Suzana Barelli

Bordeaux é a inspiração


O tinto Almaviva chega a sua 25ª. safra e exemplifica a ainda recente história do país andino nos vinhos premium

Atualização:

Vinte cinco anos atrás nascia o projeto Almaviva, resultado da joint-venture entre a francesa Baron Baron Philippe Rothschild (leia-se Château Mouton Rothschild, um dos grandes vinhos de Bordeaux) e a Viña Concha y Toro, o maior grupo vinícola do Chile. Para marcar a data comemorativa, seu enólogo Michel Friou passou essa semana no Brasil, apresentando a safra de 2020, que deve chegar ao mercado em 2023, ainda sem preço definido (a safra de 2019 vale R$ 2.587, na Wine.com.br).

O tinto é uma mescla de cabernet sauvignon (responsável por 68% deste blend), carmenère (24%), cabernet franc (6%) e petit verdot (2%). Suas uvas foram colhidas e o vinho começou a ser elaborado nos primeiros meses da pandemia, em 2020, quando Friou (como os demais enólogos do país) tinha autorização especial para circular entre a casa e o trabalho. Isso mesmo com o lockdown da época, o que mostra a importância do vinho para a economia chilena – o país andino exporta mais de 80% de sua produção e é o quarto maior exportador mundial de brancos e tintos. “Pelas condições climáticas, precisamos colher mais rápido em 2020, o que nos ajudou também pelo covid”, recorda o enólogo.

Vinho Almaviva Foto: Almaviva
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Na taça, o tinto, ainda muito jovem, mostra que o Chile vem construindo um espaço entre os grandes rótulos mundiais, numa história que começou a ser escrita no final da década de 1990 – neste período, além do Almaviva, surgiram rótulos como Don Melchor, Casa Real, Seña, e muitos outros foram lançados nas décadas seguintes. No Almaviva, a proposta da joint-venture é unir a elegância francesa com o terroir chileno. Na comparação entre a safra de 2007, degustada no tour do enólogo pelo Brasil, e a 2020, percebe-se que esta filosofia vem sendo aprimorada safra após safra – o tinto é mesmo elegante, com taninos bem presentes, mas sem arestas, por exemplo. A porcentagem da carmenère (a variedade de alma chilena) talvez seja a responsável por trazer o toque do país andino.

O Almaviva, ainda, foi o primeiro vinho não francês a ser comercializado na nobre Place de Bordeaux em 1998, muito por influência da família Rothschild. Apesar do nome, não se trata de uma praça propriamente dita, mas de um sistema de comercialização, em que os negociantes de Bordeaux compram os vinhos direto dos châteaux e os revendem para todo o mundo. Começou apenas com os grandes rótulos de Bordeaux, com lançamentos sempre em abril; mas, nos últimos anos, vem crescendo a importância dos vinhos fora de Bordeaux na place, com lançamentos em setembro.

O tinto Epu, que é o segundo vinho da Almaviva, também entrou neste seleto mercado em setembro de 2021. E, agora, Friou também traz garrafas deste tinto para mostrar aos brasileiros. A ideia do segundo vinho é clássica em Bordeaux, na qual os chateaux elaboram o seu grand vin e, com uvas de videiras que ainda não atingiram a qualidade para este blend, fazem um segundo vinho. “Esperamos ter volume suficiente para vender este vinho fora do Chile”, conta o enólogo. Em meados do ano 2000, o tinto era vendido apenas na vinícola, depois começou a estar em alguns poucos pontos no Chile e a ser exportado para o Brasil. A produção do Epu corresponde a um terço da do Almaviva, como, ensina Friou, acontece em Bordeaux (o volume de produção total não é revelado). E seu rótulo foi remodelado para trazer maior identificação com a marca Almaviva. Ganhou um fundo branco (era preto até a safra de 2018) e um desenho que lembra os traços estilizados da cultura mapuche, que estão no rótulo do Almaviva.

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O tinto é uma mescla de cabernet sauvignon (responsável por 68% deste blend), carmenère (24%), cabernet franc (6%) e petit verdot (2%). Suas uvas foram colhidas e o vinho começou a ser elaborado nos primeiros meses da pandemia, em 2020, quando Friou (como os demais enólogos do país) tinha autorização especial para circular entre a casa e o trabalho. Isso mesmo com o lockdown da época, o que mostra a importância do vinho para a economia chilena – o país andino exporta mais de 80% de sua produção e é o quarto maior exportador mundial de brancos e tintos. “Pelas condições climáticas, precisamos colher mais rápido em 2020, o que nos ajudou também pelo covid”, recorda o enólogo.

Vinho Almaviva Foto: Almaviva

Na taça, o tinto, ainda muito jovem, mostra que o Chile vem construindo um espaço entre os grandes rótulos mundiais, numa história que começou a ser escrita no final da década de 1990 – neste período, além do Almaviva, surgiram rótulos como Don Melchor, Casa Real, Seña, e muitos outros foram lançados nas décadas seguintes. No Almaviva, a proposta da joint-venture é unir a elegância francesa com o terroir chileno. Na comparação entre a safra de 2007, degustada no tour do enólogo pelo Brasil, e a 2020, percebe-se que esta filosofia vem sendo aprimorada safra após safra – o tinto é mesmo elegante, com taninos bem presentes, mas sem arestas, por exemplo. A porcentagem da carmenère (a variedade de alma chilena) talvez seja a responsável por trazer o toque do país andino.

O Almaviva, ainda, foi o primeiro vinho não francês a ser comercializado na nobre Place de Bordeaux em 1998, muito por influência da família Rothschild. Apesar do nome, não se trata de uma praça propriamente dita, mas de um sistema de comercialização, em que os negociantes de Bordeaux compram os vinhos direto dos châteaux e os revendem para todo o mundo. Começou apenas com os grandes rótulos de Bordeaux, com lançamentos sempre em abril; mas, nos últimos anos, vem crescendo a importância dos vinhos fora de Bordeaux na place, com lançamentos em setembro.

O tinto Epu, que é o segundo vinho da Almaviva, também entrou neste seleto mercado em setembro de 2021. E, agora, Friou também traz garrafas deste tinto para mostrar aos brasileiros. A ideia do segundo vinho é clássica em Bordeaux, na qual os chateaux elaboram o seu grand vin e, com uvas de videiras que ainda não atingiram a qualidade para este blend, fazem um segundo vinho. “Esperamos ter volume suficiente para vender este vinho fora do Chile”, conta o enólogo. Em meados do ano 2000, o tinto era vendido apenas na vinícola, depois começou a estar em alguns poucos pontos no Chile e a ser exportado para o Brasil. A produção do Epu corresponde a um terço da do Almaviva, como, ensina Friou, acontece em Bordeaux (o volume de produção total não é revelado). E seu rótulo foi remodelado para trazer maior identificação com a marca Almaviva. Ganhou um fundo branco (era preto até a safra de 2018) e um desenho que lembra os traços estilizados da cultura mapuche, que estão no rótulo do Almaviva.

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O tinto é uma mescla de cabernet sauvignon (responsável por 68% deste blend), carmenère (24%), cabernet franc (6%) e petit verdot (2%). Suas uvas foram colhidas e o vinho começou a ser elaborado nos primeiros meses da pandemia, em 2020, quando Friou (como os demais enólogos do país) tinha autorização especial para circular entre a casa e o trabalho. Isso mesmo com o lockdown da época, o que mostra a importância do vinho para a economia chilena – o país andino exporta mais de 80% de sua produção e é o quarto maior exportador mundial de brancos e tintos. “Pelas condições climáticas, precisamos colher mais rápido em 2020, o que nos ajudou também pelo covid”, recorda o enólogo.

Vinho Almaviva Foto: Almaviva

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O Almaviva, ainda, foi o primeiro vinho não francês a ser comercializado na nobre Place de Bordeaux em 1998, muito por influência da família Rothschild. Apesar do nome, não se trata de uma praça propriamente dita, mas de um sistema de comercialização, em que os negociantes de Bordeaux compram os vinhos direto dos châteaux e os revendem para todo o mundo. Começou apenas com os grandes rótulos de Bordeaux, com lançamentos sempre em abril; mas, nos últimos anos, vem crescendo a importância dos vinhos fora de Bordeaux na place, com lançamentos em setembro.

O tinto Epu, que é o segundo vinho da Almaviva, também entrou neste seleto mercado em setembro de 2021. E, agora, Friou também traz garrafas deste tinto para mostrar aos brasileiros. A ideia do segundo vinho é clássica em Bordeaux, na qual os chateaux elaboram o seu grand vin e, com uvas de videiras que ainda não atingiram a qualidade para este blend, fazem um segundo vinho. “Esperamos ter volume suficiente para vender este vinho fora do Chile”, conta o enólogo. Em meados do ano 2000, o tinto era vendido apenas na vinícola, depois começou a estar em alguns poucos pontos no Chile e a ser exportado para o Brasil. A produção do Epu corresponde a um terço da do Almaviva, como, ensina Friou, acontece em Bordeaux (o volume de produção total não é revelado). E seu rótulo foi remodelado para trazer maior identificação com a marca Almaviva. Ganhou um fundo branco (era preto até a safra de 2018) e um desenho que lembra os traços estilizados da cultura mapuche, que estão no rótulo do Almaviva.

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