Suzana Barelli

Castelão, a jóia escondida de Setúbal


Outrora desprestigiada, variedade mostra seu potencial de qualidade nos vinhos portugueses

Por Suzana Barelli

Os pavões, que parecem distrair os turistas em seus passeios pelos vinhedos, são os primeiros a reconhecer a qualidade da uva tinta castelão, plantada em quase 30 hectares da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal. Os animais vivem livremente pelos vinhedos, dormem nos galhos de um enorme eucalipto da propriedade e são os primeiros a se deliciar com as uvas, quando maduras.

“Ao contrário dos pássaros, que furam a uva, deixando os bagos abertos às doenças, eles comem a fruta inteira, revelando que estão maduras, prontas para a colheita”, conta a enóloga Ana Varandas.

Cerca de dez pavões circulam pelos vinhedos da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal Foto: Suzana Barelli
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Variedade principal

Não são apenas eles que definem o ponto ótimo da colheita. A degustação da fruta pela enóloga e os testes de laboratório definem o momento preciso da colheita, sempre manual, já que as vinhas velhas, plantadas há mais de 50 anos, não permitem a mecanização. E Ana não se preocupa de as aves saciarem sua fome com a fruta. “Não é um grande prejuízo”, sorri ela. A enóloga está mais focada em mostrar que essa vinícola pequena, que elabora apenas quatro vinhos (um rosé e quatro tintos), todos com a castelão como base, sabe valorizar essa variedade autóctone portuguesa.

Explica-se: a castelão é a principal uva da Península de Setúbal, região ao sul de Lisboa. Ocupa 3,3 mil hectares dos pouco mais de 8,2 mil hectares de vinhedos locais, pelos dados da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Mesmo majoritária nos vinhedos, ela não conta com o brilho da moscatel, que em vinhos fortificados traz o glamour à produção local (elaborados com a moscatel de Alexandria ou com o moscatel roxo, os fortificados representam cerca de 5% do total de vinhos da região). Ou não contava.

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Maneira antiga

Os vinhos da Herdade Espirra, elaborados de maneira clássica, indicam o potencial da castelão que, por não ser tão valorizada, também tem preços mais acessíveis (o Pavão da Espirra, tinto de entrada de linha, elaborado com 85% de castelão, mesclado com alicante bouschet, aragonês e touriga nacional, chega ao Brasil por R$ 100).

Na herdade, ela é elaborada de maneira antiga, com pisa em lagares, fermentação em tanques de inox e amadurecimento em tanques de concreto ou em barrica de carvalho, com todos os equipamentos sem qualquer controle de temperatura. Mas resulta em tintos bem limpos, focados na fruta fresca e com taninos presentes, elegantes.

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Mas nada de pensar que o castelão é o patinho feio de Setúbal. “A castelão é uma relação de amor e ódio”, afirma a enóloga Joana Vida, da Venâncio Costa Lima. Da quarta geração dos fundadores da vinícola, ela conta que, apesar de nem todos os enólogos locais gostarem desta variedade, que já foi conhecida como periquita (sim, ela que dá origem a linha Periquita, elaborada também na região, pela José Maria da Fonseca), ela vem mostrando o seu potencial e conquistando novos consumidores.

Tradicional lagar de concreto usado na fermentação dos vinhos tintos Foto: Suzana Barelli

O solo arenoso

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E não é apenas na Herdade Espirra. “O segredo da castelão é identificar as vinhas certas”, defende Filipe Cardoso, da quarta geração da Quinta do Piloto. Ele acredita que são as vinhas já com alguma idade, cultivada em solos com maiores porcentagens de areia, que dão origem ao melhor desta cepa.

Um exemplo, diz ele é o seu vinho Coleção de Família, que nasce das seis melhores barricas de carvalho de castelão a cada safra. Aqui, é um tinto bem concentrado, potente e sem arestas, em um estilo oposto ao da Espirra, e que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho (R$ 981, na Maison du Vin), que vem chamando mais atenção à variedade.

O clássico dos clássicos

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Em defesa da variedade há, ainda, o Periquita Clássico, da vinícola José Maria da Fonseca. No passado, o Periquita era a referência da região, elaborado da maneira tradicional, com as uvas fermentando junto com os engaços, e lançado ainda muito jovem e tânico no mercado. Era daqueles vinhos que ficava na adega por décadas antes de estar pronto para beber. Com o tempo, a vinícola mudou a sua elaboração e atualmente toda a linha de vinhos Periquita chega ao mercado pronta para o consumo.

A exceção é o Periquita Clássico, que voltou a ser elaborado de maneira antiga na década passada. Feito apenas com a castelão, que fermenta em tonéis de madeira por dois anos. É o representante desta linha que não apenas recupera a maneira antiga de fazer esse vinho, como que tem longo potencial de envelhecimento. A safra de 2014, apesar do preço salgado (R$ 655, no Todovino.com.br) tem uma elegância ímpar, mostrando que há muito que se explorar com essa cepa. E esses são apenas três exemplos do potencial da castelão.

Os pavões, que parecem distrair os turistas em seus passeios pelos vinhedos, são os primeiros a reconhecer a qualidade da uva tinta castelão, plantada em quase 30 hectares da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal. Os animais vivem livremente pelos vinhedos, dormem nos galhos de um enorme eucalipto da propriedade e são os primeiros a se deliciar com as uvas, quando maduras.

“Ao contrário dos pássaros, que furam a uva, deixando os bagos abertos às doenças, eles comem a fruta inteira, revelando que estão maduras, prontas para a colheita”, conta a enóloga Ana Varandas.

Cerca de dez pavões circulam pelos vinhedos da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal Foto: Suzana Barelli

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Não são apenas eles que definem o ponto ótimo da colheita. A degustação da fruta pela enóloga e os testes de laboratório definem o momento preciso da colheita, sempre manual, já que as vinhas velhas, plantadas há mais de 50 anos, não permitem a mecanização. E Ana não se preocupa de as aves saciarem sua fome com a fruta. “Não é um grande prejuízo”, sorri ela. A enóloga está mais focada em mostrar que essa vinícola pequena, que elabora apenas quatro vinhos (um rosé e quatro tintos), todos com a castelão como base, sabe valorizar essa variedade autóctone portuguesa.

Explica-se: a castelão é a principal uva da Península de Setúbal, região ao sul de Lisboa. Ocupa 3,3 mil hectares dos pouco mais de 8,2 mil hectares de vinhedos locais, pelos dados da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Mesmo majoritária nos vinhedos, ela não conta com o brilho da moscatel, que em vinhos fortificados traz o glamour à produção local (elaborados com a moscatel de Alexandria ou com o moscatel roxo, os fortificados representam cerca de 5% do total de vinhos da região). Ou não contava.

Maneira antiga

Os vinhos da Herdade Espirra, elaborados de maneira clássica, indicam o potencial da castelão que, por não ser tão valorizada, também tem preços mais acessíveis (o Pavão da Espirra, tinto de entrada de linha, elaborado com 85% de castelão, mesclado com alicante bouschet, aragonês e touriga nacional, chega ao Brasil por R$ 100).

Na herdade, ela é elaborada de maneira antiga, com pisa em lagares, fermentação em tanques de inox e amadurecimento em tanques de concreto ou em barrica de carvalho, com todos os equipamentos sem qualquer controle de temperatura. Mas resulta em tintos bem limpos, focados na fruta fresca e com taninos presentes, elegantes.

Mas nada de pensar que o castelão é o patinho feio de Setúbal. “A castelão é uma relação de amor e ódio”, afirma a enóloga Joana Vida, da Venâncio Costa Lima. Da quarta geração dos fundadores da vinícola, ela conta que, apesar de nem todos os enólogos locais gostarem desta variedade, que já foi conhecida como periquita (sim, ela que dá origem a linha Periquita, elaborada também na região, pela José Maria da Fonseca), ela vem mostrando o seu potencial e conquistando novos consumidores.

Tradicional lagar de concreto usado na fermentação dos vinhos tintos Foto: Suzana Barelli

O solo arenoso

E não é apenas na Herdade Espirra. “O segredo da castelão é identificar as vinhas certas”, defende Filipe Cardoso, da quarta geração da Quinta do Piloto. Ele acredita que são as vinhas já com alguma idade, cultivada em solos com maiores porcentagens de areia, que dão origem ao melhor desta cepa.

Um exemplo, diz ele é o seu vinho Coleção de Família, que nasce das seis melhores barricas de carvalho de castelão a cada safra. Aqui, é um tinto bem concentrado, potente e sem arestas, em um estilo oposto ao da Espirra, e que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho (R$ 981, na Maison du Vin), que vem chamando mais atenção à variedade.

O clássico dos clássicos

Em defesa da variedade há, ainda, o Periquita Clássico, da vinícola José Maria da Fonseca. No passado, o Periquita era a referência da região, elaborado da maneira tradicional, com as uvas fermentando junto com os engaços, e lançado ainda muito jovem e tânico no mercado. Era daqueles vinhos que ficava na adega por décadas antes de estar pronto para beber. Com o tempo, a vinícola mudou a sua elaboração e atualmente toda a linha de vinhos Periquita chega ao mercado pronta para o consumo.

A exceção é o Periquita Clássico, que voltou a ser elaborado de maneira antiga na década passada. Feito apenas com a castelão, que fermenta em tonéis de madeira por dois anos. É o representante desta linha que não apenas recupera a maneira antiga de fazer esse vinho, como que tem longo potencial de envelhecimento. A safra de 2014, apesar do preço salgado (R$ 655, no Todovino.com.br) tem uma elegância ímpar, mostrando que há muito que se explorar com essa cepa. E esses são apenas três exemplos do potencial da castelão.

Os pavões, que parecem distrair os turistas em seus passeios pelos vinhedos, são os primeiros a reconhecer a qualidade da uva tinta castelão, plantada em quase 30 hectares da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal. Os animais vivem livremente pelos vinhedos, dormem nos galhos de um enorme eucalipto da propriedade e são os primeiros a se deliciar com as uvas, quando maduras.

“Ao contrário dos pássaros, que furam a uva, deixando os bagos abertos às doenças, eles comem a fruta inteira, revelando que estão maduras, prontas para a colheita”, conta a enóloga Ana Varandas.

Cerca de dez pavões circulam pelos vinhedos da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal Foto: Suzana Barelli

Variedade principal

Não são apenas eles que definem o ponto ótimo da colheita. A degustação da fruta pela enóloga e os testes de laboratório definem o momento preciso da colheita, sempre manual, já que as vinhas velhas, plantadas há mais de 50 anos, não permitem a mecanização. E Ana não se preocupa de as aves saciarem sua fome com a fruta. “Não é um grande prejuízo”, sorri ela. A enóloga está mais focada em mostrar que essa vinícola pequena, que elabora apenas quatro vinhos (um rosé e quatro tintos), todos com a castelão como base, sabe valorizar essa variedade autóctone portuguesa.

Explica-se: a castelão é a principal uva da Península de Setúbal, região ao sul de Lisboa. Ocupa 3,3 mil hectares dos pouco mais de 8,2 mil hectares de vinhedos locais, pelos dados da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Mesmo majoritária nos vinhedos, ela não conta com o brilho da moscatel, que em vinhos fortificados traz o glamour à produção local (elaborados com a moscatel de Alexandria ou com o moscatel roxo, os fortificados representam cerca de 5% do total de vinhos da região). Ou não contava.

Maneira antiga

Os vinhos da Herdade Espirra, elaborados de maneira clássica, indicam o potencial da castelão que, por não ser tão valorizada, também tem preços mais acessíveis (o Pavão da Espirra, tinto de entrada de linha, elaborado com 85% de castelão, mesclado com alicante bouschet, aragonês e touriga nacional, chega ao Brasil por R$ 100).

Na herdade, ela é elaborada de maneira antiga, com pisa em lagares, fermentação em tanques de inox e amadurecimento em tanques de concreto ou em barrica de carvalho, com todos os equipamentos sem qualquer controle de temperatura. Mas resulta em tintos bem limpos, focados na fruta fresca e com taninos presentes, elegantes.

Mas nada de pensar que o castelão é o patinho feio de Setúbal. “A castelão é uma relação de amor e ódio”, afirma a enóloga Joana Vida, da Venâncio Costa Lima. Da quarta geração dos fundadores da vinícola, ela conta que, apesar de nem todos os enólogos locais gostarem desta variedade, que já foi conhecida como periquita (sim, ela que dá origem a linha Periquita, elaborada também na região, pela José Maria da Fonseca), ela vem mostrando o seu potencial e conquistando novos consumidores.

Tradicional lagar de concreto usado na fermentação dos vinhos tintos Foto: Suzana Barelli

O solo arenoso

E não é apenas na Herdade Espirra. “O segredo da castelão é identificar as vinhas certas”, defende Filipe Cardoso, da quarta geração da Quinta do Piloto. Ele acredita que são as vinhas já com alguma idade, cultivada em solos com maiores porcentagens de areia, que dão origem ao melhor desta cepa.

Um exemplo, diz ele é o seu vinho Coleção de Família, que nasce das seis melhores barricas de carvalho de castelão a cada safra. Aqui, é um tinto bem concentrado, potente e sem arestas, em um estilo oposto ao da Espirra, e que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho (R$ 981, na Maison du Vin), que vem chamando mais atenção à variedade.

O clássico dos clássicos

Em defesa da variedade há, ainda, o Periquita Clássico, da vinícola José Maria da Fonseca. No passado, o Periquita era a referência da região, elaborado da maneira tradicional, com as uvas fermentando junto com os engaços, e lançado ainda muito jovem e tânico no mercado. Era daqueles vinhos que ficava na adega por décadas antes de estar pronto para beber. Com o tempo, a vinícola mudou a sua elaboração e atualmente toda a linha de vinhos Periquita chega ao mercado pronta para o consumo.

A exceção é o Periquita Clássico, que voltou a ser elaborado de maneira antiga na década passada. Feito apenas com a castelão, que fermenta em tonéis de madeira por dois anos. É o representante desta linha que não apenas recupera a maneira antiga de fazer esse vinho, como que tem longo potencial de envelhecimento. A safra de 2014, apesar do preço salgado (R$ 655, no Todovino.com.br) tem uma elegância ímpar, mostrando que há muito que se explorar com essa cepa. E esses são apenas três exemplos do potencial da castelão.

Os pavões, que parecem distrair os turistas em seus passeios pelos vinhedos, são os primeiros a reconhecer a qualidade da uva tinta castelão, plantada em quase 30 hectares da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal. Os animais vivem livremente pelos vinhedos, dormem nos galhos de um enorme eucalipto da propriedade e são os primeiros a se deliciar com as uvas, quando maduras.

“Ao contrário dos pássaros, que furam a uva, deixando os bagos abertos às doenças, eles comem a fruta inteira, revelando que estão maduras, prontas para a colheita”, conta a enóloga Ana Varandas.

Cerca de dez pavões circulam pelos vinhedos da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal Foto: Suzana Barelli

Variedade principal

Não são apenas eles que definem o ponto ótimo da colheita. A degustação da fruta pela enóloga e os testes de laboratório definem o momento preciso da colheita, sempre manual, já que as vinhas velhas, plantadas há mais de 50 anos, não permitem a mecanização. E Ana não se preocupa de as aves saciarem sua fome com a fruta. “Não é um grande prejuízo”, sorri ela. A enóloga está mais focada em mostrar que essa vinícola pequena, que elabora apenas quatro vinhos (um rosé e quatro tintos), todos com a castelão como base, sabe valorizar essa variedade autóctone portuguesa.

Explica-se: a castelão é a principal uva da Península de Setúbal, região ao sul de Lisboa. Ocupa 3,3 mil hectares dos pouco mais de 8,2 mil hectares de vinhedos locais, pelos dados da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Mesmo majoritária nos vinhedos, ela não conta com o brilho da moscatel, que em vinhos fortificados traz o glamour à produção local (elaborados com a moscatel de Alexandria ou com o moscatel roxo, os fortificados representam cerca de 5% do total de vinhos da região). Ou não contava.

Maneira antiga

Os vinhos da Herdade Espirra, elaborados de maneira clássica, indicam o potencial da castelão que, por não ser tão valorizada, também tem preços mais acessíveis (o Pavão da Espirra, tinto de entrada de linha, elaborado com 85% de castelão, mesclado com alicante bouschet, aragonês e touriga nacional, chega ao Brasil por R$ 100).

Na herdade, ela é elaborada de maneira antiga, com pisa em lagares, fermentação em tanques de inox e amadurecimento em tanques de concreto ou em barrica de carvalho, com todos os equipamentos sem qualquer controle de temperatura. Mas resulta em tintos bem limpos, focados na fruta fresca e com taninos presentes, elegantes.

Mas nada de pensar que o castelão é o patinho feio de Setúbal. “A castelão é uma relação de amor e ódio”, afirma a enóloga Joana Vida, da Venâncio Costa Lima. Da quarta geração dos fundadores da vinícola, ela conta que, apesar de nem todos os enólogos locais gostarem desta variedade, que já foi conhecida como periquita (sim, ela que dá origem a linha Periquita, elaborada também na região, pela José Maria da Fonseca), ela vem mostrando o seu potencial e conquistando novos consumidores.

Tradicional lagar de concreto usado na fermentação dos vinhos tintos Foto: Suzana Barelli

O solo arenoso

E não é apenas na Herdade Espirra. “O segredo da castelão é identificar as vinhas certas”, defende Filipe Cardoso, da quarta geração da Quinta do Piloto. Ele acredita que são as vinhas já com alguma idade, cultivada em solos com maiores porcentagens de areia, que dão origem ao melhor desta cepa.

Um exemplo, diz ele é o seu vinho Coleção de Família, que nasce das seis melhores barricas de carvalho de castelão a cada safra. Aqui, é um tinto bem concentrado, potente e sem arestas, em um estilo oposto ao da Espirra, e que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho (R$ 981, na Maison du Vin), que vem chamando mais atenção à variedade.

O clássico dos clássicos

Em defesa da variedade há, ainda, o Periquita Clássico, da vinícola José Maria da Fonseca. No passado, o Periquita era a referência da região, elaborado da maneira tradicional, com as uvas fermentando junto com os engaços, e lançado ainda muito jovem e tânico no mercado. Era daqueles vinhos que ficava na adega por décadas antes de estar pronto para beber. Com o tempo, a vinícola mudou a sua elaboração e atualmente toda a linha de vinhos Periquita chega ao mercado pronta para o consumo.

A exceção é o Periquita Clássico, que voltou a ser elaborado de maneira antiga na década passada. Feito apenas com a castelão, que fermenta em tonéis de madeira por dois anos. É o representante desta linha que não apenas recupera a maneira antiga de fazer esse vinho, como que tem longo potencial de envelhecimento. A safra de 2014, apesar do preço salgado (R$ 655, no Todovino.com.br) tem uma elegância ímpar, mostrando que há muito que se explorar com essa cepa. E esses são apenas três exemplos do potencial da castelão.

Os pavões, que parecem distrair os turistas em seus passeios pelos vinhedos, são os primeiros a reconhecer a qualidade da uva tinta castelão, plantada em quase 30 hectares da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal. Os animais vivem livremente pelos vinhedos, dormem nos galhos de um enorme eucalipto da propriedade e são os primeiros a se deliciar com as uvas, quando maduras.

“Ao contrário dos pássaros, que furam a uva, deixando os bagos abertos às doenças, eles comem a fruta inteira, revelando que estão maduras, prontas para a colheita”, conta a enóloga Ana Varandas.

Cerca de dez pavões circulam pelos vinhedos da Herdade Espirra, na Península de Setúbal, em Portugal Foto: Suzana Barelli

Variedade principal

Não são apenas eles que definem o ponto ótimo da colheita. A degustação da fruta pela enóloga e os testes de laboratório definem o momento preciso da colheita, sempre manual, já que as vinhas velhas, plantadas há mais de 50 anos, não permitem a mecanização. E Ana não se preocupa de as aves saciarem sua fome com a fruta. “Não é um grande prejuízo”, sorri ela. A enóloga está mais focada em mostrar que essa vinícola pequena, que elabora apenas quatro vinhos (um rosé e quatro tintos), todos com a castelão como base, sabe valorizar essa variedade autóctone portuguesa.

Explica-se: a castelão é a principal uva da Península de Setúbal, região ao sul de Lisboa. Ocupa 3,3 mil hectares dos pouco mais de 8,2 mil hectares de vinhedos locais, pelos dados da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Mesmo majoritária nos vinhedos, ela não conta com o brilho da moscatel, que em vinhos fortificados traz o glamour à produção local (elaborados com a moscatel de Alexandria ou com o moscatel roxo, os fortificados representam cerca de 5% do total de vinhos da região). Ou não contava.

Maneira antiga

Os vinhos da Herdade Espirra, elaborados de maneira clássica, indicam o potencial da castelão que, por não ser tão valorizada, também tem preços mais acessíveis (o Pavão da Espirra, tinto de entrada de linha, elaborado com 85% de castelão, mesclado com alicante bouschet, aragonês e touriga nacional, chega ao Brasil por R$ 100).

Na herdade, ela é elaborada de maneira antiga, com pisa em lagares, fermentação em tanques de inox e amadurecimento em tanques de concreto ou em barrica de carvalho, com todos os equipamentos sem qualquer controle de temperatura. Mas resulta em tintos bem limpos, focados na fruta fresca e com taninos presentes, elegantes.

Mas nada de pensar que o castelão é o patinho feio de Setúbal. “A castelão é uma relação de amor e ódio”, afirma a enóloga Joana Vida, da Venâncio Costa Lima. Da quarta geração dos fundadores da vinícola, ela conta que, apesar de nem todos os enólogos locais gostarem desta variedade, que já foi conhecida como periquita (sim, ela que dá origem a linha Periquita, elaborada também na região, pela José Maria da Fonseca), ela vem mostrando o seu potencial e conquistando novos consumidores.

Tradicional lagar de concreto usado na fermentação dos vinhos tintos Foto: Suzana Barelli

O solo arenoso

E não é apenas na Herdade Espirra. “O segredo da castelão é identificar as vinhas certas”, defende Filipe Cardoso, da quarta geração da Quinta do Piloto. Ele acredita que são as vinhas já com alguma idade, cultivada em solos com maiores porcentagens de areia, que dão origem ao melhor desta cepa.

Um exemplo, diz ele é o seu vinho Coleção de Família, que nasce das seis melhores barricas de carvalho de castelão a cada safra. Aqui, é um tinto bem concentrado, potente e sem arestas, em um estilo oposto ao da Espirra, e que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho (R$ 981, na Maison du Vin), que vem chamando mais atenção à variedade.

O clássico dos clássicos

Em defesa da variedade há, ainda, o Periquita Clássico, da vinícola José Maria da Fonseca. No passado, o Periquita era a referência da região, elaborado da maneira tradicional, com as uvas fermentando junto com os engaços, e lançado ainda muito jovem e tânico no mercado. Era daqueles vinhos que ficava na adega por décadas antes de estar pronto para beber. Com o tempo, a vinícola mudou a sua elaboração e atualmente toda a linha de vinhos Periquita chega ao mercado pronta para o consumo.

A exceção é o Periquita Clássico, que voltou a ser elaborado de maneira antiga na década passada. Feito apenas com a castelão, que fermenta em tonéis de madeira por dois anos. É o representante desta linha que não apenas recupera a maneira antiga de fazer esse vinho, como que tem longo potencial de envelhecimento. A safra de 2014, apesar do preço salgado (R$ 655, no Todovino.com.br) tem uma elegância ímpar, mostrando que há muito que se explorar com essa cepa. E esses são apenas três exemplos do potencial da castelão.

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