Suzana Barelli

O melhor da safra 2020 no Brasil


Pela primeira vez online, tradicional Avaliação Nacional de Vinhos revela ao mercado a qualidade da safra, considerada excepcional este ano

Por Suzana Barelli

Neste último final de semana, o enólogo Daniel Salvador, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), mostrou que a pandemia não podia mesmo ser uma barreira para a tradicional Avaliação Nacional de Vinhos. Realizada presencialmente desde 1993, a degustação sempre impressionou pela sua organização e por mostrar o melhor que foi elaborado em cada safra em nosso país. Neste ano, havia uma questão a mais: a covid-19 não podia atrapalhar a oportunidade de revelar para o mercado a qualidade da safra, considerada excepcional por seus enólogos e produtores.

Avaliação Nacional de Vinhos precisou ser adaptada este ano por conta do coronavírus. Foto: Jeferson Soldi

O caminho foi partir para o mundo online, mantendo a principal característica da degustação, que é reunir 700 pessoas para provarem juntas as 16 amostras melhores pontuadas. Ao todo 56 vinícolas inscrevem 395 vinhos para a avaliação. Eles foram degustados às cegas pelos enólogos gaúchos, que selecionaram os 16 melhores.

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Vale destacar que são amostras de vinhos nem sempre prontos. Nos espumantes, por exemplo, são provados os vinhos-base, como são chamados os vinhos que resultaram da primeira fermentação. Eles ainda vão passar por uma nova mistura (blend) de vinhos e pela segunda fermentação, que formará as borbulhas. Outras amostras estão em tanques, já prontas, como alguns brancos e o rosé, a espera do momento ideal de ir para a garrafa. Há, por fim, aquelas que estão amadurecendo em barricas de carvalho.

Assim, os técnicos da ABE passaram pelas 16 vinícolas, retiraram os vinhos de tanques ou barricas e envasaram 11.200 garrafas de 187 ml, aquelas pequenininhas. Depois, elas foram rotuladas com os seus números, de 1 a 16, e despachadas para a casa dos 700 degustadores que compraram o ingresso para participar da prova.

O enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE, na abertura daAvaliação Nacional de Vinhos. Foto: Jeferson Soldi
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No sábado passado, em transmissão online (Youtube, Instagram e Facebook), cada amostra foi comentada por um especialista. Ao mesmo tempo, 700 pessoas, espalhadas em 24 estados brasileiros, e também no Chile e no Uruguai, degustavam o vinho, ainda com o rótulo mantido em segredo.

O interesse era conhecer a qualidade da safra. Dos três vinhos-base, eu destaco o terceiro, um pinot noir fresco e levemente frutado. Na bateria dos brancos, o sauvignon blanc, de muita tipicidade, com notas de maracujá, cítrico. Os tintos foram os mais surpreendentes. Ao todo oito tintos, sendo dois tannat, um interessante cabernet franc, três merlot e dois blends (elaborados com mistura de uvas). Merlot e cabernet franc disputam o espaço como as uvas tintas de vocação do sul do Brasil, até pelo seu ciclo de maturação da uva mais curto, e se saíram bem na seleção.

Gostei bem da complexidade do merlot da vinícola Pizzato, que ainda não tem o seu destino definido. Conforme a sua evolução nas barricas, ele será engarrafado como Merlot de Merlots Reserva ou como Concentus Grand Reserva. O último vinho, um blend de seis variedades tintas, é a nova safra do Sesmaria, da vinícola Miolo. Foi o melhor do painel, em complexidade, mas ainda precisa de um bom tempo em barricas para afinar seus componentes.

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Chama atenção (positivamente) não ter nenhuma amostra de cabernet sauvignon selecionada. A variedade é cultivada mais por ser famosa e por ajudar nas vendas quando seu nome está estampado no rótulo do que pela sua adaptação na região. De ciclo longo, não é fácil fazer bons vinhos com a cabernet no sul do Brasil. Outro ponto é a ausência de variedades menos conhecidas, mas que sempre aparecem na avaliação, como a ancelotta ou a marselan. E de vinhos que não tenham apenas o Rio Grande do Sul como origem – neste ano, se inscrevem para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia e São Paulo, além das gaúchas, mas apenas os rótulos gaúchos se destacaram.

Conheça os vinhos degustados na Avaliação Nacional de Vinhos

Vinho base para espumante 1. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS)  2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir, da Chandon, de Garibaldi (RS)  3. Pinot Noir, da Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

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Vinho branco seco não aromático 4. Riesling, da Cooperativa Vinícola Garibaldi, de Garibaldi (RS) 5. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aliança, de Santana do Livramento (RS)

Vinho branco aromático 6. Sauvignon Blanc, da vinícola Família Lemos de Almeida, de Vacaria (RS) 7. Moscato Giallo, da Vinhos Hortência, de Flores da Cunha (RS)

Vinho rosé  8. Cabernet Sauvignon Rosé, da Vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS)

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Vinho tinto jovem 9. Merlot, da Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS) Vinho tinto  10. Tannat, da Casa Perini, de Farroupilha (RS) 11. Cabernet Franc, da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz (RS) 12. Tannat, da Família Bebber, de Flores da Cunha (RS) 13. Merlot, da Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves (RS) 14. Merlot, da Vinícola Cave de Pedra, de Bento Gonçalves (RS) 15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc, da Casa Venturini, de Flores da Cunha (RS) 16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat, da Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS)

Neste último final de semana, o enólogo Daniel Salvador, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), mostrou que a pandemia não podia mesmo ser uma barreira para a tradicional Avaliação Nacional de Vinhos. Realizada presencialmente desde 1993, a degustação sempre impressionou pela sua organização e por mostrar o melhor que foi elaborado em cada safra em nosso país. Neste ano, havia uma questão a mais: a covid-19 não podia atrapalhar a oportunidade de revelar para o mercado a qualidade da safra, considerada excepcional por seus enólogos e produtores.

Avaliação Nacional de Vinhos precisou ser adaptada este ano por conta do coronavírus. Foto: Jeferson Soldi

O caminho foi partir para o mundo online, mantendo a principal característica da degustação, que é reunir 700 pessoas para provarem juntas as 16 amostras melhores pontuadas. Ao todo 56 vinícolas inscrevem 395 vinhos para a avaliação. Eles foram degustados às cegas pelos enólogos gaúchos, que selecionaram os 16 melhores.

Vale destacar que são amostras de vinhos nem sempre prontos. Nos espumantes, por exemplo, são provados os vinhos-base, como são chamados os vinhos que resultaram da primeira fermentação. Eles ainda vão passar por uma nova mistura (blend) de vinhos e pela segunda fermentação, que formará as borbulhas. Outras amostras estão em tanques, já prontas, como alguns brancos e o rosé, a espera do momento ideal de ir para a garrafa. Há, por fim, aquelas que estão amadurecendo em barricas de carvalho.

Assim, os técnicos da ABE passaram pelas 16 vinícolas, retiraram os vinhos de tanques ou barricas e envasaram 11.200 garrafas de 187 ml, aquelas pequenininhas. Depois, elas foram rotuladas com os seus números, de 1 a 16, e despachadas para a casa dos 700 degustadores que compraram o ingresso para participar da prova.

O enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE, na abertura daAvaliação Nacional de Vinhos. Foto: Jeferson Soldi

No sábado passado, em transmissão online (Youtube, Instagram e Facebook), cada amostra foi comentada por um especialista. Ao mesmo tempo, 700 pessoas, espalhadas em 24 estados brasileiros, e também no Chile e no Uruguai, degustavam o vinho, ainda com o rótulo mantido em segredo.

O interesse era conhecer a qualidade da safra. Dos três vinhos-base, eu destaco o terceiro, um pinot noir fresco e levemente frutado. Na bateria dos brancos, o sauvignon blanc, de muita tipicidade, com notas de maracujá, cítrico. Os tintos foram os mais surpreendentes. Ao todo oito tintos, sendo dois tannat, um interessante cabernet franc, três merlot e dois blends (elaborados com mistura de uvas). Merlot e cabernet franc disputam o espaço como as uvas tintas de vocação do sul do Brasil, até pelo seu ciclo de maturação da uva mais curto, e se saíram bem na seleção.

Gostei bem da complexidade do merlot da vinícola Pizzato, que ainda não tem o seu destino definido. Conforme a sua evolução nas barricas, ele será engarrafado como Merlot de Merlots Reserva ou como Concentus Grand Reserva. O último vinho, um blend de seis variedades tintas, é a nova safra do Sesmaria, da vinícola Miolo. Foi o melhor do painel, em complexidade, mas ainda precisa de um bom tempo em barricas para afinar seus componentes.

Chama atenção (positivamente) não ter nenhuma amostra de cabernet sauvignon selecionada. A variedade é cultivada mais por ser famosa e por ajudar nas vendas quando seu nome está estampado no rótulo do que pela sua adaptação na região. De ciclo longo, não é fácil fazer bons vinhos com a cabernet no sul do Brasil. Outro ponto é a ausência de variedades menos conhecidas, mas que sempre aparecem na avaliação, como a ancelotta ou a marselan. E de vinhos que não tenham apenas o Rio Grande do Sul como origem – neste ano, se inscrevem para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia e São Paulo, além das gaúchas, mas apenas os rótulos gaúchos se destacaram.

Conheça os vinhos degustados na Avaliação Nacional de Vinhos

Vinho base para espumante 1. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS)  2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir, da Chandon, de Garibaldi (RS)  3. Pinot Noir, da Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

Vinho branco seco não aromático 4. Riesling, da Cooperativa Vinícola Garibaldi, de Garibaldi (RS) 5. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aliança, de Santana do Livramento (RS)

Vinho branco aromático 6. Sauvignon Blanc, da vinícola Família Lemos de Almeida, de Vacaria (RS) 7. Moscato Giallo, da Vinhos Hortência, de Flores da Cunha (RS)

Vinho rosé  8. Cabernet Sauvignon Rosé, da Vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS)

Vinho tinto jovem 9. Merlot, da Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS) Vinho tinto  10. Tannat, da Casa Perini, de Farroupilha (RS) 11. Cabernet Franc, da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz (RS) 12. Tannat, da Família Bebber, de Flores da Cunha (RS) 13. Merlot, da Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves (RS) 14. Merlot, da Vinícola Cave de Pedra, de Bento Gonçalves (RS) 15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc, da Casa Venturini, de Flores da Cunha (RS) 16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat, da Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS)

Neste último final de semana, o enólogo Daniel Salvador, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), mostrou que a pandemia não podia mesmo ser uma barreira para a tradicional Avaliação Nacional de Vinhos. Realizada presencialmente desde 1993, a degustação sempre impressionou pela sua organização e por mostrar o melhor que foi elaborado em cada safra em nosso país. Neste ano, havia uma questão a mais: a covid-19 não podia atrapalhar a oportunidade de revelar para o mercado a qualidade da safra, considerada excepcional por seus enólogos e produtores.

Avaliação Nacional de Vinhos precisou ser adaptada este ano por conta do coronavírus. Foto: Jeferson Soldi

O caminho foi partir para o mundo online, mantendo a principal característica da degustação, que é reunir 700 pessoas para provarem juntas as 16 amostras melhores pontuadas. Ao todo 56 vinícolas inscrevem 395 vinhos para a avaliação. Eles foram degustados às cegas pelos enólogos gaúchos, que selecionaram os 16 melhores.

Vale destacar que são amostras de vinhos nem sempre prontos. Nos espumantes, por exemplo, são provados os vinhos-base, como são chamados os vinhos que resultaram da primeira fermentação. Eles ainda vão passar por uma nova mistura (blend) de vinhos e pela segunda fermentação, que formará as borbulhas. Outras amostras estão em tanques, já prontas, como alguns brancos e o rosé, a espera do momento ideal de ir para a garrafa. Há, por fim, aquelas que estão amadurecendo em barricas de carvalho.

Assim, os técnicos da ABE passaram pelas 16 vinícolas, retiraram os vinhos de tanques ou barricas e envasaram 11.200 garrafas de 187 ml, aquelas pequenininhas. Depois, elas foram rotuladas com os seus números, de 1 a 16, e despachadas para a casa dos 700 degustadores que compraram o ingresso para participar da prova.

O enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE, na abertura daAvaliação Nacional de Vinhos. Foto: Jeferson Soldi

No sábado passado, em transmissão online (Youtube, Instagram e Facebook), cada amostra foi comentada por um especialista. Ao mesmo tempo, 700 pessoas, espalhadas em 24 estados brasileiros, e também no Chile e no Uruguai, degustavam o vinho, ainda com o rótulo mantido em segredo.

O interesse era conhecer a qualidade da safra. Dos três vinhos-base, eu destaco o terceiro, um pinot noir fresco e levemente frutado. Na bateria dos brancos, o sauvignon blanc, de muita tipicidade, com notas de maracujá, cítrico. Os tintos foram os mais surpreendentes. Ao todo oito tintos, sendo dois tannat, um interessante cabernet franc, três merlot e dois blends (elaborados com mistura de uvas). Merlot e cabernet franc disputam o espaço como as uvas tintas de vocação do sul do Brasil, até pelo seu ciclo de maturação da uva mais curto, e se saíram bem na seleção.

Gostei bem da complexidade do merlot da vinícola Pizzato, que ainda não tem o seu destino definido. Conforme a sua evolução nas barricas, ele será engarrafado como Merlot de Merlots Reserva ou como Concentus Grand Reserva. O último vinho, um blend de seis variedades tintas, é a nova safra do Sesmaria, da vinícola Miolo. Foi o melhor do painel, em complexidade, mas ainda precisa de um bom tempo em barricas para afinar seus componentes.

Chama atenção (positivamente) não ter nenhuma amostra de cabernet sauvignon selecionada. A variedade é cultivada mais por ser famosa e por ajudar nas vendas quando seu nome está estampado no rótulo do que pela sua adaptação na região. De ciclo longo, não é fácil fazer bons vinhos com a cabernet no sul do Brasil. Outro ponto é a ausência de variedades menos conhecidas, mas que sempre aparecem na avaliação, como a ancelotta ou a marselan. E de vinhos que não tenham apenas o Rio Grande do Sul como origem – neste ano, se inscrevem para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia e São Paulo, além das gaúchas, mas apenas os rótulos gaúchos se destacaram.

Conheça os vinhos degustados na Avaliação Nacional de Vinhos

Vinho base para espumante 1. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS)  2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir, da Chandon, de Garibaldi (RS)  3. Pinot Noir, da Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

Vinho branco seco não aromático 4. Riesling, da Cooperativa Vinícola Garibaldi, de Garibaldi (RS) 5. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aliança, de Santana do Livramento (RS)

Vinho branco aromático 6. Sauvignon Blanc, da vinícola Família Lemos de Almeida, de Vacaria (RS) 7. Moscato Giallo, da Vinhos Hortência, de Flores da Cunha (RS)

Vinho rosé  8. Cabernet Sauvignon Rosé, da Vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS)

Vinho tinto jovem 9. Merlot, da Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS) Vinho tinto  10. Tannat, da Casa Perini, de Farroupilha (RS) 11. Cabernet Franc, da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz (RS) 12. Tannat, da Família Bebber, de Flores da Cunha (RS) 13. Merlot, da Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves (RS) 14. Merlot, da Vinícola Cave de Pedra, de Bento Gonçalves (RS) 15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc, da Casa Venturini, de Flores da Cunha (RS) 16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat, da Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS)

Neste último final de semana, o enólogo Daniel Salvador, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), mostrou que a pandemia não podia mesmo ser uma barreira para a tradicional Avaliação Nacional de Vinhos. Realizada presencialmente desde 1993, a degustação sempre impressionou pela sua organização e por mostrar o melhor que foi elaborado em cada safra em nosso país. Neste ano, havia uma questão a mais: a covid-19 não podia atrapalhar a oportunidade de revelar para o mercado a qualidade da safra, considerada excepcional por seus enólogos e produtores.

Avaliação Nacional de Vinhos precisou ser adaptada este ano por conta do coronavírus. Foto: Jeferson Soldi

O caminho foi partir para o mundo online, mantendo a principal característica da degustação, que é reunir 700 pessoas para provarem juntas as 16 amostras melhores pontuadas. Ao todo 56 vinícolas inscrevem 395 vinhos para a avaliação. Eles foram degustados às cegas pelos enólogos gaúchos, que selecionaram os 16 melhores.

Vale destacar que são amostras de vinhos nem sempre prontos. Nos espumantes, por exemplo, são provados os vinhos-base, como são chamados os vinhos que resultaram da primeira fermentação. Eles ainda vão passar por uma nova mistura (blend) de vinhos e pela segunda fermentação, que formará as borbulhas. Outras amostras estão em tanques, já prontas, como alguns brancos e o rosé, a espera do momento ideal de ir para a garrafa. Há, por fim, aquelas que estão amadurecendo em barricas de carvalho.

Assim, os técnicos da ABE passaram pelas 16 vinícolas, retiraram os vinhos de tanques ou barricas e envasaram 11.200 garrafas de 187 ml, aquelas pequenininhas. Depois, elas foram rotuladas com os seus números, de 1 a 16, e despachadas para a casa dos 700 degustadores que compraram o ingresso para participar da prova.

O enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE, na abertura daAvaliação Nacional de Vinhos. Foto: Jeferson Soldi

No sábado passado, em transmissão online (Youtube, Instagram e Facebook), cada amostra foi comentada por um especialista. Ao mesmo tempo, 700 pessoas, espalhadas em 24 estados brasileiros, e também no Chile e no Uruguai, degustavam o vinho, ainda com o rótulo mantido em segredo.

O interesse era conhecer a qualidade da safra. Dos três vinhos-base, eu destaco o terceiro, um pinot noir fresco e levemente frutado. Na bateria dos brancos, o sauvignon blanc, de muita tipicidade, com notas de maracujá, cítrico. Os tintos foram os mais surpreendentes. Ao todo oito tintos, sendo dois tannat, um interessante cabernet franc, três merlot e dois blends (elaborados com mistura de uvas). Merlot e cabernet franc disputam o espaço como as uvas tintas de vocação do sul do Brasil, até pelo seu ciclo de maturação da uva mais curto, e se saíram bem na seleção.

Gostei bem da complexidade do merlot da vinícola Pizzato, que ainda não tem o seu destino definido. Conforme a sua evolução nas barricas, ele será engarrafado como Merlot de Merlots Reserva ou como Concentus Grand Reserva. O último vinho, um blend de seis variedades tintas, é a nova safra do Sesmaria, da vinícola Miolo. Foi o melhor do painel, em complexidade, mas ainda precisa de um bom tempo em barricas para afinar seus componentes.

Chama atenção (positivamente) não ter nenhuma amostra de cabernet sauvignon selecionada. A variedade é cultivada mais por ser famosa e por ajudar nas vendas quando seu nome está estampado no rótulo do que pela sua adaptação na região. De ciclo longo, não é fácil fazer bons vinhos com a cabernet no sul do Brasil. Outro ponto é a ausência de variedades menos conhecidas, mas que sempre aparecem na avaliação, como a ancelotta ou a marselan. E de vinhos que não tenham apenas o Rio Grande do Sul como origem – neste ano, se inscrevem para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia e São Paulo, além das gaúchas, mas apenas os rótulos gaúchos se destacaram.

Conheça os vinhos degustados na Avaliação Nacional de Vinhos

Vinho base para espumante 1. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS)  2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir, da Chandon, de Garibaldi (RS)  3. Pinot Noir, da Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

Vinho branco seco não aromático 4. Riesling, da Cooperativa Vinícola Garibaldi, de Garibaldi (RS) 5. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aliança, de Santana do Livramento (RS)

Vinho branco aromático 6. Sauvignon Blanc, da vinícola Família Lemos de Almeida, de Vacaria (RS) 7. Moscato Giallo, da Vinhos Hortência, de Flores da Cunha (RS)

Vinho rosé  8. Cabernet Sauvignon Rosé, da Vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS)

Vinho tinto jovem 9. Merlot, da Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS) Vinho tinto  10. Tannat, da Casa Perini, de Farroupilha (RS) 11. Cabernet Franc, da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz (RS) 12. Tannat, da Família Bebber, de Flores da Cunha (RS) 13. Merlot, da Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves (RS) 14. Merlot, da Vinícola Cave de Pedra, de Bento Gonçalves (RS) 15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc, da Casa Venturini, de Flores da Cunha (RS) 16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat, da Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS)

Neste último final de semana, o enólogo Daniel Salvador, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), mostrou que a pandemia não podia mesmo ser uma barreira para a tradicional Avaliação Nacional de Vinhos. Realizada presencialmente desde 1993, a degustação sempre impressionou pela sua organização e por mostrar o melhor que foi elaborado em cada safra em nosso país. Neste ano, havia uma questão a mais: a covid-19 não podia atrapalhar a oportunidade de revelar para o mercado a qualidade da safra, considerada excepcional por seus enólogos e produtores.

Avaliação Nacional de Vinhos precisou ser adaptada este ano por conta do coronavírus. Foto: Jeferson Soldi

O caminho foi partir para o mundo online, mantendo a principal característica da degustação, que é reunir 700 pessoas para provarem juntas as 16 amostras melhores pontuadas. Ao todo 56 vinícolas inscrevem 395 vinhos para a avaliação. Eles foram degustados às cegas pelos enólogos gaúchos, que selecionaram os 16 melhores.

Vale destacar que são amostras de vinhos nem sempre prontos. Nos espumantes, por exemplo, são provados os vinhos-base, como são chamados os vinhos que resultaram da primeira fermentação. Eles ainda vão passar por uma nova mistura (blend) de vinhos e pela segunda fermentação, que formará as borbulhas. Outras amostras estão em tanques, já prontas, como alguns brancos e o rosé, a espera do momento ideal de ir para a garrafa. Há, por fim, aquelas que estão amadurecendo em barricas de carvalho.

Assim, os técnicos da ABE passaram pelas 16 vinícolas, retiraram os vinhos de tanques ou barricas e envasaram 11.200 garrafas de 187 ml, aquelas pequenininhas. Depois, elas foram rotuladas com os seus números, de 1 a 16, e despachadas para a casa dos 700 degustadores que compraram o ingresso para participar da prova.

O enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE, na abertura daAvaliação Nacional de Vinhos. Foto: Jeferson Soldi

No sábado passado, em transmissão online (Youtube, Instagram e Facebook), cada amostra foi comentada por um especialista. Ao mesmo tempo, 700 pessoas, espalhadas em 24 estados brasileiros, e também no Chile e no Uruguai, degustavam o vinho, ainda com o rótulo mantido em segredo.

O interesse era conhecer a qualidade da safra. Dos três vinhos-base, eu destaco o terceiro, um pinot noir fresco e levemente frutado. Na bateria dos brancos, o sauvignon blanc, de muita tipicidade, com notas de maracujá, cítrico. Os tintos foram os mais surpreendentes. Ao todo oito tintos, sendo dois tannat, um interessante cabernet franc, três merlot e dois blends (elaborados com mistura de uvas). Merlot e cabernet franc disputam o espaço como as uvas tintas de vocação do sul do Brasil, até pelo seu ciclo de maturação da uva mais curto, e se saíram bem na seleção.

Gostei bem da complexidade do merlot da vinícola Pizzato, que ainda não tem o seu destino definido. Conforme a sua evolução nas barricas, ele será engarrafado como Merlot de Merlots Reserva ou como Concentus Grand Reserva. O último vinho, um blend de seis variedades tintas, é a nova safra do Sesmaria, da vinícola Miolo. Foi o melhor do painel, em complexidade, mas ainda precisa de um bom tempo em barricas para afinar seus componentes.

Chama atenção (positivamente) não ter nenhuma amostra de cabernet sauvignon selecionada. A variedade é cultivada mais por ser famosa e por ajudar nas vendas quando seu nome está estampado no rótulo do que pela sua adaptação na região. De ciclo longo, não é fácil fazer bons vinhos com a cabernet no sul do Brasil. Outro ponto é a ausência de variedades menos conhecidas, mas que sempre aparecem na avaliação, como a ancelotta ou a marselan. E de vinhos que não tenham apenas o Rio Grande do Sul como origem – neste ano, se inscrevem para a avaliação vinícolas de Santa Catarina, Bahia e São Paulo, além das gaúchas, mas apenas os rótulos gaúchos se destacaram.

Conheça os vinhos degustados na Avaliação Nacional de Vinhos

Vinho base para espumante 1. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS)  2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir, da Chandon, de Garibaldi (RS)  3. Pinot Noir, da Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

Vinho branco seco não aromático 4. Riesling, da Cooperativa Vinícola Garibaldi, de Garibaldi (RS) 5. Chardonnay, da Cooperativa Vinícola Aliança, de Santana do Livramento (RS)

Vinho branco aromático 6. Sauvignon Blanc, da vinícola Família Lemos de Almeida, de Vacaria (RS) 7. Moscato Giallo, da Vinhos Hortência, de Flores da Cunha (RS)

Vinho rosé  8. Cabernet Sauvignon Rosé, da Vinícola Almadén, de Santana do Livramento (RS)

Vinho tinto jovem 9. Merlot, da Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS) Vinho tinto  10. Tannat, da Casa Perini, de Farroupilha (RS) 11. Cabernet Franc, da Vinícola Don Guerino, de Alto Feliz (RS) 12. Tannat, da Família Bebber, de Flores da Cunha (RS) 13. Merlot, da Pizzato Vinhas e Vinhos, de Bento Gonçalves (RS) 14. Merlot, da Vinícola Cave de Pedra, de Bento Gonçalves (RS) 15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc, da Casa Venturini, de Flores da Cunha (RS) 16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat, da Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS)

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