Suzana Barelli

Chadwick e os desafios dos vinhos finos chilenos


Dono dos vinhos Seña, Viñedo Chadwick e Don Maximiano, o empresário comemora os 20 anos da Cata de Berlin, degustação que mostrou o potencial dos seus vinhos

Por Suzana Barelli

Ousadia talvez seja o melhor adjetivo para definir o empresário chileno Eduardo Chadwick, dos vinhos Seña, Viñedo Chadwick, Don Maximiano e, mais recentemente, Pizarras, no Chile. Seu melhor lance foi apostar na “Cata de Berlin”, degustação às cegas na qual os rótulos chilenos de Chadwick ficaram à frente de tintos consagrados como os châteaux Lafite, Margaux e Latour, e italianos, como Solaia. A prova, conduzida pelo inglês Steven Spurrier (1941-2021), já famoso por outra degustação às cegas, o Julgamento de Paris, mostrou ao mundo que o Chile também tinha tintos de (muita) qualidade.

“Naquela época, nenhum vinho chileno era degustado pelos críticos internacionais. Não tínhamos nenhuma pontuação para mostrar aos consumidores e aos comerciantes”, conta Chadwick.

Em Panquehue, na região do Aconcagua, os vinhedos e, ao fundo, a vinícola Foto: Suzana Barelli
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Antes desta degustação histórica, o ousado Chadwick já havia escalado o Aconcágua, o pico mais alto da Cordilheira dos Andes, e recuperado a vinícola da família, fundada por Don Maximiano (daí o nome do tinto premium) em 1870. Tinha também transformado o campo de polo da família (então o esporte preferido do seu pai) em um dos vinhedos de cabernet sauvignon mais prestigiados do país, e que dá origem ao tinto Viñedo Chadwick. O vinhedo fica ao lado das vinhas de outros dois vinhos chilenos, o Almaviva e o Don Melchor.

A NOVA ENÓLOGA

Seu lance mais recente foi contratar uma enóloga para assumir os vinhos premiuns do grupo. Há quatro meses, Emily Fauconer está à frente do Seña e do Viñedo Chadwick, as duas principais joias de Chadwick, além de coordenar a elaboração dos demais rótulos premiuns. Entrou no lugar de Francisco Baettig, o enólogo que trouxe a maturidade que estes vinhos precisavam, e que agora se tornou consultor do grupo. A ideia é que Baettig concilie a consultoria no grupo com o seu projeto pessoal, na região de Traigén, no sul do país.

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“Acredito na sensibilidade das mulheres”, afirma Chadwick. Detalhe: nem bem assumiu o projeto, Emily engravidou do seu segundo filho, e deve conciliar a licença maternidade com os projetos da vinícola. Entre eles está ampliar as práticas orgânicas nos vinhedos – atualmente, apenas o Seña segue os princípios de Rudolf Steirn, mas a ideia é aumentar a agricultura biodinâmica nos vinhedos, prática que ele conheceu com José Guilisasti (1957-2014), que ele define como o melhor amigo que teve entre os produtores de vinho. Guilisasti foi o criador da Viña Emiliana, gigante nos rótulos orgânicos e biodinâmicos no país andino.

Prova vertical com 10 safras do ícone Seña, com vista para o monte Aconcágua Foto: Suzana Barelli

VINHOS BRANCOS

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Outro desafio está nos vinhos brancos. Eduardo acompanha atento as estatísticas internacionais que apontam o crescimento do consumo de brancos no mundo. Chegou até a pensar se o seu Pizarras Chardonnay (um dos grandes brancos do país) não poderia ser o Seña Branco, em um clamor que ele escuta de vários comerciantes mundo afora. Por enquanto, ele mantém as marcas separadas, como o Pizarras elaborado nos vinhedos mais frios de Aconcágua Costa, a cerca de 10 quilômetros do mar; e o Seña, no vinhedo de Aconcágua mais perto da cordilheira.

Chadwick também se questiona se chegou a hora de apostar nos espumantes também na categoria de vinhos finos. A Errazuriz tem dois espumantes, um brut e um blanc de blanc, de qualidade, posicionado entre os grandes rótulos do país andino. Mas aqui o caminho é mais longo.

VINHOS FINOS

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Dos projetos, a pergunta que fica é qual será a próxima ousadia de Chadwick neste universo que ele gosta de definir como “vinhos finos” – no Brasil, o termo perde parte da força porque aqui os vinhos finos são aqueles elaborados apenas com uvas viníferas, em contraponto com os vinhos de mesa, feitos com uvas híbridas ou não viníferas. Mas, no restante do mundo, os “fine wines” são aqueles de grande qualidade, complexidade, capacidade de envelhecer bem por décadas e, também, preço.

Ousadia talvez seja o melhor adjetivo para definir o empresário chileno Eduardo Chadwick, dos vinhos Seña, Viñedo Chadwick, Don Maximiano e, mais recentemente, Pizarras, no Chile. Seu melhor lance foi apostar na “Cata de Berlin”, degustação às cegas na qual os rótulos chilenos de Chadwick ficaram à frente de tintos consagrados como os châteaux Lafite, Margaux e Latour, e italianos, como Solaia. A prova, conduzida pelo inglês Steven Spurrier (1941-2021), já famoso por outra degustação às cegas, o Julgamento de Paris, mostrou ao mundo que o Chile também tinha tintos de (muita) qualidade.

“Naquela época, nenhum vinho chileno era degustado pelos críticos internacionais. Não tínhamos nenhuma pontuação para mostrar aos consumidores e aos comerciantes”, conta Chadwick.

Em Panquehue, na região do Aconcagua, os vinhedos e, ao fundo, a vinícola Foto: Suzana Barelli

Antes desta degustação histórica, o ousado Chadwick já havia escalado o Aconcágua, o pico mais alto da Cordilheira dos Andes, e recuperado a vinícola da família, fundada por Don Maximiano (daí o nome do tinto premium) em 1870. Tinha também transformado o campo de polo da família (então o esporte preferido do seu pai) em um dos vinhedos de cabernet sauvignon mais prestigiados do país, e que dá origem ao tinto Viñedo Chadwick. O vinhedo fica ao lado das vinhas de outros dois vinhos chilenos, o Almaviva e o Don Melchor.

A NOVA ENÓLOGA

Seu lance mais recente foi contratar uma enóloga para assumir os vinhos premiuns do grupo. Há quatro meses, Emily Fauconer está à frente do Seña e do Viñedo Chadwick, as duas principais joias de Chadwick, além de coordenar a elaboração dos demais rótulos premiuns. Entrou no lugar de Francisco Baettig, o enólogo que trouxe a maturidade que estes vinhos precisavam, e que agora se tornou consultor do grupo. A ideia é que Baettig concilie a consultoria no grupo com o seu projeto pessoal, na região de Traigén, no sul do país.

“Acredito na sensibilidade das mulheres”, afirma Chadwick. Detalhe: nem bem assumiu o projeto, Emily engravidou do seu segundo filho, e deve conciliar a licença maternidade com os projetos da vinícola. Entre eles está ampliar as práticas orgânicas nos vinhedos – atualmente, apenas o Seña segue os princípios de Rudolf Steirn, mas a ideia é aumentar a agricultura biodinâmica nos vinhedos, prática que ele conheceu com José Guilisasti (1957-2014), que ele define como o melhor amigo que teve entre os produtores de vinho. Guilisasti foi o criador da Viña Emiliana, gigante nos rótulos orgânicos e biodinâmicos no país andino.

Prova vertical com 10 safras do ícone Seña, com vista para o monte Aconcágua Foto: Suzana Barelli

VINHOS BRANCOS

Outro desafio está nos vinhos brancos. Eduardo acompanha atento as estatísticas internacionais que apontam o crescimento do consumo de brancos no mundo. Chegou até a pensar se o seu Pizarras Chardonnay (um dos grandes brancos do país) não poderia ser o Seña Branco, em um clamor que ele escuta de vários comerciantes mundo afora. Por enquanto, ele mantém as marcas separadas, como o Pizarras elaborado nos vinhedos mais frios de Aconcágua Costa, a cerca de 10 quilômetros do mar; e o Seña, no vinhedo de Aconcágua mais perto da cordilheira.

Chadwick também se questiona se chegou a hora de apostar nos espumantes também na categoria de vinhos finos. A Errazuriz tem dois espumantes, um brut e um blanc de blanc, de qualidade, posicionado entre os grandes rótulos do país andino. Mas aqui o caminho é mais longo.

VINHOS FINOS

Dos projetos, a pergunta que fica é qual será a próxima ousadia de Chadwick neste universo que ele gosta de definir como “vinhos finos” – no Brasil, o termo perde parte da força porque aqui os vinhos finos são aqueles elaborados apenas com uvas viníferas, em contraponto com os vinhos de mesa, feitos com uvas híbridas ou não viníferas. Mas, no restante do mundo, os “fine wines” são aqueles de grande qualidade, complexidade, capacidade de envelhecer bem por décadas e, também, preço.

Ousadia talvez seja o melhor adjetivo para definir o empresário chileno Eduardo Chadwick, dos vinhos Seña, Viñedo Chadwick, Don Maximiano e, mais recentemente, Pizarras, no Chile. Seu melhor lance foi apostar na “Cata de Berlin”, degustação às cegas na qual os rótulos chilenos de Chadwick ficaram à frente de tintos consagrados como os châteaux Lafite, Margaux e Latour, e italianos, como Solaia. A prova, conduzida pelo inglês Steven Spurrier (1941-2021), já famoso por outra degustação às cegas, o Julgamento de Paris, mostrou ao mundo que o Chile também tinha tintos de (muita) qualidade.

“Naquela época, nenhum vinho chileno era degustado pelos críticos internacionais. Não tínhamos nenhuma pontuação para mostrar aos consumidores e aos comerciantes”, conta Chadwick.

Em Panquehue, na região do Aconcagua, os vinhedos e, ao fundo, a vinícola Foto: Suzana Barelli

Antes desta degustação histórica, o ousado Chadwick já havia escalado o Aconcágua, o pico mais alto da Cordilheira dos Andes, e recuperado a vinícola da família, fundada por Don Maximiano (daí o nome do tinto premium) em 1870. Tinha também transformado o campo de polo da família (então o esporte preferido do seu pai) em um dos vinhedos de cabernet sauvignon mais prestigiados do país, e que dá origem ao tinto Viñedo Chadwick. O vinhedo fica ao lado das vinhas de outros dois vinhos chilenos, o Almaviva e o Don Melchor.

A NOVA ENÓLOGA

Seu lance mais recente foi contratar uma enóloga para assumir os vinhos premiuns do grupo. Há quatro meses, Emily Fauconer está à frente do Seña e do Viñedo Chadwick, as duas principais joias de Chadwick, além de coordenar a elaboração dos demais rótulos premiuns. Entrou no lugar de Francisco Baettig, o enólogo que trouxe a maturidade que estes vinhos precisavam, e que agora se tornou consultor do grupo. A ideia é que Baettig concilie a consultoria no grupo com o seu projeto pessoal, na região de Traigén, no sul do país.

“Acredito na sensibilidade das mulheres”, afirma Chadwick. Detalhe: nem bem assumiu o projeto, Emily engravidou do seu segundo filho, e deve conciliar a licença maternidade com os projetos da vinícola. Entre eles está ampliar as práticas orgânicas nos vinhedos – atualmente, apenas o Seña segue os princípios de Rudolf Steirn, mas a ideia é aumentar a agricultura biodinâmica nos vinhedos, prática que ele conheceu com José Guilisasti (1957-2014), que ele define como o melhor amigo que teve entre os produtores de vinho. Guilisasti foi o criador da Viña Emiliana, gigante nos rótulos orgânicos e biodinâmicos no país andino.

Prova vertical com 10 safras do ícone Seña, com vista para o monte Aconcágua Foto: Suzana Barelli

VINHOS BRANCOS

Outro desafio está nos vinhos brancos. Eduardo acompanha atento as estatísticas internacionais que apontam o crescimento do consumo de brancos no mundo. Chegou até a pensar se o seu Pizarras Chardonnay (um dos grandes brancos do país) não poderia ser o Seña Branco, em um clamor que ele escuta de vários comerciantes mundo afora. Por enquanto, ele mantém as marcas separadas, como o Pizarras elaborado nos vinhedos mais frios de Aconcágua Costa, a cerca de 10 quilômetros do mar; e o Seña, no vinhedo de Aconcágua mais perto da cordilheira.

Chadwick também se questiona se chegou a hora de apostar nos espumantes também na categoria de vinhos finos. A Errazuriz tem dois espumantes, um brut e um blanc de blanc, de qualidade, posicionado entre os grandes rótulos do país andino. Mas aqui o caminho é mais longo.

VINHOS FINOS

Dos projetos, a pergunta que fica é qual será a próxima ousadia de Chadwick neste universo que ele gosta de definir como “vinhos finos” – no Brasil, o termo perde parte da força porque aqui os vinhos finos são aqueles elaborados apenas com uvas viníferas, em contraponto com os vinhos de mesa, feitos com uvas híbridas ou não viníferas. Mas, no restante do mundo, os “fine wines” são aqueles de grande qualidade, complexidade, capacidade de envelhecer bem por décadas e, também, preço.

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