Suzana Barelli

Qual o espaço para o enoturismo?


Vinícola paulista investe para ampliar capacidade para os turistas, apostando em modelo que responde por até 60% das vendas

Por Suzana Barelli

O enoturismo parece, ao menos à primeira vista, a solução perfeita para os produtores de vinho. Nele, o turista visita a propriedade – e são pouquíssimas as vinícolas que não têm uma paisagem capaz de conquistar o consumidor –, prova os vinhos e, se tiver uma boa experiência, se torna um cliente fiel. Mais: as visitas são realizadas como uma atividade de lazer, quando já há uma intenção de viver um momento prazeroso.

No final do roteiro, é quase convidativo uma parada na lojinha para adquirir a garrafa mais apreciada. E, ali, os preços tendem a ser melhores do que os praticados nos grandes centros e, melhor para a vinícola, a rentabilidade desta venda é maior. É seguindo essa estratégia, que a Guaspari, vinícola localizada no Espírito Santo do Pinhal, no lado paulista da Serra da Mantiqueira, acaba de fazer um grande investimento (o montante não é revelado) para ampliar o seu enoturismo.

Inspiração na Toscana

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Em um espaço decorado com temas da Toscana – a Guaspari importou até uma réplica do Il Porcellino, escultura de um javali que data do século 16 –, a vinícola ampliou a sua capacidade para receber até 300 pessoas, em experiências que começam com os menus harmonizados com seus próprios vinhos, degustações no wine bar e até cavalgadas, em um roteiro que inclui também visita ao vinhedo e à vinícola.

A escultura Il Porcellino, importada da Itália para o novo enoturismo da Guaspari Foto: Suzana Barelli

Mais: a inauguração do espaço conta com um menu harmonizado, válido para todos os finais de semana de agosto, ao preço de R$ 980, criado pelo chef Jefferson Rueda, de A Casa do Porco.

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Uvas italianas

O espaço impressiona e mostra um foco maior na Itália, talvez em consequência das novas variedades plantadas, como a nebbiolo (uva que reina no Piemonte) e a sangiovese (na Toscana) nos seus 50 hectares de vinhedos. O enólogo Gustavo Gonzalez, inclusive, até vai arriscar elaborar o primeiro tinto com a nebbiolo nesta safra.

O chef Jefferson Rueda, no forno montado na vinícola Guaspari Foto: Suzana Barelli
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“Mas ainda é muito cedo, as vinhas são muito jovens e o rendimento muito pequeno”, afirma o enólogo norte-americano que visita o projeto pelo menos cinco vezes ao ano.

Gonzalez deixa claro a ideia de pesquisar outras variedades que possam fazer sucesso nesta viticultura chamada de colheita de inverno ou dupla poda (com mudanças no manejo do vinhedo, a planta dá frutos no inverno, quando o clima é propício para uvas mais complexas) e não no final do verão, começo do outono, como acontece na viticultura tradicional. Por enquanto, a syrah reina como a variedade principal dessa técnica. “Mas não é fácil vender syrah. O consumidor gosta do vinho, mas na hora da compra, escolhe um cabernet sauvignon”, conta ele.

Os riscos

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Mas, nesta empolgação, o aprendizado recente das vinícolas – e não apenas da Guaspari, que no ano passado recebeu 17,5 mil visitantes – é entender que não se pode apostar todas as fichas em uma única cesta, a regra básica da diversificação de qualquer investimento, ou seja, no enoturismo como canal de venda. As enchentes do início de maio no Rio Grande do Sul deixaram isso bem claro.

O resultado imediato foi a interrupção abrupta da principal fonte de renda da maioria das vinícolas por um período que, em muitos casos, chegou a um mês. E até hoje o turista ainda não voltou, comprometendo a rentabilidade do negócio. Não raro, o enoturismo é responsável por mais de 60% das vendas das vinícolas brasileiras.

Um exemplo é que a gaúcha Casa Valduga já está trazendo parte da sua distribuição para São Paulo, e o superintendente Eduardo Valduga deve ficar pelo menos metade do ano na capital paulista. “Aprendemos que não é possível ficar apenas no estado”, diz ele. Outros exemplos virão, depois da lição aprendida com a tragédia gaúcha.

O enoturismo parece, ao menos à primeira vista, a solução perfeita para os produtores de vinho. Nele, o turista visita a propriedade – e são pouquíssimas as vinícolas que não têm uma paisagem capaz de conquistar o consumidor –, prova os vinhos e, se tiver uma boa experiência, se torna um cliente fiel. Mais: as visitas são realizadas como uma atividade de lazer, quando já há uma intenção de viver um momento prazeroso.

No final do roteiro, é quase convidativo uma parada na lojinha para adquirir a garrafa mais apreciada. E, ali, os preços tendem a ser melhores do que os praticados nos grandes centros e, melhor para a vinícola, a rentabilidade desta venda é maior. É seguindo essa estratégia, que a Guaspari, vinícola localizada no Espírito Santo do Pinhal, no lado paulista da Serra da Mantiqueira, acaba de fazer um grande investimento (o montante não é revelado) para ampliar o seu enoturismo.

Inspiração na Toscana

Em um espaço decorado com temas da Toscana – a Guaspari importou até uma réplica do Il Porcellino, escultura de um javali que data do século 16 –, a vinícola ampliou a sua capacidade para receber até 300 pessoas, em experiências que começam com os menus harmonizados com seus próprios vinhos, degustações no wine bar e até cavalgadas, em um roteiro que inclui também visita ao vinhedo e à vinícola.

A escultura Il Porcellino, importada da Itália para o novo enoturismo da Guaspari Foto: Suzana Barelli

Mais: a inauguração do espaço conta com um menu harmonizado, válido para todos os finais de semana de agosto, ao preço de R$ 980, criado pelo chef Jefferson Rueda, de A Casa do Porco.

Uvas italianas

O espaço impressiona e mostra um foco maior na Itália, talvez em consequência das novas variedades plantadas, como a nebbiolo (uva que reina no Piemonte) e a sangiovese (na Toscana) nos seus 50 hectares de vinhedos. O enólogo Gustavo Gonzalez, inclusive, até vai arriscar elaborar o primeiro tinto com a nebbiolo nesta safra.

O chef Jefferson Rueda, no forno montado na vinícola Guaspari Foto: Suzana Barelli

“Mas ainda é muito cedo, as vinhas são muito jovens e o rendimento muito pequeno”, afirma o enólogo norte-americano que visita o projeto pelo menos cinco vezes ao ano.

Gonzalez deixa claro a ideia de pesquisar outras variedades que possam fazer sucesso nesta viticultura chamada de colheita de inverno ou dupla poda (com mudanças no manejo do vinhedo, a planta dá frutos no inverno, quando o clima é propício para uvas mais complexas) e não no final do verão, começo do outono, como acontece na viticultura tradicional. Por enquanto, a syrah reina como a variedade principal dessa técnica. “Mas não é fácil vender syrah. O consumidor gosta do vinho, mas na hora da compra, escolhe um cabernet sauvignon”, conta ele.

Os riscos

Mas, nesta empolgação, o aprendizado recente das vinícolas – e não apenas da Guaspari, que no ano passado recebeu 17,5 mil visitantes – é entender que não se pode apostar todas as fichas em uma única cesta, a regra básica da diversificação de qualquer investimento, ou seja, no enoturismo como canal de venda. As enchentes do início de maio no Rio Grande do Sul deixaram isso bem claro.

O resultado imediato foi a interrupção abrupta da principal fonte de renda da maioria das vinícolas por um período que, em muitos casos, chegou a um mês. E até hoje o turista ainda não voltou, comprometendo a rentabilidade do negócio. Não raro, o enoturismo é responsável por mais de 60% das vendas das vinícolas brasileiras.

Um exemplo é que a gaúcha Casa Valduga já está trazendo parte da sua distribuição para São Paulo, e o superintendente Eduardo Valduga deve ficar pelo menos metade do ano na capital paulista. “Aprendemos que não é possível ficar apenas no estado”, diz ele. Outros exemplos virão, depois da lição aprendida com a tragédia gaúcha.

O enoturismo parece, ao menos à primeira vista, a solução perfeita para os produtores de vinho. Nele, o turista visita a propriedade – e são pouquíssimas as vinícolas que não têm uma paisagem capaz de conquistar o consumidor –, prova os vinhos e, se tiver uma boa experiência, se torna um cliente fiel. Mais: as visitas são realizadas como uma atividade de lazer, quando já há uma intenção de viver um momento prazeroso.

No final do roteiro, é quase convidativo uma parada na lojinha para adquirir a garrafa mais apreciada. E, ali, os preços tendem a ser melhores do que os praticados nos grandes centros e, melhor para a vinícola, a rentabilidade desta venda é maior. É seguindo essa estratégia, que a Guaspari, vinícola localizada no Espírito Santo do Pinhal, no lado paulista da Serra da Mantiqueira, acaba de fazer um grande investimento (o montante não é revelado) para ampliar o seu enoturismo.

Inspiração na Toscana

Em um espaço decorado com temas da Toscana – a Guaspari importou até uma réplica do Il Porcellino, escultura de um javali que data do século 16 –, a vinícola ampliou a sua capacidade para receber até 300 pessoas, em experiências que começam com os menus harmonizados com seus próprios vinhos, degustações no wine bar e até cavalgadas, em um roteiro que inclui também visita ao vinhedo e à vinícola.

A escultura Il Porcellino, importada da Itália para o novo enoturismo da Guaspari Foto: Suzana Barelli

Mais: a inauguração do espaço conta com um menu harmonizado, válido para todos os finais de semana de agosto, ao preço de R$ 980, criado pelo chef Jefferson Rueda, de A Casa do Porco.

Uvas italianas

O espaço impressiona e mostra um foco maior na Itália, talvez em consequência das novas variedades plantadas, como a nebbiolo (uva que reina no Piemonte) e a sangiovese (na Toscana) nos seus 50 hectares de vinhedos. O enólogo Gustavo Gonzalez, inclusive, até vai arriscar elaborar o primeiro tinto com a nebbiolo nesta safra.

O chef Jefferson Rueda, no forno montado na vinícola Guaspari Foto: Suzana Barelli

“Mas ainda é muito cedo, as vinhas são muito jovens e o rendimento muito pequeno”, afirma o enólogo norte-americano que visita o projeto pelo menos cinco vezes ao ano.

Gonzalez deixa claro a ideia de pesquisar outras variedades que possam fazer sucesso nesta viticultura chamada de colheita de inverno ou dupla poda (com mudanças no manejo do vinhedo, a planta dá frutos no inverno, quando o clima é propício para uvas mais complexas) e não no final do verão, começo do outono, como acontece na viticultura tradicional. Por enquanto, a syrah reina como a variedade principal dessa técnica. “Mas não é fácil vender syrah. O consumidor gosta do vinho, mas na hora da compra, escolhe um cabernet sauvignon”, conta ele.

Os riscos

Mas, nesta empolgação, o aprendizado recente das vinícolas – e não apenas da Guaspari, que no ano passado recebeu 17,5 mil visitantes – é entender que não se pode apostar todas as fichas em uma única cesta, a regra básica da diversificação de qualquer investimento, ou seja, no enoturismo como canal de venda. As enchentes do início de maio no Rio Grande do Sul deixaram isso bem claro.

O resultado imediato foi a interrupção abrupta da principal fonte de renda da maioria das vinícolas por um período que, em muitos casos, chegou a um mês. E até hoje o turista ainda não voltou, comprometendo a rentabilidade do negócio. Não raro, o enoturismo é responsável por mais de 60% das vendas das vinícolas brasileiras.

Um exemplo é que a gaúcha Casa Valduga já está trazendo parte da sua distribuição para São Paulo, e o superintendente Eduardo Valduga deve ficar pelo menos metade do ano na capital paulista. “Aprendemos que não é possível ficar apenas no estado”, diz ele. Outros exemplos virão, depois da lição aprendida com a tragédia gaúcha.

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