quando ela tinha 27 anos, como trouxe inovações importantes para a elaboração do champanhe. 

Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot Foto: Reprodução
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É dela a criação da técnica conhecida como remuage, utilizada até hoje, que permite levar as leveduras (ou o que restou dela) para o gargalo da garrafa e retirá-las, tornando a bebida límpida e sem sedimentos. Ousada nos negócios, a viúva Clicquot também desafiou Napoleão ao vender seus champanhes para os czares russos, que desde aquela época apreciavam suas borbulhas. Ela também foi a primeira de uma série de viúvas importantes na história das borbulhas, como Louise Pommery (que apostou na redução do teor de açúcar nesta bebida, no final do século 19, para agradar mais aos ingleses) e Lilly Bollinger (figura importante durante a Segunda Guerra Mundial).

A segunda personagem marcante na história do vinho é a portuguesa Antónia Adelaide Ferreira, a dona Ferreirinha (1811 a 1896). Aos 33 anos, ela assumiu os negócios da família também com a morte do marido, e decidiu se concentrar na produção e comercialização do Vinho do Porto. Um exemplo é sua viagem à Inglaterra para descobrir como combater a filoxera, praga que atacou os vinhedos europeus no século 19. Desta viagem, dona Ferreirinha também trouxe na mala novas técnicas de cultivo para o norte de Portugal.

A inglesa Jancis Robinson foi a primeira mulhera conquistar o cobiçado título de Máster of Wine Foto: Acervo
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Dona Ferreirinha também investiu em ampliar os seus vinhedos – quando faleceu, ela era dona de quase 30 quintas pelo Douro, incluindo a do Vale Meão, que comprou quando todos acharam loucura investir fora das fronteiras da região demarcada do Douro, numa zona quase fronteira com a Espanha. Décadas mais tarde, este vinhedo deu origem ao ícone Barca Velha. Sua importância pode ser medida pelas mais de 300 mil pessoas que acompanharam o seu funeral no Douro. 

As demais mulheres começaram a se destacar em tempos mais recentes. Uma delas é a inglesa Jancis Robinson, que foi a primeira mulher então fora do mercado do vinho a conquistar o cobiçado (e dificílimo) título de Máster of Wine em 1984. Dona de uma enorme capacidade de degustação, ela também tem um texto didático e suas obras, como “The World Atlas of Wine” e “Wine Grapes”, são referência para quem quer aprender mais sobre o tema. 

A argentina Susana Balbo (ao centro), a primeira mulher a se formar em enologia em seu país Foto: Reprodução
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Contemporâneas à Jancis, começaram a surgir enólogas e produtoras. Aqui, não raro, elas destacam as dificuldades de atuar em um ambiente muito masculino, lembrando que o preconceito já foi maior. Um exemplo é a argentina Susana Balbo, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país, em 1981. Ela começou a trabalhar na região de Salta, ao norte do país, porque foi a única vinícola onde conseguiu emprego. Décadas depois, Susana voltou para Mendoza, trabalhou em vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e hoje tem uma vinícola que leva o seu nome.

Lalou Bize-Leroyé co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti Foto: Acervo

Outro exemplo é a francesa Lalou Bize-Leroy, que desde 1955 comanda a Maison Leroy, fundada por seu avô. Lalou, como é chamada,também é co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti, mas a sua personalidade forte a tirou da administração desta vinícola. Com as atenções voltadas aos seus vinhedos, ela segue a agricultura biodinâmica desde o final dos anos 1980 e seus brancos e tintos estão entre os mais caros da Borgonha. Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos seus exemplos.

Garrafas do champgane Veuve Clicquot Foto: Toby Melville

A história das mulheres no mundo do vinho é relativamente recente. Até o século 19, aquelas que conseguiram destaque herdaram as vinícolas de seus maridos ao ficarem viúvas e decidiram (ou precisaram) assumir o negócio. O exemplo mais conhecido é da francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot. Em sua época, e com as restrições ao trabalho feminino, ela não apenas conseguiu expandir a sua maison, que assumiu com a morte do marido, quando ela tinha 27 anos, como trouxe inovações importantes para a elaboração do champanhe. 

Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot Foto: Reprodução

É dela a criação da técnica conhecida como remuage, utilizada até hoje, que permite levar as leveduras (ou o que restou dela) para o gargalo da garrafa e retirá-las, tornando a bebida límpida e sem sedimentos. Ousada nos negócios, a viúva Clicquot também desafiou Napoleão ao vender seus champanhes para os czares russos, que desde aquela época apreciavam suas borbulhas. Ela também foi a primeira de uma série de viúvas importantes na história das borbulhas, como Louise Pommery (que apostou na redução do teor de açúcar nesta bebida, no final do século 19, para agradar mais aos ingleses) e Lilly Bollinger (figura importante durante a Segunda Guerra Mundial).

A segunda personagem marcante na história do vinho é a portuguesa Antónia Adelaide Ferreira, a dona Ferreirinha (1811 a 1896). Aos 33 anos, ela assumiu os negócios da família também com a morte do marido, e decidiu se concentrar na produção e comercialização do Vinho do Porto. Um exemplo é sua viagem à Inglaterra para descobrir como combater a filoxera, praga que atacou os vinhedos europeus no século 19. Desta viagem, dona Ferreirinha também trouxe na mala novas técnicas de cultivo para o norte de Portugal.

A inglesa Jancis Robinson foi a primeira mulhera conquistar o cobiçado título de Máster of Wine Foto: Acervo

Dona Ferreirinha também investiu em ampliar os seus vinhedos – quando faleceu, ela era dona de quase 30 quintas pelo Douro, incluindo a do Vale Meão, que comprou quando todos acharam loucura investir fora das fronteiras da região demarcada do Douro, numa zona quase fronteira com a Espanha. Décadas mais tarde, este vinhedo deu origem ao ícone Barca Velha. Sua importância pode ser medida pelas mais de 300 mil pessoas que acompanharam o seu funeral no Douro. 

As demais mulheres começaram a se destacar em tempos mais recentes. Uma delas é a inglesa Jancis Robinson, que foi a primeira mulher então fora do mercado do vinho a conquistar o cobiçado (e dificílimo) título de Máster of Wine em 1984. Dona de uma enorme capacidade de degustação, ela também tem um texto didático e suas obras, como “The World Atlas of Wine” e “Wine Grapes”, são referência para quem quer aprender mais sobre o tema. 

A argentina Susana Balbo (ao centro), a primeira mulher a se formar em enologia em seu país Foto: Reprodução

Contemporâneas à Jancis, começaram a surgir enólogas e produtoras. Aqui, não raro, elas destacam as dificuldades de atuar em um ambiente muito masculino, lembrando que o preconceito já foi maior. Um exemplo é a argentina Susana Balbo, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país, em 1981. Ela começou a trabalhar na região de Salta, ao norte do país, porque foi a única vinícola onde conseguiu emprego. Décadas depois, Susana voltou para Mendoza, trabalhou em vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e hoje tem uma vinícola que leva o seu nome.

Lalou Bize-Leroyé co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti Foto: Acervo

Outro exemplo é a francesa Lalou Bize-Leroy, que desde 1955 comanda a Maison Leroy, fundada por seu avô. Lalou, como é chamada,também é co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti, mas a sua personalidade forte a tirou da administração desta vinícola. Com as atenções voltadas aos seus vinhedos, ela segue a agricultura biodinâmica desde o final dos anos 1980 e seus brancos e tintos estão entre os mais caros da Borgonha. Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos seus exemplos.

Garrafas do champgane Veuve Clicquot Foto: Toby Melville

A história das mulheres no mundo do vinho é relativamente recente. Até o século 19, aquelas que conseguiram destaque herdaram as vinícolas de seus maridos ao ficarem viúvas e decidiram (ou precisaram) assumir o negócio. O exemplo mais conhecido é da francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot. Em sua época, e com as restrições ao trabalho feminino, ela não apenas conseguiu expandir a sua maison, que assumiu com a morte do marido, quando ela tinha 27 anos, como trouxe inovações importantes para a elaboração do champanhe. 

Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot Foto: Reprodução

É dela a criação da técnica conhecida como remuage, utilizada até hoje, que permite levar as leveduras (ou o que restou dela) para o gargalo da garrafa e retirá-las, tornando a bebida límpida e sem sedimentos. Ousada nos negócios, a viúva Clicquot também desafiou Napoleão ao vender seus champanhes para os czares russos, que desde aquela época apreciavam suas borbulhas. Ela também foi a primeira de uma série de viúvas importantes na história das borbulhas, como Louise Pommery (que apostou na redução do teor de açúcar nesta bebida, no final do século 19, para agradar mais aos ingleses) e Lilly Bollinger (figura importante durante a Segunda Guerra Mundial).

A segunda personagem marcante na história do vinho é a portuguesa Antónia Adelaide Ferreira, a dona Ferreirinha (1811 a 1896). Aos 33 anos, ela assumiu os negócios da família também com a morte do marido, e decidiu se concentrar na produção e comercialização do Vinho do Porto. Um exemplo é sua viagem à Inglaterra para descobrir como combater a filoxera, praga que atacou os vinhedos europeus no século 19. Desta viagem, dona Ferreirinha também trouxe na mala novas técnicas de cultivo para o norte de Portugal.

A inglesa Jancis Robinson foi a primeira mulhera conquistar o cobiçado título de Máster of Wine Foto: Acervo

Dona Ferreirinha também investiu em ampliar os seus vinhedos – quando faleceu, ela era dona de quase 30 quintas pelo Douro, incluindo a do Vale Meão, que comprou quando todos acharam loucura investir fora das fronteiras da região demarcada do Douro, numa zona quase fronteira com a Espanha. Décadas mais tarde, este vinhedo deu origem ao ícone Barca Velha. Sua importância pode ser medida pelas mais de 300 mil pessoas que acompanharam o seu funeral no Douro. 

As demais mulheres começaram a se destacar em tempos mais recentes. Uma delas é a inglesa Jancis Robinson, que foi a primeira mulher então fora do mercado do vinho a conquistar o cobiçado (e dificílimo) título de Máster of Wine em 1984. Dona de uma enorme capacidade de degustação, ela também tem um texto didático e suas obras, como “The World Atlas of Wine” e “Wine Grapes”, são referência para quem quer aprender mais sobre o tema. 

A argentina Susana Balbo (ao centro), a primeira mulher a se formar em enologia em seu país Foto: Reprodução

Contemporâneas à Jancis, começaram a surgir enólogas e produtoras. Aqui, não raro, elas destacam as dificuldades de atuar em um ambiente muito masculino, lembrando que o preconceito já foi maior. Um exemplo é a argentina Susana Balbo, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país, em 1981. Ela começou a trabalhar na região de Salta, ao norte do país, porque foi a única vinícola onde conseguiu emprego. Décadas depois, Susana voltou para Mendoza, trabalhou em vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e hoje tem uma vinícola que leva o seu nome.

Lalou Bize-Leroyé co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti Foto: Acervo

Outro exemplo é a francesa Lalou Bize-Leroy, que desde 1955 comanda a Maison Leroy, fundada por seu avô. Lalou, como é chamada,também é co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti, mas a sua personalidade forte a tirou da administração desta vinícola. Com as atenções voltadas aos seus vinhedos, ela segue a agricultura biodinâmica desde o final dos anos 1980 e seus brancos e tintos estão entre os mais caros da Borgonha. Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos seus exemplos.

Garrafas do champgane Veuve Clicquot Foto: Toby Melville

A história das mulheres no mundo do vinho é relativamente recente. Até o século 19, aquelas que conseguiram destaque herdaram as vinícolas de seus maridos ao ficarem viúvas e decidiram (ou precisaram) assumir o negócio. O exemplo mais conhecido é da francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot. Em sua época, e com as restrições ao trabalho feminino, ela não apenas conseguiu expandir a sua maison, que assumiu com a morte do marido, quando ela tinha 27 anos, como trouxe inovações importantes para a elaboração do champanhe. 

Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot Foto: Reprodução

É dela a criação da técnica conhecida como remuage, utilizada até hoje, que permite levar as leveduras (ou o que restou dela) para o gargalo da garrafa e retirá-las, tornando a bebida límpida e sem sedimentos. Ousada nos negócios, a viúva Clicquot também desafiou Napoleão ao vender seus champanhes para os czares russos, que desde aquela época apreciavam suas borbulhas. Ela também foi a primeira de uma série de viúvas importantes na história das borbulhas, como Louise Pommery (que apostou na redução do teor de açúcar nesta bebida, no final do século 19, para agradar mais aos ingleses) e Lilly Bollinger (figura importante durante a Segunda Guerra Mundial).

A segunda personagem marcante na história do vinho é a portuguesa Antónia Adelaide Ferreira, a dona Ferreirinha (1811 a 1896). Aos 33 anos, ela assumiu os negócios da família também com a morte do marido, e decidiu se concentrar na produção e comercialização do Vinho do Porto. Um exemplo é sua viagem à Inglaterra para descobrir como combater a filoxera, praga que atacou os vinhedos europeus no século 19. Desta viagem, dona Ferreirinha também trouxe na mala novas técnicas de cultivo para o norte de Portugal.

A inglesa Jancis Robinson foi a primeira mulhera conquistar o cobiçado título de Máster of Wine Foto: Acervo

Dona Ferreirinha também investiu em ampliar os seus vinhedos – quando faleceu, ela era dona de quase 30 quintas pelo Douro, incluindo a do Vale Meão, que comprou quando todos acharam loucura investir fora das fronteiras da região demarcada do Douro, numa zona quase fronteira com a Espanha. Décadas mais tarde, este vinhedo deu origem ao ícone Barca Velha. Sua importância pode ser medida pelas mais de 300 mil pessoas que acompanharam o seu funeral no Douro. 

As demais mulheres começaram a se destacar em tempos mais recentes. Uma delas é a inglesa Jancis Robinson, que foi a primeira mulher então fora do mercado do vinho a conquistar o cobiçado (e dificílimo) título de Máster of Wine em 1984. Dona de uma enorme capacidade de degustação, ela também tem um texto didático e suas obras, como “The World Atlas of Wine” e “Wine Grapes”, são referência para quem quer aprender mais sobre o tema. 

A argentina Susana Balbo (ao centro), a primeira mulher a se formar em enologia em seu país Foto: Reprodução

Contemporâneas à Jancis, começaram a surgir enólogas e produtoras. Aqui, não raro, elas destacam as dificuldades de atuar em um ambiente muito masculino, lembrando que o preconceito já foi maior. Um exemplo é a argentina Susana Balbo, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país, em 1981. Ela começou a trabalhar na região de Salta, ao norte do país, porque foi a única vinícola onde conseguiu emprego. Décadas depois, Susana voltou para Mendoza, trabalhou em vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e hoje tem uma vinícola que leva o seu nome.

Lalou Bize-Leroyé co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti Foto: Acervo

Outro exemplo é a francesa Lalou Bize-Leroy, que desde 1955 comanda a Maison Leroy, fundada por seu avô. Lalou, como é chamada,também é co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti, mas a sua personalidade forte a tirou da administração desta vinícola. Com as atenções voltadas aos seus vinhedos, ela segue a agricultura biodinâmica desde o final dos anos 1980 e seus brancos e tintos estão entre os mais caros da Borgonha. Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos seus exemplos.

Garrafas do champgane Veuve Clicquot Foto: Toby Melville

A história das mulheres no mundo do vinho é relativamente recente. Até o século 19, aquelas que conseguiram destaque herdaram as vinícolas de seus maridos ao ficarem viúvas e decidiram (ou precisaram) assumir o negócio. O exemplo mais conhecido é da francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot. Em sua época, e com as restrições ao trabalho feminino, ela não apenas conseguiu expandir a sua maison, que assumiu com a morte do marido, quando ela tinha 27 anos, como trouxe inovações importantes para a elaboração do champanhe. 

Barbe-Nicole Clicquot (1777 a 1866), a Veuve (viúva) Clicquot Foto: Reprodução

É dela a criação da técnica conhecida como remuage, utilizada até hoje, que permite levar as leveduras (ou o que restou dela) para o gargalo da garrafa e retirá-las, tornando a bebida límpida e sem sedimentos. Ousada nos negócios, a viúva Clicquot também desafiou Napoleão ao vender seus champanhes para os czares russos, que desde aquela época apreciavam suas borbulhas. Ela também foi a primeira de uma série de viúvas importantes na história das borbulhas, como Louise Pommery (que apostou na redução do teor de açúcar nesta bebida, no final do século 19, para agradar mais aos ingleses) e Lilly Bollinger (figura importante durante a Segunda Guerra Mundial).

A segunda personagem marcante na história do vinho é a portuguesa Antónia Adelaide Ferreira, a dona Ferreirinha (1811 a 1896). Aos 33 anos, ela assumiu os negócios da família também com a morte do marido, e decidiu se concentrar na produção e comercialização do Vinho do Porto. Um exemplo é sua viagem à Inglaterra para descobrir como combater a filoxera, praga que atacou os vinhedos europeus no século 19. Desta viagem, dona Ferreirinha também trouxe na mala novas técnicas de cultivo para o norte de Portugal.

A inglesa Jancis Robinson foi a primeira mulhera conquistar o cobiçado título de Máster of Wine Foto: Acervo

Dona Ferreirinha também investiu em ampliar os seus vinhedos – quando faleceu, ela era dona de quase 30 quintas pelo Douro, incluindo a do Vale Meão, que comprou quando todos acharam loucura investir fora das fronteiras da região demarcada do Douro, numa zona quase fronteira com a Espanha. Décadas mais tarde, este vinhedo deu origem ao ícone Barca Velha. Sua importância pode ser medida pelas mais de 300 mil pessoas que acompanharam o seu funeral no Douro. 

As demais mulheres começaram a se destacar em tempos mais recentes. Uma delas é a inglesa Jancis Robinson, que foi a primeira mulher então fora do mercado do vinho a conquistar o cobiçado (e dificílimo) título de Máster of Wine em 1984. Dona de uma enorme capacidade de degustação, ela também tem um texto didático e suas obras, como “The World Atlas of Wine” e “Wine Grapes”, são referência para quem quer aprender mais sobre o tema. 

A argentina Susana Balbo (ao centro), a primeira mulher a se formar em enologia em seu país Foto: Reprodução

Contemporâneas à Jancis, começaram a surgir enólogas e produtoras. Aqui, não raro, elas destacam as dificuldades de atuar em um ambiente muito masculino, lembrando que o preconceito já foi maior. Um exemplo é a argentina Susana Balbo, a primeira mulher a se formar em enologia em seu país, em 1981. Ela começou a trabalhar na região de Salta, ao norte do país, porque foi a única vinícola onde conseguiu emprego. Décadas depois, Susana voltou para Mendoza, trabalhou em vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e hoje tem uma vinícola que leva o seu nome.

Lalou Bize-Leroyé co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti Foto: Acervo

Outro exemplo é a francesa Lalou Bize-Leroy, que desde 1955 comanda a Maison Leroy, fundada por seu avô. Lalou, como é chamada,também é co-proprietária da Domaine de La Romanée-Conti, mas a sua personalidade forte a tirou da administração desta vinícola. Com as atenções voltadas aos seus vinhedos, ela segue a agricultura biodinâmica desde o final dos anos 1980 e seus brancos e tintos estão entre os mais caros da Borgonha. Se hoje vemos crescer a quantidade de mulheres neste mundo, das enólogas, produtoras e sommelières, é porque tivemos seus exemplos.

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