Suzana Barelli

Os cinco sentidos do vinho: como apreciar a bebida com a perda de alguns deles


Conheça a história de um casal de cegos, que trabalha com vinhos em Belém do Pará, e do sommelier que sentiu no nariz os efeitos colaterais da covid-19

Por Suzana Barelli

Há uma explicação, provavelmente baseada no senso comum, de que o brinde foi criado para marcar os cinco sentidos no vinho. De todos eles, apenas a audição não entrava na apreciação da bebida, o que o sonoro tim-tim resolveu.

O visual é o sentido mais óbvio, de observar as colorações da bebida e as mensagens que ela passa. Um tinto de cor rubi violácea tende a ser de uma safra recente; aqueles em que a “lágrima” demora a escorrer nas laterais da taça têm maior teor alcoólico. Assim como o olfato e o gustativo, que nos faz descobrir todos os aromas e sabores da bebida. O tato vem da sensação da bebida na nossa língua, dos taninos macios ou adstringentes ou das borbulhas do espumante, que quase fazem cocegas na boca.

Mas e quando um desses sentidos não pode ser percebido? Há uma história de perseverança do casal de cegos, que trabalha com vinhos em Belém do Pará e, durante a pandemia, criou o Avintura Vinhos Finos (@avinturavinhosfinos). Nubia de Freitas é cega, e Thomy Athos tem uma doença que lhe faz perder a visão – atualmente ele só enxerga vultos. Juntos há quase 15 anos, os dois descobriram o vinho em uma viagem para Bento Gonçalves (RS) dez anos atrás. Gostaram tanto da bebida que decidiram aprender mais. A maior aventura da dupla foi viajar sozinhos para a Europa, visitando vinícolas.

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Profissionais se adaptam à perda de sentidos para apreciar a bebida. Foto: Regis Duvignau/Reuters

O Avintura começou com a venda de três vinhos para o Dia dos Namorados do ano passado, mas cresceu depois de um curso para empreendedores que fizeram na EducaVinhos. Atualmente são 50 e poucos rótulos no portfólio, entre nacionais e importados. As campanhas de venda são criadas pela dupla no Canvas, com o auxílio de aplicativos de voz, e eles pedem ajuda a amigos nas dificuldades.

“Antes feito do que perfeito”, é o lema do casal. Para promover seus vinhos, eles fazem lives unindo música com vinho. Tem dado certo: para gerir o negócio, Thomy passou a trabalhar meio período e não mais o dia inteiro como professor de música. “Sabemos das nossas dificuldades, mas queremos ser vistos como empreendedores normais”, afirma Nubia.

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Os demais sentidos vêm sendo postos à prova com a covid-19. A perda da capacidade de sentir aromas e sabores é um dos efeitos colaterais desta doença, o que tira o sono de muitos profissionais do vinho. Pior, em alguns casos, os aromas e cheiros se transformam em notas desagradáveis, fato conhecido como parosmia. Para o sommelier Gianni Tartari, por exemplo, o aroma de maracujá, nota encontrada em muitos sauvignon blancs, se tornou insuportável. “No começo da doença qualquer alimento quente tinha o mesmo gosto”, lembra ele.

Em reportagem na revista inglesa Decanter, a ONG inglesa Abscent, criada para ajudar pessoas que sofrem de anosmia (perda da capacidade de sentir cheiros) ou parosmia, estima que 60% das pessoas com covid terão problemas com cheiros e gostos e, em 10% deles, vai demorar para voltar ao normal.

No começo, Gianni chegou a cancelar algumas degustações. “Fiquei desesperado, porque a minha profissão depende do meu olfato e do meu paladar”, conta ele. Seu caminho foi uma terapia olfativa, com óleos esseciais, e degustações às cegas, para reaprender com os cheiros, além de evitar o sauvignon blanc. E, também, muita paciência para conviver com aromas imprevistos, como o bife que ganhou gosto de gasolina.

Há uma explicação, provavelmente baseada no senso comum, de que o brinde foi criado para marcar os cinco sentidos no vinho. De todos eles, apenas a audição não entrava na apreciação da bebida, o que o sonoro tim-tim resolveu.

O visual é o sentido mais óbvio, de observar as colorações da bebida e as mensagens que ela passa. Um tinto de cor rubi violácea tende a ser de uma safra recente; aqueles em que a “lágrima” demora a escorrer nas laterais da taça têm maior teor alcoólico. Assim como o olfato e o gustativo, que nos faz descobrir todos os aromas e sabores da bebida. O tato vem da sensação da bebida na nossa língua, dos taninos macios ou adstringentes ou das borbulhas do espumante, que quase fazem cocegas na boca.

Mas e quando um desses sentidos não pode ser percebido? Há uma história de perseverança do casal de cegos, que trabalha com vinhos em Belém do Pará e, durante a pandemia, criou o Avintura Vinhos Finos (@avinturavinhosfinos). Nubia de Freitas é cega, e Thomy Athos tem uma doença que lhe faz perder a visão – atualmente ele só enxerga vultos. Juntos há quase 15 anos, os dois descobriram o vinho em uma viagem para Bento Gonçalves (RS) dez anos atrás. Gostaram tanto da bebida que decidiram aprender mais. A maior aventura da dupla foi viajar sozinhos para a Europa, visitando vinícolas.

Profissionais se adaptam à perda de sentidos para apreciar a bebida. Foto: Regis Duvignau/Reuters

O Avintura começou com a venda de três vinhos para o Dia dos Namorados do ano passado, mas cresceu depois de um curso para empreendedores que fizeram na EducaVinhos. Atualmente são 50 e poucos rótulos no portfólio, entre nacionais e importados. As campanhas de venda são criadas pela dupla no Canvas, com o auxílio de aplicativos de voz, e eles pedem ajuda a amigos nas dificuldades.

“Antes feito do que perfeito”, é o lema do casal. Para promover seus vinhos, eles fazem lives unindo música com vinho. Tem dado certo: para gerir o negócio, Thomy passou a trabalhar meio período e não mais o dia inteiro como professor de música. “Sabemos das nossas dificuldades, mas queremos ser vistos como empreendedores normais”, afirma Nubia.

Os demais sentidos vêm sendo postos à prova com a covid-19. A perda da capacidade de sentir aromas e sabores é um dos efeitos colaterais desta doença, o que tira o sono de muitos profissionais do vinho. Pior, em alguns casos, os aromas e cheiros se transformam em notas desagradáveis, fato conhecido como parosmia. Para o sommelier Gianni Tartari, por exemplo, o aroma de maracujá, nota encontrada em muitos sauvignon blancs, se tornou insuportável. “No começo da doença qualquer alimento quente tinha o mesmo gosto”, lembra ele.

Em reportagem na revista inglesa Decanter, a ONG inglesa Abscent, criada para ajudar pessoas que sofrem de anosmia (perda da capacidade de sentir cheiros) ou parosmia, estima que 60% das pessoas com covid terão problemas com cheiros e gostos e, em 10% deles, vai demorar para voltar ao normal.

No começo, Gianni chegou a cancelar algumas degustações. “Fiquei desesperado, porque a minha profissão depende do meu olfato e do meu paladar”, conta ele. Seu caminho foi uma terapia olfativa, com óleos esseciais, e degustações às cegas, para reaprender com os cheiros, além de evitar o sauvignon blanc. E, também, muita paciência para conviver com aromas imprevistos, como o bife que ganhou gosto de gasolina.

Há uma explicação, provavelmente baseada no senso comum, de que o brinde foi criado para marcar os cinco sentidos no vinho. De todos eles, apenas a audição não entrava na apreciação da bebida, o que o sonoro tim-tim resolveu.

O visual é o sentido mais óbvio, de observar as colorações da bebida e as mensagens que ela passa. Um tinto de cor rubi violácea tende a ser de uma safra recente; aqueles em que a “lágrima” demora a escorrer nas laterais da taça têm maior teor alcoólico. Assim como o olfato e o gustativo, que nos faz descobrir todos os aromas e sabores da bebida. O tato vem da sensação da bebida na nossa língua, dos taninos macios ou adstringentes ou das borbulhas do espumante, que quase fazem cocegas na boca.

Mas e quando um desses sentidos não pode ser percebido? Há uma história de perseverança do casal de cegos, que trabalha com vinhos em Belém do Pará e, durante a pandemia, criou o Avintura Vinhos Finos (@avinturavinhosfinos). Nubia de Freitas é cega, e Thomy Athos tem uma doença que lhe faz perder a visão – atualmente ele só enxerga vultos. Juntos há quase 15 anos, os dois descobriram o vinho em uma viagem para Bento Gonçalves (RS) dez anos atrás. Gostaram tanto da bebida que decidiram aprender mais. A maior aventura da dupla foi viajar sozinhos para a Europa, visitando vinícolas.

Profissionais se adaptam à perda de sentidos para apreciar a bebida. Foto: Regis Duvignau/Reuters

O Avintura começou com a venda de três vinhos para o Dia dos Namorados do ano passado, mas cresceu depois de um curso para empreendedores que fizeram na EducaVinhos. Atualmente são 50 e poucos rótulos no portfólio, entre nacionais e importados. As campanhas de venda são criadas pela dupla no Canvas, com o auxílio de aplicativos de voz, e eles pedem ajuda a amigos nas dificuldades.

“Antes feito do que perfeito”, é o lema do casal. Para promover seus vinhos, eles fazem lives unindo música com vinho. Tem dado certo: para gerir o negócio, Thomy passou a trabalhar meio período e não mais o dia inteiro como professor de música. “Sabemos das nossas dificuldades, mas queremos ser vistos como empreendedores normais”, afirma Nubia.

Os demais sentidos vêm sendo postos à prova com a covid-19. A perda da capacidade de sentir aromas e sabores é um dos efeitos colaterais desta doença, o que tira o sono de muitos profissionais do vinho. Pior, em alguns casos, os aromas e cheiros se transformam em notas desagradáveis, fato conhecido como parosmia. Para o sommelier Gianni Tartari, por exemplo, o aroma de maracujá, nota encontrada em muitos sauvignon blancs, se tornou insuportável. “No começo da doença qualquer alimento quente tinha o mesmo gosto”, lembra ele.

Em reportagem na revista inglesa Decanter, a ONG inglesa Abscent, criada para ajudar pessoas que sofrem de anosmia (perda da capacidade de sentir cheiros) ou parosmia, estima que 60% das pessoas com covid terão problemas com cheiros e gostos e, em 10% deles, vai demorar para voltar ao normal.

No começo, Gianni chegou a cancelar algumas degustações. “Fiquei desesperado, porque a minha profissão depende do meu olfato e do meu paladar”, conta ele. Seu caminho foi uma terapia olfativa, com óleos esseciais, e degustações às cegas, para reaprender com os cheiros, além de evitar o sauvignon blanc. E, também, muita paciência para conviver com aromas imprevistos, como o bife que ganhou gosto de gasolina.

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