Suzana Barelli

Campeões de venda: degustação às cegas avaliou 27 vinhos tintos de até R$ 100


Rótulos escolhidos estão entre os mais vendidos por importadoras e produtores brasileiros

Por Suzana Barelli

Qual o seu vinho tinto mais vendido com preço de até R$ 100? A resposta a essa pergunta são as 27 amostras descritas ao longo dessa reportagem. Elas representam os rótulos campeões de venda de importadoras e produtores brasileiros até essa faixa de preço – o mais caro custa exatos R$ 99,89. Foram todos degustados às cegas, sem saber que amostra corresponde a cada rótulo, com a proposta de encontrar tintos que não custem uma fortuna, que tenham qualidade e, de preferência, apresentem aquele conceito de bom custo-benefício.

Rótulos cobertos para não influenciarem nas avaliações. Foto: Alex Silva/Estadão
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A ideia era mostrar o que as lojas estão disponibilizando no mercado até essa faixa de preço. Com a alta do dólar, e também a famosa lei da oferta e da procura, é grande a variação de preços dos vinhos. Uma analise dos rótulos selecionamos mostra o predomínio de garrafas dos vizinhos Chile e Argentina. Com exceção de Portugal, há poucos rótulos europeus no painel e apenas um da Oceania, a marca campeã de vendas no mundo, a Yellow Tail. Das uvas, a malbec e a cabernet sauvignon predominam nessa faixa de preço.

As amostras selecionadas foram provadas às cegas (com garrafas envoltas em papel alumínio, para ninguém identificar o rótulo) por três degustadores: Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil; José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos; e eu, Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Passamos uma tarde provando os vinhos com o distanciamento necessário e muito álcool em gel nas mãos.

Os 27 rótulos foram dividos em cinco categorias, entre elas dia a dia e bom custo-benefício. Foto: Alex Silva/Estadão
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Ao final, as amostras foram divididas em cinco categorias. Nos vinhos do dia a dia, a grande maioria são tintos leves, para apreciar sem compromisso (a exceção é um cabernet sauvignon, um pouco mais encorpado). Listamos também aqueles tintos que tendem a crescer com a comida, e aqui chama a atenção que a maioria é elaborada com uvas que trazem estrutura, como a cabernet sauvignon, a malbec ou a touriga. E, nestes casos, a harmonização recomendada é com pratos à base de carne. Vários deles casam com churrasco.

A terceira categoria é de vinhos que já estão no seu auge, para consumo. Estão bons para serem bebidos agora e tendem a perder qualidade com mais tempo na garrafa. Há também aqueles bem avaliados, com qualidade, mas que poderiam custar um pouco menos, quando avaliamos a sua relação entre o preço e o que oferecem na taça – claro que a alta do dólar pode justificar esses valores, mas para quem ganha em reais, nem sempre a conta fecha. E, por fim, listamos aqueles de bom custo benefício, vinhos que, pelo seu preço, entregam uma qualidade maior do que a esperada. Conheça abaixo os vinhos degustados.

Para o dia a dia

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Falernia Reserva Syrah 2016Vale do Elqui, Chile R$ 90,47, na Premium Com uvas syrah no quente vale do Elqui, ao norte do Chile, é um tinto de cor rubi, corpo médio e não muito persistente no paladar. Mas encanta pelos aromas de frutas vermelhas e pelas notas de ervas frescas de cozinha, que convidam para um próximo gole. Tem 14% de álcool.

Miolo Single Vineyard Pinot Noir 2019Campanha Gaúcha, Brasil R$ 78,96, na Miolo De cor rubi mais clara, esse tinto traduz o estilo dos pinot noir brasileiros: notas de cerejas e morangos, um toque terroso, mais extraído do que os representantes franceses, e acidez presente. Tem corpo leve para médio, com poucos taninos e persistência curta. Tem 13,5% de álcool.

Anciano Gran Reserva 10 anos 2008Valdepeñas, Espanha R$ 69,90, na Evino Elaborado apenas com a tempranillo pela Guy Anderson Wines, esse tinto espanhol destaca-se nos aromas pelas notas de caramelo e café, e uma ponta de fruta vermelha. De corpo médio, simples, com notas de evolução. O tinto foi lançado dez anos após a sua safra e nesse período passou 18 meses em barricas de carvalho e o restante em garrafas, amadurecendo. Tem 13% de álcool.

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Mosaiko Cabernet Sauvignon 2018Cachapoal, Chile R$ 74,01, na Wine A uva cabernet sauvignon de cinco vinhedos distintos são mescladas para esse tinto de aromas frutados, lembrando ameixas e goiaba, e um toque terroso. De corpo médio, concentrado, tem taninos presentes, sem arestas. Tem 14% de álcool.

Yellow Tail Shiraz 2019South Eastern, Austrália R$ 80, na Cantu A Yellow Tail é uma marca campeã de vendas no mundo, com a proposta de vinhos descomplicados. Nesse shiraz traz aromas de notas vermelhas frutadas, quase doce, com um toque de caramelo, talvez vindo dos quatro meses em barricas de carvalho. No paladar, apresenta corpo de média intensidade, taninos macios, e é quase licoroso. Tem 13,5% de álcool

Portillo Salentein Pinot Noir 2019Mendoza, Argentina R$ 99, na Zahil A cor rubi translucida já indica a pinot noir como variedade. Com notas de frutas frescas, lembrando cerejas, floral e tomilho. É leve e fresco, para provar sem compromisso num final de tarde. Tem 14% de álcool.

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Cresce com a comida

Pizzato Merlot de Merlot 2018Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 99, na Pizzato Conhecida pelos seus vinhos com a uva merlot, a brasileira Pizzato elabora esse tinto apenas com esta variedade. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras, lembrando ameixas pretas, com um toque mais amadeirado. De corpo médio, tem taninos presentes, firmes, e poderia ter um pouco mais de acidez. Tem 13,5% de álcool.

Sete Colores Cabernet País 2019Maipo, Chile R$ 75, na Winebrands Esse tinto mescla a conhecida cabernet sauvignon com a uva país, variedade antiga e mais rústica, que vem sendo valorizada no Chile. De cor rubi mais escura, é bem aromático, com fruta muito madura, mais potente e pesado no paladar. Tem 13,5% de álcool.

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Scorpio Blend 2018Mendoza, Argentina R$ 79,90, na Dominio Cassis Tinto argentino do produtor Jasmine Monet, elaborado com malbec (com 50), cabernet franc (25%) e petit verdot (25%), que amadurece por oito meses em barricas. É muito frutado nos aromas, com frutas vermelhas maduras, e um toque floral. Tem boa estrutura no paladar, taninos presentes. Tem potência para um bom churrasco. Tem 14% de álcool.

Vale do Bomfim 2018Douro, Portugal R$ 99, na Portus A Symington, conhecida por seus vinhos do Porto, também tem vinhos tranquilos, como esse que mistura touriga franca, touriga nacional e castas tradicionais do Douro. Seus aromas lembram cerejas e ameixas, com um toque de especiaria. Tem taninos maduros, com leve adstringência, bom frescor e capacidade de envelhecer na garrafa. Tem 14% de álcool.

.com Premium 2018 Alentejo, Portugal R$ 97,13, na Adega Alentejana O tinto de Tiago Cabaço se destaca pelas notas de frutas vermelhas mais frescas, lembrando morangos e mirtilos, mescladas com ervas e floral. Tem um tanino presente e bem aveludado, típico do Alentejo. É equilibrado, alcoólico, e apresenta uma boa persistência. Tem 14% de álcool.

Assobio 2019, DouroDouro, Portugal R$ 95, na Qualimpor Vinho de entrada da Quinta das Murças, o projeto do Esporão no Douro. É elaborado com a touriga nacional, a touriga franca e a tinta roriz e passa seis meses em barricas de carvalho francês. Frutas vermelhas, como cassis, e notas herbáceas, aparecem ao nariz. Na boca é encorpado, com taninos maduros, tudo bem balanceado e fácil de gostar. Tem 13 % de álcool.

Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018Maipo, Chile R$ 99,89, na Mistral De cor rubi, ainda com reflexos violáceos, esse cabernet sauvigon tem 15% de cabernet franc em seu blend. Traz as notas de groselhas, cassis e goiaba e um toque de especiaria, lembrando pimenta, no nariz. No paladar, traz agradável equilíbrio entre álcool, acidez e tanino. Tem 13% de álcool.

Bom custo-benefício

Aliwen Cabernet Sauvignon Carmenère 2019Maipo e Rapel, Chile R$ 74,90, na Inovini Tinto de entrada da vinícola Undurraga. No Chile, nasce esse blend de cabernet sauvignon, do vale de Maipo, com a carmenère, de Rapel. Seus aromas, lembrando frutas negras maduras, como groselhas, ameixas, traz a sensação de doçura, mesclada com um toque de madeira, e notas vegetais, como pimentão. Encorpado, tem muito taninos, que são firmes, com final agradável. Tem 13,5% de álcool.

Las Veletas País 2018Maule, Chile R$ 80, na Edega Com coloração rubi clara, esse tinto chileno mostra que a outrora rústica uva país é uma variedade que pode surpreender. Com notas de cerejas vermelhas e goiaba e ervas de cozinha (louro) e algo terroso. Tem corpo de média intensidade, é equilibrado e com bom frescor, convida para o próximo gole. Harmoniza com boa charcutaria. Tem 13% de álcool.

Finca Las Moras Malbec 2020San Juan, Argentina R$ 59,90, na Decanter Esse tinto argentino exemplifica porque a variedade malbec faz tanto sucesso no Brasil. Aromas de frutas vermelhas maduras, como cerejas e mirtilos, com um toque floral no nariz. De corpo leve, sem passagem em madeira, tem taninos presentes, com leve adstringência, e aquela sensação de quase doçura no paladar. Tem 13,5% de álcool.

Para beber já

Robertson Winery Pinotage 2018Robertson Valley, África do Sul R$ 86,78, na Vinci A pinotage é uma variedade emblemática na África do Sul. O tinto traz aromas de frutas negras, como ameixas, café e também notas mais evoluídas, com um bom tostado. Tem corpo de média intensidade, taninos firmes, e bom equilíbrio. Tem 13% de álcool.

Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019Serra Gaúcha, Brasil R$ 58, na Vinícola Aurora A região de Pinto Bandeira se destaca pelos espumantes, exatamente pela boa maturação da pinot noir. Aqui, a uva dá origem a um tinto com muitas notas de madeira: baunilha, caramelo, tostado aparecem no nariz se sobrepondo à fruta. De corpo médio, mantém as notas de tostados no paladar, com um tanino macio, e pouca persistência. Tem 12% de álcool.

Château Ponchemin 2015Bordeaux, França R$ 89, na Winelovers O representante de Bordeaux nesse painel se mostrou um tinto mais evoluído, a começar pela cor, rubi com reflexos âmbar. No nariz, pouca fruta, notas de couro e tabaco, que remetem à evolução. Já passou o seu melhor momento. Tem 13,5% de álcool

Salton Paradoxo Cabernet Sauvignon 2017Campanha Gaúcha, Brasil R$ 58, na Salton Com garrafa imponente e coloração rubi concentrada, esse cabernet traz aromas frutados que lembram groselhas e ameixas. Tem corpo leve para médio, com um tostado da passagem em madeira, e final curto. Tem 12,5% de álcool.

Valduga Terroir Cabernet Sauvignon 2015Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 89,90, na Casa Valduga Este tinto brasileiro apresenta traços de vinho evoluído, com pouca fruta. Lembra o Velho Mundo, com notas terrosas, taninos finos e presentes. Tem acidez pronunciada, que pede comida. Tem 13% de álcool.

Val da Ucha 2015Dão, Portugal R$ 80, na World Wine Tinto da região do Dão, elaborado com touriga nacional, tinta roriz, alfrocheiro e jaen. Seus aromas mesclam notas como sândalo, com frutas negras. Tem um agradável tostado, já da sua evolução, e boa acidez, que o torna fresco no paladar. Tem 13% de álcool.

Poderia ter preço mais acessível

Bote 2018Beiras, Portugal R$ 99, na 4U Wine Esse representante português, elaborado com as uvas tinta roriz e rufete, traz cor rubi bem concentrada, notas de frutas vermelhas mais frescas, um toque floral (violeta) e outro de caramelo. Equilibrado e bem elaborado, tem corpo médio, taninos aveludados, com destaque para a acidez, o que lhe torna mais gastronômico, e a boa persistência no paladar. Tem 13,5% de álcool

Trapiche Reserva Malbec 2019Mendoza, Argentina R$ 96,90, na Interfood De cor rubi escura, é aquele vinho que encanta quem gosta de muita fruta nos aromas. Ameixas, cerejas, blueberries estão todas lá, assim como um toque floral, aliados a um corpo intenso, taninos presentes e macios, apesar da sensação de acidez corrigida. É um bom e típico malbec, bem elaborado. Tem 13,5% de álcool.

Luccarelli Primitivo 2019Puglia, Itália R$ 98,90, na Casa Flora A uva primitivo agrada o brasileiro pelas suas notas de frutas vermelhas maduras e paladar quase doce. Assim é esse vinho, com aromas que lembram amoras e ameixas pretas, um toque herbal, taninos também bem macios, com corpo médio, e a sensação de doçura na boca, que esconde uma ponta de amargor. Tem 14% de álcool.

Chakana Sobrenatural Bonarda 2019Mendoza, Argentina R$ 83, na La Pastina Esse tinto da vinícola Chakana, que segue a filosofia orgânica na Argentina, é elaborado com a bonarda, variedade muito cultivada no país, mas com pouco glamour (infelizmente). Esse é um bonarda simples e frutado, com notas que lembram balas de morango. De corpo leve, traz taninos mais rústicos, e é simples no paladar. Tem 13% de álcool.

Club des Sommeliers Gran Reserva 2019Rapel, Chile R$ 89,99, no Pão de Açúcar É um tinto concentrado, seja na cor, rubi escura, como nos aromas. Figo, frutas confitadas, até jabuticaba aparecem em seu aroma. No paladar, é encorpado, com taninos bem presentes, e traz a sensação de dulçor, pelo álcool. Equilibrado, feito sob medida para quem gosta de vinhos potentes. Tem 14% de álcool.

Destaques de cada degustador

Felipe Campos- Las Veletas 2018 – “É um belo representante da uva país, extremamente floral, com notas de cereja e goiaba. Ideal como alternativa aos vinhos leves mais caros do Velho Mundo.”

- Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019 – “É um pinot ao estilo do Novo Mundo, bem feito, pronto para beber e excelente para pratos leves, como um galeto.”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Marcado pela presença de muita fruta negra e café no aroma, nota peculiar da pinotage, quando bem vinificada, diferente da pungência incômoda de outros exemplares dessa variedade, onde as notas químicas incomodam”.

Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil. Foto: Alex Silva/Estadão

José Maria Santana- Symington Vale do Bomfim 2018 – “É um tinto jovial, bem feito, produzido pela família Symington em sua Quinta do Bomfim. Gostoso para tomar já, tem estrutura para mais alguns anos de garrafa”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Um vinho que chama a atenção por ser mais equilibrado e elegante do que a média dos tintos sul-africanos produzidos com a pinotage, uva híbrida que surgiu naquele país”.

- Assobio 2019 – “A Herdade do Esporão, uma das melhores vinícolas portuguesas, ganhou fama no Alentejo e, há alguns anos, entrou também no Douro. O Assobio é uma linha destinada a vinhos joviais, sem complicações, fácil de gostar”.

José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos. Foto: Alex Silva/Estadão

Suzana Barelli- Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018 - “É um cabernet sauvignon bem feito, simples, frutado e equilibrado. Para quem quer começar a entender os cabernets chilenos.”

- Las Veletas País 2018 – “A uva país é uma das boas surpresas do Chile. Ela vem sendo resgatada de vinhedos centenários, no sul, e dá origem a vinhos gostosos, fáceis de beber, com bom frescor, ótimo para o clima brasileiro”.

- .com Premium 2018 – “Um tinto que traduz o Alentejo, com seus aromas frutados, taninos presentes e sempre macios, com equilíbrio e persistência no paladar.”

Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Foto: Alex Silva/Estadão

Qual o seu vinho tinto mais vendido com preço de até R$ 100? A resposta a essa pergunta são as 27 amostras descritas ao longo dessa reportagem. Elas representam os rótulos campeões de venda de importadoras e produtores brasileiros até essa faixa de preço – o mais caro custa exatos R$ 99,89. Foram todos degustados às cegas, sem saber que amostra corresponde a cada rótulo, com a proposta de encontrar tintos que não custem uma fortuna, que tenham qualidade e, de preferência, apresentem aquele conceito de bom custo-benefício.

Rótulos cobertos para não influenciarem nas avaliações. Foto: Alex Silva/Estadão

A ideia era mostrar o que as lojas estão disponibilizando no mercado até essa faixa de preço. Com a alta do dólar, e também a famosa lei da oferta e da procura, é grande a variação de preços dos vinhos. Uma analise dos rótulos selecionamos mostra o predomínio de garrafas dos vizinhos Chile e Argentina. Com exceção de Portugal, há poucos rótulos europeus no painel e apenas um da Oceania, a marca campeã de vendas no mundo, a Yellow Tail. Das uvas, a malbec e a cabernet sauvignon predominam nessa faixa de preço.

As amostras selecionadas foram provadas às cegas (com garrafas envoltas em papel alumínio, para ninguém identificar o rótulo) por três degustadores: Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil; José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos; e eu, Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Passamos uma tarde provando os vinhos com o distanciamento necessário e muito álcool em gel nas mãos.

Os 27 rótulos foram dividos em cinco categorias, entre elas dia a dia e bom custo-benefício. Foto: Alex Silva/Estadão

Ao final, as amostras foram divididas em cinco categorias. Nos vinhos do dia a dia, a grande maioria são tintos leves, para apreciar sem compromisso (a exceção é um cabernet sauvignon, um pouco mais encorpado). Listamos também aqueles tintos que tendem a crescer com a comida, e aqui chama a atenção que a maioria é elaborada com uvas que trazem estrutura, como a cabernet sauvignon, a malbec ou a touriga. E, nestes casos, a harmonização recomendada é com pratos à base de carne. Vários deles casam com churrasco.

A terceira categoria é de vinhos que já estão no seu auge, para consumo. Estão bons para serem bebidos agora e tendem a perder qualidade com mais tempo na garrafa. Há também aqueles bem avaliados, com qualidade, mas que poderiam custar um pouco menos, quando avaliamos a sua relação entre o preço e o que oferecem na taça – claro que a alta do dólar pode justificar esses valores, mas para quem ganha em reais, nem sempre a conta fecha. E, por fim, listamos aqueles de bom custo benefício, vinhos que, pelo seu preço, entregam uma qualidade maior do que a esperada. Conheça abaixo os vinhos degustados.

Para o dia a dia

Falernia Reserva Syrah 2016Vale do Elqui, Chile R$ 90,47, na Premium Com uvas syrah no quente vale do Elqui, ao norte do Chile, é um tinto de cor rubi, corpo médio e não muito persistente no paladar. Mas encanta pelos aromas de frutas vermelhas e pelas notas de ervas frescas de cozinha, que convidam para um próximo gole. Tem 14% de álcool.

Miolo Single Vineyard Pinot Noir 2019Campanha Gaúcha, Brasil R$ 78,96, na Miolo De cor rubi mais clara, esse tinto traduz o estilo dos pinot noir brasileiros: notas de cerejas e morangos, um toque terroso, mais extraído do que os representantes franceses, e acidez presente. Tem corpo leve para médio, com poucos taninos e persistência curta. Tem 13,5% de álcool.

Anciano Gran Reserva 10 anos 2008Valdepeñas, Espanha R$ 69,90, na Evino Elaborado apenas com a tempranillo pela Guy Anderson Wines, esse tinto espanhol destaca-se nos aromas pelas notas de caramelo e café, e uma ponta de fruta vermelha. De corpo médio, simples, com notas de evolução. O tinto foi lançado dez anos após a sua safra e nesse período passou 18 meses em barricas de carvalho e o restante em garrafas, amadurecendo. Tem 13% de álcool.

Mosaiko Cabernet Sauvignon 2018Cachapoal, Chile R$ 74,01, na Wine A uva cabernet sauvignon de cinco vinhedos distintos são mescladas para esse tinto de aromas frutados, lembrando ameixas e goiaba, e um toque terroso. De corpo médio, concentrado, tem taninos presentes, sem arestas. Tem 14% de álcool.

Yellow Tail Shiraz 2019South Eastern, Austrália R$ 80, na Cantu A Yellow Tail é uma marca campeã de vendas no mundo, com a proposta de vinhos descomplicados. Nesse shiraz traz aromas de notas vermelhas frutadas, quase doce, com um toque de caramelo, talvez vindo dos quatro meses em barricas de carvalho. No paladar, apresenta corpo de média intensidade, taninos macios, e é quase licoroso. Tem 13,5% de álcool

Portillo Salentein Pinot Noir 2019Mendoza, Argentina R$ 99, na Zahil A cor rubi translucida já indica a pinot noir como variedade. Com notas de frutas frescas, lembrando cerejas, floral e tomilho. É leve e fresco, para provar sem compromisso num final de tarde. Tem 14% de álcool.

Cresce com a comida

Pizzato Merlot de Merlot 2018Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 99, na Pizzato Conhecida pelos seus vinhos com a uva merlot, a brasileira Pizzato elabora esse tinto apenas com esta variedade. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras, lembrando ameixas pretas, com um toque mais amadeirado. De corpo médio, tem taninos presentes, firmes, e poderia ter um pouco mais de acidez. Tem 13,5% de álcool.

Sete Colores Cabernet País 2019Maipo, Chile R$ 75, na Winebrands Esse tinto mescla a conhecida cabernet sauvignon com a uva país, variedade antiga e mais rústica, que vem sendo valorizada no Chile. De cor rubi mais escura, é bem aromático, com fruta muito madura, mais potente e pesado no paladar. Tem 13,5% de álcool.

Scorpio Blend 2018Mendoza, Argentina R$ 79,90, na Dominio Cassis Tinto argentino do produtor Jasmine Monet, elaborado com malbec (com 50), cabernet franc (25%) e petit verdot (25%), que amadurece por oito meses em barricas. É muito frutado nos aromas, com frutas vermelhas maduras, e um toque floral. Tem boa estrutura no paladar, taninos presentes. Tem potência para um bom churrasco. Tem 14% de álcool.

Vale do Bomfim 2018Douro, Portugal R$ 99, na Portus A Symington, conhecida por seus vinhos do Porto, também tem vinhos tranquilos, como esse que mistura touriga franca, touriga nacional e castas tradicionais do Douro. Seus aromas lembram cerejas e ameixas, com um toque de especiaria. Tem taninos maduros, com leve adstringência, bom frescor e capacidade de envelhecer na garrafa. Tem 14% de álcool.

.com Premium 2018 Alentejo, Portugal R$ 97,13, na Adega Alentejana O tinto de Tiago Cabaço se destaca pelas notas de frutas vermelhas mais frescas, lembrando morangos e mirtilos, mescladas com ervas e floral. Tem um tanino presente e bem aveludado, típico do Alentejo. É equilibrado, alcoólico, e apresenta uma boa persistência. Tem 14% de álcool.

Assobio 2019, DouroDouro, Portugal R$ 95, na Qualimpor Vinho de entrada da Quinta das Murças, o projeto do Esporão no Douro. É elaborado com a touriga nacional, a touriga franca e a tinta roriz e passa seis meses em barricas de carvalho francês. Frutas vermelhas, como cassis, e notas herbáceas, aparecem ao nariz. Na boca é encorpado, com taninos maduros, tudo bem balanceado e fácil de gostar. Tem 13 % de álcool.

Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018Maipo, Chile R$ 99,89, na Mistral De cor rubi, ainda com reflexos violáceos, esse cabernet sauvigon tem 15% de cabernet franc em seu blend. Traz as notas de groselhas, cassis e goiaba e um toque de especiaria, lembrando pimenta, no nariz. No paladar, traz agradável equilíbrio entre álcool, acidez e tanino. Tem 13% de álcool.

Bom custo-benefício

Aliwen Cabernet Sauvignon Carmenère 2019Maipo e Rapel, Chile R$ 74,90, na Inovini Tinto de entrada da vinícola Undurraga. No Chile, nasce esse blend de cabernet sauvignon, do vale de Maipo, com a carmenère, de Rapel. Seus aromas, lembrando frutas negras maduras, como groselhas, ameixas, traz a sensação de doçura, mesclada com um toque de madeira, e notas vegetais, como pimentão. Encorpado, tem muito taninos, que são firmes, com final agradável. Tem 13,5% de álcool.

Las Veletas País 2018Maule, Chile R$ 80, na Edega Com coloração rubi clara, esse tinto chileno mostra que a outrora rústica uva país é uma variedade que pode surpreender. Com notas de cerejas vermelhas e goiaba e ervas de cozinha (louro) e algo terroso. Tem corpo de média intensidade, é equilibrado e com bom frescor, convida para o próximo gole. Harmoniza com boa charcutaria. Tem 13% de álcool.

Finca Las Moras Malbec 2020San Juan, Argentina R$ 59,90, na Decanter Esse tinto argentino exemplifica porque a variedade malbec faz tanto sucesso no Brasil. Aromas de frutas vermelhas maduras, como cerejas e mirtilos, com um toque floral no nariz. De corpo leve, sem passagem em madeira, tem taninos presentes, com leve adstringência, e aquela sensação de quase doçura no paladar. Tem 13,5% de álcool.

Para beber já

Robertson Winery Pinotage 2018Robertson Valley, África do Sul R$ 86,78, na Vinci A pinotage é uma variedade emblemática na África do Sul. O tinto traz aromas de frutas negras, como ameixas, café e também notas mais evoluídas, com um bom tostado. Tem corpo de média intensidade, taninos firmes, e bom equilíbrio. Tem 13% de álcool.

Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019Serra Gaúcha, Brasil R$ 58, na Vinícola Aurora A região de Pinto Bandeira se destaca pelos espumantes, exatamente pela boa maturação da pinot noir. Aqui, a uva dá origem a um tinto com muitas notas de madeira: baunilha, caramelo, tostado aparecem no nariz se sobrepondo à fruta. De corpo médio, mantém as notas de tostados no paladar, com um tanino macio, e pouca persistência. Tem 12% de álcool.

Château Ponchemin 2015Bordeaux, França R$ 89, na Winelovers O representante de Bordeaux nesse painel se mostrou um tinto mais evoluído, a começar pela cor, rubi com reflexos âmbar. No nariz, pouca fruta, notas de couro e tabaco, que remetem à evolução. Já passou o seu melhor momento. Tem 13,5% de álcool

Salton Paradoxo Cabernet Sauvignon 2017Campanha Gaúcha, Brasil R$ 58, na Salton Com garrafa imponente e coloração rubi concentrada, esse cabernet traz aromas frutados que lembram groselhas e ameixas. Tem corpo leve para médio, com um tostado da passagem em madeira, e final curto. Tem 12,5% de álcool.

Valduga Terroir Cabernet Sauvignon 2015Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 89,90, na Casa Valduga Este tinto brasileiro apresenta traços de vinho evoluído, com pouca fruta. Lembra o Velho Mundo, com notas terrosas, taninos finos e presentes. Tem acidez pronunciada, que pede comida. Tem 13% de álcool.

Val da Ucha 2015Dão, Portugal R$ 80, na World Wine Tinto da região do Dão, elaborado com touriga nacional, tinta roriz, alfrocheiro e jaen. Seus aromas mesclam notas como sândalo, com frutas negras. Tem um agradável tostado, já da sua evolução, e boa acidez, que o torna fresco no paladar. Tem 13% de álcool.

Poderia ter preço mais acessível

Bote 2018Beiras, Portugal R$ 99, na 4U Wine Esse representante português, elaborado com as uvas tinta roriz e rufete, traz cor rubi bem concentrada, notas de frutas vermelhas mais frescas, um toque floral (violeta) e outro de caramelo. Equilibrado e bem elaborado, tem corpo médio, taninos aveludados, com destaque para a acidez, o que lhe torna mais gastronômico, e a boa persistência no paladar. Tem 13,5% de álcool

Trapiche Reserva Malbec 2019Mendoza, Argentina R$ 96,90, na Interfood De cor rubi escura, é aquele vinho que encanta quem gosta de muita fruta nos aromas. Ameixas, cerejas, blueberries estão todas lá, assim como um toque floral, aliados a um corpo intenso, taninos presentes e macios, apesar da sensação de acidez corrigida. É um bom e típico malbec, bem elaborado. Tem 13,5% de álcool.

Luccarelli Primitivo 2019Puglia, Itália R$ 98,90, na Casa Flora A uva primitivo agrada o brasileiro pelas suas notas de frutas vermelhas maduras e paladar quase doce. Assim é esse vinho, com aromas que lembram amoras e ameixas pretas, um toque herbal, taninos também bem macios, com corpo médio, e a sensação de doçura na boca, que esconde uma ponta de amargor. Tem 14% de álcool.

Chakana Sobrenatural Bonarda 2019Mendoza, Argentina R$ 83, na La Pastina Esse tinto da vinícola Chakana, que segue a filosofia orgânica na Argentina, é elaborado com a bonarda, variedade muito cultivada no país, mas com pouco glamour (infelizmente). Esse é um bonarda simples e frutado, com notas que lembram balas de morango. De corpo leve, traz taninos mais rústicos, e é simples no paladar. Tem 13% de álcool.

Club des Sommeliers Gran Reserva 2019Rapel, Chile R$ 89,99, no Pão de Açúcar É um tinto concentrado, seja na cor, rubi escura, como nos aromas. Figo, frutas confitadas, até jabuticaba aparecem em seu aroma. No paladar, é encorpado, com taninos bem presentes, e traz a sensação de dulçor, pelo álcool. Equilibrado, feito sob medida para quem gosta de vinhos potentes. Tem 14% de álcool.

Destaques de cada degustador

Felipe Campos- Las Veletas 2018 – “É um belo representante da uva país, extremamente floral, com notas de cereja e goiaba. Ideal como alternativa aos vinhos leves mais caros do Velho Mundo.”

- Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019 – “É um pinot ao estilo do Novo Mundo, bem feito, pronto para beber e excelente para pratos leves, como um galeto.”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Marcado pela presença de muita fruta negra e café no aroma, nota peculiar da pinotage, quando bem vinificada, diferente da pungência incômoda de outros exemplares dessa variedade, onde as notas químicas incomodam”.

Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil. Foto: Alex Silva/Estadão

José Maria Santana- Symington Vale do Bomfim 2018 – “É um tinto jovial, bem feito, produzido pela família Symington em sua Quinta do Bomfim. Gostoso para tomar já, tem estrutura para mais alguns anos de garrafa”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Um vinho que chama a atenção por ser mais equilibrado e elegante do que a média dos tintos sul-africanos produzidos com a pinotage, uva híbrida que surgiu naquele país”.

- Assobio 2019 – “A Herdade do Esporão, uma das melhores vinícolas portuguesas, ganhou fama no Alentejo e, há alguns anos, entrou também no Douro. O Assobio é uma linha destinada a vinhos joviais, sem complicações, fácil de gostar”.

José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos. Foto: Alex Silva/Estadão

Suzana Barelli- Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018 - “É um cabernet sauvignon bem feito, simples, frutado e equilibrado. Para quem quer começar a entender os cabernets chilenos.”

- Las Veletas País 2018 – “A uva país é uma das boas surpresas do Chile. Ela vem sendo resgatada de vinhedos centenários, no sul, e dá origem a vinhos gostosos, fáceis de beber, com bom frescor, ótimo para o clima brasileiro”.

- .com Premium 2018 – “Um tinto que traduz o Alentejo, com seus aromas frutados, taninos presentes e sempre macios, com equilíbrio e persistência no paladar.”

Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Foto: Alex Silva/Estadão

Qual o seu vinho tinto mais vendido com preço de até R$ 100? A resposta a essa pergunta são as 27 amostras descritas ao longo dessa reportagem. Elas representam os rótulos campeões de venda de importadoras e produtores brasileiros até essa faixa de preço – o mais caro custa exatos R$ 99,89. Foram todos degustados às cegas, sem saber que amostra corresponde a cada rótulo, com a proposta de encontrar tintos que não custem uma fortuna, que tenham qualidade e, de preferência, apresentem aquele conceito de bom custo-benefício.

Rótulos cobertos para não influenciarem nas avaliações. Foto: Alex Silva/Estadão

A ideia era mostrar o que as lojas estão disponibilizando no mercado até essa faixa de preço. Com a alta do dólar, e também a famosa lei da oferta e da procura, é grande a variação de preços dos vinhos. Uma analise dos rótulos selecionamos mostra o predomínio de garrafas dos vizinhos Chile e Argentina. Com exceção de Portugal, há poucos rótulos europeus no painel e apenas um da Oceania, a marca campeã de vendas no mundo, a Yellow Tail. Das uvas, a malbec e a cabernet sauvignon predominam nessa faixa de preço.

As amostras selecionadas foram provadas às cegas (com garrafas envoltas em papel alumínio, para ninguém identificar o rótulo) por três degustadores: Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil; José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos; e eu, Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Passamos uma tarde provando os vinhos com o distanciamento necessário e muito álcool em gel nas mãos.

Os 27 rótulos foram dividos em cinco categorias, entre elas dia a dia e bom custo-benefício. Foto: Alex Silva/Estadão

Ao final, as amostras foram divididas em cinco categorias. Nos vinhos do dia a dia, a grande maioria são tintos leves, para apreciar sem compromisso (a exceção é um cabernet sauvignon, um pouco mais encorpado). Listamos também aqueles tintos que tendem a crescer com a comida, e aqui chama a atenção que a maioria é elaborada com uvas que trazem estrutura, como a cabernet sauvignon, a malbec ou a touriga. E, nestes casos, a harmonização recomendada é com pratos à base de carne. Vários deles casam com churrasco.

A terceira categoria é de vinhos que já estão no seu auge, para consumo. Estão bons para serem bebidos agora e tendem a perder qualidade com mais tempo na garrafa. Há também aqueles bem avaliados, com qualidade, mas que poderiam custar um pouco menos, quando avaliamos a sua relação entre o preço e o que oferecem na taça – claro que a alta do dólar pode justificar esses valores, mas para quem ganha em reais, nem sempre a conta fecha. E, por fim, listamos aqueles de bom custo benefício, vinhos que, pelo seu preço, entregam uma qualidade maior do que a esperada. Conheça abaixo os vinhos degustados.

Para o dia a dia

Falernia Reserva Syrah 2016Vale do Elqui, Chile R$ 90,47, na Premium Com uvas syrah no quente vale do Elqui, ao norte do Chile, é um tinto de cor rubi, corpo médio e não muito persistente no paladar. Mas encanta pelos aromas de frutas vermelhas e pelas notas de ervas frescas de cozinha, que convidam para um próximo gole. Tem 14% de álcool.

Miolo Single Vineyard Pinot Noir 2019Campanha Gaúcha, Brasil R$ 78,96, na Miolo De cor rubi mais clara, esse tinto traduz o estilo dos pinot noir brasileiros: notas de cerejas e morangos, um toque terroso, mais extraído do que os representantes franceses, e acidez presente. Tem corpo leve para médio, com poucos taninos e persistência curta. Tem 13,5% de álcool.

Anciano Gran Reserva 10 anos 2008Valdepeñas, Espanha R$ 69,90, na Evino Elaborado apenas com a tempranillo pela Guy Anderson Wines, esse tinto espanhol destaca-se nos aromas pelas notas de caramelo e café, e uma ponta de fruta vermelha. De corpo médio, simples, com notas de evolução. O tinto foi lançado dez anos após a sua safra e nesse período passou 18 meses em barricas de carvalho e o restante em garrafas, amadurecendo. Tem 13% de álcool.

Mosaiko Cabernet Sauvignon 2018Cachapoal, Chile R$ 74,01, na Wine A uva cabernet sauvignon de cinco vinhedos distintos são mescladas para esse tinto de aromas frutados, lembrando ameixas e goiaba, e um toque terroso. De corpo médio, concentrado, tem taninos presentes, sem arestas. Tem 14% de álcool.

Yellow Tail Shiraz 2019South Eastern, Austrália R$ 80, na Cantu A Yellow Tail é uma marca campeã de vendas no mundo, com a proposta de vinhos descomplicados. Nesse shiraz traz aromas de notas vermelhas frutadas, quase doce, com um toque de caramelo, talvez vindo dos quatro meses em barricas de carvalho. No paladar, apresenta corpo de média intensidade, taninos macios, e é quase licoroso. Tem 13,5% de álcool

Portillo Salentein Pinot Noir 2019Mendoza, Argentina R$ 99, na Zahil A cor rubi translucida já indica a pinot noir como variedade. Com notas de frutas frescas, lembrando cerejas, floral e tomilho. É leve e fresco, para provar sem compromisso num final de tarde. Tem 14% de álcool.

Cresce com a comida

Pizzato Merlot de Merlot 2018Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 99, na Pizzato Conhecida pelos seus vinhos com a uva merlot, a brasileira Pizzato elabora esse tinto apenas com esta variedade. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras, lembrando ameixas pretas, com um toque mais amadeirado. De corpo médio, tem taninos presentes, firmes, e poderia ter um pouco mais de acidez. Tem 13,5% de álcool.

Sete Colores Cabernet País 2019Maipo, Chile R$ 75, na Winebrands Esse tinto mescla a conhecida cabernet sauvignon com a uva país, variedade antiga e mais rústica, que vem sendo valorizada no Chile. De cor rubi mais escura, é bem aromático, com fruta muito madura, mais potente e pesado no paladar. Tem 13,5% de álcool.

Scorpio Blend 2018Mendoza, Argentina R$ 79,90, na Dominio Cassis Tinto argentino do produtor Jasmine Monet, elaborado com malbec (com 50), cabernet franc (25%) e petit verdot (25%), que amadurece por oito meses em barricas. É muito frutado nos aromas, com frutas vermelhas maduras, e um toque floral. Tem boa estrutura no paladar, taninos presentes. Tem potência para um bom churrasco. Tem 14% de álcool.

Vale do Bomfim 2018Douro, Portugal R$ 99, na Portus A Symington, conhecida por seus vinhos do Porto, também tem vinhos tranquilos, como esse que mistura touriga franca, touriga nacional e castas tradicionais do Douro. Seus aromas lembram cerejas e ameixas, com um toque de especiaria. Tem taninos maduros, com leve adstringência, bom frescor e capacidade de envelhecer na garrafa. Tem 14% de álcool.

.com Premium 2018 Alentejo, Portugal R$ 97,13, na Adega Alentejana O tinto de Tiago Cabaço se destaca pelas notas de frutas vermelhas mais frescas, lembrando morangos e mirtilos, mescladas com ervas e floral. Tem um tanino presente e bem aveludado, típico do Alentejo. É equilibrado, alcoólico, e apresenta uma boa persistência. Tem 14% de álcool.

Assobio 2019, DouroDouro, Portugal R$ 95, na Qualimpor Vinho de entrada da Quinta das Murças, o projeto do Esporão no Douro. É elaborado com a touriga nacional, a touriga franca e a tinta roriz e passa seis meses em barricas de carvalho francês. Frutas vermelhas, como cassis, e notas herbáceas, aparecem ao nariz. Na boca é encorpado, com taninos maduros, tudo bem balanceado e fácil de gostar. Tem 13 % de álcool.

Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018Maipo, Chile R$ 99,89, na Mistral De cor rubi, ainda com reflexos violáceos, esse cabernet sauvigon tem 15% de cabernet franc em seu blend. Traz as notas de groselhas, cassis e goiaba e um toque de especiaria, lembrando pimenta, no nariz. No paladar, traz agradável equilíbrio entre álcool, acidez e tanino. Tem 13% de álcool.

Bom custo-benefício

Aliwen Cabernet Sauvignon Carmenère 2019Maipo e Rapel, Chile R$ 74,90, na Inovini Tinto de entrada da vinícola Undurraga. No Chile, nasce esse blend de cabernet sauvignon, do vale de Maipo, com a carmenère, de Rapel. Seus aromas, lembrando frutas negras maduras, como groselhas, ameixas, traz a sensação de doçura, mesclada com um toque de madeira, e notas vegetais, como pimentão. Encorpado, tem muito taninos, que são firmes, com final agradável. Tem 13,5% de álcool.

Las Veletas País 2018Maule, Chile R$ 80, na Edega Com coloração rubi clara, esse tinto chileno mostra que a outrora rústica uva país é uma variedade que pode surpreender. Com notas de cerejas vermelhas e goiaba e ervas de cozinha (louro) e algo terroso. Tem corpo de média intensidade, é equilibrado e com bom frescor, convida para o próximo gole. Harmoniza com boa charcutaria. Tem 13% de álcool.

Finca Las Moras Malbec 2020San Juan, Argentina R$ 59,90, na Decanter Esse tinto argentino exemplifica porque a variedade malbec faz tanto sucesso no Brasil. Aromas de frutas vermelhas maduras, como cerejas e mirtilos, com um toque floral no nariz. De corpo leve, sem passagem em madeira, tem taninos presentes, com leve adstringência, e aquela sensação de quase doçura no paladar. Tem 13,5% de álcool.

Para beber já

Robertson Winery Pinotage 2018Robertson Valley, África do Sul R$ 86,78, na Vinci A pinotage é uma variedade emblemática na África do Sul. O tinto traz aromas de frutas negras, como ameixas, café e também notas mais evoluídas, com um bom tostado. Tem corpo de média intensidade, taninos firmes, e bom equilíbrio. Tem 13% de álcool.

Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019Serra Gaúcha, Brasil R$ 58, na Vinícola Aurora A região de Pinto Bandeira se destaca pelos espumantes, exatamente pela boa maturação da pinot noir. Aqui, a uva dá origem a um tinto com muitas notas de madeira: baunilha, caramelo, tostado aparecem no nariz se sobrepondo à fruta. De corpo médio, mantém as notas de tostados no paladar, com um tanino macio, e pouca persistência. Tem 12% de álcool.

Château Ponchemin 2015Bordeaux, França R$ 89, na Winelovers O representante de Bordeaux nesse painel se mostrou um tinto mais evoluído, a começar pela cor, rubi com reflexos âmbar. No nariz, pouca fruta, notas de couro e tabaco, que remetem à evolução. Já passou o seu melhor momento. Tem 13,5% de álcool

Salton Paradoxo Cabernet Sauvignon 2017Campanha Gaúcha, Brasil R$ 58, na Salton Com garrafa imponente e coloração rubi concentrada, esse cabernet traz aromas frutados que lembram groselhas e ameixas. Tem corpo leve para médio, com um tostado da passagem em madeira, e final curto. Tem 12,5% de álcool.

Valduga Terroir Cabernet Sauvignon 2015Vale dos Vinhedos, Brasil R$ 89,90, na Casa Valduga Este tinto brasileiro apresenta traços de vinho evoluído, com pouca fruta. Lembra o Velho Mundo, com notas terrosas, taninos finos e presentes. Tem acidez pronunciada, que pede comida. Tem 13% de álcool.

Val da Ucha 2015Dão, Portugal R$ 80, na World Wine Tinto da região do Dão, elaborado com touriga nacional, tinta roriz, alfrocheiro e jaen. Seus aromas mesclam notas como sândalo, com frutas negras. Tem um agradável tostado, já da sua evolução, e boa acidez, que o torna fresco no paladar. Tem 13% de álcool.

Poderia ter preço mais acessível

Bote 2018Beiras, Portugal R$ 99, na 4U Wine Esse representante português, elaborado com as uvas tinta roriz e rufete, traz cor rubi bem concentrada, notas de frutas vermelhas mais frescas, um toque floral (violeta) e outro de caramelo. Equilibrado e bem elaborado, tem corpo médio, taninos aveludados, com destaque para a acidez, o que lhe torna mais gastronômico, e a boa persistência no paladar. Tem 13,5% de álcool

Trapiche Reserva Malbec 2019Mendoza, Argentina R$ 96,90, na Interfood De cor rubi escura, é aquele vinho que encanta quem gosta de muita fruta nos aromas. Ameixas, cerejas, blueberries estão todas lá, assim como um toque floral, aliados a um corpo intenso, taninos presentes e macios, apesar da sensação de acidez corrigida. É um bom e típico malbec, bem elaborado. Tem 13,5% de álcool.

Luccarelli Primitivo 2019Puglia, Itália R$ 98,90, na Casa Flora A uva primitivo agrada o brasileiro pelas suas notas de frutas vermelhas maduras e paladar quase doce. Assim é esse vinho, com aromas que lembram amoras e ameixas pretas, um toque herbal, taninos também bem macios, com corpo médio, e a sensação de doçura na boca, que esconde uma ponta de amargor. Tem 14% de álcool.

Chakana Sobrenatural Bonarda 2019Mendoza, Argentina R$ 83, na La Pastina Esse tinto da vinícola Chakana, que segue a filosofia orgânica na Argentina, é elaborado com a bonarda, variedade muito cultivada no país, mas com pouco glamour (infelizmente). Esse é um bonarda simples e frutado, com notas que lembram balas de morango. De corpo leve, traz taninos mais rústicos, e é simples no paladar. Tem 13% de álcool.

Club des Sommeliers Gran Reserva 2019Rapel, Chile R$ 89,99, no Pão de Açúcar É um tinto concentrado, seja na cor, rubi escura, como nos aromas. Figo, frutas confitadas, até jabuticaba aparecem em seu aroma. No paladar, é encorpado, com taninos bem presentes, e traz a sensação de dulçor, pelo álcool. Equilibrado, feito sob medida para quem gosta de vinhos potentes. Tem 14% de álcool.

Destaques de cada degustador

Felipe Campos- Las Veletas 2018 – “É um belo representante da uva país, extremamente floral, com notas de cereja e goiaba. Ideal como alternativa aos vinhos leves mais caros do Velho Mundo.”

- Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2019 – “É um pinot ao estilo do Novo Mundo, bem feito, pronto para beber e excelente para pratos leves, como um galeto.”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Marcado pela presença de muita fruta negra e café no aroma, nota peculiar da pinotage, quando bem vinificada, diferente da pungência incômoda de outros exemplares dessa variedade, onde as notas químicas incomodam”.

Felipe Campos, professor da The Wine School Brasil. Foto: Alex Silva/Estadão

José Maria Santana- Symington Vale do Bomfim 2018 – “É um tinto jovial, bem feito, produzido pela família Symington em sua Quinta do Bomfim. Gostoso para tomar já, tem estrutura para mais alguns anos de garrafa”

- Robertson Winery Pinotage 2018 – “Um vinho que chama a atenção por ser mais equilibrado e elegante do que a média dos tintos sul-africanos produzidos com a pinotage, uva híbrida que surgiu naquele país”.

- Assobio 2019 – “A Herdade do Esporão, uma das melhores vinícolas portuguesas, ganhou fama no Alentejo e, há alguns anos, entrou também no Douro. O Assobio é uma linha destinada a vinhos joviais, sem complicações, fácil de gostar”.

José Maria Santana, autor do blog BrasilVinhos. Foto: Alex Silva/Estadão

Suzana Barelli- Carmen Insigne Cabernet Sauvignon 2018 - “É um cabernet sauvignon bem feito, simples, frutado e equilibrado. Para quem quer começar a entender os cabernets chilenos.”

- Las Veletas País 2018 – “A uva país é uma das boas surpresas do Chile. Ela vem sendo resgatada de vinhedos centenários, no sul, e dá origem a vinhos gostosos, fáceis de beber, com bom frescor, ótimo para o clima brasileiro”.

- .com Premium 2018 – “Um tinto que traduz o Alentejo, com seus aromas frutados, taninos presentes e sempre macios, com equilíbrio e persistência no paladar.”

Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Foto: Alex Silva/Estadão

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