Suzana Barelli

O efeito da fumaça nos vinhedos


Consequência também das mudanças climáticas, os incêndios destroem as vinhas e podem trazer aromas desagradáveis ao vinho

Por Suzana Barelli
Atualização:

São assustadoras as cenas das grandes áreas florestais queimando em incêndios, muitos deles criminosos. Este fogo pode ser incluindo em um dos efeitos das mudanças climáticas que afetam (também) o vinhedo e, consequentemente, o vinho.

Nesta semana que passou, as labaredas chegaram bem perto de Brasília, onde, acreditem, já há vinhas e vinhos. Passou a 10 quilômetros da Vinícola Brasília, inaugurada em abril deste ano, e há 20 quilômetros da vinícola Ercoara, que tem vinhas plantadas na região desde 2017.

Uvas, cana e florestas

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No final de agosto, foi a vez da equipe da Vinícola Terras Altas passarem 14 horas tentando apagar as chamas que ardiam em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. No projeto que teve suas primeiras vinhas plantadas em 2016 e que terá seus vinhos lançados em São Paulo em breve, o fogo destruiu a cana-de-açúcar e a floresta nativa. “Só não queimou o vinhedo e a vinícola”, conta o sócio Ricardo Baldo.

A equipe ficou das 17 horas até às 7 horas do dia seguinte na força tarefa de apagar o fogo, que veio pelos canaviais, impulsionados pelo vento. Com bombeiros indisponíveis no dia, contaram com hidrantes, tratores que traziam e levavam água e até um caminhão pipa emprestado de um vizinho. Conseguiram, mas não sabe se terão sucesso quando o fogo voltar – as queimadas estão se tornando realidade nesta época do ano.

Nos exemplos brasileiros, o fogo não deve impactar nos vinhos. Todas as uvas já haviam sido colhidas quando os incêndios chegaram – nas duas regiões, o cultivo segue o sistema de dupla poda, na qual as videiras são manejadas para dar frutos no final de outono, começo do inverno. Contrariam a lógica natural da videira, na qual as uvas amadurecem no final do verão, começo do outono, mas tiram proveito da amplitude térmica (a diferença de temperatura entre o dia e a noite), que é maior no inverno nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

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Fogo em Portugal

Mas em Portugal, os efeitos das queimadas podem ser mais cruéis nos vinhos. Com o país em plena safra – no hemisfério norte, a colheita acontece no segundo semestre, no final do inverno, começo da primavera –, seus produtores viram as labaredas chegarem cada vez mais perto de suas vinhas também nesta última semana. “Foram três dias de pura angústia. O fogo chegou até o limite da nossa casa”, conta o produtor Carlos Lucas, que vive no Dão. A produtora Julia Kemper, que tem 60 hectares divididos entre vinhas, olivais e florestas, também no Dão, acrescenta: “Foi terrível, em vários momentos. Ficamos frente a frente com as labaredas, muito altas. É assustador. Mas quando pensei que íamos desaparecer, o vento as levou embora.”

Por sorte as queimadas não atingiram os vinhedos de Lucas, nem de Júlia, mas chegaram muito perto. No caso de Carlos Lucas, ela foi parada no ribeirão que dá nome ao projeto: é a Quinta do Ribeiro Santo. Mas o fogo atingiu diversos vinhedos principalmente na região do Dão e da Bairrada, no centro de Portugal. Ainda é cedo para calcular o impacto das queimadas, nem a extensão de vinhas que foi destruída.

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Smoke taint

A questão que se coloca é o risco do smoke taint, como é chamado o fenômeno de as uvas, envolvidas pela fumaça, ganharem aromas e sabores desagradáveis. Associados aos toques defumados, são notas que chegam ao vinho, comprometendo a sua qualidade. Em Portugal, ainda é cedo para saber se este fenômeno chegará as uvas, mas com o país ainda em plena colheita, a chance é real. Julia Kemper conta que já tinham colhido a maioria das uvas e, assim, espera não ter problemas com o smoke taint, e que a chuva, que caiu na quinta-feira passada, tenha levado o perigo embora.

Na literatura das queimadas, há apenas um exemplo em que o fogo foi benéfico ao vinho. Em Urville, na região de Champanhe, uma parcela do vinhedo da maison Drappier foi coberta por cinzas depois de um incêndio em 1836. E quis o destino que a chardonnay e a pinot noir replantadas no local dessem origem a um champanhe de muita qualidade. Batizado de Grande Sendrée, é comercializado pela World Wine, mas está sem estoque disponível no Brasil.

São assustadoras as cenas das grandes áreas florestais queimando em incêndios, muitos deles criminosos. Este fogo pode ser incluindo em um dos efeitos das mudanças climáticas que afetam (também) o vinhedo e, consequentemente, o vinho.

Nesta semana que passou, as labaredas chegaram bem perto de Brasília, onde, acreditem, já há vinhas e vinhos. Passou a 10 quilômetros da Vinícola Brasília, inaugurada em abril deste ano, e há 20 quilômetros da vinícola Ercoara, que tem vinhas plantadas na região desde 2017.

Uvas, cana e florestas

No final de agosto, foi a vez da equipe da Vinícola Terras Altas passarem 14 horas tentando apagar as chamas que ardiam em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. No projeto que teve suas primeiras vinhas plantadas em 2016 e que terá seus vinhos lançados em São Paulo em breve, o fogo destruiu a cana-de-açúcar e a floresta nativa. “Só não queimou o vinhedo e a vinícola”, conta o sócio Ricardo Baldo.

A equipe ficou das 17 horas até às 7 horas do dia seguinte na força tarefa de apagar o fogo, que veio pelos canaviais, impulsionados pelo vento. Com bombeiros indisponíveis no dia, contaram com hidrantes, tratores que traziam e levavam água e até um caminhão pipa emprestado de um vizinho. Conseguiram, mas não sabe se terão sucesso quando o fogo voltar – as queimadas estão se tornando realidade nesta época do ano.

Nos exemplos brasileiros, o fogo não deve impactar nos vinhos. Todas as uvas já haviam sido colhidas quando os incêndios chegaram – nas duas regiões, o cultivo segue o sistema de dupla poda, na qual as videiras são manejadas para dar frutos no final de outono, começo do inverno. Contrariam a lógica natural da videira, na qual as uvas amadurecem no final do verão, começo do outono, mas tiram proveito da amplitude térmica (a diferença de temperatura entre o dia e a noite), que é maior no inverno nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Fogo em Portugal

Mas em Portugal, os efeitos das queimadas podem ser mais cruéis nos vinhos. Com o país em plena safra – no hemisfério norte, a colheita acontece no segundo semestre, no final do inverno, começo da primavera –, seus produtores viram as labaredas chegarem cada vez mais perto de suas vinhas também nesta última semana. “Foram três dias de pura angústia. O fogo chegou até o limite da nossa casa”, conta o produtor Carlos Lucas, que vive no Dão. A produtora Julia Kemper, que tem 60 hectares divididos entre vinhas, olivais e florestas, também no Dão, acrescenta: “Foi terrível, em vários momentos. Ficamos frente a frente com as labaredas, muito altas. É assustador. Mas quando pensei que íamos desaparecer, o vento as levou embora.”

Por sorte as queimadas não atingiram os vinhedos de Lucas, nem de Júlia, mas chegaram muito perto. No caso de Carlos Lucas, ela foi parada no ribeirão que dá nome ao projeto: é a Quinta do Ribeiro Santo. Mas o fogo atingiu diversos vinhedos principalmente na região do Dão e da Bairrada, no centro de Portugal. Ainda é cedo para calcular o impacto das queimadas, nem a extensão de vinhas que foi destruída.

Smoke taint

A questão que se coloca é o risco do smoke taint, como é chamado o fenômeno de as uvas, envolvidas pela fumaça, ganharem aromas e sabores desagradáveis. Associados aos toques defumados, são notas que chegam ao vinho, comprometendo a sua qualidade. Em Portugal, ainda é cedo para saber se este fenômeno chegará as uvas, mas com o país ainda em plena colheita, a chance é real. Julia Kemper conta que já tinham colhido a maioria das uvas e, assim, espera não ter problemas com o smoke taint, e que a chuva, que caiu na quinta-feira passada, tenha levado o perigo embora.

Na literatura das queimadas, há apenas um exemplo em que o fogo foi benéfico ao vinho. Em Urville, na região de Champanhe, uma parcela do vinhedo da maison Drappier foi coberta por cinzas depois de um incêndio em 1836. E quis o destino que a chardonnay e a pinot noir replantadas no local dessem origem a um champanhe de muita qualidade. Batizado de Grande Sendrée, é comercializado pela World Wine, mas está sem estoque disponível no Brasil.

São assustadoras as cenas das grandes áreas florestais queimando em incêndios, muitos deles criminosos. Este fogo pode ser incluindo em um dos efeitos das mudanças climáticas que afetam (também) o vinhedo e, consequentemente, o vinho.

Nesta semana que passou, as labaredas chegaram bem perto de Brasília, onde, acreditem, já há vinhas e vinhos. Passou a 10 quilômetros da Vinícola Brasília, inaugurada em abril deste ano, e há 20 quilômetros da vinícola Ercoara, que tem vinhas plantadas na região desde 2017.

Uvas, cana e florestas

No final de agosto, foi a vez da equipe da Vinícola Terras Altas passarem 14 horas tentando apagar as chamas que ardiam em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. No projeto que teve suas primeiras vinhas plantadas em 2016 e que terá seus vinhos lançados em São Paulo em breve, o fogo destruiu a cana-de-açúcar e a floresta nativa. “Só não queimou o vinhedo e a vinícola”, conta o sócio Ricardo Baldo.

A equipe ficou das 17 horas até às 7 horas do dia seguinte na força tarefa de apagar o fogo, que veio pelos canaviais, impulsionados pelo vento. Com bombeiros indisponíveis no dia, contaram com hidrantes, tratores que traziam e levavam água e até um caminhão pipa emprestado de um vizinho. Conseguiram, mas não sabe se terão sucesso quando o fogo voltar – as queimadas estão se tornando realidade nesta época do ano.

Nos exemplos brasileiros, o fogo não deve impactar nos vinhos. Todas as uvas já haviam sido colhidas quando os incêndios chegaram – nas duas regiões, o cultivo segue o sistema de dupla poda, na qual as videiras são manejadas para dar frutos no final de outono, começo do inverno. Contrariam a lógica natural da videira, na qual as uvas amadurecem no final do verão, começo do outono, mas tiram proveito da amplitude térmica (a diferença de temperatura entre o dia e a noite), que é maior no inverno nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Fogo em Portugal

Mas em Portugal, os efeitos das queimadas podem ser mais cruéis nos vinhos. Com o país em plena safra – no hemisfério norte, a colheita acontece no segundo semestre, no final do inverno, começo da primavera –, seus produtores viram as labaredas chegarem cada vez mais perto de suas vinhas também nesta última semana. “Foram três dias de pura angústia. O fogo chegou até o limite da nossa casa”, conta o produtor Carlos Lucas, que vive no Dão. A produtora Julia Kemper, que tem 60 hectares divididos entre vinhas, olivais e florestas, também no Dão, acrescenta: “Foi terrível, em vários momentos. Ficamos frente a frente com as labaredas, muito altas. É assustador. Mas quando pensei que íamos desaparecer, o vento as levou embora.”

Por sorte as queimadas não atingiram os vinhedos de Lucas, nem de Júlia, mas chegaram muito perto. No caso de Carlos Lucas, ela foi parada no ribeirão que dá nome ao projeto: é a Quinta do Ribeiro Santo. Mas o fogo atingiu diversos vinhedos principalmente na região do Dão e da Bairrada, no centro de Portugal. Ainda é cedo para calcular o impacto das queimadas, nem a extensão de vinhas que foi destruída.

Smoke taint

A questão que se coloca é o risco do smoke taint, como é chamado o fenômeno de as uvas, envolvidas pela fumaça, ganharem aromas e sabores desagradáveis. Associados aos toques defumados, são notas que chegam ao vinho, comprometendo a sua qualidade. Em Portugal, ainda é cedo para saber se este fenômeno chegará as uvas, mas com o país ainda em plena colheita, a chance é real. Julia Kemper conta que já tinham colhido a maioria das uvas e, assim, espera não ter problemas com o smoke taint, e que a chuva, que caiu na quinta-feira passada, tenha levado o perigo embora.

Na literatura das queimadas, há apenas um exemplo em que o fogo foi benéfico ao vinho. Em Urville, na região de Champanhe, uma parcela do vinhedo da maison Drappier foi coberta por cinzas depois de um incêndio em 1836. E quis o destino que a chardonnay e a pinot noir replantadas no local dessem origem a um champanhe de muita qualidade. Batizado de Grande Sendrée, é comercializado pela World Wine, mas está sem estoque disponível no Brasil.

São assustadoras as cenas das grandes áreas florestais queimando em incêndios, muitos deles criminosos. Este fogo pode ser incluindo em um dos efeitos das mudanças climáticas que afetam (também) o vinhedo e, consequentemente, o vinho.

Nesta semana que passou, as labaredas chegaram bem perto de Brasília, onde, acreditem, já há vinhas e vinhos. Passou a 10 quilômetros da Vinícola Brasília, inaugurada em abril deste ano, e há 20 quilômetros da vinícola Ercoara, que tem vinhas plantadas na região desde 2017.

Uvas, cana e florestas

No final de agosto, foi a vez da equipe da Vinícola Terras Altas passarem 14 horas tentando apagar as chamas que ardiam em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. No projeto que teve suas primeiras vinhas plantadas em 2016 e que terá seus vinhos lançados em São Paulo em breve, o fogo destruiu a cana-de-açúcar e a floresta nativa. “Só não queimou o vinhedo e a vinícola”, conta o sócio Ricardo Baldo.

A equipe ficou das 17 horas até às 7 horas do dia seguinte na força tarefa de apagar o fogo, que veio pelos canaviais, impulsionados pelo vento. Com bombeiros indisponíveis no dia, contaram com hidrantes, tratores que traziam e levavam água e até um caminhão pipa emprestado de um vizinho. Conseguiram, mas não sabe se terão sucesso quando o fogo voltar – as queimadas estão se tornando realidade nesta época do ano.

Nos exemplos brasileiros, o fogo não deve impactar nos vinhos. Todas as uvas já haviam sido colhidas quando os incêndios chegaram – nas duas regiões, o cultivo segue o sistema de dupla poda, na qual as videiras são manejadas para dar frutos no final de outono, começo do inverno. Contrariam a lógica natural da videira, na qual as uvas amadurecem no final do verão, começo do outono, mas tiram proveito da amplitude térmica (a diferença de temperatura entre o dia e a noite), que é maior no inverno nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Fogo em Portugal

Mas em Portugal, os efeitos das queimadas podem ser mais cruéis nos vinhos. Com o país em plena safra – no hemisfério norte, a colheita acontece no segundo semestre, no final do inverno, começo da primavera –, seus produtores viram as labaredas chegarem cada vez mais perto de suas vinhas também nesta última semana. “Foram três dias de pura angústia. O fogo chegou até o limite da nossa casa”, conta o produtor Carlos Lucas, que vive no Dão. A produtora Julia Kemper, que tem 60 hectares divididos entre vinhas, olivais e florestas, também no Dão, acrescenta: “Foi terrível, em vários momentos. Ficamos frente a frente com as labaredas, muito altas. É assustador. Mas quando pensei que íamos desaparecer, o vento as levou embora.”

Por sorte as queimadas não atingiram os vinhedos de Lucas, nem de Júlia, mas chegaram muito perto. No caso de Carlos Lucas, ela foi parada no ribeirão que dá nome ao projeto: é a Quinta do Ribeiro Santo. Mas o fogo atingiu diversos vinhedos principalmente na região do Dão e da Bairrada, no centro de Portugal. Ainda é cedo para calcular o impacto das queimadas, nem a extensão de vinhas que foi destruída.

Smoke taint

A questão que se coloca é o risco do smoke taint, como é chamado o fenômeno de as uvas, envolvidas pela fumaça, ganharem aromas e sabores desagradáveis. Associados aos toques defumados, são notas que chegam ao vinho, comprometendo a sua qualidade. Em Portugal, ainda é cedo para saber se este fenômeno chegará as uvas, mas com o país ainda em plena colheita, a chance é real. Julia Kemper conta que já tinham colhido a maioria das uvas e, assim, espera não ter problemas com o smoke taint, e que a chuva, que caiu na quinta-feira passada, tenha levado o perigo embora.

Na literatura das queimadas, há apenas um exemplo em que o fogo foi benéfico ao vinho. Em Urville, na região de Champanhe, uma parcela do vinhedo da maison Drappier foi coberta por cinzas depois de um incêndio em 1836. E quis o destino que a chardonnay e a pinot noir replantadas no local dessem origem a um champanhe de muita qualidade. Batizado de Grande Sendrée, é comercializado pela World Wine, mas está sem estoque disponível no Brasil.

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