Suzana Barelli

Qual o seu guia de vinho?


Focado na América Latina, o Descorchados chega a sua 25ª edição; conheça quais guias acompanham os vinhos sul-americanos

Por Suzana Barelli

O crítico Robert Parker fez história ao criar sua escala de até 100 pontos na avaliação de vinhos. Suas notas, publicadas na newsletter Wine Advocate, eram capazes de mudar o rumo de uma garrafa. Ter 100 pontos seguidos das letrinhas mágicas RP era sinônimo de reajustes (para cima) no preço e estoques zerados tamanha a procura pela garrafa. Com a sua aposentadoria, em meados da década passada, nenhum degustador ainda foi capaz de ocupar este espaço.

Hoje há vários críticos internacionais que pontuam brancos e tintos. Quatro deles focam com mais atenção na América do Sul, que representa 65% dos vinhos importados pelo Brasil, nos dados da Ideal Consulting. São eles o chileno Patrício Tapia, do guia Descorchados; o espanhol Luis Gutiérrez, da Wine Advocate; o americano James Suckling, e o inglês Tim Atkin.

Patrício Tapia, do guia Descorchados Foto: Patrício Tapia
continua após a publicidade

25 ANOS DE GUIA

Tapia, que está comemorando a 25ª edição do seu Descorchados, é o mais conhecido por aqui. Seu projeto nasceu avaliando apenas os vinhos chilenos. No início, Tapia nem pontuava os vinhos provados. Descrevia os vinhos e concedia de uma a cinco estrelas. “Minha história com as pontuações é de amor e ódio. Nunca dei 100 pontos para um vinho. Isso seria um vinho perfeito. Mas entendo que a nota é uma linguagem universal”, conta ele.

Em 2010, Tapia cruzou a Cordilheira dos Andes e passou a avaliar também a produção argentina. Depois vieram o Uruguai e o Brasil, que hoje formam um guia com três volumes e que, juntos, tem mais de 1 mil páginas. Na edição comemorativa, que será lançada nesta próxima semana em São Paulo, entram também os vinhos do Peru e da Bolívia.

continua após a publicidade

NOTAS PARA OS VINHOS BRASILEIROS

Um dos seus diferenciais é a atenção aos rótulos brasileiros, com maior ênfase nos espumantes – os demais degustadores internacionais dão notas apenas pontuais para os vinhos brasileiros, em geral quando visitam o país ou provam rótulos que acreditam que vale o destaque. Um exemplo é que Tapia premia a vinícola do ano, que nesta edição é a gaúcha Guatambu; a vinícola revelação (a Ponto Nero, focada em espumantes); e o enólogo revelação, Daniel Dalla Valle, da Casa Valduga.

Sobre a pontuação, Tapia conta que usa não apenas os critérios técnicos, mas também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar. Ou seja, que revelem o terroir onde são elaborados. “Os vinhos de origem me interessam mais”, resume ele.

continua após a publicidade

Nesta edição, há um empate entre as melhores borbulhas brasileiras: a Cave Geisse Terroir Nature Blend 2019, de Pinto Bandeira, e o Guatambu Blanc de Blancs Nature 2021, da Campanha Gaúcha, receberam 94 pontos.

Tapia também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar Foto: Patricio Tapia

CHILE, ARGENTINA E URUGUAI

continua após a publicidade

Mas as notas mais altas foram para Chile e Argentina. Os chilenos Lota 2018, da Cousiño Macul, e Luis Pereira 2020, da Santa Carolina, nos tintos, e o Tabalí Caliza 2022, nos brancos, receberam 98 pontos, pontuados como os melhores vinhos do Chile.

Nos argentinos, a Zuccardi tem dois tintos com 98 pontos, o Canal Uco 2020 e o Aluvional Gualtallary 2020, as notas mais altas para os vinhos argentinos. Nos brancos do país do tango, o Edad Antigua 2018, da Altar Uco, e o White Stones 2020, da Catena Zapata, conquistaram 97 pontos e são os melhores brancos argentinos para o crítico.

Tapia também revela o que para ele são os melhores vinhos do Uruguai. O tannat Cruz del Sur 2021, da Compañia de Vinos de Mar, e o Extreme Vineyard Subsuelo 2021, um corte de tannat com merlot da Família Deicas, receberam 95 pontos. Nos brancos uruguaios, as melhores notas também foram também os 95 pontos, com dois albariños, a uva que vem aparecendo como destaque do país. São eles o Bouza Albariño 2022, da Bouza, e o Cru D’Exception 2020, da Família Deicas.

continua após a publicidade

CAMPEÃO DOS 100 PONTOS

James Suckling, por sua vez, concedeu 100 pontos para o argentino Viña Cobos Malbec 2019, na sua edição dos melhores vinhos de 2022, que considerou o melhor vinho argentino. Deu, ainda, 99 pontos para rótulos como o chileno Clos Apalta 2019 e os argentinos Catena Zapata Chardonnay White Bones 2020 e o Zuccardi Malbec Piedra Infinita. O crítico norte-americano, que chefiou o escritório europeu da Wine Spectator antes de se lançar em voo solo, vem ganhando fama pela profusão de notas altas. E faz mais barulho do que Luis Gutiérrez, que acompanha o mercado do Chile e da Argentina e da Espanha para a Wine Advocate. Mesmo com as letrinhas RP, suas pontuações não têm o mesmo impacto de Parker. E o inglês Tim Atkin faz mais sucesso entre os produtores do que os consumidores, com seus relatórios sobre o Chile e a Argentina.

O crítico Robert Parker fez história ao criar sua escala de até 100 pontos na avaliação de vinhos. Suas notas, publicadas na newsletter Wine Advocate, eram capazes de mudar o rumo de uma garrafa. Ter 100 pontos seguidos das letrinhas mágicas RP era sinônimo de reajustes (para cima) no preço e estoques zerados tamanha a procura pela garrafa. Com a sua aposentadoria, em meados da década passada, nenhum degustador ainda foi capaz de ocupar este espaço.

Hoje há vários críticos internacionais que pontuam brancos e tintos. Quatro deles focam com mais atenção na América do Sul, que representa 65% dos vinhos importados pelo Brasil, nos dados da Ideal Consulting. São eles o chileno Patrício Tapia, do guia Descorchados; o espanhol Luis Gutiérrez, da Wine Advocate; o americano James Suckling, e o inglês Tim Atkin.

Patrício Tapia, do guia Descorchados Foto: Patrício Tapia

25 ANOS DE GUIA

Tapia, que está comemorando a 25ª edição do seu Descorchados, é o mais conhecido por aqui. Seu projeto nasceu avaliando apenas os vinhos chilenos. No início, Tapia nem pontuava os vinhos provados. Descrevia os vinhos e concedia de uma a cinco estrelas. “Minha história com as pontuações é de amor e ódio. Nunca dei 100 pontos para um vinho. Isso seria um vinho perfeito. Mas entendo que a nota é uma linguagem universal”, conta ele.

Em 2010, Tapia cruzou a Cordilheira dos Andes e passou a avaliar também a produção argentina. Depois vieram o Uruguai e o Brasil, que hoje formam um guia com três volumes e que, juntos, tem mais de 1 mil páginas. Na edição comemorativa, que será lançada nesta próxima semana em São Paulo, entram também os vinhos do Peru e da Bolívia.

NOTAS PARA OS VINHOS BRASILEIROS

Um dos seus diferenciais é a atenção aos rótulos brasileiros, com maior ênfase nos espumantes – os demais degustadores internacionais dão notas apenas pontuais para os vinhos brasileiros, em geral quando visitam o país ou provam rótulos que acreditam que vale o destaque. Um exemplo é que Tapia premia a vinícola do ano, que nesta edição é a gaúcha Guatambu; a vinícola revelação (a Ponto Nero, focada em espumantes); e o enólogo revelação, Daniel Dalla Valle, da Casa Valduga.

Sobre a pontuação, Tapia conta que usa não apenas os critérios técnicos, mas também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar. Ou seja, que revelem o terroir onde são elaborados. “Os vinhos de origem me interessam mais”, resume ele.

Nesta edição, há um empate entre as melhores borbulhas brasileiras: a Cave Geisse Terroir Nature Blend 2019, de Pinto Bandeira, e o Guatambu Blanc de Blancs Nature 2021, da Campanha Gaúcha, receberam 94 pontos.

Tapia também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar Foto: Patricio Tapia

CHILE, ARGENTINA E URUGUAI

Mas as notas mais altas foram para Chile e Argentina. Os chilenos Lota 2018, da Cousiño Macul, e Luis Pereira 2020, da Santa Carolina, nos tintos, e o Tabalí Caliza 2022, nos brancos, receberam 98 pontos, pontuados como os melhores vinhos do Chile.

Nos argentinos, a Zuccardi tem dois tintos com 98 pontos, o Canal Uco 2020 e o Aluvional Gualtallary 2020, as notas mais altas para os vinhos argentinos. Nos brancos do país do tango, o Edad Antigua 2018, da Altar Uco, e o White Stones 2020, da Catena Zapata, conquistaram 97 pontos e são os melhores brancos argentinos para o crítico.

Tapia também revela o que para ele são os melhores vinhos do Uruguai. O tannat Cruz del Sur 2021, da Compañia de Vinos de Mar, e o Extreme Vineyard Subsuelo 2021, um corte de tannat com merlot da Família Deicas, receberam 95 pontos. Nos brancos uruguaios, as melhores notas também foram também os 95 pontos, com dois albariños, a uva que vem aparecendo como destaque do país. São eles o Bouza Albariño 2022, da Bouza, e o Cru D’Exception 2020, da Família Deicas.

CAMPEÃO DOS 100 PONTOS

James Suckling, por sua vez, concedeu 100 pontos para o argentino Viña Cobos Malbec 2019, na sua edição dos melhores vinhos de 2022, que considerou o melhor vinho argentino. Deu, ainda, 99 pontos para rótulos como o chileno Clos Apalta 2019 e os argentinos Catena Zapata Chardonnay White Bones 2020 e o Zuccardi Malbec Piedra Infinita. O crítico norte-americano, que chefiou o escritório europeu da Wine Spectator antes de se lançar em voo solo, vem ganhando fama pela profusão de notas altas. E faz mais barulho do que Luis Gutiérrez, que acompanha o mercado do Chile e da Argentina e da Espanha para a Wine Advocate. Mesmo com as letrinhas RP, suas pontuações não têm o mesmo impacto de Parker. E o inglês Tim Atkin faz mais sucesso entre os produtores do que os consumidores, com seus relatórios sobre o Chile e a Argentina.

O crítico Robert Parker fez história ao criar sua escala de até 100 pontos na avaliação de vinhos. Suas notas, publicadas na newsletter Wine Advocate, eram capazes de mudar o rumo de uma garrafa. Ter 100 pontos seguidos das letrinhas mágicas RP era sinônimo de reajustes (para cima) no preço e estoques zerados tamanha a procura pela garrafa. Com a sua aposentadoria, em meados da década passada, nenhum degustador ainda foi capaz de ocupar este espaço.

Hoje há vários críticos internacionais que pontuam brancos e tintos. Quatro deles focam com mais atenção na América do Sul, que representa 65% dos vinhos importados pelo Brasil, nos dados da Ideal Consulting. São eles o chileno Patrício Tapia, do guia Descorchados; o espanhol Luis Gutiérrez, da Wine Advocate; o americano James Suckling, e o inglês Tim Atkin.

Patrício Tapia, do guia Descorchados Foto: Patrício Tapia

25 ANOS DE GUIA

Tapia, que está comemorando a 25ª edição do seu Descorchados, é o mais conhecido por aqui. Seu projeto nasceu avaliando apenas os vinhos chilenos. No início, Tapia nem pontuava os vinhos provados. Descrevia os vinhos e concedia de uma a cinco estrelas. “Minha história com as pontuações é de amor e ódio. Nunca dei 100 pontos para um vinho. Isso seria um vinho perfeito. Mas entendo que a nota é uma linguagem universal”, conta ele.

Em 2010, Tapia cruzou a Cordilheira dos Andes e passou a avaliar também a produção argentina. Depois vieram o Uruguai e o Brasil, que hoje formam um guia com três volumes e que, juntos, tem mais de 1 mil páginas. Na edição comemorativa, que será lançada nesta próxima semana em São Paulo, entram também os vinhos do Peru e da Bolívia.

NOTAS PARA OS VINHOS BRASILEIROS

Um dos seus diferenciais é a atenção aos rótulos brasileiros, com maior ênfase nos espumantes – os demais degustadores internacionais dão notas apenas pontuais para os vinhos brasileiros, em geral quando visitam o país ou provam rótulos que acreditam que vale o destaque. Um exemplo é que Tapia premia a vinícola do ano, que nesta edição é a gaúcha Guatambu; a vinícola revelação (a Ponto Nero, focada em espumantes); e o enólogo revelação, Daniel Dalla Valle, da Casa Valduga.

Sobre a pontuação, Tapia conta que usa não apenas os critérios técnicos, mas também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar. Ou seja, que revelem o terroir onde são elaborados. “Os vinhos de origem me interessam mais”, resume ele.

Nesta edição, há um empate entre as melhores borbulhas brasileiras: a Cave Geisse Terroir Nature Blend 2019, de Pinto Bandeira, e o Guatambu Blanc de Blancs Nature 2021, da Campanha Gaúcha, receberam 94 pontos.

Tapia também valoriza aqueles vinhos que expressam o que ele chama de sentido de lugar Foto: Patricio Tapia

CHILE, ARGENTINA E URUGUAI

Mas as notas mais altas foram para Chile e Argentina. Os chilenos Lota 2018, da Cousiño Macul, e Luis Pereira 2020, da Santa Carolina, nos tintos, e o Tabalí Caliza 2022, nos brancos, receberam 98 pontos, pontuados como os melhores vinhos do Chile.

Nos argentinos, a Zuccardi tem dois tintos com 98 pontos, o Canal Uco 2020 e o Aluvional Gualtallary 2020, as notas mais altas para os vinhos argentinos. Nos brancos do país do tango, o Edad Antigua 2018, da Altar Uco, e o White Stones 2020, da Catena Zapata, conquistaram 97 pontos e são os melhores brancos argentinos para o crítico.

Tapia também revela o que para ele são os melhores vinhos do Uruguai. O tannat Cruz del Sur 2021, da Compañia de Vinos de Mar, e o Extreme Vineyard Subsuelo 2021, um corte de tannat com merlot da Família Deicas, receberam 95 pontos. Nos brancos uruguaios, as melhores notas também foram também os 95 pontos, com dois albariños, a uva que vem aparecendo como destaque do país. São eles o Bouza Albariño 2022, da Bouza, e o Cru D’Exception 2020, da Família Deicas.

CAMPEÃO DOS 100 PONTOS

James Suckling, por sua vez, concedeu 100 pontos para o argentino Viña Cobos Malbec 2019, na sua edição dos melhores vinhos de 2022, que considerou o melhor vinho argentino. Deu, ainda, 99 pontos para rótulos como o chileno Clos Apalta 2019 e os argentinos Catena Zapata Chardonnay White Bones 2020 e o Zuccardi Malbec Piedra Infinita. O crítico norte-americano, que chefiou o escritório europeu da Wine Spectator antes de se lançar em voo solo, vem ganhando fama pela profusão de notas altas. E faz mais barulho do que Luis Gutiérrez, que acompanha o mercado do Chile e da Argentina e da Espanha para a Wine Advocate. Mesmo com as letrinhas RP, suas pontuações não têm o mesmo impacto de Parker. E o inglês Tim Atkin faz mais sucesso entre os produtores do que os consumidores, com seus relatórios sobre o Chile e a Argentina.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.