Suzana Barelli

Por que dezembro é sinônimo de champanhe?


Festas e comemorações aumentam o interesse pelo nobre vinho espumante francês

Por Suzana Barelli

Winston Churchill, talvez o mais famoso primeiro-ministro inglês, foi um pioneiro em tentar mudar uma lógica que, até hoje, predomina no mercado de champanhe, e nos demais espumantes (lembrando que só é champanhe o espumante elaborado na região de mesmo nome, no norte da França). O político inglês afirmava que bebia champanhe todos os dias (e deve ser verdade, pela quantidade de fotos da época com ele com uma taça desde vinho espumante na mão). Porém, por mais que a indústria de borbulha trabalhe para mostrar que esta bebida pode ser consumida nos mais diversos momentos, são nas festas de final de ano e nas grandes comemorações que ela é lembrada (e consumida). E Churchill viveu entre 1874 a 1965...

O interesse pelo champanhe explica por que se promove tanto esta bebida neste período. “Pelo menos 30% das vendas acontecem entre outubro e dezembro”, afirma Mateus Turner de Godoy, responsável pelas marcas Moet & Chandon e Dom Pérignon no portfolio do grupo Moet Hennessy.

No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil Foto: Suzana Barelli/Estadão
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PEQUENOS VIGNERONS

E 2024 está sendo intenso nestas ações. No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil. Com 9 hectares de vinhedos de chardonnay, pinot noir e pinot meunier, cultivados de acordo com a filosofia biodinâmica no vale de la Marne, ela exemplifica o momento de pequenos produtores elaborarem o seu próprio champanhe. “Como pequenos, conseguimos seguir a agricultura biodinâmica. A natureza é a minha chefe”, afirma Françoise. Seus vinhos são representados no Brasil pela Anima Vinum, importadora que foca, exatamente, nestes produtores quase artesanais de borbulha.

Os pequenos vignerons de Champanhe, donos de suas próprias vinhas, são uma realidade crescente na região. Sua produção contrasta com os grandes produtores, que dominam na paisagem local. E eles trazem conceitos como o cultivo orgânico e biodinâmico, nos quais o uso de produtos químicos e de síntese são vetados e, conforme a filosofia, utiliza-se diversos compostos animais e vegetais no tratamento do vinhedo.

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ART NOUVEAU

De um tamanho mais significativo – são 65 hectares próprios de vinhedos, além das uvas compradas dos produtores –, a maison Perrier Jouet aproveitou este final de ano para divulgar a sua parceria com a chef paranaense Manu Buffara, dentro da sua filosofia de promover a natureza e a arte. Em Champanhe, a marca investe na viticultura regenerativa, manejo que visa aumentar a saúde do solo, promovendo a diversidade do plantio e o reduzido uso de produtos químicos. Aqui no Brasil, Manu se tornou embaixadora da marca por praticar uma gastronômica focada nos produtores locais – ela não adquire ingredientes em um raio maior de 300 quilômetros do seu restaurante, em Curitiba, por exemplo.

A arte entra na promoção de exposições, como a parceira com o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). O rótulo premium desta casa de champanhe é o Belle Époque, elaborado apenas em anos especiais, e vem em uma garrafa inspirada no movimento batizado em art nouveau do início do século 19. A maison foi fundada em 1811, pelo casal Pierre-Nicolas Perrier, um botânico, e Rose-Adélaïde Jouët, uma amante das artes.

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Pelo menos 30% das vendas de champanhe acontecem entre outubro e dezembro Foto: Suzana Barelli/Estadão

CINEMA

No início de dezembro, também foram apresentadas no Brasil o champanhe Telmont, com perfil mais frutado, e que tem como diferencial o fato de ser a bebida oficial do Festival de Cannes, importado pela Interfood.

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A propósito, o champanhe de ator Brad Pitt vem se consolidando como a bebida oficial das premiações do Oscar.

VINTAGE

A maison Moet & Chandon, por sua vez, uma das maiores do setor com a produção média de 30 milhões de garrafas por ano, aproveitou para trazer para o Brasil neste final de ano o seu champanhe vintage, da safra 2016. Na taça, é mais complexo e persistente do que a do ano anterior.

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E 2016 não foi um ano fácil, pelo clima. Um exemplo é que o Dom Pérignon, o champanhe premium desta maison, não foi elaborado nesta safra e, especula-se que as uvas desde champanhe ícone podem ter migrado para o 2016. Oficialmente, a maison não confirma, mas com esta porcentagem de Dom Pérignon ou não, o fato é que o chefe de cave Benoit Gouez venceu bem o desafio da safra.

IMPORTÂNCIA NUMÉRICA

E para aqueles que gostam de números, vale uma informação que mostra a força do champanhe. Pelos dados da Ideal BI, consultoria focada no segmento das bebidas, as importações de champanhe vêm crescendo no Brasil, depois da retração do período da pandemia, quando as festas e as comemorações perderam o sentido. Em 2021, foram trazidas para o Brasil 42,6 milhões de caixas de 9 litros (equivalente a 12 garrafas de 750 ml), volume que subiu para 60,3 milhões em 2023 – mas é um montante pífio, quando comparado com os vinhos tranquilos (sem borbulhas), que chegaram a 15,2 milhões de caixas nas importações do ano passado.

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Mas o valor impressiona e também é crescente: a caixa de 9 litros tem preço FOB de US$ 261 nos champanhes. E nos demais espumantes importados, a valor da caixa de 9 litros cai para US$ 28. A diferença é pra lá de significativa.

Winston Churchill, talvez o mais famoso primeiro-ministro inglês, foi um pioneiro em tentar mudar uma lógica que, até hoje, predomina no mercado de champanhe, e nos demais espumantes (lembrando que só é champanhe o espumante elaborado na região de mesmo nome, no norte da França). O político inglês afirmava que bebia champanhe todos os dias (e deve ser verdade, pela quantidade de fotos da época com ele com uma taça desde vinho espumante na mão). Porém, por mais que a indústria de borbulha trabalhe para mostrar que esta bebida pode ser consumida nos mais diversos momentos, são nas festas de final de ano e nas grandes comemorações que ela é lembrada (e consumida). E Churchill viveu entre 1874 a 1965...

O interesse pelo champanhe explica por que se promove tanto esta bebida neste período. “Pelo menos 30% das vendas acontecem entre outubro e dezembro”, afirma Mateus Turner de Godoy, responsável pelas marcas Moet & Chandon e Dom Pérignon no portfolio do grupo Moet Hennessy.

No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil Foto: Suzana Barelli/Estadão

PEQUENOS VIGNERONS

E 2024 está sendo intenso nestas ações. No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil. Com 9 hectares de vinhedos de chardonnay, pinot noir e pinot meunier, cultivados de acordo com a filosofia biodinâmica no vale de la Marne, ela exemplifica o momento de pequenos produtores elaborarem o seu próprio champanhe. “Como pequenos, conseguimos seguir a agricultura biodinâmica. A natureza é a minha chefe”, afirma Françoise. Seus vinhos são representados no Brasil pela Anima Vinum, importadora que foca, exatamente, nestes produtores quase artesanais de borbulha.

Os pequenos vignerons de Champanhe, donos de suas próprias vinhas, são uma realidade crescente na região. Sua produção contrasta com os grandes produtores, que dominam na paisagem local. E eles trazem conceitos como o cultivo orgânico e biodinâmico, nos quais o uso de produtos químicos e de síntese são vetados e, conforme a filosofia, utiliza-se diversos compostos animais e vegetais no tratamento do vinhedo.

ART NOUVEAU

De um tamanho mais significativo – são 65 hectares próprios de vinhedos, além das uvas compradas dos produtores –, a maison Perrier Jouet aproveitou este final de ano para divulgar a sua parceria com a chef paranaense Manu Buffara, dentro da sua filosofia de promover a natureza e a arte. Em Champanhe, a marca investe na viticultura regenerativa, manejo que visa aumentar a saúde do solo, promovendo a diversidade do plantio e o reduzido uso de produtos químicos. Aqui no Brasil, Manu se tornou embaixadora da marca por praticar uma gastronômica focada nos produtores locais – ela não adquire ingredientes em um raio maior de 300 quilômetros do seu restaurante, em Curitiba, por exemplo.

A arte entra na promoção de exposições, como a parceira com o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). O rótulo premium desta casa de champanhe é o Belle Époque, elaborado apenas em anos especiais, e vem em uma garrafa inspirada no movimento batizado em art nouveau do início do século 19. A maison foi fundada em 1811, pelo casal Pierre-Nicolas Perrier, um botânico, e Rose-Adélaïde Jouët, uma amante das artes.

Pelo menos 30% das vendas de champanhe acontecem entre outubro e dezembro Foto: Suzana Barelli/Estadão

CINEMA

No início de dezembro, também foram apresentadas no Brasil o champanhe Telmont, com perfil mais frutado, e que tem como diferencial o fato de ser a bebida oficial do Festival de Cannes, importado pela Interfood.

A propósito, o champanhe de ator Brad Pitt vem se consolidando como a bebida oficial das premiações do Oscar.

VINTAGE

A maison Moet & Chandon, por sua vez, uma das maiores do setor com a produção média de 30 milhões de garrafas por ano, aproveitou para trazer para o Brasil neste final de ano o seu champanhe vintage, da safra 2016. Na taça, é mais complexo e persistente do que a do ano anterior.

E 2016 não foi um ano fácil, pelo clima. Um exemplo é que o Dom Pérignon, o champanhe premium desta maison, não foi elaborado nesta safra e, especula-se que as uvas desde champanhe ícone podem ter migrado para o 2016. Oficialmente, a maison não confirma, mas com esta porcentagem de Dom Pérignon ou não, o fato é que o chefe de cave Benoit Gouez venceu bem o desafio da safra.

IMPORTÂNCIA NUMÉRICA

E para aqueles que gostam de números, vale uma informação que mostra a força do champanhe. Pelos dados da Ideal BI, consultoria focada no segmento das bebidas, as importações de champanhe vêm crescendo no Brasil, depois da retração do período da pandemia, quando as festas e as comemorações perderam o sentido. Em 2021, foram trazidas para o Brasil 42,6 milhões de caixas de 9 litros (equivalente a 12 garrafas de 750 ml), volume que subiu para 60,3 milhões em 2023 – mas é um montante pífio, quando comparado com os vinhos tranquilos (sem borbulhas), que chegaram a 15,2 milhões de caixas nas importações do ano passado.

Mas o valor impressiona e também é crescente: a caixa de 9 litros tem preço FOB de US$ 261 nos champanhes. E nos demais espumantes importados, a valor da caixa de 9 litros cai para US$ 28. A diferença é pra lá de significativa.

Winston Churchill, talvez o mais famoso primeiro-ministro inglês, foi um pioneiro em tentar mudar uma lógica que, até hoje, predomina no mercado de champanhe, e nos demais espumantes (lembrando que só é champanhe o espumante elaborado na região de mesmo nome, no norte da França). O político inglês afirmava que bebia champanhe todos os dias (e deve ser verdade, pela quantidade de fotos da época com ele com uma taça desde vinho espumante na mão). Porém, por mais que a indústria de borbulha trabalhe para mostrar que esta bebida pode ser consumida nos mais diversos momentos, são nas festas de final de ano e nas grandes comemorações que ela é lembrada (e consumida). E Churchill viveu entre 1874 a 1965...

O interesse pelo champanhe explica por que se promove tanto esta bebida neste período. “Pelo menos 30% das vendas acontecem entre outubro e dezembro”, afirma Mateus Turner de Godoy, responsável pelas marcas Moet & Chandon e Dom Pérignon no portfolio do grupo Moet Hennessy.

No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil Foto: Suzana Barelli/Estadão

PEQUENOS VIGNERONS

E 2024 está sendo intenso nestas ações. No final de novembro, a francesa Françoise Bedel, dona de uma pequena vinícola de Champanhe, veio pela primeira vez ao Brasil. Com 9 hectares de vinhedos de chardonnay, pinot noir e pinot meunier, cultivados de acordo com a filosofia biodinâmica no vale de la Marne, ela exemplifica o momento de pequenos produtores elaborarem o seu próprio champanhe. “Como pequenos, conseguimos seguir a agricultura biodinâmica. A natureza é a minha chefe”, afirma Françoise. Seus vinhos são representados no Brasil pela Anima Vinum, importadora que foca, exatamente, nestes produtores quase artesanais de borbulha.

Os pequenos vignerons de Champanhe, donos de suas próprias vinhas, são uma realidade crescente na região. Sua produção contrasta com os grandes produtores, que dominam na paisagem local. E eles trazem conceitos como o cultivo orgânico e biodinâmico, nos quais o uso de produtos químicos e de síntese são vetados e, conforme a filosofia, utiliza-se diversos compostos animais e vegetais no tratamento do vinhedo.

ART NOUVEAU

De um tamanho mais significativo – são 65 hectares próprios de vinhedos, além das uvas compradas dos produtores –, a maison Perrier Jouet aproveitou este final de ano para divulgar a sua parceria com a chef paranaense Manu Buffara, dentro da sua filosofia de promover a natureza e a arte. Em Champanhe, a marca investe na viticultura regenerativa, manejo que visa aumentar a saúde do solo, promovendo a diversidade do plantio e o reduzido uso de produtos químicos. Aqui no Brasil, Manu se tornou embaixadora da marca por praticar uma gastronômica focada nos produtores locais – ela não adquire ingredientes em um raio maior de 300 quilômetros do seu restaurante, em Curitiba, por exemplo.

A arte entra na promoção de exposições, como a parceira com o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). O rótulo premium desta casa de champanhe é o Belle Époque, elaborado apenas em anos especiais, e vem em uma garrafa inspirada no movimento batizado em art nouveau do início do século 19. A maison foi fundada em 1811, pelo casal Pierre-Nicolas Perrier, um botânico, e Rose-Adélaïde Jouët, uma amante das artes.

Pelo menos 30% das vendas de champanhe acontecem entre outubro e dezembro Foto: Suzana Barelli/Estadão

CINEMA

No início de dezembro, também foram apresentadas no Brasil o champanhe Telmont, com perfil mais frutado, e que tem como diferencial o fato de ser a bebida oficial do Festival de Cannes, importado pela Interfood.

A propósito, o champanhe de ator Brad Pitt vem se consolidando como a bebida oficial das premiações do Oscar.

VINTAGE

A maison Moet & Chandon, por sua vez, uma das maiores do setor com a produção média de 30 milhões de garrafas por ano, aproveitou para trazer para o Brasil neste final de ano o seu champanhe vintage, da safra 2016. Na taça, é mais complexo e persistente do que a do ano anterior.

E 2016 não foi um ano fácil, pelo clima. Um exemplo é que o Dom Pérignon, o champanhe premium desta maison, não foi elaborado nesta safra e, especula-se que as uvas desde champanhe ícone podem ter migrado para o 2016. Oficialmente, a maison não confirma, mas com esta porcentagem de Dom Pérignon ou não, o fato é que o chefe de cave Benoit Gouez venceu bem o desafio da safra.

IMPORTÂNCIA NUMÉRICA

E para aqueles que gostam de números, vale uma informação que mostra a força do champanhe. Pelos dados da Ideal BI, consultoria focada no segmento das bebidas, as importações de champanhe vêm crescendo no Brasil, depois da retração do período da pandemia, quando as festas e as comemorações perderam o sentido. Em 2021, foram trazidas para o Brasil 42,6 milhões de caixas de 9 litros (equivalente a 12 garrafas de 750 ml), volume que subiu para 60,3 milhões em 2023 – mas é um montante pífio, quando comparado com os vinhos tranquilos (sem borbulhas), que chegaram a 15,2 milhões de caixas nas importações do ano passado.

Mas o valor impressiona e também é crescente: a caixa de 9 litros tem preço FOB de US$ 261 nos champanhes. E nos demais espumantes importados, a valor da caixa de 9 litros cai para US$ 28. A diferença é pra lá de significativa.

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