Suzana Barelli

Será que você já comprou vinho contrabandeado sem saber?


Confira dicas de especialistas para se proteger do contrabando e dos rótulos falsificados

Por Suzana Barelli

O contrabando de vinho é, infelizmente, uma realidade no Brasil. E as informações, entre os importadores de brancos e tintos no País, são que o descaminho vem aumentando. “Não há dados oficiais, mas o contrabando está crescendo muito, até pela facilidade de vender esses vinhos em sites de market place e grupos de mensagem”, afirma Adilson Carvalhal Júnior, presidente da BFBA, a associação nacional que reúne as importadoras de vinho.

Há três caminhos para se proteger de comprar o vinho contrabandeado ou, ainda pior, um vinho falsificado. A primeira é sempre exigir a nota fiscal da compra. Mas aqui, se o vinho tiver origem ilegal, a nota fiscal pode ser fria. Por isso, vale seguir também as demais dicas.

A segunda e mais eficiente maneira de se garantir quanto à origem do vinho é conferir o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, explica Carvalhal Júnior, todo vinho deve ter no contrarrótulo as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.

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Desconfie de promoções atrativas demais, principalmente de lojas desconhecidas. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Em muitos casos, o contrarrótulo é colocado ainda no país de origem, já traduzido para o português e com todas as informações exigidas por lei. O rótulo em português costuma ser impresso pelo produtor quando o importador está comprando um volume significativo de seus vinhos. Nessas situações compensa para ele imprimir um rótulo especial para o Brasil.

Mas não se assuste se essas informações sobre o importador vierem coladas no contrarrótulo, em geral em cima da etiqueta original. Conforme a política do produtor e em casos de pequenos lotes importados, ele despacha o vinho para o Brasil sem essa informação, que é colada na garrafa ainda no porto. “Não podemos retirar o vinho legalmente sem esses dados colocados na garrafa”, explica Júnior.

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Verificar o rótulo é também a dica de Déco Rossi, da consultoria Winet, que lançou a #vinholegal. Cansado de receber listas de WhatsApp com vinhos com preços imperdíveis, ele decidiu apostar nessa hashtag. “Não tem milagre, um vinho que é vendido por R$ 1.000 no importador não tem como ser vendido por R$ 500 numa promoção de um amigo”, afirma Rossi.

A terceira dica refere-se exatamente ao preço do vinho. Grandes achados, ainda mais de rótulos conhecidos, são cada vez mais raros. Se o preço está tão atrativo, faça uma pesquisa nos sites das importadoras e use as ferramentas de busca para comparar os preços do mesmo vinho. “Promoções de 40%, 50% não existem, principalmente quando o rótulo é bastante valorizado e a empresa que está vendendo é desconhecida”, explica Carvalhal Júnior.

Nesses casos, há ainda uma outra razão para fugir desses vinhos: a maneira como eles são transportados. “Tem vinho que vem em caixa de ovo, outros que vêm escondidos na engrenagem de caminhão”, destaca Rossi. E ironiza: “Realmente são transportes muito recomendados para a perfeita conversação dessas garrafas.” Dá até para brincar que aquele aroma defumado, teoricamente uma nota nobre em alguns tintos, veio da fumaça do caminhão....

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Na falta de dados oficiais sobre o tema, duas notícias ajudam a precisar o tamanho do descaminho no vinho. A primeira é que nunca se noticiou tanta apreensão de vinho contrabandeado como nesses tempos de quarentena. Não dá para saber se a Receita e a Polícia Federal estão mais eficientes nessa fiscalização ou se a prática de trazer vinho pelas fronteiras terrestres do Brasil aumentou. Provavelmente são as duas coisas acontecendo por aqui atualmente.

Das notícias veiculadas nesse ano, a maioria do vinho contrabandeado durante a quarentena vem da Argentina, em transporte terrestre. E Junior explica a razão: o câmbio paralelo na Argentina, o chamado dólar blue. Como a diferença entre o dólar oficial e o blue está significativa, “compensa” ao contrabandista trazer o vinho para o Brasil e, ao voltar para o seu país, trocar os reais pelo dólar no câmbio paralelo.

O segundo fato são os dados de importação do Paraguai. Com a quarentena e as fronteiras fechadas, a importação de vinhos e espumantes para o país despencou significativamente. Dados da consultoria Ideal mostram que, no ano 2020, apenas a importação de champanhes e espumantes teve uma queda de 66,9% em volume na comparação com 2019. Sempre se comentou – e pouco se provou – que são as garrafas vindas do país vizinho que abastecem grande parte dos casamentos aqui no Brasil.

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Nos vinhos, rótulos queridinhos do brasileiro, como o espanhol Marques de Riscal teve queda de 37,5% na quantidade de garrafas importadas pelo Paraguai. No país vizinho, só cresceu a compra de vinhos baratos, que são, sabidamente, destinados ao consumo interno. “A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, que são aqueles que fazem sucesso no Brasil, registramos queda na importação pelo Paraguai”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. Isso não significa que os paraguaios não consumam vinhos mais caros, mas o volume da redução de importação sugere que os vinhos não eram destinados apenas ao mercado local.

O contrabando de vinho é, infelizmente, uma realidade no Brasil. E as informações, entre os importadores de brancos e tintos no País, são que o descaminho vem aumentando. “Não há dados oficiais, mas o contrabando está crescendo muito, até pela facilidade de vender esses vinhos em sites de market place e grupos de mensagem”, afirma Adilson Carvalhal Júnior, presidente da BFBA, a associação nacional que reúne as importadoras de vinho.

Há três caminhos para se proteger de comprar o vinho contrabandeado ou, ainda pior, um vinho falsificado. A primeira é sempre exigir a nota fiscal da compra. Mas aqui, se o vinho tiver origem ilegal, a nota fiscal pode ser fria. Por isso, vale seguir também as demais dicas.

A segunda e mais eficiente maneira de se garantir quanto à origem do vinho é conferir o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, explica Carvalhal Júnior, todo vinho deve ter no contrarrótulo as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.

Desconfie de promoções atrativas demais, principalmente de lojas desconhecidas. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Em muitos casos, o contrarrótulo é colocado ainda no país de origem, já traduzido para o português e com todas as informações exigidas por lei. O rótulo em português costuma ser impresso pelo produtor quando o importador está comprando um volume significativo de seus vinhos. Nessas situações compensa para ele imprimir um rótulo especial para o Brasil.

Mas não se assuste se essas informações sobre o importador vierem coladas no contrarrótulo, em geral em cima da etiqueta original. Conforme a política do produtor e em casos de pequenos lotes importados, ele despacha o vinho para o Brasil sem essa informação, que é colada na garrafa ainda no porto. “Não podemos retirar o vinho legalmente sem esses dados colocados na garrafa”, explica Júnior.

Verificar o rótulo é também a dica de Déco Rossi, da consultoria Winet, que lançou a #vinholegal. Cansado de receber listas de WhatsApp com vinhos com preços imperdíveis, ele decidiu apostar nessa hashtag. “Não tem milagre, um vinho que é vendido por R$ 1.000 no importador não tem como ser vendido por R$ 500 numa promoção de um amigo”, afirma Rossi.

A terceira dica refere-se exatamente ao preço do vinho. Grandes achados, ainda mais de rótulos conhecidos, são cada vez mais raros. Se o preço está tão atrativo, faça uma pesquisa nos sites das importadoras e use as ferramentas de busca para comparar os preços do mesmo vinho. “Promoções de 40%, 50% não existem, principalmente quando o rótulo é bastante valorizado e a empresa que está vendendo é desconhecida”, explica Carvalhal Júnior.

Nesses casos, há ainda uma outra razão para fugir desses vinhos: a maneira como eles são transportados. “Tem vinho que vem em caixa de ovo, outros que vêm escondidos na engrenagem de caminhão”, destaca Rossi. E ironiza: “Realmente são transportes muito recomendados para a perfeita conversação dessas garrafas.” Dá até para brincar que aquele aroma defumado, teoricamente uma nota nobre em alguns tintos, veio da fumaça do caminhão....

Na falta de dados oficiais sobre o tema, duas notícias ajudam a precisar o tamanho do descaminho no vinho. A primeira é que nunca se noticiou tanta apreensão de vinho contrabandeado como nesses tempos de quarentena. Não dá para saber se a Receita e a Polícia Federal estão mais eficientes nessa fiscalização ou se a prática de trazer vinho pelas fronteiras terrestres do Brasil aumentou. Provavelmente são as duas coisas acontecendo por aqui atualmente.

Das notícias veiculadas nesse ano, a maioria do vinho contrabandeado durante a quarentena vem da Argentina, em transporte terrestre. E Junior explica a razão: o câmbio paralelo na Argentina, o chamado dólar blue. Como a diferença entre o dólar oficial e o blue está significativa, “compensa” ao contrabandista trazer o vinho para o Brasil e, ao voltar para o seu país, trocar os reais pelo dólar no câmbio paralelo.

O segundo fato são os dados de importação do Paraguai. Com a quarentena e as fronteiras fechadas, a importação de vinhos e espumantes para o país despencou significativamente. Dados da consultoria Ideal mostram que, no ano 2020, apenas a importação de champanhes e espumantes teve uma queda de 66,9% em volume na comparação com 2019. Sempre se comentou – e pouco se provou – que são as garrafas vindas do país vizinho que abastecem grande parte dos casamentos aqui no Brasil.

Nos vinhos, rótulos queridinhos do brasileiro, como o espanhol Marques de Riscal teve queda de 37,5% na quantidade de garrafas importadas pelo Paraguai. No país vizinho, só cresceu a compra de vinhos baratos, que são, sabidamente, destinados ao consumo interno. “A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, que são aqueles que fazem sucesso no Brasil, registramos queda na importação pelo Paraguai”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. Isso não significa que os paraguaios não consumam vinhos mais caros, mas o volume da redução de importação sugere que os vinhos não eram destinados apenas ao mercado local.

O contrabando de vinho é, infelizmente, uma realidade no Brasil. E as informações, entre os importadores de brancos e tintos no País, são que o descaminho vem aumentando. “Não há dados oficiais, mas o contrabando está crescendo muito, até pela facilidade de vender esses vinhos em sites de market place e grupos de mensagem”, afirma Adilson Carvalhal Júnior, presidente da BFBA, a associação nacional que reúne as importadoras de vinho.

Há três caminhos para se proteger de comprar o vinho contrabandeado ou, ainda pior, um vinho falsificado. A primeira é sempre exigir a nota fiscal da compra. Mas aqui, se o vinho tiver origem ilegal, a nota fiscal pode ser fria. Por isso, vale seguir também as demais dicas.

A segunda e mais eficiente maneira de se garantir quanto à origem do vinho é conferir o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, explica Carvalhal Júnior, todo vinho deve ter no contrarrótulo as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.

Desconfie de promoções atrativas demais, principalmente de lojas desconhecidas. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Em muitos casos, o contrarrótulo é colocado ainda no país de origem, já traduzido para o português e com todas as informações exigidas por lei. O rótulo em português costuma ser impresso pelo produtor quando o importador está comprando um volume significativo de seus vinhos. Nessas situações compensa para ele imprimir um rótulo especial para o Brasil.

Mas não se assuste se essas informações sobre o importador vierem coladas no contrarrótulo, em geral em cima da etiqueta original. Conforme a política do produtor e em casos de pequenos lotes importados, ele despacha o vinho para o Brasil sem essa informação, que é colada na garrafa ainda no porto. “Não podemos retirar o vinho legalmente sem esses dados colocados na garrafa”, explica Júnior.

Verificar o rótulo é também a dica de Déco Rossi, da consultoria Winet, que lançou a #vinholegal. Cansado de receber listas de WhatsApp com vinhos com preços imperdíveis, ele decidiu apostar nessa hashtag. “Não tem milagre, um vinho que é vendido por R$ 1.000 no importador não tem como ser vendido por R$ 500 numa promoção de um amigo”, afirma Rossi.

A terceira dica refere-se exatamente ao preço do vinho. Grandes achados, ainda mais de rótulos conhecidos, são cada vez mais raros. Se o preço está tão atrativo, faça uma pesquisa nos sites das importadoras e use as ferramentas de busca para comparar os preços do mesmo vinho. “Promoções de 40%, 50% não existem, principalmente quando o rótulo é bastante valorizado e a empresa que está vendendo é desconhecida”, explica Carvalhal Júnior.

Nesses casos, há ainda uma outra razão para fugir desses vinhos: a maneira como eles são transportados. “Tem vinho que vem em caixa de ovo, outros que vêm escondidos na engrenagem de caminhão”, destaca Rossi. E ironiza: “Realmente são transportes muito recomendados para a perfeita conversação dessas garrafas.” Dá até para brincar que aquele aroma defumado, teoricamente uma nota nobre em alguns tintos, veio da fumaça do caminhão....

Na falta de dados oficiais sobre o tema, duas notícias ajudam a precisar o tamanho do descaminho no vinho. A primeira é que nunca se noticiou tanta apreensão de vinho contrabandeado como nesses tempos de quarentena. Não dá para saber se a Receita e a Polícia Federal estão mais eficientes nessa fiscalização ou se a prática de trazer vinho pelas fronteiras terrestres do Brasil aumentou. Provavelmente são as duas coisas acontecendo por aqui atualmente.

Das notícias veiculadas nesse ano, a maioria do vinho contrabandeado durante a quarentena vem da Argentina, em transporte terrestre. E Junior explica a razão: o câmbio paralelo na Argentina, o chamado dólar blue. Como a diferença entre o dólar oficial e o blue está significativa, “compensa” ao contrabandista trazer o vinho para o Brasil e, ao voltar para o seu país, trocar os reais pelo dólar no câmbio paralelo.

O segundo fato são os dados de importação do Paraguai. Com a quarentena e as fronteiras fechadas, a importação de vinhos e espumantes para o país despencou significativamente. Dados da consultoria Ideal mostram que, no ano 2020, apenas a importação de champanhes e espumantes teve uma queda de 66,9% em volume na comparação com 2019. Sempre se comentou – e pouco se provou – que são as garrafas vindas do país vizinho que abastecem grande parte dos casamentos aqui no Brasil.

Nos vinhos, rótulos queridinhos do brasileiro, como o espanhol Marques de Riscal teve queda de 37,5% na quantidade de garrafas importadas pelo Paraguai. No país vizinho, só cresceu a compra de vinhos baratos, que são, sabidamente, destinados ao consumo interno. “A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, que são aqueles que fazem sucesso no Brasil, registramos queda na importação pelo Paraguai”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. Isso não significa que os paraguaios não consumam vinhos mais caros, mas o volume da redução de importação sugere que os vinhos não eram destinados apenas ao mercado local.

O contrabando de vinho é, infelizmente, uma realidade no Brasil. E as informações, entre os importadores de brancos e tintos no País, são que o descaminho vem aumentando. “Não há dados oficiais, mas o contrabando está crescendo muito, até pela facilidade de vender esses vinhos em sites de market place e grupos de mensagem”, afirma Adilson Carvalhal Júnior, presidente da BFBA, a associação nacional que reúne as importadoras de vinho.

Há três caminhos para se proteger de comprar o vinho contrabandeado ou, ainda pior, um vinho falsificado. A primeira é sempre exigir a nota fiscal da compra. Mas aqui, se o vinho tiver origem ilegal, a nota fiscal pode ser fria. Por isso, vale seguir também as demais dicas.

A segunda e mais eficiente maneira de se garantir quanto à origem do vinho é conferir o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, explica Carvalhal Júnior, todo vinho deve ter no contrarrótulo as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.

Desconfie de promoções atrativas demais, principalmente de lojas desconhecidas. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Em muitos casos, o contrarrótulo é colocado ainda no país de origem, já traduzido para o português e com todas as informações exigidas por lei. O rótulo em português costuma ser impresso pelo produtor quando o importador está comprando um volume significativo de seus vinhos. Nessas situações compensa para ele imprimir um rótulo especial para o Brasil.

Mas não se assuste se essas informações sobre o importador vierem coladas no contrarrótulo, em geral em cima da etiqueta original. Conforme a política do produtor e em casos de pequenos lotes importados, ele despacha o vinho para o Brasil sem essa informação, que é colada na garrafa ainda no porto. “Não podemos retirar o vinho legalmente sem esses dados colocados na garrafa”, explica Júnior.

Verificar o rótulo é também a dica de Déco Rossi, da consultoria Winet, que lançou a #vinholegal. Cansado de receber listas de WhatsApp com vinhos com preços imperdíveis, ele decidiu apostar nessa hashtag. “Não tem milagre, um vinho que é vendido por R$ 1.000 no importador não tem como ser vendido por R$ 500 numa promoção de um amigo”, afirma Rossi.

A terceira dica refere-se exatamente ao preço do vinho. Grandes achados, ainda mais de rótulos conhecidos, são cada vez mais raros. Se o preço está tão atrativo, faça uma pesquisa nos sites das importadoras e use as ferramentas de busca para comparar os preços do mesmo vinho. “Promoções de 40%, 50% não existem, principalmente quando o rótulo é bastante valorizado e a empresa que está vendendo é desconhecida”, explica Carvalhal Júnior.

Nesses casos, há ainda uma outra razão para fugir desses vinhos: a maneira como eles são transportados. “Tem vinho que vem em caixa de ovo, outros que vêm escondidos na engrenagem de caminhão”, destaca Rossi. E ironiza: “Realmente são transportes muito recomendados para a perfeita conversação dessas garrafas.” Dá até para brincar que aquele aroma defumado, teoricamente uma nota nobre em alguns tintos, veio da fumaça do caminhão....

Na falta de dados oficiais sobre o tema, duas notícias ajudam a precisar o tamanho do descaminho no vinho. A primeira é que nunca se noticiou tanta apreensão de vinho contrabandeado como nesses tempos de quarentena. Não dá para saber se a Receita e a Polícia Federal estão mais eficientes nessa fiscalização ou se a prática de trazer vinho pelas fronteiras terrestres do Brasil aumentou. Provavelmente são as duas coisas acontecendo por aqui atualmente.

Das notícias veiculadas nesse ano, a maioria do vinho contrabandeado durante a quarentena vem da Argentina, em transporte terrestre. E Junior explica a razão: o câmbio paralelo na Argentina, o chamado dólar blue. Como a diferença entre o dólar oficial e o blue está significativa, “compensa” ao contrabandista trazer o vinho para o Brasil e, ao voltar para o seu país, trocar os reais pelo dólar no câmbio paralelo.

O segundo fato são os dados de importação do Paraguai. Com a quarentena e as fronteiras fechadas, a importação de vinhos e espumantes para o país despencou significativamente. Dados da consultoria Ideal mostram que, no ano 2020, apenas a importação de champanhes e espumantes teve uma queda de 66,9% em volume na comparação com 2019. Sempre se comentou – e pouco se provou – que são as garrafas vindas do país vizinho que abastecem grande parte dos casamentos aqui no Brasil.

Nos vinhos, rótulos queridinhos do brasileiro, como o espanhol Marques de Riscal teve queda de 37,5% na quantidade de garrafas importadas pelo Paraguai. No país vizinho, só cresceu a compra de vinhos baratos, que são, sabidamente, destinados ao consumo interno. “A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, que são aqueles que fazem sucesso no Brasil, registramos queda na importação pelo Paraguai”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. Isso não significa que os paraguaios não consumam vinhos mais caros, mas o volume da redução de importação sugere que os vinhos não eram destinados apenas ao mercado local.

O contrabando de vinho é, infelizmente, uma realidade no Brasil. E as informações, entre os importadores de brancos e tintos no País, são que o descaminho vem aumentando. “Não há dados oficiais, mas o contrabando está crescendo muito, até pela facilidade de vender esses vinhos em sites de market place e grupos de mensagem”, afirma Adilson Carvalhal Júnior, presidente da BFBA, a associação nacional que reúne as importadoras de vinho.

Há três caminhos para se proteger de comprar o vinho contrabandeado ou, ainda pior, um vinho falsificado. A primeira é sempre exigir a nota fiscal da compra. Mas aqui, se o vinho tiver origem ilegal, a nota fiscal pode ser fria. Por isso, vale seguir também as demais dicas.

A segunda e mais eficiente maneira de se garantir quanto à origem do vinho é conferir o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, explica Carvalhal Júnior, todo vinho deve ter no contrarrótulo as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.

Desconfie de promoções atrativas demais, principalmente de lojas desconhecidas. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

Em muitos casos, o contrarrótulo é colocado ainda no país de origem, já traduzido para o português e com todas as informações exigidas por lei. O rótulo em português costuma ser impresso pelo produtor quando o importador está comprando um volume significativo de seus vinhos. Nessas situações compensa para ele imprimir um rótulo especial para o Brasil.

Mas não se assuste se essas informações sobre o importador vierem coladas no contrarrótulo, em geral em cima da etiqueta original. Conforme a política do produtor e em casos de pequenos lotes importados, ele despacha o vinho para o Brasil sem essa informação, que é colada na garrafa ainda no porto. “Não podemos retirar o vinho legalmente sem esses dados colocados na garrafa”, explica Júnior.

Verificar o rótulo é também a dica de Déco Rossi, da consultoria Winet, que lançou a #vinholegal. Cansado de receber listas de WhatsApp com vinhos com preços imperdíveis, ele decidiu apostar nessa hashtag. “Não tem milagre, um vinho que é vendido por R$ 1.000 no importador não tem como ser vendido por R$ 500 numa promoção de um amigo”, afirma Rossi.

A terceira dica refere-se exatamente ao preço do vinho. Grandes achados, ainda mais de rótulos conhecidos, são cada vez mais raros. Se o preço está tão atrativo, faça uma pesquisa nos sites das importadoras e use as ferramentas de busca para comparar os preços do mesmo vinho. “Promoções de 40%, 50% não existem, principalmente quando o rótulo é bastante valorizado e a empresa que está vendendo é desconhecida”, explica Carvalhal Júnior.

Nesses casos, há ainda uma outra razão para fugir desses vinhos: a maneira como eles são transportados. “Tem vinho que vem em caixa de ovo, outros que vêm escondidos na engrenagem de caminhão”, destaca Rossi. E ironiza: “Realmente são transportes muito recomendados para a perfeita conversação dessas garrafas.” Dá até para brincar que aquele aroma defumado, teoricamente uma nota nobre em alguns tintos, veio da fumaça do caminhão....

Na falta de dados oficiais sobre o tema, duas notícias ajudam a precisar o tamanho do descaminho no vinho. A primeira é que nunca se noticiou tanta apreensão de vinho contrabandeado como nesses tempos de quarentena. Não dá para saber se a Receita e a Polícia Federal estão mais eficientes nessa fiscalização ou se a prática de trazer vinho pelas fronteiras terrestres do Brasil aumentou. Provavelmente são as duas coisas acontecendo por aqui atualmente.

Das notícias veiculadas nesse ano, a maioria do vinho contrabandeado durante a quarentena vem da Argentina, em transporte terrestre. E Junior explica a razão: o câmbio paralelo na Argentina, o chamado dólar blue. Como a diferença entre o dólar oficial e o blue está significativa, “compensa” ao contrabandista trazer o vinho para o Brasil e, ao voltar para o seu país, trocar os reais pelo dólar no câmbio paralelo.

O segundo fato são os dados de importação do Paraguai. Com a quarentena e as fronteiras fechadas, a importação de vinhos e espumantes para o país despencou significativamente. Dados da consultoria Ideal mostram que, no ano 2020, apenas a importação de champanhes e espumantes teve uma queda de 66,9% em volume na comparação com 2019. Sempre se comentou – e pouco se provou – que são as garrafas vindas do país vizinho que abastecem grande parte dos casamentos aqui no Brasil.

Nos vinhos, rótulos queridinhos do brasileiro, como o espanhol Marques de Riscal teve queda de 37,5% na quantidade de garrafas importadas pelo Paraguai. No país vizinho, só cresceu a compra de vinhos baratos, que são, sabidamente, destinados ao consumo interno. “A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, que são aqueles que fazem sucesso no Brasil, registramos queda na importação pelo Paraguai”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal. Isso não significa que os paraguaios não consumam vinhos mais caros, mas o volume da redução de importação sugere que os vinhos não eram destinados apenas ao mercado local.

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