Suzana Barelli

Por que prestar atenção na Cabernet Franc? Conheça a uva em 15 vinhos


Variedade de uva francesa sai do ostracismo e ganha destaque; avaliamos 15 rótulos, franceses e sul-americanos

Por Suzana Barelli

A cabernet franc vem ganhando vôo próprio e independente. Na história, essa variedade francesa sempre foi muito ligada à cabernet sauvignon. Primeiro porque é do cruzamento natural entre a sauvignon blanc e a cabernet franc, que nasce a famossísima cabernet sauvignon. Segundo, porque a cabernet franc é muito utilizada em Bordeaux para suavizar os taninos da sauvignon. 

Degustaçãode vinhos Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Mas atualmente, além da presença no chamado corte bordalês, a cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul. 

O reconhecimento começou na Argentina – um dos tintos 100 pontos do país é o Gran Enemigo Gualtallary Cabernet Franc, por exemplo. Os produtores do país do tango vêm apostando na variedade, até para ter opções à onipresente malbec. O Uruguai segue o mesmo caminho – alias, o melhor tinto desta prova às cegas (sem saber o vinho degustado) vem do país. E o Brasil não fica atrás. Por ter um ciclo vegetativo mais curto, a cabernet franc chegou a ser a aposta dos produtores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, mas perdeu espaço para a merlot. 

A cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Aqui na América, são vinhos varietais (elaborados com pelo menos 75% de uvas da mesma variedade) e em estilo diferente do Loire. Nesta região francesa, a cabernet franc é a principal variedade tinta e dá origem a vinhos mais delicados. Conhecer melhor as sutilezas da cabernet franc foi o objetivo desta degustação, que mesclou tintos franceses com representantes sul-americanos. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, que como embaixador no Brasil da Wines of Argentina, foi um dos primeiros a chamar atenção para a qualidade de seus vinhos em solo portenho, e por Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. E classificados em quarto categorias, conforme o seu estilo. Confira as avaliações abaixo. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, embaixador no Brasil da Wines of Argentina, e por Suzana Barelli Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A cabernet franc pelos especialistas

Por Déco Rossi “É uma uva para se prestar atenção. É fácil de gostar, principalmente nos vinhos da América do Sul. Dá origem a tintos de boa complexidade, com fruta, herbáceo e com acidez. Muitos são elaborados com passagem em madeira e, se bem vinificado, o tanino que não agride. É também um vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo”

por Felipe Campos “É uma uva mais eclética, que se adapta melhor em climas mais frescos em relação com a sua “descendente”, e que não dá origem apenas a vinhos encorpados, como a cabernet sauvignon. No Loire, mostra a sua vocação para vinhos mais leves e gastronômicos.”

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por Suzana Barelli “Sempre gostei do papel da cabernet franc, de suavizar o poder da cabernet sauvignon e, ao mesmo tempo, mostrar uma delicadeza no Loire. O interessante agora é entender a uva na América do Sul. Nesta prova, os rótulos uruguaios me surpreenderam (positivamente) mais do que os argentinos e os brasileiros.”

Para Déco Rossi, éum vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Frescos e aromáticos

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Domaine des Roches Neuves 2020Saumur Champigny, França (R$ 255, na Cellar)

Um tinto leve e fácil de beber, que remete imediatamente ao Loire. Traz aromas frutados e um toque de madeira velha. De corpo médio, com taninos sedosos, é muito fresco, com média persistência. Tem 13,5% de álcool.

Les Galuches 2020Loire, França (R$ 189, na De La Croix)

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A Domaine Wilfrid Rousse elabora este cabernet franc mais leve, que mescla frutas vermelhas frescas, como framboesas, com notas de folha de tabaco. Leve também no paladar, com bom frescor, de um estilo mais moderno. Tem 12,5% de álcool.

Domaine Des Pourthié 2019Languedoc, França (R$ 81, na Winelovers)

De cor rubi mais escura, traz aromas de frutas negras, sem maiores complexidades. De corpo médio, tem taninos mais presentes, macios, com leve amargor final, e pouca persistência. Tem 14,5% de álcool.

Equilibrados e gastronômicos

Gran Ombú Cabernet Franc 2018Atlântida, Uruguai (R$ 435, na Cantu) O melhor (e mais caro) do painel é o tinto premium da pequena vinícola Braco Bosca. Aromas de frutas vermelhas escuras, especiarias e um toque tostado nos aromas. Encorpado, com taninos firmes e aveludados, com boa complexidade, sem ser potente demais, muito elegante, com acidez gostosa no final. Tem 13,8% de álcool.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2016Mendoza, Argentina (R$ 267, 25, na Mistral) De cor rubi vermelho, traz um equilíbrio entre a fruta madura e a madeira (tostado) nos aromas e um toque herbáceo. Mais estruturado no paladar, com taninos presentes, bom frescor e uma nota de álcool acima. Tem 13,5% de álcool.

Viña Progreso Cabernet Franc 2018Progreso, Uruguai (R$ 189,14, na Vinci) Na analise visual, este tinto indica ser mais antigo, pelo halo de evolução. Nos aromas, mescla frutas frescas com uma improvável e gostoso toque amendoado. No paladar, tem corpo médio, taninos firmes, com notas aparentes da madeira, e acidez correta. Deve estar melhor em safras mais recentes. Tem 14% de álcool. 

Garzón Reserva Cabernet Franc 2019Maldonado, Uruguai (R$ 193, na World Wine; safra de 2020) Tinto da Bodegas Garzón, que tem na cabernet franc uma de suas apostas. De cor rubi com reflexo violáceo, destaca-se pelas notas frutadas e frescas, lembrando morangos, e bem integrada à madeira. No paladar, é agradável, com taninos macios, sem arestas e longevo. Tem 14% de álcool.

Las Veletas Cuartel 5 2018Maule, Chile (R$ 160, na PNR)

Este cabernet franc vem de Alquihue, no sul do Chile, com aromas que mesclam as frutas mais escuras, com floral e um toque herbáceo. Traz corpo de média intensidade, com taninos firmes, boa passagem por barricas e boa acidez. Tem 14% de álcool.

Colonia Las Liebres Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 131,75, na World Wine)

De cor rubi, é muito frutado, lembrando framboesas e frutas vermelhas mais ácidas. Traz corpo de média intensidade, mantém o gosto frutado no paladar, com acidez que pede comida, e persistência média. Tem 13,5% de álcool.

Potentes

El Enemigo Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 253,86, na Mistral)

Este é o irmão mais novo de um dos melhores cabernet franc argentino elaborado por Alejandro Vigil. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras na medida certa, lembrando framboesas e amoras, e um gostoso toque herbáceo. Taninos presentes marcam este tinto mais encorpado, com bom frescor e persistência longa. Tem 13,5% de álcool.

Salentein Reserva Cabernet Franc 2019Vale do Uco, Argentina (R$ 191, na Zahil) Com vinhedos a 1.100 metros do nível do mar, tem cor rubi escura e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e muitas ervas de cozinha. É mais interessante no paladar, com taninos firmes, notas de tabaco e boa persistência. Tem 14,5% de álcool.

Escorihuela Gascón Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 147,90, na Grand Cru) Cabernet franc cultivado em Agrelo, de cor rubi mais escura, com aromas de frutas mais maduras, quase em compota, e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos mais verdes, pedindo tempo de guarda, e com o álcool em destaque. É encorpado, com boa acidez. Tem 14% de álcool.

Valmarino XXIV Cabernet Franc 2019Pinto Bandeira, Brasil (R$ 198 (a safra de 2020), na Connect Vinhos) Com vinhedos plantados em 1978, este tinto traz cor rubi com reflexos violáceos, ainda fechado no aroma, com notas sutis de fruta negra e vermelha e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos presentes e redondos, boa complexidade e persistência. Tem 14% de álcool.

Com foco na madeira

Philosophia Cabernet Franc 2019São Roque, Brasil (R$ 155, na Vinícola Goes)

Projeto de dupla poda (quando a videira produz no inverno), da Vinícola Góes, este tinto de cor rubi violácea traz as notas de madeira em primeiro plano, com um tostado evidente, deixando os aromas frutados em segundo lugar. É muito estruturado, com taninos firmes, mas traz o amargor da madeira no final. Provamos também a safra 2020, com a mesma característica da madeira passando por cima da fruta. Tem 13,3% de álcool.La Mascota Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 99,99 no Pão de Açúcar)

O La Mascota costuma ser um clássico dos bons achados no supermercado, mas esta garrafa deixou a desejar. De cor rubi violácea, traz notas de eucalipto, algo tostado e poucas notas de frutas. No paladar, a mesma sensação, com a bebida desequilibrada entre os taninos presentes, a acidez mais alta e o álcool em destaque. Tem 14% de álcool.

Amitié Colheita de Verão 2020Serra Gaúcha, Brasil (R$ 88,10, na Amitié)

Tinto ainda jovem, de cor rubi violácea, elaborado apenas com a cabernet franc, cultivada na serra gaúcha e colhida em março. Seus aromas trazem frutas escuras, lembrando amoras, e muitas notas de café, vindas da passagem por barrica de carvalho. Corpo de média intensidade, com predomínio da madeira no paladar, e pouca persistência. Tem 13% de álcool.

A cabernet franc vem ganhando vôo próprio e independente. Na história, essa variedade francesa sempre foi muito ligada à cabernet sauvignon. Primeiro porque é do cruzamento natural entre a sauvignon blanc e a cabernet franc, que nasce a famossísima cabernet sauvignon. Segundo, porque a cabernet franc é muito utilizada em Bordeaux para suavizar os taninos da sauvignon. 

Degustaçãode vinhos Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas atualmente, além da presença no chamado corte bordalês, a cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul. 

O reconhecimento começou na Argentina – um dos tintos 100 pontos do país é o Gran Enemigo Gualtallary Cabernet Franc, por exemplo. Os produtores do país do tango vêm apostando na variedade, até para ter opções à onipresente malbec. O Uruguai segue o mesmo caminho – alias, o melhor tinto desta prova às cegas (sem saber o vinho degustado) vem do país. E o Brasil não fica atrás. Por ter um ciclo vegetativo mais curto, a cabernet franc chegou a ser a aposta dos produtores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, mas perdeu espaço para a merlot. 

A cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Aqui na América, são vinhos varietais (elaborados com pelo menos 75% de uvas da mesma variedade) e em estilo diferente do Loire. Nesta região francesa, a cabernet franc é a principal variedade tinta e dá origem a vinhos mais delicados. Conhecer melhor as sutilezas da cabernet franc foi o objetivo desta degustação, que mesclou tintos franceses com representantes sul-americanos. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, que como embaixador no Brasil da Wines of Argentina, foi um dos primeiros a chamar atenção para a qualidade de seus vinhos em solo portenho, e por Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. E classificados em quarto categorias, conforme o seu estilo. Confira as avaliações abaixo. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, embaixador no Brasil da Wines of Argentina, e por Suzana Barelli Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A cabernet franc pelos especialistas

Por Déco Rossi “É uma uva para se prestar atenção. É fácil de gostar, principalmente nos vinhos da América do Sul. Dá origem a tintos de boa complexidade, com fruta, herbáceo e com acidez. Muitos são elaborados com passagem em madeira e, se bem vinificado, o tanino que não agride. É também um vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo”

por Felipe Campos “É uma uva mais eclética, que se adapta melhor em climas mais frescos em relação com a sua “descendente”, e que não dá origem apenas a vinhos encorpados, como a cabernet sauvignon. No Loire, mostra a sua vocação para vinhos mais leves e gastronômicos.”

por Suzana Barelli “Sempre gostei do papel da cabernet franc, de suavizar o poder da cabernet sauvignon e, ao mesmo tempo, mostrar uma delicadeza no Loire. O interessante agora é entender a uva na América do Sul. Nesta prova, os rótulos uruguaios me surpreenderam (positivamente) mais do que os argentinos e os brasileiros.”

Para Déco Rossi, éum vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Frescos e aromáticos

Domaine des Roches Neuves 2020Saumur Champigny, França (R$ 255, na Cellar)

Um tinto leve e fácil de beber, que remete imediatamente ao Loire. Traz aromas frutados e um toque de madeira velha. De corpo médio, com taninos sedosos, é muito fresco, com média persistência. Tem 13,5% de álcool.

Les Galuches 2020Loire, França (R$ 189, na De La Croix)

A Domaine Wilfrid Rousse elabora este cabernet franc mais leve, que mescla frutas vermelhas frescas, como framboesas, com notas de folha de tabaco. Leve também no paladar, com bom frescor, de um estilo mais moderno. Tem 12,5% de álcool.

Domaine Des Pourthié 2019Languedoc, França (R$ 81, na Winelovers)

De cor rubi mais escura, traz aromas de frutas negras, sem maiores complexidades. De corpo médio, tem taninos mais presentes, macios, com leve amargor final, e pouca persistência. Tem 14,5% de álcool.

Equilibrados e gastronômicos

Gran Ombú Cabernet Franc 2018Atlântida, Uruguai (R$ 435, na Cantu) O melhor (e mais caro) do painel é o tinto premium da pequena vinícola Braco Bosca. Aromas de frutas vermelhas escuras, especiarias e um toque tostado nos aromas. Encorpado, com taninos firmes e aveludados, com boa complexidade, sem ser potente demais, muito elegante, com acidez gostosa no final. Tem 13,8% de álcool.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2016Mendoza, Argentina (R$ 267, 25, na Mistral) De cor rubi vermelho, traz um equilíbrio entre a fruta madura e a madeira (tostado) nos aromas e um toque herbáceo. Mais estruturado no paladar, com taninos presentes, bom frescor e uma nota de álcool acima. Tem 13,5% de álcool.

Viña Progreso Cabernet Franc 2018Progreso, Uruguai (R$ 189,14, na Vinci) Na analise visual, este tinto indica ser mais antigo, pelo halo de evolução. Nos aromas, mescla frutas frescas com uma improvável e gostoso toque amendoado. No paladar, tem corpo médio, taninos firmes, com notas aparentes da madeira, e acidez correta. Deve estar melhor em safras mais recentes. Tem 14% de álcool. 

Garzón Reserva Cabernet Franc 2019Maldonado, Uruguai (R$ 193, na World Wine; safra de 2020) Tinto da Bodegas Garzón, que tem na cabernet franc uma de suas apostas. De cor rubi com reflexo violáceo, destaca-se pelas notas frutadas e frescas, lembrando morangos, e bem integrada à madeira. No paladar, é agradável, com taninos macios, sem arestas e longevo. Tem 14% de álcool.

Las Veletas Cuartel 5 2018Maule, Chile (R$ 160, na PNR)

Este cabernet franc vem de Alquihue, no sul do Chile, com aromas que mesclam as frutas mais escuras, com floral e um toque herbáceo. Traz corpo de média intensidade, com taninos firmes, boa passagem por barricas e boa acidez. Tem 14% de álcool.

Colonia Las Liebres Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 131,75, na World Wine)

De cor rubi, é muito frutado, lembrando framboesas e frutas vermelhas mais ácidas. Traz corpo de média intensidade, mantém o gosto frutado no paladar, com acidez que pede comida, e persistência média. Tem 13,5% de álcool.

Potentes

El Enemigo Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 253,86, na Mistral)

Este é o irmão mais novo de um dos melhores cabernet franc argentino elaborado por Alejandro Vigil. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras na medida certa, lembrando framboesas e amoras, e um gostoso toque herbáceo. Taninos presentes marcam este tinto mais encorpado, com bom frescor e persistência longa. Tem 13,5% de álcool.

Salentein Reserva Cabernet Franc 2019Vale do Uco, Argentina (R$ 191, na Zahil) Com vinhedos a 1.100 metros do nível do mar, tem cor rubi escura e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e muitas ervas de cozinha. É mais interessante no paladar, com taninos firmes, notas de tabaco e boa persistência. Tem 14,5% de álcool.

Escorihuela Gascón Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 147,90, na Grand Cru) Cabernet franc cultivado em Agrelo, de cor rubi mais escura, com aromas de frutas mais maduras, quase em compota, e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos mais verdes, pedindo tempo de guarda, e com o álcool em destaque. É encorpado, com boa acidez. Tem 14% de álcool.

Valmarino XXIV Cabernet Franc 2019Pinto Bandeira, Brasil (R$ 198 (a safra de 2020), na Connect Vinhos) Com vinhedos plantados em 1978, este tinto traz cor rubi com reflexos violáceos, ainda fechado no aroma, com notas sutis de fruta negra e vermelha e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos presentes e redondos, boa complexidade e persistência. Tem 14% de álcool.

Com foco na madeira

Philosophia Cabernet Franc 2019São Roque, Brasil (R$ 155, na Vinícola Goes)

Projeto de dupla poda (quando a videira produz no inverno), da Vinícola Góes, este tinto de cor rubi violácea traz as notas de madeira em primeiro plano, com um tostado evidente, deixando os aromas frutados em segundo lugar. É muito estruturado, com taninos firmes, mas traz o amargor da madeira no final. Provamos também a safra 2020, com a mesma característica da madeira passando por cima da fruta. Tem 13,3% de álcool.La Mascota Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 99,99 no Pão de Açúcar)

O La Mascota costuma ser um clássico dos bons achados no supermercado, mas esta garrafa deixou a desejar. De cor rubi violácea, traz notas de eucalipto, algo tostado e poucas notas de frutas. No paladar, a mesma sensação, com a bebida desequilibrada entre os taninos presentes, a acidez mais alta e o álcool em destaque. Tem 14% de álcool.

Amitié Colheita de Verão 2020Serra Gaúcha, Brasil (R$ 88,10, na Amitié)

Tinto ainda jovem, de cor rubi violácea, elaborado apenas com a cabernet franc, cultivada na serra gaúcha e colhida em março. Seus aromas trazem frutas escuras, lembrando amoras, e muitas notas de café, vindas da passagem por barrica de carvalho. Corpo de média intensidade, com predomínio da madeira no paladar, e pouca persistência. Tem 13% de álcool.

A cabernet franc vem ganhando vôo próprio e independente. Na história, essa variedade francesa sempre foi muito ligada à cabernet sauvignon. Primeiro porque é do cruzamento natural entre a sauvignon blanc e a cabernet franc, que nasce a famossísima cabernet sauvignon. Segundo, porque a cabernet franc é muito utilizada em Bordeaux para suavizar os taninos da sauvignon. 

Degustaçãode vinhos Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas atualmente, além da presença no chamado corte bordalês, a cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul. 

O reconhecimento começou na Argentina – um dos tintos 100 pontos do país é o Gran Enemigo Gualtallary Cabernet Franc, por exemplo. Os produtores do país do tango vêm apostando na variedade, até para ter opções à onipresente malbec. O Uruguai segue o mesmo caminho – alias, o melhor tinto desta prova às cegas (sem saber o vinho degustado) vem do país. E o Brasil não fica atrás. Por ter um ciclo vegetativo mais curto, a cabernet franc chegou a ser a aposta dos produtores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, mas perdeu espaço para a merlot. 

A cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Aqui na América, são vinhos varietais (elaborados com pelo menos 75% de uvas da mesma variedade) e em estilo diferente do Loire. Nesta região francesa, a cabernet franc é a principal variedade tinta e dá origem a vinhos mais delicados. Conhecer melhor as sutilezas da cabernet franc foi o objetivo desta degustação, que mesclou tintos franceses com representantes sul-americanos. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, que como embaixador no Brasil da Wines of Argentina, foi um dos primeiros a chamar atenção para a qualidade de seus vinhos em solo portenho, e por Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. E classificados em quarto categorias, conforme o seu estilo. Confira as avaliações abaixo. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, embaixador no Brasil da Wines of Argentina, e por Suzana Barelli Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A cabernet franc pelos especialistas

Por Déco Rossi “É uma uva para se prestar atenção. É fácil de gostar, principalmente nos vinhos da América do Sul. Dá origem a tintos de boa complexidade, com fruta, herbáceo e com acidez. Muitos são elaborados com passagem em madeira e, se bem vinificado, o tanino que não agride. É também um vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo”

por Felipe Campos “É uma uva mais eclética, que se adapta melhor em climas mais frescos em relação com a sua “descendente”, e que não dá origem apenas a vinhos encorpados, como a cabernet sauvignon. No Loire, mostra a sua vocação para vinhos mais leves e gastronômicos.”

por Suzana Barelli “Sempre gostei do papel da cabernet franc, de suavizar o poder da cabernet sauvignon e, ao mesmo tempo, mostrar uma delicadeza no Loire. O interessante agora é entender a uva na América do Sul. Nesta prova, os rótulos uruguaios me surpreenderam (positivamente) mais do que os argentinos e os brasileiros.”

Para Déco Rossi, éum vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Frescos e aromáticos

Domaine des Roches Neuves 2020Saumur Champigny, França (R$ 255, na Cellar)

Um tinto leve e fácil de beber, que remete imediatamente ao Loire. Traz aromas frutados e um toque de madeira velha. De corpo médio, com taninos sedosos, é muito fresco, com média persistência. Tem 13,5% de álcool.

Les Galuches 2020Loire, França (R$ 189, na De La Croix)

A Domaine Wilfrid Rousse elabora este cabernet franc mais leve, que mescla frutas vermelhas frescas, como framboesas, com notas de folha de tabaco. Leve também no paladar, com bom frescor, de um estilo mais moderno. Tem 12,5% de álcool.

Domaine Des Pourthié 2019Languedoc, França (R$ 81, na Winelovers)

De cor rubi mais escura, traz aromas de frutas negras, sem maiores complexidades. De corpo médio, tem taninos mais presentes, macios, com leve amargor final, e pouca persistência. Tem 14,5% de álcool.

Equilibrados e gastronômicos

Gran Ombú Cabernet Franc 2018Atlântida, Uruguai (R$ 435, na Cantu) O melhor (e mais caro) do painel é o tinto premium da pequena vinícola Braco Bosca. Aromas de frutas vermelhas escuras, especiarias e um toque tostado nos aromas. Encorpado, com taninos firmes e aveludados, com boa complexidade, sem ser potente demais, muito elegante, com acidez gostosa no final. Tem 13,8% de álcool.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2016Mendoza, Argentina (R$ 267, 25, na Mistral) De cor rubi vermelho, traz um equilíbrio entre a fruta madura e a madeira (tostado) nos aromas e um toque herbáceo. Mais estruturado no paladar, com taninos presentes, bom frescor e uma nota de álcool acima. Tem 13,5% de álcool.

Viña Progreso Cabernet Franc 2018Progreso, Uruguai (R$ 189,14, na Vinci) Na analise visual, este tinto indica ser mais antigo, pelo halo de evolução. Nos aromas, mescla frutas frescas com uma improvável e gostoso toque amendoado. No paladar, tem corpo médio, taninos firmes, com notas aparentes da madeira, e acidez correta. Deve estar melhor em safras mais recentes. Tem 14% de álcool. 

Garzón Reserva Cabernet Franc 2019Maldonado, Uruguai (R$ 193, na World Wine; safra de 2020) Tinto da Bodegas Garzón, que tem na cabernet franc uma de suas apostas. De cor rubi com reflexo violáceo, destaca-se pelas notas frutadas e frescas, lembrando morangos, e bem integrada à madeira. No paladar, é agradável, com taninos macios, sem arestas e longevo. Tem 14% de álcool.

Las Veletas Cuartel 5 2018Maule, Chile (R$ 160, na PNR)

Este cabernet franc vem de Alquihue, no sul do Chile, com aromas que mesclam as frutas mais escuras, com floral e um toque herbáceo. Traz corpo de média intensidade, com taninos firmes, boa passagem por barricas e boa acidez. Tem 14% de álcool.

Colonia Las Liebres Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 131,75, na World Wine)

De cor rubi, é muito frutado, lembrando framboesas e frutas vermelhas mais ácidas. Traz corpo de média intensidade, mantém o gosto frutado no paladar, com acidez que pede comida, e persistência média. Tem 13,5% de álcool.

Potentes

El Enemigo Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 253,86, na Mistral)

Este é o irmão mais novo de um dos melhores cabernet franc argentino elaborado por Alejandro Vigil. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras na medida certa, lembrando framboesas e amoras, e um gostoso toque herbáceo. Taninos presentes marcam este tinto mais encorpado, com bom frescor e persistência longa. Tem 13,5% de álcool.

Salentein Reserva Cabernet Franc 2019Vale do Uco, Argentina (R$ 191, na Zahil) Com vinhedos a 1.100 metros do nível do mar, tem cor rubi escura e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e muitas ervas de cozinha. É mais interessante no paladar, com taninos firmes, notas de tabaco e boa persistência. Tem 14,5% de álcool.

Escorihuela Gascón Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 147,90, na Grand Cru) Cabernet franc cultivado em Agrelo, de cor rubi mais escura, com aromas de frutas mais maduras, quase em compota, e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos mais verdes, pedindo tempo de guarda, e com o álcool em destaque. É encorpado, com boa acidez. Tem 14% de álcool.

Valmarino XXIV Cabernet Franc 2019Pinto Bandeira, Brasil (R$ 198 (a safra de 2020), na Connect Vinhos) Com vinhedos plantados em 1978, este tinto traz cor rubi com reflexos violáceos, ainda fechado no aroma, com notas sutis de fruta negra e vermelha e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos presentes e redondos, boa complexidade e persistência. Tem 14% de álcool.

Com foco na madeira

Philosophia Cabernet Franc 2019São Roque, Brasil (R$ 155, na Vinícola Goes)

Projeto de dupla poda (quando a videira produz no inverno), da Vinícola Góes, este tinto de cor rubi violácea traz as notas de madeira em primeiro plano, com um tostado evidente, deixando os aromas frutados em segundo lugar. É muito estruturado, com taninos firmes, mas traz o amargor da madeira no final. Provamos também a safra 2020, com a mesma característica da madeira passando por cima da fruta. Tem 13,3% de álcool.La Mascota Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 99,99 no Pão de Açúcar)

O La Mascota costuma ser um clássico dos bons achados no supermercado, mas esta garrafa deixou a desejar. De cor rubi violácea, traz notas de eucalipto, algo tostado e poucas notas de frutas. No paladar, a mesma sensação, com a bebida desequilibrada entre os taninos presentes, a acidez mais alta e o álcool em destaque. Tem 14% de álcool.

Amitié Colheita de Verão 2020Serra Gaúcha, Brasil (R$ 88,10, na Amitié)

Tinto ainda jovem, de cor rubi violácea, elaborado apenas com a cabernet franc, cultivada na serra gaúcha e colhida em março. Seus aromas trazem frutas escuras, lembrando amoras, e muitas notas de café, vindas da passagem por barrica de carvalho. Corpo de média intensidade, com predomínio da madeira no paladar, e pouca persistência. Tem 13% de álcool.

A cabernet franc vem ganhando vôo próprio e independente. Na história, essa variedade francesa sempre foi muito ligada à cabernet sauvignon. Primeiro porque é do cruzamento natural entre a sauvignon blanc e a cabernet franc, que nasce a famossísima cabernet sauvignon. Segundo, porque a cabernet franc é muito utilizada em Bordeaux para suavizar os taninos da sauvignon. 

Degustaçãode vinhos Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas atualmente, além da presença no chamado corte bordalês, a cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul. 

O reconhecimento começou na Argentina – um dos tintos 100 pontos do país é o Gran Enemigo Gualtallary Cabernet Franc, por exemplo. Os produtores do país do tango vêm apostando na variedade, até para ter opções à onipresente malbec. O Uruguai segue o mesmo caminho – alias, o melhor tinto desta prova às cegas (sem saber o vinho degustado) vem do país. E o Brasil não fica atrás. Por ter um ciclo vegetativo mais curto, a cabernet franc chegou a ser a aposta dos produtores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, mas perdeu espaço para a merlot. 

A cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Aqui na América, são vinhos varietais (elaborados com pelo menos 75% de uvas da mesma variedade) e em estilo diferente do Loire. Nesta região francesa, a cabernet franc é a principal variedade tinta e dá origem a vinhos mais delicados. Conhecer melhor as sutilezas da cabernet franc foi o objetivo desta degustação, que mesclou tintos franceses com representantes sul-americanos. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, que como embaixador no Brasil da Wines of Argentina, foi um dos primeiros a chamar atenção para a qualidade de seus vinhos em solo portenho, e por Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. E classificados em quarto categorias, conforme o seu estilo. Confira as avaliações abaixo. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, embaixador no Brasil da Wines of Argentina, e por Suzana Barelli Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A cabernet franc pelos especialistas

Por Déco Rossi “É uma uva para se prestar atenção. É fácil de gostar, principalmente nos vinhos da América do Sul. Dá origem a tintos de boa complexidade, com fruta, herbáceo e com acidez. Muitos são elaborados com passagem em madeira e, se bem vinificado, o tanino que não agride. É também um vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo”

por Felipe Campos “É uma uva mais eclética, que se adapta melhor em climas mais frescos em relação com a sua “descendente”, e que não dá origem apenas a vinhos encorpados, como a cabernet sauvignon. No Loire, mostra a sua vocação para vinhos mais leves e gastronômicos.”

por Suzana Barelli “Sempre gostei do papel da cabernet franc, de suavizar o poder da cabernet sauvignon e, ao mesmo tempo, mostrar uma delicadeza no Loire. O interessante agora é entender a uva na América do Sul. Nesta prova, os rótulos uruguaios me surpreenderam (positivamente) mais do que os argentinos e os brasileiros.”

Para Déco Rossi, éum vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Frescos e aromáticos

Domaine des Roches Neuves 2020Saumur Champigny, França (R$ 255, na Cellar)

Um tinto leve e fácil de beber, que remete imediatamente ao Loire. Traz aromas frutados e um toque de madeira velha. De corpo médio, com taninos sedosos, é muito fresco, com média persistência. Tem 13,5% de álcool.

Les Galuches 2020Loire, França (R$ 189, na De La Croix)

A Domaine Wilfrid Rousse elabora este cabernet franc mais leve, que mescla frutas vermelhas frescas, como framboesas, com notas de folha de tabaco. Leve também no paladar, com bom frescor, de um estilo mais moderno. Tem 12,5% de álcool.

Domaine Des Pourthié 2019Languedoc, França (R$ 81, na Winelovers)

De cor rubi mais escura, traz aromas de frutas negras, sem maiores complexidades. De corpo médio, tem taninos mais presentes, macios, com leve amargor final, e pouca persistência. Tem 14,5% de álcool.

Equilibrados e gastronômicos

Gran Ombú Cabernet Franc 2018Atlântida, Uruguai (R$ 435, na Cantu) O melhor (e mais caro) do painel é o tinto premium da pequena vinícola Braco Bosca. Aromas de frutas vermelhas escuras, especiarias e um toque tostado nos aromas. Encorpado, com taninos firmes e aveludados, com boa complexidade, sem ser potente demais, muito elegante, com acidez gostosa no final. Tem 13,8% de álcool.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2016Mendoza, Argentina (R$ 267, 25, na Mistral) De cor rubi vermelho, traz um equilíbrio entre a fruta madura e a madeira (tostado) nos aromas e um toque herbáceo. Mais estruturado no paladar, com taninos presentes, bom frescor e uma nota de álcool acima. Tem 13,5% de álcool.

Viña Progreso Cabernet Franc 2018Progreso, Uruguai (R$ 189,14, na Vinci) Na analise visual, este tinto indica ser mais antigo, pelo halo de evolução. Nos aromas, mescla frutas frescas com uma improvável e gostoso toque amendoado. No paladar, tem corpo médio, taninos firmes, com notas aparentes da madeira, e acidez correta. Deve estar melhor em safras mais recentes. Tem 14% de álcool. 

Garzón Reserva Cabernet Franc 2019Maldonado, Uruguai (R$ 193, na World Wine; safra de 2020) Tinto da Bodegas Garzón, que tem na cabernet franc uma de suas apostas. De cor rubi com reflexo violáceo, destaca-se pelas notas frutadas e frescas, lembrando morangos, e bem integrada à madeira. No paladar, é agradável, com taninos macios, sem arestas e longevo. Tem 14% de álcool.

Las Veletas Cuartel 5 2018Maule, Chile (R$ 160, na PNR)

Este cabernet franc vem de Alquihue, no sul do Chile, com aromas que mesclam as frutas mais escuras, com floral e um toque herbáceo. Traz corpo de média intensidade, com taninos firmes, boa passagem por barricas e boa acidez. Tem 14% de álcool.

Colonia Las Liebres Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 131,75, na World Wine)

De cor rubi, é muito frutado, lembrando framboesas e frutas vermelhas mais ácidas. Traz corpo de média intensidade, mantém o gosto frutado no paladar, com acidez que pede comida, e persistência média. Tem 13,5% de álcool.

Potentes

El Enemigo Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 253,86, na Mistral)

Este é o irmão mais novo de um dos melhores cabernet franc argentino elaborado por Alejandro Vigil. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras na medida certa, lembrando framboesas e amoras, e um gostoso toque herbáceo. Taninos presentes marcam este tinto mais encorpado, com bom frescor e persistência longa. Tem 13,5% de álcool.

Salentein Reserva Cabernet Franc 2019Vale do Uco, Argentina (R$ 191, na Zahil) Com vinhedos a 1.100 metros do nível do mar, tem cor rubi escura e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e muitas ervas de cozinha. É mais interessante no paladar, com taninos firmes, notas de tabaco e boa persistência. Tem 14,5% de álcool.

Escorihuela Gascón Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 147,90, na Grand Cru) Cabernet franc cultivado em Agrelo, de cor rubi mais escura, com aromas de frutas mais maduras, quase em compota, e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos mais verdes, pedindo tempo de guarda, e com o álcool em destaque. É encorpado, com boa acidez. Tem 14% de álcool.

Valmarino XXIV Cabernet Franc 2019Pinto Bandeira, Brasil (R$ 198 (a safra de 2020), na Connect Vinhos) Com vinhedos plantados em 1978, este tinto traz cor rubi com reflexos violáceos, ainda fechado no aroma, com notas sutis de fruta negra e vermelha e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos presentes e redondos, boa complexidade e persistência. Tem 14% de álcool.

Com foco na madeira

Philosophia Cabernet Franc 2019São Roque, Brasil (R$ 155, na Vinícola Goes)

Projeto de dupla poda (quando a videira produz no inverno), da Vinícola Góes, este tinto de cor rubi violácea traz as notas de madeira em primeiro plano, com um tostado evidente, deixando os aromas frutados em segundo lugar. É muito estruturado, com taninos firmes, mas traz o amargor da madeira no final. Provamos também a safra 2020, com a mesma característica da madeira passando por cima da fruta. Tem 13,3% de álcool.La Mascota Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 99,99 no Pão de Açúcar)

O La Mascota costuma ser um clássico dos bons achados no supermercado, mas esta garrafa deixou a desejar. De cor rubi violácea, traz notas de eucalipto, algo tostado e poucas notas de frutas. No paladar, a mesma sensação, com a bebida desequilibrada entre os taninos presentes, a acidez mais alta e o álcool em destaque. Tem 14% de álcool.

Amitié Colheita de Verão 2020Serra Gaúcha, Brasil (R$ 88,10, na Amitié)

Tinto ainda jovem, de cor rubi violácea, elaborado apenas com a cabernet franc, cultivada na serra gaúcha e colhida em março. Seus aromas trazem frutas escuras, lembrando amoras, e muitas notas de café, vindas da passagem por barrica de carvalho. Corpo de média intensidade, com predomínio da madeira no paladar, e pouca persistência. Tem 13% de álcool.

A cabernet franc vem ganhando vôo próprio e independente. Na história, essa variedade francesa sempre foi muito ligada à cabernet sauvignon. Primeiro porque é do cruzamento natural entre a sauvignon blanc e a cabernet franc, que nasce a famossísima cabernet sauvignon. Segundo, porque a cabernet franc é muito utilizada em Bordeaux para suavizar os taninos da sauvignon. 

Degustaçãode vinhos Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas atualmente, além da presença no chamado corte bordalês, a cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul. 

O reconhecimento começou na Argentina – um dos tintos 100 pontos do país é o Gran Enemigo Gualtallary Cabernet Franc, por exemplo. Os produtores do país do tango vêm apostando na variedade, até para ter opções à onipresente malbec. O Uruguai segue o mesmo caminho – alias, o melhor tinto desta prova às cegas (sem saber o vinho degustado) vem do país. E o Brasil não fica atrás. Por ter um ciclo vegetativo mais curto, a cabernet franc chegou a ser a aposta dos produtores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, mas perdeu espaço para a merlot. 

A cabernet franc vem brilhando, cada vez mais, em tintos na América do Sul Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Aqui na América, são vinhos varietais (elaborados com pelo menos 75% de uvas da mesma variedade) e em estilo diferente do Loire. Nesta região francesa, a cabernet franc é a principal variedade tinta e dá origem a vinhos mais delicados. Conhecer melhor as sutilezas da cabernet franc foi o objetivo desta degustação, que mesclou tintos franceses com representantes sul-americanos. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, que como embaixador no Brasil da Wines of Argentina, foi um dos primeiros a chamar atenção para a qualidade de seus vinhos em solo portenho, e por Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. E classificados em quarto categorias, conforme o seu estilo. Confira as avaliações abaixo. 

Os tintos foram degustados por Felipe Campos, professor da escola The Wine School; por Deco Rossi, embaixador no Brasil da Wines of Argentina, e por Suzana Barelli Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A cabernet franc pelos especialistas

Por Déco Rossi “É uma uva para se prestar atenção. É fácil de gostar, principalmente nos vinhos da América do Sul. Dá origem a tintos de boa complexidade, com fruta, herbáceo e com acidez. Muitos são elaborados com passagem em madeira e, se bem vinificado, o tanino que não agride. É também um vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo”

por Felipe Campos “É uma uva mais eclética, que se adapta melhor em climas mais frescos em relação com a sua “descendente”, e que não dá origem apenas a vinhos encorpados, como a cabernet sauvignon. No Loire, mostra a sua vocação para vinhos mais leves e gastronômicos.”

por Suzana Barelli “Sempre gostei do papel da cabernet franc, de suavizar o poder da cabernet sauvignon e, ao mesmo tempo, mostrar uma delicadeza no Loire. O interessante agora é entender a uva na América do Sul. Nesta prova, os rótulos uruguaios me surpreenderam (positivamente) mais do que os argentinos e os brasileiros.”

Para Déco Rossi, éum vinho que harmoniza com muitos pratos, da carne ao queijo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Frescos e aromáticos

Domaine des Roches Neuves 2020Saumur Champigny, França (R$ 255, na Cellar)

Um tinto leve e fácil de beber, que remete imediatamente ao Loire. Traz aromas frutados e um toque de madeira velha. De corpo médio, com taninos sedosos, é muito fresco, com média persistência. Tem 13,5% de álcool.

Les Galuches 2020Loire, França (R$ 189, na De La Croix)

A Domaine Wilfrid Rousse elabora este cabernet franc mais leve, que mescla frutas vermelhas frescas, como framboesas, com notas de folha de tabaco. Leve também no paladar, com bom frescor, de um estilo mais moderno. Tem 12,5% de álcool.

Domaine Des Pourthié 2019Languedoc, França (R$ 81, na Winelovers)

De cor rubi mais escura, traz aromas de frutas negras, sem maiores complexidades. De corpo médio, tem taninos mais presentes, macios, com leve amargor final, e pouca persistência. Tem 14,5% de álcool.

Equilibrados e gastronômicos

Gran Ombú Cabernet Franc 2018Atlântida, Uruguai (R$ 435, na Cantu) O melhor (e mais caro) do painel é o tinto premium da pequena vinícola Braco Bosca. Aromas de frutas vermelhas escuras, especiarias e um toque tostado nos aromas. Encorpado, com taninos firmes e aveludados, com boa complexidade, sem ser potente demais, muito elegante, com acidez gostosa no final. Tem 13,8% de álcool.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2016Mendoza, Argentina (R$ 267, 25, na Mistral) De cor rubi vermelho, traz um equilíbrio entre a fruta madura e a madeira (tostado) nos aromas e um toque herbáceo. Mais estruturado no paladar, com taninos presentes, bom frescor e uma nota de álcool acima. Tem 13,5% de álcool.

Viña Progreso Cabernet Franc 2018Progreso, Uruguai (R$ 189,14, na Vinci) Na analise visual, este tinto indica ser mais antigo, pelo halo de evolução. Nos aromas, mescla frutas frescas com uma improvável e gostoso toque amendoado. No paladar, tem corpo médio, taninos firmes, com notas aparentes da madeira, e acidez correta. Deve estar melhor em safras mais recentes. Tem 14% de álcool. 

Garzón Reserva Cabernet Franc 2019Maldonado, Uruguai (R$ 193, na World Wine; safra de 2020) Tinto da Bodegas Garzón, que tem na cabernet franc uma de suas apostas. De cor rubi com reflexo violáceo, destaca-se pelas notas frutadas e frescas, lembrando morangos, e bem integrada à madeira. No paladar, é agradável, com taninos macios, sem arestas e longevo. Tem 14% de álcool.

Las Veletas Cuartel 5 2018Maule, Chile (R$ 160, na PNR)

Este cabernet franc vem de Alquihue, no sul do Chile, com aromas que mesclam as frutas mais escuras, com floral e um toque herbáceo. Traz corpo de média intensidade, com taninos firmes, boa passagem por barricas e boa acidez. Tem 14% de álcool.

Colonia Las Liebres Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 131,75, na World Wine)

De cor rubi, é muito frutado, lembrando framboesas e frutas vermelhas mais ácidas. Traz corpo de média intensidade, mantém o gosto frutado no paladar, com acidez que pede comida, e persistência média. Tem 13,5% de álcool.

Potentes

El Enemigo Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 253,86, na Mistral)

Este é o irmão mais novo de um dos melhores cabernet franc argentino elaborado por Alejandro Vigil. De cor rubi escura, traz notas de frutas maduras na medida certa, lembrando framboesas e amoras, e um gostoso toque herbáceo. Taninos presentes marcam este tinto mais encorpado, com bom frescor e persistência longa. Tem 13,5% de álcool.

Salentein Reserva Cabernet Franc 2019Vale do Uco, Argentina (R$ 191, na Zahil) Com vinhedos a 1.100 metros do nível do mar, tem cor rubi escura e aromas que lembram frutas vermelhas frescas e muitas ervas de cozinha. É mais interessante no paladar, com taninos firmes, notas de tabaco e boa persistência. Tem 14,5% de álcool.

Escorihuela Gascón Cabernet Franc 2020Mendoza, Argentina (R$ 147,90, na Grand Cru) Cabernet franc cultivado em Agrelo, de cor rubi mais escura, com aromas de frutas mais maduras, quase em compota, e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos mais verdes, pedindo tempo de guarda, e com o álcool em destaque. É encorpado, com boa acidez. Tem 14% de álcool.

Valmarino XXIV Cabernet Franc 2019Pinto Bandeira, Brasil (R$ 198 (a safra de 2020), na Connect Vinhos) Com vinhedos plantados em 1978, este tinto traz cor rubi com reflexos violáceos, ainda fechado no aroma, com notas sutis de fruta negra e vermelha e um toque herbáceo. No paladar, traz taninos presentes e redondos, boa complexidade e persistência. Tem 14% de álcool.

Com foco na madeira

Philosophia Cabernet Franc 2019São Roque, Brasil (R$ 155, na Vinícola Goes)

Projeto de dupla poda (quando a videira produz no inverno), da Vinícola Góes, este tinto de cor rubi violácea traz as notas de madeira em primeiro plano, com um tostado evidente, deixando os aromas frutados em segundo lugar. É muito estruturado, com taninos firmes, mas traz o amargor da madeira no final. Provamos também a safra 2020, com a mesma característica da madeira passando por cima da fruta. Tem 13,3% de álcool.La Mascota Cabernet Franc 2018Mendoza, Argentina (R$ 99,99 no Pão de Açúcar)

O La Mascota costuma ser um clássico dos bons achados no supermercado, mas esta garrafa deixou a desejar. De cor rubi violácea, traz notas de eucalipto, algo tostado e poucas notas de frutas. No paladar, a mesma sensação, com a bebida desequilibrada entre os taninos presentes, a acidez mais alta e o álcool em destaque. Tem 14% de álcool.

Amitié Colheita de Verão 2020Serra Gaúcha, Brasil (R$ 88,10, na Amitié)

Tinto ainda jovem, de cor rubi violácea, elaborado apenas com a cabernet franc, cultivada na serra gaúcha e colhida em março. Seus aromas trazem frutas escuras, lembrando amoras, e muitas notas de café, vindas da passagem por barrica de carvalho. Corpo de média intensidade, com predomínio da madeira no paladar, e pouca persistência. Tem 13% de álcool.

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