Suzana Barelli

Quando a rolha faz a diferença


Fabricante mundial de rolhas de cortiça anunciou que conseguiu vencer o bouchonée, a doença da rolha que estraga o vinho

Por Suzana Barelli
Atualização:

A boa notícia veio de Portugal. A Amorim, que é a maior fabricante mundial de rolhas de cortiça, anunciou que conseguiu vencer o bouchonée. A empresa não revela detalhes da tecnologia, mas garante que a partir de 2021 nenhuma de suas rolhas terá a doença da rolha, também chamada de 2,4,6-Trichloroanisole ou, ainda, TCA, nos termos mais técnicos.

Pode não parecer à primeira vista, mas para o consumidor isso é ótimo. O bouchonée acontece quando o vinho é infectado por um fungo microscópico que ataca a rolha de cortiça. Bouchon, em francês, significa rolha. O defeito só é identificado com o vinho aberto e não há o que fazer. Estragou, já era. É um ataque democrático: grandes rótulos e aquelas garrafas do dia a dia podem ser as vítimas, sem distinção.

Nova tecnologia diz proteger rolhas de cortiça do TCA. Foto: Fernando Sciarra/Estadão
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Além da frustração ao abrir a garrafa, o bouchonée deixa o vinho com um cheiro ruim, algo como papelão molhado, pano sujo de limpeza, e um gosto intragável. E o vinho só piora com o tempo na taça. A questão, para a maioria dos consumidores, é que nem todos percebem o problema (e é difícil mesmo percebê-la, quando o fungo não é tão evidente). Fica aquela sensação que o vinho não é tão bom assim. Ou o próprio consumidor acha que é ele que não entende nada e não sabe degustar e encontrar os aromas e sabores que haviam sido descritos para aquele vinho.

Com a nova tecnologia, que a fabricante informa que não é tão cara, o problema do TCA deve diminuir sensivelmente. A tecnologia é uma resposta das fábricas de cortiça aos concorrentes. Vinte, trinta anos atrás, o TCA era um problema ainda maior, o que permitiu a chegada no mercado de outras maneiras de vedar a garrafa de vinho.

A primeira foi aquela rolha de plástico, muitas delas coloridas, vermelhas, pretas, amarelas. Elas impedem a necessária pequeníssima troca de oxigênio com o líquido no interior da garrafa, mas não trazem doenças. As tampas de rosca, muitas vezes chamadas por seu nome em inglês, screw cap, se tornaram uma alternativa bem eficiente. Se por um lado ela tira todo o charme de abrir a garrafa com o saca-rolha, por outro garante que o vinho vai envelhecer na garrafa sem o risco do bouchonée. Seu maior problema é o preconceito do consumidor. Uma pena! Há várias vinícolas sérias que engarrafam os seus vinhos premium com elas e monitoram, com bons resultados, sua evolução na garrafa.

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E há a Diam, marca francesa que vem pegando mercado das rolhas tradicionais (já são vendidos, por ano, 2,4 bilhões de rolhas Diam). No processo da Diam, a cortiça é moída em pequeninos pedaços, que são tratados para acabar com o TCA e demais compostos voláteis. Depois, a rolha é reconstruída, com a cera de abelha como cola e esferas de origem vegetal para ajudar a moldá-la.

Para concluir, um parêntese: se você quer se certificar do bouchonée, deixe o vinho parado na taça. Mesmo nos casos mais leves, o cheiro e o gosto só pioram com o tempo. 

A boa notícia veio de Portugal. A Amorim, que é a maior fabricante mundial de rolhas de cortiça, anunciou que conseguiu vencer o bouchonée. A empresa não revela detalhes da tecnologia, mas garante que a partir de 2021 nenhuma de suas rolhas terá a doença da rolha, também chamada de 2,4,6-Trichloroanisole ou, ainda, TCA, nos termos mais técnicos.

Pode não parecer à primeira vista, mas para o consumidor isso é ótimo. O bouchonée acontece quando o vinho é infectado por um fungo microscópico que ataca a rolha de cortiça. Bouchon, em francês, significa rolha. O defeito só é identificado com o vinho aberto e não há o que fazer. Estragou, já era. É um ataque democrático: grandes rótulos e aquelas garrafas do dia a dia podem ser as vítimas, sem distinção.

Nova tecnologia diz proteger rolhas de cortiça do TCA. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Além da frustração ao abrir a garrafa, o bouchonée deixa o vinho com um cheiro ruim, algo como papelão molhado, pano sujo de limpeza, e um gosto intragável. E o vinho só piora com o tempo na taça. A questão, para a maioria dos consumidores, é que nem todos percebem o problema (e é difícil mesmo percebê-la, quando o fungo não é tão evidente). Fica aquela sensação que o vinho não é tão bom assim. Ou o próprio consumidor acha que é ele que não entende nada e não sabe degustar e encontrar os aromas e sabores que haviam sido descritos para aquele vinho.

Com a nova tecnologia, que a fabricante informa que não é tão cara, o problema do TCA deve diminuir sensivelmente. A tecnologia é uma resposta das fábricas de cortiça aos concorrentes. Vinte, trinta anos atrás, o TCA era um problema ainda maior, o que permitiu a chegada no mercado de outras maneiras de vedar a garrafa de vinho.

A primeira foi aquela rolha de plástico, muitas delas coloridas, vermelhas, pretas, amarelas. Elas impedem a necessária pequeníssima troca de oxigênio com o líquido no interior da garrafa, mas não trazem doenças. As tampas de rosca, muitas vezes chamadas por seu nome em inglês, screw cap, se tornaram uma alternativa bem eficiente. Se por um lado ela tira todo o charme de abrir a garrafa com o saca-rolha, por outro garante que o vinho vai envelhecer na garrafa sem o risco do bouchonée. Seu maior problema é o preconceito do consumidor. Uma pena! Há várias vinícolas sérias que engarrafam os seus vinhos premium com elas e monitoram, com bons resultados, sua evolução na garrafa.

E há a Diam, marca francesa que vem pegando mercado das rolhas tradicionais (já são vendidos, por ano, 2,4 bilhões de rolhas Diam). No processo da Diam, a cortiça é moída em pequeninos pedaços, que são tratados para acabar com o TCA e demais compostos voláteis. Depois, a rolha é reconstruída, com a cera de abelha como cola e esferas de origem vegetal para ajudar a moldá-la.

Para concluir, um parêntese: se você quer se certificar do bouchonée, deixe o vinho parado na taça. Mesmo nos casos mais leves, o cheiro e o gosto só pioram com o tempo. 

A boa notícia veio de Portugal. A Amorim, que é a maior fabricante mundial de rolhas de cortiça, anunciou que conseguiu vencer o bouchonée. A empresa não revela detalhes da tecnologia, mas garante que a partir de 2021 nenhuma de suas rolhas terá a doença da rolha, também chamada de 2,4,6-Trichloroanisole ou, ainda, TCA, nos termos mais técnicos.

Pode não parecer à primeira vista, mas para o consumidor isso é ótimo. O bouchonée acontece quando o vinho é infectado por um fungo microscópico que ataca a rolha de cortiça. Bouchon, em francês, significa rolha. O defeito só é identificado com o vinho aberto e não há o que fazer. Estragou, já era. É um ataque democrático: grandes rótulos e aquelas garrafas do dia a dia podem ser as vítimas, sem distinção.

Nova tecnologia diz proteger rolhas de cortiça do TCA. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Além da frustração ao abrir a garrafa, o bouchonée deixa o vinho com um cheiro ruim, algo como papelão molhado, pano sujo de limpeza, e um gosto intragável. E o vinho só piora com o tempo na taça. A questão, para a maioria dos consumidores, é que nem todos percebem o problema (e é difícil mesmo percebê-la, quando o fungo não é tão evidente). Fica aquela sensação que o vinho não é tão bom assim. Ou o próprio consumidor acha que é ele que não entende nada e não sabe degustar e encontrar os aromas e sabores que haviam sido descritos para aquele vinho.

Com a nova tecnologia, que a fabricante informa que não é tão cara, o problema do TCA deve diminuir sensivelmente. A tecnologia é uma resposta das fábricas de cortiça aos concorrentes. Vinte, trinta anos atrás, o TCA era um problema ainda maior, o que permitiu a chegada no mercado de outras maneiras de vedar a garrafa de vinho.

A primeira foi aquela rolha de plástico, muitas delas coloridas, vermelhas, pretas, amarelas. Elas impedem a necessária pequeníssima troca de oxigênio com o líquido no interior da garrafa, mas não trazem doenças. As tampas de rosca, muitas vezes chamadas por seu nome em inglês, screw cap, se tornaram uma alternativa bem eficiente. Se por um lado ela tira todo o charme de abrir a garrafa com o saca-rolha, por outro garante que o vinho vai envelhecer na garrafa sem o risco do bouchonée. Seu maior problema é o preconceito do consumidor. Uma pena! Há várias vinícolas sérias que engarrafam os seus vinhos premium com elas e monitoram, com bons resultados, sua evolução na garrafa.

E há a Diam, marca francesa que vem pegando mercado das rolhas tradicionais (já são vendidos, por ano, 2,4 bilhões de rolhas Diam). No processo da Diam, a cortiça é moída em pequeninos pedaços, que são tratados para acabar com o TCA e demais compostos voláteis. Depois, a rolha é reconstruída, com a cera de abelha como cola e esferas de origem vegetal para ajudar a moldá-la.

Para concluir, um parêntese: se você quer se certificar do bouchonée, deixe o vinho parado na taça. Mesmo nos casos mais leves, o cheiro e o gosto só pioram com o tempo. 

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