Suzana Barelli

Quanto vale um vinho brasileiro?


Uma garrafa de seis litros do Lote 43 obteve o preço recorde de R$ 17,6 mil em leilão e vinícolas nacionais apostam em rótulos especiais e preços altos

Por Suzana Barelli

Uma garrafa de seis litros do vinho Lote 43, safra 2004, foi leiloado por R$ 17,6 mil, em um evento para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O valor chama atenção e, se não tiver sido o montante mais alto pago para um vinho brasileiro, está próximo disso. Na verdade, a garrafa especial do Lote 43, da vinícola Miolo, foi arrematada por R$ 8.800, mas havia um acordo com o Banco Sicredi, que a instituição dobrava o lance final, o que levou ao preço recorde.

“Imaginávamos que a garrafa mais cara sairia no máximo por R$ 10 mil”, afirma Caroline Dani, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Rio Grande do Sul, que promoveu o evento em parceria com a Cristiano Escola Leilões.

Na mesma noite, uma garrafa de um espumante especial da Cave Geisse, uma magnum (1,5 mil) da safra de 1998, foi vendida por R$ 5.200. A vinícola tem ainda pouco menos de 180 garrafas em estoque desse espumante, que foi elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e que hoje são destinadas a eventos especiais ou beneficentes.

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Caroline Dani, presidente da ABS-RS, que realizou o leilão para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Sul do Brasil Foto: CESAR SILVESTRO

No caso do espumante leiloado, Daniel Geisse, diretor da vinícola, diz que a bebida estava espetacular. Como os vinhos estão armazenados ainda sem o degorgment (como é chamado o processo de tirar as leveduras da garrafa), essa retirada é realizada manualmente apenas quando a garrafa é vendida e, assim, Daniel pode provar a bebida.

“São pouquíssimos os leilões de vinhos brasileiros”, aponta Daniel Geisse. Isso inviabiliza a comercialização de vinhos raros, como joias cobiçadas como o vinho Velho do Museu, que a Wine & Co chegou a comercializar antes de acabarem as garrafas de safras antigas, ou o Cabernet Franc da Don Giovanni. São garrafas conhecidas por envelhecerem bem, o que pode ser traduzido por preços mais altos.

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NO MERCADO

Das safras disponíveis no mercado, chama atenção que várias garrafas vêm sendo comercializadas por valores mais altos, muitas próximas dos R$ 1.000. No site da Luiz Argenta, por exemplo, há um merlot de uvas desidratadas comercializado por R$ 1.700; a Lidio Carraro oferece o Vinum Amphorae III, da safra de 2002, por R$ 1.315,80. O Anima Gran Reserva, o tinto ícone da vinícola de Galvão Bueno, a Bueno Wines, é um merlot vendido por R$ 1.111,12.

De pequeníssima produção, o enólogo Vilmar Bettú comercializa os seus três vinhos premium por R$ 5.000, cada garrafa. É um cabernet sauvignon, um tannat e um nebbiolo, todos da safra de 2002. A Casa Valduga tem o seu ícone Luiz Valduga, atualmente indisponível no mercado. Estes são apenas alguns exemplos e mostram que vinícolas brasileiras estão posicionando na casa dos quatro dígitos o preço dos seus rótulos ícones, em geral de pequenas produções.

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A garrafa magnun da Cave Geisse tem essa embalagem especial para facilitar o seu transporte Foto: Anderson Pagani

Aqui, o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da Miolo, diz que esses vinhos estão obtendo esse preço também porque estão conseguindo conquistar os consumidores, ao apresentar qualidade e consistência safra após safra. O Sesmaria, da Miolo, que quando lançado em 2008, era o tinto mais caro entre os rótulos brasileiros, é vendido atualmente por R$ 1.173,90, a safra de 2022. Este vinho é lançado em lotes, em um sistema de “en premiuer” (vendas antecipadas). O primeiro lote, comercializado um ano antes de o vinho chegar ao mercado, tem preço equivalente a US$ 100, e o valor vai sendo reajustado conforme os próximos lotes vão chegando ao mercado.

O PREÇO DOS PAULISTAS

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Na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, onde reinam os vinhos elaborados pelo sistema de dupla poda, também é possível encontrar garrafas de valores, digamos, salgados. O Pinot Noir 2018, da vinícola paulista Guaspari, é vendido por R$ 628, no site da empresa. O Casa Tés, que será apresentado em breve pelo sistema de alocação, deve custar R$ 520. Aqui, o empreendedor Pedro Testa, dono da vinícola, fez uma vasta pesquisa de mercado antes de definir o valor do seu tinto, que conta com a consultoria de Pierre Lurton, o francês responsável por vinhos ícones, como Château Cheval Blanc, em Bordeaux, e o Château D’Yquem, em Sauternes.

Elisandro Castro, que doou a garrafa de seis litros do Lote 43 para o leilão Foto: Sofia Castro

Mas esses rótulos brasileiros valem o quanto pesam? Aqui, Adriano Miolo responde com um convite para provar esses vinhos às cegas. “A verdade está na taça, e muitos vinhos brasileiros se saem melhores em provas às cegas com concorrentes sul-americanos e europeus, na mesma faixa de preço”, afirma ele. O convite está feito, para aqueles que podem desembolsar esse valor em uma garrafa de vinho, seja nacional ou importado.

Uma garrafa de seis litros do vinho Lote 43, safra 2004, foi leiloado por R$ 17,6 mil, em um evento para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O valor chama atenção e, se não tiver sido o montante mais alto pago para um vinho brasileiro, está próximo disso. Na verdade, a garrafa especial do Lote 43, da vinícola Miolo, foi arrematada por R$ 8.800, mas havia um acordo com o Banco Sicredi, que a instituição dobrava o lance final, o que levou ao preço recorde.

“Imaginávamos que a garrafa mais cara sairia no máximo por R$ 10 mil”, afirma Caroline Dani, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Rio Grande do Sul, que promoveu o evento em parceria com a Cristiano Escola Leilões.

Na mesma noite, uma garrafa de um espumante especial da Cave Geisse, uma magnum (1,5 mil) da safra de 1998, foi vendida por R$ 5.200. A vinícola tem ainda pouco menos de 180 garrafas em estoque desse espumante, que foi elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e que hoje são destinadas a eventos especiais ou beneficentes.

Caroline Dani, presidente da ABS-RS, que realizou o leilão para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Sul do Brasil Foto: CESAR SILVESTRO

No caso do espumante leiloado, Daniel Geisse, diretor da vinícola, diz que a bebida estava espetacular. Como os vinhos estão armazenados ainda sem o degorgment (como é chamado o processo de tirar as leveduras da garrafa), essa retirada é realizada manualmente apenas quando a garrafa é vendida e, assim, Daniel pode provar a bebida.

“São pouquíssimos os leilões de vinhos brasileiros”, aponta Daniel Geisse. Isso inviabiliza a comercialização de vinhos raros, como joias cobiçadas como o vinho Velho do Museu, que a Wine & Co chegou a comercializar antes de acabarem as garrafas de safras antigas, ou o Cabernet Franc da Don Giovanni. São garrafas conhecidas por envelhecerem bem, o que pode ser traduzido por preços mais altos.

NO MERCADO

Das safras disponíveis no mercado, chama atenção que várias garrafas vêm sendo comercializadas por valores mais altos, muitas próximas dos R$ 1.000. No site da Luiz Argenta, por exemplo, há um merlot de uvas desidratadas comercializado por R$ 1.700; a Lidio Carraro oferece o Vinum Amphorae III, da safra de 2002, por R$ 1.315,80. O Anima Gran Reserva, o tinto ícone da vinícola de Galvão Bueno, a Bueno Wines, é um merlot vendido por R$ 1.111,12.

De pequeníssima produção, o enólogo Vilmar Bettú comercializa os seus três vinhos premium por R$ 5.000, cada garrafa. É um cabernet sauvignon, um tannat e um nebbiolo, todos da safra de 2002. A Casa Valduga tem o seu ícone Luiz Valduga, atualmente indisponível no mercado. Estes são apenas alguns exemplos e mostram que vinícolas brasileiras estão posicionando na casa dos quatro dígitos o preço dos seus rótulos ícones, em geral de pequenas produções.

A garrafa magnun da Cave Geisse tem essa embalagem especial para facilitar o seu transporte Foto: Anderson Pagani

Aqui, o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da Miolo, diz que esses vinhos estão obtendo esse preço também porque estão conseguindo conquistar os consumidores, ao apresentar qualidade e consistência safra após safra. O Sesmaria, da Miolo, que quando lançado em 2008, era o tinto mais caro entre os rótulos brasileiros, é vendido atualmente por R$ 1.173,90, a safra de 2022. Este vinho é lançado em lotes, em um sistema de “en premiuer” (vendas antecipadas). O primeiro lote, comercializado um ano antes de o vinho chegar ao mercado, tem preço equivalente a US$ 100, e o valor vai sendo reajustado conforme os próximos lotes vão chegando ao mercado.

O PREÇO DOS PAULISTAS

Na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, onde reinam os vinhos elaborados pelo sistema de dupla poda, também é possível encontrar garrafas de valores, digamos, salgados. O Pinot Noir 2018, da vinícola paulista Guaspari, é vendido por R$ 628, no site da empresa. O Casa Tés, que será apresentado em breve pelo sistema de alocação, deve custar R$ 520. Aqui, o empreendedor Pedro Testa, dono da vinícola, fez uma vasta pesquisa de mercado antes de definir o valor do seu tinto, que conta com a consultoria de Pierre Lurton, o francês responsável por vinhos ícones, como Château Cheval Blanc, em Bordeaux, e o Château D’Yquem, em Sauternes.

Elisandro Castro, que doou a garrafa de seis litros do Lote 43 para o leilão Foto: Sofia Castro

Mas esses rótulos brasileiros valem o quanto pesam? Aqui, Adriano Miolo responde com um convite para provar esses vinhos às cegas. “A verdade está na taça, e muitos vinhos brasileiros se saem melhores em provas às cegas com concorrentes sul-americanos e europeus, na mesma faixa de preço”, afirma ele. O convite está feito, para aqueles que podem desembolsar esse valor em uma garrafa de vinho, seja nacional ou importado.

Uma garrafa de seis litros do vinho Lote 43, safra 2004, foi leiloado por R$ 17,6 mil, em um evento para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O valor chama atenção e, se não tiver sido o montante mais alto pago para um vinho brasileiro, está próximo disso. Na verdade, a garrafa especial do Lote 43, da vinícola Miolo, foi arrematada por R$ 8.800, mas havia um acordo com o Banco Sicredi, que a instituição dobrava o lance final, o que levou ao preço recorde.

“Imaginávamos que a garrafa mais cara sairia no máximo por R$ 10 mil”, afirma Caroline Dani, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Rio Grande do Sul, que promoveu o evento em parceria com a Cristiano Escola Leilões.

Na mesma noite, uma garrafa de um espumante especial da Cave Geisse, uma magnum (1,5 mil) da safra de 1998, foi vendida por R$ 5.200. A vinícola tem ainda pouco menos de 180 garrafas em estoque desse espumante, que foi elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e que hoje são destinadas a eventos especiais ou beneficentes.

Caroline Dani, presidente da ABS-RS, que realizou o leilão para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Sul do Brasil Foto: CESAR SILVESTRO

No caso do espumante leiloado, Daniel Geisse, diretor da vinícola, diz que a bebida estava espetacular. Como os vinhos estão armazenados ainda sem o degorgment (como é chamado o processo de tirar as leveduras da garrafa), essa retirada é realizada manualmente apenas quando a garrafa é vendida e, assim, Daniel pode provar a bebida.

“São pouquíssimos os leilões de vinhos brasileiros”, aponta Daniel Geisse. Isso inviabiliza a comercialização de vinhos raros, como joias cobiçadas como o vinho Velho do Museu, que a Wine & Co chegou a comercializar antes de acabarem as garrafas de safras antigas, ou o Cabernet Franc da Don Giovanni. São garrafas conhecidas por envelhecerem bem, o que pode ser traduzido por preços mais altos.

NO MERCADO

Das safras disponíveis no mercado, chama atenção que várias garrafas vêm sendo comercializadas por valores mais altos, muitas próximas dos R$ 1.000. No site da Luiz Argenta, por exemplo, há um merlot de uvas desidratadas comercializado por R$ 1.700; a Lidio Carraro oferece o Vinum Amphorae III, da safra de 2002, por R$ 1.315,80. O Anima Gran Reserva, o tinto ícone da vinícola de Galvão Bueno, a Bueno Wines, é um merlot vendido por R$ 1.111,12.

De pequeníssima produção, o enólogo Vilmar Bettú comercializa os seus três vinhos premium por R$ 5.000, cada garrafa. É um cabernet sauvignon, um tannat e um nebbiolo, todos da safra de 2002. A Casa Valduga tem o seu ícone Luiz Valduga, atualmente indisponível no mercado. Estes são apenas alguns exemplos e mostram que vinícolas brasileiras estão posicionando na casa dos quatro dígitos o preço dos seus rótulos ícones, em geral de pequenas produções.

A garrafa magnun da Cave Geisse tem essa embalagem especial para facilitar o seu transporte Foto: Anderson Pagani

Aqui, o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da Miolo, diz que esses vinhos estão obtendo esse preço também porque estão conseguindo conquistar os consumidores, ao apresentar qualidade e consistência safra após safra. O Sesmaria, da Miolo, que quando lançado em 2008, era o tinto mais caro entre os rótulos brasileiros, é vendido atualmente por R$ 1.173,90, a safra de 2022. Este vinho é lançado em lotes, em um sistema de “en premiuer” (vendas antecipadas). O primeiro lote, comercializado um ano antes de o vinho chegar ao mercado, tem preço equivalente a US$ 100, e o valor vai sendo reajustado conforme os próximos lotes vão chegando ao mercado.

O PREÇO DOS PAULISTAS

Na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, onde reinam os vinhos elaborados pelo sistema de dupla poda, também é possível encontrar garrafas de valores, digamos, salgados. O Pinot Noir 2018, da vinícola paulista Guaspari, é vendido por R$ 628, no site da empresa. O Casa Tés, que será apresentado em breve pelo sistema de alocação, deve custar R$ 520. Aqui, o empreendedor Pedro Testa, dono da vinícola, fez uma vasta pesquisa de mercado antes de definir o valor do seu tinto, que conta com a consultoria de Pierre Lurton, o francês responsável por vinhos ícones, como Château Cheval Blanc, em Bordeaux, e o Château D’Yquem, em Sauternes.

Elisandro Castro, que doou a garrafa de seis litros do Lote 43 para o leilão Foto: Sofia Castro

Mas esses rótulos brasileiros valem o quanto pesam? Aqui, Adriano Miolo responde com um convite para provar esses vinhos às cegas. “A verdade está na taça, e muitos vinhos brasileiros se saem melhores em provas às cegas com concorrentes sul-americanos e europeus, na mesma faixa de preço”, afirma ele. O convite está feito, para aqueles que podem desembolsar esse valor em uma garrafa de vinho, seja nacional ou importado.

Uma garrafa de seis litros do vinho Lote 43, safra 2004, foi leiloado por R$ 17,6 mil, em um evento para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O valor chama atenção e, se não tiver sido o montante mais alto pago para um vinho brasileiro, está próximo disso. Na verdade, a garrafa especial do Lote 43, da vinícola Miolo, foi arrematada por R$ 8.800, mas havia um acordo com o Banco Sicredi, que a instituição dobrava o lance final, o que levou ao preço recorde.

“Imaginávamos que a garrafa mais cara sairia no máximo por R$ 10 mil”, afirma Caroline Dani, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Rio Grande do Sul, que promoveu o evento em parceria com a Cristiano Escola Leilões.

Na mesma noite, uma garrafa de um espumante especial da Cave Geisse, uma magnum (1,5 mil) da safra de 1998, foi vendida por R$ 5.200. A vinícola tem ainda pouco menos de 180 garrafas em estoque desse espumante, que foi elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e que hoje são destinadas a eventos especiais ou beneficentes.

Caroline Dani, presidente da ABS-RS, que realizou o leilão para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Sul do Brasil Foto: CESAR SILVESTRO

No caso do espumante leiloado, Daniel Geisse, diretor da vinícola, diz que a bebida estava espetacular. Como os vinhos estão armazenados ainda sem o degorgment (como é chamado o processo de tirar as leveduras da garrafa), essa retirada é realizada manualmente apenas quando a garrafa é vendida e, assim, Daniel pode provar a bebida.

“São pouquíssimos os leilões de vinhos brasileiros”, aponta Daniel Geisse. Isso inviabiliza a comercialização de vinhos raros, como joias cobiçadas como o vinho Velho do Museu, que a Wine & Co chegou a comercializar antes de acabarem as garrafas de safras antigas, ou o Cabernet Franc da Don Giovanni. São garrafas conhecidas por envelhecerem bem, o que pode ser traduzido por preços mais altos.

NO MERCADO

Das safras disponíveis no mercado, chama atenção que várias garrafas vêm sendo comercializadas por valores mais altos, muitas próximas dos R$ 1.000. No site da Luiz Argenta, por exemplo, há um merlot de uvas desidratadas comercializado por R$ 1.700; a Lidio Carraro oferece o Vinum Amphorae III, da safra de 2002, por R$ 1.315,80. O Anima Gran Reserva, o tinto ícone da vinícola de Galvão Bueno, a Bueno Wines, é um merlot vendido por R$ 1.111,12.

De pequeníssima produção, o enólogo Vilmar Bettú comercializa os seus três vinhos premium por R$ 5.000, cada garrafa. É um cabernet sauvignon, um tannat e um nebbiolo, todos da safra de 2002. A Casa Valduga tem o seu ícone Luiz Valduga, atualmente indisponível no mercado. Estes são apenas alguns exemplos e mostram que vinícolas brasileiras estão posicionando na casa dos quatro dígitos o preço dos seus rótulos ícones, em geral de pequenas produções.

A garrafa magnun da Cave Geisse tem essa embalagem especial para facilitar o seu transporte Foto: Anderson Pagani

Aqui, o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da Miolo, diz que esses vinhos estão obtendo esse preço também porque estão conseguindo conquistar os consumidores, ao apresentar qualidade e consistência safra após safra. O Sesmaria, da Miolo, que quando lançado em 2008, era o tinto mais caro entre os rótulos brasileiros, é vendido atualmente por R$ 1.173,90, a safra de 2022. Este vinho é lançado em lotes, em um sistema de “en premiuer” (vendas antecipadas). O primeiro lote, comercializado um ano antes de o vinho chegar ao mercado, tem preço equivalente a US$ 100, e o valor vai sendo reajustado conforme os próximos lotes vão chegando ao mercado.

O PREÇO DOS PAULISTAS

Na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, onde reinam os vinhos elaborados pelo sistema de dupla poda, também é possível encontrar garrafas de valores, digamos, salgados. O Pinot Noir 2018, da vinícola paulista Guaspari, é vendido por R$ 628, no site da empresa. O Casa Tés, que será apresentado em breve pelo sistema de alocação, deve custar R$ 520. Aqui, o empreendedor Pedro Testa, dono da vinícola, fez uma vasta pesquisa de mercado antes de definir o valor do seu tinto, que conta com a consultoria de Pierre Lurton, o francês responsável por vinhos ícones, como Château Cheval Blanc, em Bordeaux, e o Château D’Yquem, em Sauternes.

Elisandro Castro, que doou a garrafa de seis litros do Lote 43 para o leilão Foto: Sofia Castro

Mas esses rótulos brasileiros valem o quanto pesam? Aqui, Adriano Miolo responde com um convite para provar esses vinhos às cegas. “A verdade está na taça, e muitos vinhos brasileiros se saem melhores em provas às cegas com concorrentes sul-americanos e europeus, na mesma faixa de preço”, afirma ele. O convite está feito, para aqueles que podem desembolsar esse valor em uma garrafa de vinho, seja nacional ou importado.

Uma garrafa de seis litros do vinho Lote 43, safra 2004, foi leiloado por R$ 17,6 mil, em um evento para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O valor chama atenção e, se não tiver sido o montante mais alto pago para um vinho brasileiro, está próximo disso. Na verdade, a garrafa especial do Lote 43, da vinícola Miolo, foi arrematada por R$ 8.800, mas havia um acordo com o Banco Sicredi, que a instituição dobrava o lance final, o que levou ao preço recorde.

“Imaginávamos que a garrafa mais cara sairia no máximo por R$ 10 mil”, afirma Caroline Dani, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – Rio Grande do Sul, que promoveu o evento em parceria com a Cristiano Escola Leilões.

Na mesma noite, uma garrafa de um espumante especial da Cave Geisse, uma magnum (1,5 mil) da safra de 1998, foi vendida por R$ 5.200. A vinícola tem ainda pouco menos de 180 garrafas em estoque desse espumante, que foi elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e que hoje são destinadas a eventos especiais ou beneficentes.

Caroline Dani, presidente da ABS-RS, que realizou o leilão para arrecadar recursos para as vítimas das enchentes no Sul do Brasil Foto: CESAR SILVESTRO

No caso do espumante leiloado, Daniel Geisse, diretor da vinícola, diz que a bebida estava espetacular. Como os vinhos estão armazenados ainda sem o degorgment (como é chamado o processo de tirar as leveduras da garrafa), essa retirada é realizada manualmente apenas quando a garrafa é vendida e, assim, Daniel pode provar a bebida.

“São pouquíssimos os leilões de vinhos brasileiros”, aponta Daniel Geisse. Isso inviabiliza a comercialização de vinhos raros, como joias cobiçadas como o vinho Velho do Museu, que a Wine & Co chegou a comercializar antes de acabarem as garrafas de safras antigas, ou o Cabernet Franc da Don Giovanni. São garrafas conhecidas por envelhecerem bem, o que pode ser traduzido por preços mais altos.

NO MERCADO

Das safras disponíveis no mercado, chama atenção que várias garrafas vêm sendo comercializadas por valores mais altos, muitas próximas dos R$ 1.000. No site da Luiz Argenta, por exemplo, há um merlot de uvas desidratadas comercializado por R$ 1.700; a Lidio Carraro oferece o Vinum Amphorae III, da safra de 2002, por R$ 1.315,80. O Anima Gran Reserva, o tinto ícone da vinícola de Galvão Bueno, a Bueno Wines, é um merlot vendido por R$ 1.111,12.

De pequeníssima produção, o enólogo Vilmar Bettú comercializa os seus três vinhos premium por R$ 5.000, cada garrafa. É um cabernet sauvignon, um tannat e um nebbiolo, todos da safra de 2002. A Casa Valduga tem o seu ícone Luiz Valduga, atualmente indisponível no mercado. Estes são apenas alguns exemplos e mostram que vinícolas brasileiras estão posicionando na casa dos quatro dígitos o preço dos seus rótulos ícones, em geral de pequenas produções.

A garrafa magnun da Cave Geisse tem essa embalagem especial para facilitar o seu transporte Foto: Anderson Pagani

Aqui, o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da Miolo, diz que esses vinhos estão obtendo esse preço também porque estão conseguindo conquistar os consumidores, ao apresentar qualidade e consistência safra após safra. O Sesmaria, da Miolo, que quando lançado em 2008, era o tinto mais caro entre os rótulos brasileiros, é vendido atualmente por R$ 1.173,90, a safra de 2022. Este vinho é lançado em lotes, em um sistema de “en premiuer” (vendas antecipadas). O primeiro lote, comercializado um ano antes de o vinho chegar ao mercado, tem preço equivalente a US$ 100, e o valor vai sendo reajustado conforme os próximos lotes vão chegando ao mercado.

O PREÇO DOS PAULISTAS

Na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, onde reinam os vinhos elaborados pelo sistema de dupla poda, também é possível encontrar garrafas de valores, digamos, salgados. O Pinot Noir 2018, da vinícola paulista Guaspari, é vendido por R$ 628, no site da empresa. O Casa Tés, que será apresentado em breve pelo sistema de alocação, deve custar R$ 520. Aqui, o empreendedor Pedro Testa, dono da vinícola, fez uma vasta pesquisa de mercado antes de definir o valor do seu tinto, que conta com a consultoria de Pierre Lurton, o francês responsável por vinhos ícones, como Château Cheval Blanc, em Bordeaux, e o Château D’Yquem, em Sauternes.

Elisandro Castro, que doou a garrafa de seis litros do Lote 43 para o leilão Foto: Sofia Castro

Mas esses rótulos brasileiros valem o quanto pesam? Aqui, Adriano Miolo responde com um convite para provar esses vinhos às cegas. “A verdade está na taça, e muitos vinhos brasileiros se saem melhores em provas às cegas com concorrentes sul-americanos e europeus, na mesma faixa de preço”, afirma ele. O convite está feito, para aqueles que podem desembolsar esse valor em uma garrafa de vinho, seja nacional ou importado.

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