Suzana Barelli

Quando o vinho não tem um enólogo


World Wine traz para o Brasil rótulos elaborados pelo chileno Pedro Parra, especialista em terroir, mas sem formação universitária da profissão

Por Suzana Barelli

Os melhores vinhos do mundo não são feitos por enólogos. Foi esta afirmação – polêmica, talvez – que levou o chileno Pedro Parra, um dos maiores especialistas em terroir, a decidir elaborar seus próprios vinhos. A frase lhe foi dita pelo italiano Alberto Antonini, por ironia, um dos grandes enólogos consultores da atualidade, como incentivo para que Parra criasse seus próprios vinhos.

Antonini deu como exemplo Gianfranco Soldera, personagem ícone dos brunellos di Montalcino, que era bancário; e Giuseppe Rinaldi, referência em barolos, o grande vinho do Piemonte, que era veterinário. O conselho ecoou e foi suficiente para que Pedro Parra vencesse a barreira entre as suas duas funções, tão correlatas no mundo do vinho. Como especialista em terroir, ele já deu consultoria para dezenas de vinícolas mundo afora, do Chile e Estados Unidos, no Novo Mundo, até a França e a Espanha, na Europa. E tem no currículo mais de 40 mil calicatas, como são chamados os buracos feitos nos vinhedos para entender a formação geológica do solo e como as raízes descem pelas rochas, argilas e areias do subsolo.

Pequena vinícola familiar chilena elaboravinhos com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar. Foto: Stacy Zarin Goldberg/Washington Post
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Mas como enólogo na prática, sem a formação universitária da profissão, Parra demorou para gostar dos seus próprios vinhos. Chegou a elaborar tintos na Clos de Fous, vinícola chilena da qual foi sócio de François Massoc, enólogo que já produziu na Borgonha. Ganhou confiança com o conselho de Antonini, e foi atrás do sonho de ter uma pequena vinícola familiar – o projeto prevê uma produção máxima de 50 mil garrafas por safra – e de elaborar vinhos que ele próprio gostasse de beber, com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar.

Acabou elegendo a região de Itata, no sul do Chile, perto de sua casa, onde encontrou solos com muito limo, que envolve as rochas graníticas. “O Chile não tem a rocha calcária, que marca os grandes vinhos da Borgonha, mas a presença de limo me permite obter vinhos com este perfil”, afirma Parra. Ele gosta também do clima costeiro e da neblina que dificulta a chegada intensa dos raios solares nas vinhas.

Neste terreno, Parra escolheu uvas pouco valorizadas, com a país, uva mais rústica, cultivada desde os tempos dos conquistadores espanhóis, e a cinsault, variedade utiliza em blends, principalmente no sul da França, e também bastante cultivada na região. “São uvas que o chileno não valoriza”, lamenta. Tem também um chardonnay, no vale de Malleco, mais ao sul do Chile, ainda não lançado.

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Decidiu batizar os seus vinhos com referências a músicos de jazz, sua outra paixão, que também não estudaram para a profissão. “Milles Davis, John Coltrane, Sonny Rollins, nunca foram para a escola”, cita Parra. Assim, dos seus vinhos que estão chegando ao Brasil, pela World Wine, há rótulos como o Trane, em homenagem ao saxofonista John Coltrane, por R$ 369, e o profundo Miles, em homenagem a Miles Davis, elaborado com a cinsault, por R$ 729. Seus rótulos de entrada são o Vinista, elaborado com a uva país de um vinhedo de mais de cem anos, por R$ 152, e o Imaginador, que valoriza a cinsault, por R$ 156.

Em tempo: em nenhum momento, Parra defende o fim da formação em enologia.

Os melhores vinhos do mundo não são feitos por enólogos. Foi esta afirmação – polêmica, talvez – que levou o chileno Pedro Parra, um dos maiores especialistas em terroir, a decidir elaborar seus próprios vinhos. A frase lhe foi dita pelo italiano Alberto Antonini, por ironia, um dos grandes enólogos consultores da atualidade, como incentivo para que Parra criasse seus próprios vinhos.

Antonini deu como exemplo Gianfranco Soldera, personagem ícone dos brunellos di Montalcino, que era bancário; e Giuseppe Rinaldi, referência em barolos, o grande vinho do Piemonte, que era veterinário. O conselho ecoou e foi suficiente para que Pedro Parra vencesse a barreira entre as suas duas funções, tão correlatas no mundo do vinho. Como especialista em terroir, ele já deu consultoria para dezenas de vinícolas mundo afora, do Chile e Estados Unidos, no Novo Mundo, até a França e a Espanha, na Europa. E tem no currículo mais de 40 mil calicatas, como são chamados os buracos feitos nos vinhedos para entender a formação geológica do solo e como as raízes descem pelas rochas, argilas e areias do subsolo.

Pequena vinícola familiar chilena elaboravinhos com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar. Foto: Stacy Zarin Goldberg/Washington Post

Mas como enólogo na prática, sem a formação universitária da profissão, Parra demorou para gostar dos seus próprios vinhos. Chegou a elaborar tintos na Clos de Fous, vinícola chilena da qual foi sócio de François Massoc, enólogo que já produziu na Borgonha. Ganhou confiança com o conselho de Antonini, e foi atrás do sonho de ter uma pequena vinícola familiar – o projeto prevê uma produção máxima de 50 mil garrafas por safra – e de elaborar vinhos que ele próprio gostasse de beber, com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar.

Acabou elegendo a região de Itata, no sul do Chile, perto de sua casa, onde encontrou solos com muito limo, que envolve as rochas graníticas. “O Chile não tem a rocha calcária, que marca os grandes vinhos da Borgonha, mas a presença de limo me permite obter vinhos com este perfil”, afirma Parra. Ele gosta também do clima costeiro e da neblina que dificulta a chegada intensa dos raios solares nas vinhas.

Neste terreno, Parra escolheu uvas pouco valorizadas, com a país, uva mais rústica, cultivada desde os tempos dos conquistadores espanhóis, e a cinsault, variedade utiliza em blends, principalmente no sul da França, e também bastante cultivada na região. “São uvas que o chileno não valoriza”, lamenta. Tem também um chardonnay, no vale de Malleco, mais ao sul do Chile, ainda não lançado.

Decidiu batizar os seus vinhos com referências a músicos de jazz, sua outra paixão, que também não estudaram para a profissão. “Milles Davis, John Coltrane, Sonny Rollins, nunca foram para a escola”, cita Parra. Assim, dos seus vinhos que estão chegando ao Brasil, pela World Wine, há rótulos como o Trane, em homenagem ao saxofonista John Coltrane, por R$ 369, e o profundo Miles, em homenagem a Miles Davis, elaborado com a cinsault, por R$ 729. Seus rótulos de entrada são o Vinista, elaborado com a uva país de um vinhedo de mais de cem anos, por R$ 152, e o Imaginador, que valoriza a cinsault, por R$ 156.

Em tempo: em nenhum momento, Parra defende o fim da formação em enologia.

Os melhores vinhos do mundo não são feitos por enólogos. Foi esta afirmação – polêmica, talvez – que levou o chileno Pedro Parra, um dos maiores especialistas em terroir, a decidir elaborar seus próprios vinhos. A frase lhe foi dita pelo italiano Alberto Antonini, por ironia, um dos grandes enólogos consultores da atualidade, como incentivo para que Parra criasse seus próprios vinhos.

Antonini deu como exemplo Gianfranco Soldera, personagem ícone dos brunellos di Montalcino, que era bancário; e Giuseppe Rinaldi, referência em barolos, o grande vinho do Piemonte, que era veterinário. O conselho ecoou e foi suficiente para que Pedro Parra vencesse a barreira entre as suas duas funções, tão correlatas no mundo do vinho. Como especialista em terroir, ele já deu consultoria para dezenas de vinícolas mundo afora, do Chile e Estados Unidos, no Novo Mundo, até a França e a Espanha, na Europa. E tem no currículo mais de 40 mil calicatas, como são chamados os buracos feitos nos vinhedos para entender a formação geológica do solo e como as raízes descem pelas rochas, argilas e areias do subsolo.

Pequena vinícola familiar chilena elaboravinhos com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar. Foto: Stacy Zarin Goldberg/Washington Post

Mas como enólogo na prática, sem a formação universitária da profissão, Parra demorou para gostar dos seus próprios vinhos. Chegou a elaborar tintos na Clos de Fous, vinícola chilena da qual foi sócio de François Massoc, enólogo que já produziu na Borgonha. Ganhou confiança com o conselho de Antonini, e foi atrás do sonho de ter uma pequena vinícola familiar – o projeto prevê uma produção máxima de 50 mil garrafas por safra – e de elaborar vinhos que ele próprio gostasse de beber, com notas de frutas mais ácidas, frescas e tensão no paladar.

Acabou elegendo a região de Itata, no sul do Chile, perto de sua casa, onde encontrou solos com muito limo, que envolve as rochas graníticas. “O Chile não tem a rocha calcária, que marca os grandes vinhos da Borgonha, mas a presença de limo me permite obter vinhos com este perfil”, afirma Parra. Ele gosta também do clima costeiro e da neblina que dificulta a chegada intensa dos raios solares nas vinhas.

Neste terreno, Parra escolheu uvas pouco valorizadas, com a país, uva mais rústica, cultivada desde os tempos dos conquistadores espanhóis, e a cinsault, variedade utiliza em blends, principalmente no sul da França, e também bastante cultivada na região. “São uvas que o chileno não valoriza”, lamenta. Tem também um chardonnay, no vale de Malleco, mais ao sul do Chile, ainda não lançado.

Decidiu batizar os seus vinhos com referências a músicos de jazz, sua outra paixão, que também não estudaram para a profissão. “Milles Davis, John Coltrane, Sonny Rollins, nunca foram para a escola”, cita Parra. Assim, dos seus vinhos que estão chegando ao Brasil, pela World Wine, há rótulos como o Trane, em homenagem ao saxofonista John Coltrane, por R$ 369, e o profundo Miles, em homenagem a Miles Davis, elaborado com a cinsault, por R$ 729. Seus rótulos de entrada são o Vinista, elaborado com a uva país de um vinhedo de mais de cem anos, por R$ 152, e o Imaginador, que valoriza a cinsault, por R$ 156.

Em tempo: em nenhum momento, Parra defende o fim da formação em enologia.

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